Resenha: livro "Coisas que ninguém sabe", Alessandro D'Avenia

 Olá, pessoal! Como vocês estão? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Coisas que ninguém sabe", escrito pelo italiano Alessandro D'Avenia e publicado no Brasil em 2013 pela Bertrand Brasil.


 "Quatorzeanos é fragilidade e não saber como se faz. Existem coisas que ninguém explica. Existem coisas que ninguém sabe.

 A história é narrada em terceira pessoa e nos apresenta Margherita, uma garota que acaba de completar 14 anos e está nervosa por começar a estudar no liceu (na Itália, o liceu começa no nosso oitavo ano). 

 Além da ansiedade pela escola nova, Margherita também precisará lidar com o fato de que seu pai, de quem ela era muito próxima, sai de casa sem dar explicação.

 Andrea, seu irmão mais novo e que tem cinco anos, se refugia nos desenhos que faz. Eleonora, a mãe, parece não ser capaz de explicar o motivo de o pai ter ido embora. A avô Teresa tenta ajudar com suas histórias, flores e comidas.

 "Eleonora a abraçou e se deixou abraçar. São necessários quatro abraços por dia para sobreviver, oito para viver e doze para crescer. Eleonora só recebera dois, e se sentia melhor, mas ainda não bastavam.

 Margherita faz uma nova amiga na escola, Marta. Lá, também conhece Giulio, um garoto mais velho, órfão e meio rebelde.

 "Giulio queria brincar, como um menino. Mas não existia uma mãe disposta a vê-lo brincar. Tentava brincar mesmo assim, mas sua brincadeira era cheia de tristeza e raiva. Brincava com aquela moça, com a escola, com o risco, com a vida e até com a morte.

 E há um professor novo que pretende ler a Odisseia, clássico poema de Homero, com a turma. Esse professor era apaixonado pelos livros e namorava Stella, mas estava passando por problemas no relacionamento por ter medo de se casar.

 "— Você sabe um monte de coisas, professor, mas de que lhe servem se não é feliz?

 "Tinha lutado para se tornar professor. Sobretudo com seus parentes, que lhe haviam repetido mil vezes:  'Você vai passar fome.'"

 Inspirada pelo personagem do livro que o professor lia para a turma e pelos conselhos da avó, Margherita quer ir atrás do pai, trazê-lo de volta. Será que ela conseguirá?

"Margherita entrou no banheiro: já chegara ao fim da linha, não havia nenhuma viagem a começar. Estava farta de palavras, porque os homens, com as palavras, dizem mentiras. Dizem “eu te amo”, dizem “tudo vai correr bem”, mas depois vão embora. O problema das palavras é que são só palavras, você pode fazê-las nascer até quando já estão mortas.

 Alessandro D'Avenia é autor de um dos meus livros favoritos, então aproveitei o Kindle Unlimited para ler os outros dois livros anteriores dele. "Coisas que ninguém sabe" não superou "O que o inferno não é", mas foi mais fácil para mim gostar mais dele do que de "Branca como o leite, vermelha como o sangue" (que já resenhei aqui para vocês), talvez por Margherita ser um pouco mais branda e mais doce que o Leo, protagonista de "Branca como o leite, vermelha como o sangue".

 Em comum, além do fato de ambos estarem no liceu e serem adolescentes, os protagonistas dos dois livros se revoltam na escola, com seus professores/mentores, quando não obtém as respostas que desejam para as dores da adolescência que sentem.

 Mas, em "Coisas que ninguém sabe", há um número maior de personagens do que em "Branca como o leite, vermelha como o sangue", e cada um deles traz seus dilemas e medos, que os outros personagens nem sempre percebem. Afinal, há tantas coisas que ninguém sabe...

 Gostei de como é mostrado que os livros podem tocar uma pessoa e inspirá-la, como aconteceu com Margherita, e também da mensagem de que não podemos usar os livros para fugir da vida, como fazia o professor.

 "Você nunca aceitou ferir e ser ferido na leitura. Os livros nunca lhe faltarão, mas lhe falta outra coisa, que também está nos livros. Você não tem coragem de chegar ao coração e olhar o que existe dentro dele. Os livros ou levam você até lá ou são um vício inútil, que, em vez de derreter o mar de gelo de seu coração, tornam-no ainda mais duro.

 "O professor não disse nada e abaixou o olhar. Seus cabelos ainda estavam desarrumados pela noite. Jamais havia pensado em enfrentar uma conversa escolar naquelas condições, e jamais imaginaria que a Odisseia fosse capaz de provocar semelhantes incêndios.

 Porém, há muitos parágrafos onde o autor para de falar dos personagens e começa a fazer divagações sobre a vida, fazer descrições que não estão necessariamente ligadas ao enredo, e isso me cansou um pouco (fui até procurar se tinha isso em "O que o inferno não é" mas não tem).

 Entre 50 e 75% o enredo ficou mais envolvente, mas senti que ficou faltando uma cena onde um determinado acidente fosse melhor explicado. Acho também que o passado de Giulio poderia ter sido melhor desenvolvido, a "cura" dele e de seu coração.

 "O que o inferno não é" continua sendo meu livro favorito entre os três do autor, mas recomendo "Coisas que ninguém sabe" para quem gosta de livros onde o poder da literatura move os personagens, de livros que mostrem adolescentes crescendo e que fale sobre famílias enfrentando suas dificuldades. 

 Detalhes: 378 páginas, ISBN-13: 9788528616507, tradução: Joana Angélica d'Avila Melo, Skoob. Clique para comprar ou baixar na Amazon:

 Mais algumas citações:

 "Aos 14 anos a gente chora com frequência, de alegria ou de dor, não importa."

 "A beleza nasce dos limites, sempre."

 "Todo mundo pode controlar uma dor, menos quem a tem. W. SHAKESPEARE, Muito barulho por nada"

 "As palavras, para os velhos e as crianças, não servem para explicar, justificar-se, julgar."

 "Um livro pode conter todo o caos do mundo, mas suas páginas são costuradas juntas e numeradas. O caos não foge dali."

 "O único modo de que dispomos para descobrir nossa história é conhecer as dos outros: reais e inventadas. E nós faremos isso com a literatura. Somente quem lê e escuta histórias encontra a sua.

 "O único modo de aprender é alegrando-se. É assim que acontece com os livros. Quais deles mais empolgaram vocês? Seguramente, são aqueles com os quais vocês mais aprenderam e de que se recordam melhor.

 "Essa história deve surgir de fora, como quando acontece de os livros nos escolherem e os autores se tornarem nossos amigos, aos quais gostaríamos de telefonar ao término da leitura para perguntar-lhes como fazem para nos conhecer ou onde escutaram nossa história. Essa história é um espelho que surpreende você exclamando: esta é minha, este sou eu, mas não tinha palavras para dizê-lo! E talvez você descubra que não está sozinho, definitivamente sozinho.

 "— Prof, o amor não é um aperitivo ou um jantar fora, mas uma terrível cotidianidade que se torna uma surpresa a cada dia graças ao fato de ser a dois. Você não sabe disso. Você não sabe amar. Exalta-se com seus livros, ama seus livros, não as pessoas. Ama as palavras, não a vida, porque a vida tem sombras e dói. Você fala, fala, mas não escuta. Recebe, recebe, mas não dá.

 "O que estaria acontecendo na cabecinha daquela menina...? Os livros podiam ser perigosos para o coração e a mente de uma garota de 14 anos. Devia tomar mais cuidado. Aquela garota se identificara completamente com Telêmaco, sentira que, em tantos séculos, nada havia mudado: somos filhos que esperam o retorno do pai e devem reunir coragem para ir procurá-lo se não o virem chegar.

 Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha.

 ♥ Assine o Amazon Prime e tenha frete grátis na Amazon: https://amzn.to/30SEQdA.
 ♥ Teste o Kindle Unlimited gratuitamente por 30 dias ou assine: https://amzn.to/2XuouGa .

Até o próximo post!
Me acompanhe nas redes sociais:




Nenhum comentário :

Postar um comentário

Obrigada por comentar :)!!! Sua opinião é muito importante para mim. Tem um blog? Deixe seu link que visitarei sempre que possível.
*comentários ofensivos serão apagados

Topo