Resenha: livro "A mulher entre nós", Greer Hendricks e Sarah Pekkanen

 Olá pessoal, tudo bem? A resenha de hoje é sobre "A mulher entre nós", livro escrito pelas autoras Greer Hendricks e Sarah Pekkanen, publicado no Brasil em 2018 pela Editora Paralela.

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 "Levanto, ando silenciosamente na escuridão, pego meu celular pré-pago e meu laptop na última gaveta da cômoda.
 Richard não pode casar de novo.
 Começo a fazer os preparativos. Da próxima vez que a encontrar, vou estar pronta." (página 105)
 Pela narração em primeira pessoa, conhecemos Vanessa, uma mulher de 37 anos que está no fundo do poço após se divorciar. Foi morar na casa da tia, passou a trabalhar numa loja de roupas, e quando fica sabendo que seu ex-marido Richard já está em um novo relacionamento e pretende se casar, ela não se conforma e está decidida a impedir esse casamento de qualquer maneira.

 Pela narração em terceira pessoa, somos apresentados à Nellie, uma jovem professora de vinte e poucos anos que divide apartamento com a amiga Samantha em Nova York. Nellie está empolgada com a proximidade do seu casamento com Richard, mas segredos do seu passado não lhe deixam ter paz. Algo aconteceu há anos na Flórida, algo que fez Nellie se mudar, sempre verificar se todas as portas e janelas estão bem fechadas, sempre estar com o celular por perto, e, depois do noivado, ela passou a receber estranhas ligações, será que alguém está lhe perseguindo?
 “'Olha só vocês dois', dissera Samantha ao ver a foto dos bonequinhos de porcelana que Richard mandara a Nellie por e‑mail. A peça havia sido dos pais dele, e Richard tinha ido procurá‑la no depósito que mantinha no porão de seu prédio depois de pedi‑la em casamento. Sam franziu o nariz. 'Já parou para pensar que parece bom demais para ser verdade?'
 Richard tinha trinta e seis anos, nove a mais que Nellie, e era um bem‑sucedido administrador de fundos de investimentos. Tinha o corpo magro e esguio como o de um corredor, e seu sorriso fácil amenizava a intensidade dos olhos azul‑escuros.
 No primeiro encontro, ele a levara a um restaurante francês e conversara com a maior familiaridade com o sommelier sobre vinhos brancos da Borgonha. No segundo, em um sábado de neve, recomendara que Nellie usasse roupas quentes e aparecera com dois trenós verdes de plástico. 'Conheço a melhor rampa do Central Park', ele dissera.
 Usava uma jaqueta jeans desbotada que caía tão bem quanto seus ternos feitos sob medida.
 Nellie não estava brincando quando respondera a Sam: 'Penso nisso todos os dias'." (página 13)
 O livro é dividido em três partes. Na primeira, vemos as tentativas de Vanessa de se aproximar de Richard e da nova namorada dele, além dos preparativos de Nellie para o casamento. É muito visível o quanto Vanessa está abalada após o término do casamento, como ela tem dificuldades para se concentrar no trabalho, como exagera na bebida. A mãe de Vanessa tinha problemas psicológicos, e ficamos na dúvida  se a filha também tem. Também ficamos na dúvida sobre o que ameaça Nellie, se é Vanessa ou algo do seu passado.
 "Comecei a prestar muita atenção aos arredores quando estava sozinha. Criei o costume de detectar olhares para não me tornar uma presa. A sensação de arrepio na pele, o movimento instintivo da cabeça em busca de um par de olhos - eram as ferramentas de que me valia para me proteger.
 Nunca passou pela minha cabeça que poderia haver outro motivo para meus instintos se tornarem tão apurados imediatamente após meu noivado com Richard. Para eu verificar obsessivamente as trancas e fechaduras, para começar a receber ligações de números bloqueados, para empurrar meu noivo amoroso com tanta força quando ele me imobilizou para fazer cócegas no dia em que assistimos a Cidadão Kane.
 Os sintomas da excitação e do medo podem se misturar.
 E eu estava de olhos vendados, no fim das contas." (página 249)
 Até mais ou menos metade do livro, eu não estava muito presa à leitura, por achar que as autoras estavam exagerando nas descrições, relatando eventos que não tinham importância. Mas aí veio a primeira virada da história, quando Vanessa e Nellie se encontram, e eu passei a perceber que tudo o que foi dito até então era sim necessário. Eu já desconfiava de como seria esse encontro das duas há alguns capítulos, pelas evidências que fui encontrando no decorrer das páginas, e por já ter visto esse recurso sendo usado em outros livros, o que eu não imaginava era o que viria depois disso.

 "A mulher entre nós" foi a minha melhor leitura de setembro e recebeu cinco estrelas na minha avaliação no Skoob pelo fato de ser uma história cheia de surpresas e reviravoltas, que terminou sem nenhuma ponta solta. Até no epílogo houve uma revelação. E não se enganem, essa não é uma história sobre uma "ex-mulher louca e perseguidora revoltado porque o marido lhe trocou por uma mulher mais jovem", felizmente. Não vou revelar a verdade sobre a trama, só digo que é um tema bem comentado atualmente e que acho muito importante a obra poder trazer uma reflexão sobre o assunto e que talvez ajude pessoas a identificar os sinais de que também estão passando por essa situação.
 “'Ele por acaso perguntou se você queria passar a véspera do seu casamento fazendo limpeza de pele?'
 'E como eu não ia gostar disso?' Só mesmo a mãe de Nellie para deixá-la irritada por causa de uma bobagem como uma ida ao spa. Mas não era bobagem. Era um presente de Richard.
 'Uma vez você me disse que odiava limpezas de pele. Por que não falou para ele? Richard comprou uma casa sem seu consentimento. Você por acaso quer morar em um condomínio residencial?' Nellie respirou fundo por entre os dentes, e sua mãe continuou: 'Ele parece ser muito impositivo'.
 'Vocês só se viram uma vez!, protestou Nellie.
 'Mas você ainda é tão jovem. Estou com medo de que acabe se anulando… Sei que está apaixonada por ele, mas, por favor, não deixe de ser quem você é.' (página 141)
 Preciso mencionar que gostei muito da Charlotte, tia da Vanessa, ela foi o porto seguro da protagonista em muitos momentos. A saúde mental da mãe da Vanessa, o medo da Nellie ligado ao que aconteceu no passado e a relação do Richard com a irmã são outros pontos que podem trazer reflexões interessantes. Além disso, destaco a ambientação bem feita, tornando fácil imaginar as cenas e a amizade bacana entre a Sam e a Nellie.
 "Começo a pensar em como minha percepção moldou minha vida; como eu só via o que queria - e precisava - durante os anos que passei com Richard. Talvez a paixão crie um filtro na nossa visão; talvez seja assim para todo mundo.
 No meu casamento, havia três verdades, três realidades diferentes e às vezes conflitantes. A verdade de Richard, a minha verdade e a verdade pura e simples, que é a mais difícil de reconhecer. Pode ser assim em qualquer relacionamento. Pensamos que estamos em uma linha reta em nossa união com alguém, quando na verdade formamos um triângulo, com uma das pontas sendo um juiz silencioso mas onisciente, o árbitro da realidade." (página 250)
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 Segundo o folheto enviado pela editora, recebi uma prova antecipada do livro, mas com ótima revisão, páginas amareladas, diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho. A capa traz a imagem presente nas maioria das edições internacionais e eu gostei da combinação de azul com amarelo. A editora também me enviou um envelope com tachinhas, um barbante e algumas palavras que são dicas importantes para desvendar a história, até tentei fazer uma foto interessante com eles, mas só consegui não espetar o dedo e já está muito bom, rsrs

 Enfim, "A mulher entre nós" foi um thriller psicológico que comecei a ler sem grandes expectativas, demorou para me cativar, mas, depois que as primeiras peças do quebra-cabeça se juntaram, eu não queria mais largar o livro até chegar ao final. Fiquei muito curiosa para descobrir como tudo terminaria, tive medo pelo que poderia acontecer com determinados personagens e torci muito por certa personagem. E essa foi a minha boa experiência de leitura com o livro, já vi avaliações negativas dele que me fizeram começar a leitura com baixas expectativas, mas me surpreendi positivamente e acho que vale muito a pena dar uma chance a "A mulher entre nós". E vocês, já leram? Querem ler?
 "Ajoelhada naquele depósito, eu me perguntei se não tinha sido tudo um erro. Entendi que o casamento não significava o fim de uma história, o 'felizes para sempre' na última página, palavras que ecoavam até o infinito. Mas a mais íntima das relações não deveria ser um porto seguro, em que a pessoa conhecia todos os segredos e os defeitos da outra e a amava mesmo assim?" (página 208)
 Detalhes: 352 páginas, ISBN-13: 9788584391066, Skoob, leia o primeiro capítuloClique para comprar na Amazon:

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Resenha: livro "Carta a D.", André Gorz

 Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência com o livro "Carta a D.", escrito pelo André Gorz e lido na edição lançada em 2018 pela Companhia das Letras.

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 "Eu não posso me imaginar escrevendo se você não mais existir. Você é o essencial sem o qual todo o resto, importante apenas porque você existe, perderá o sentido e a importância." (página 99)
 André Gorz foi um filósofo e escritor. Filho de pai judeu, foi enviado pela família da Áustria para a Suíça durante a Segunda Guerra Mundial. Depois, se mudou para a França. No livro, ele conta como conheceu Dorine, como decidiram se casar, como passaram por dificuldades nos primeiros anos, Gorz fala sobre seu trabalho como escritor, sobre a saúde da esposa que foi se debilitando por causa de uma doença degenerativa incurável, mas fala principalmente sobre seu amor e sua admiração por Dorine.

 Em 2007, cerca de um ano após a publicação de Carta a D., André e Dorine, ambos com mais de oitenta anos, se suicidaram juntos, pois um não queria ter que viver sem o outro.
 "Havia ali como que um eco do pensamento de Jacques Ellul e de Günther Anders: a expansão das indústrias transforma a sociedade em uma gigantesca máquina que, em vez de libertar os humanos, restringe seu espaço de autonomia e determina como e quais objetivos eles devem perseguir. nós nos tornamos os serviçais dessa megamáquina. A produção não está mais ao nosso serviço, nós é que estamos a serviço da produção. E em razão da profissionalização simultânea dos serviços de todos os tipos, tornamo-nos incapazes de cuidar de nós mesmos, de autodeterminar as nossas necessidades e de satisfazê-las pro nossa conta: dependemos, para tudo, de 'profissões incapacitantes'." (páginas 85 e 86)
 Sendo o autor um filósofo, ele coloca algumas reflexões filosóficas na obra. Sendo uma carta de Gorz para sua esposa, é um livro bem curtinho e que pode ser lido em poucas horas. Eu tinha receio de me debulhar em lágrimas com essa leitura, mas não cheguei a esse ponto, talvez pelo fato de ser um livro breve para relatar a história de um casal que viveu mais de oitenta anos.

 Ainda assim, há momentos bem fortes na trama, como quando Dorine quis aprender alemão, e Gorz disse "'Não quero você aprenda nem uma palavra dessa língua (...) Nunca mais vou falar alemão'" (página 57), algo compreensível para quem viveu a perseguição nazista contra o seu povo. É interessante observar as menções aos períodos históricos que o casal vivenciou, e eu adoraria ler uma biografia dos dois.

 Igualmente interessante é ler os elogios que Gorz faz à esposa. Poder envelhecer ainda amando e sendo amado, ainda sentindo aquela necessidade de estar ao lado da pessoa amada, sem dúvidas é uma dádiva.
 "O livro não é mais o 'meu pensamento', uma vez que este se tornou um objeto no meio do mundo, algo que pertence aos outros e me escapa." (páginas 66 e 67)
 "O escrevedor só se tornará um escritor quando sua necessidade de escrever for sustentada por um tema que permita e exija que essa necessidade se organize num projeto." (página 42)
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 Na edição da Companhia das Letras, o livro vem dentro de uma espécie de caixa, cujo nome acredito ser luva, e tem um tamanho menor que as edições normais. A capa traz uma foto do autor e sua esposa. Não encontrei erros de revisão. As páginas são amareladas, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho.
 "Estou atento à sua presença como estive desde o início, e gostaria de fazê-la sentir isso. Você me deu toda sua vida e tudo de si, e eu gostaria de poder lhe dar tudo de mim durante o tempo que nos resta.
 Você acabou de fazer oitenta e dois anos. Continua bela, graciosa e desejável. Faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. Recentemente, eu me apaixonei por você mais uma vez, e sinto em mim, de novo, um vazio devorador, que só o meu corpo estreitado contra o meu pode preencher. À noite eu vejo, às vezes, a silhueta de um homem que, numa estrada vazia e numa paisagem deserta, anda atrás de um carro fúnebre. Eu sou esse homem. É você que esse carro leva. Não quero assistir à sua cremação; nem quero receber a urna com as suas cinzas." (página 101)
 "Carta a D." foi uma leitura que gostei e que recomendo, acho que a história de amor entre André Gorz e Dorine pode ser inspiradora. Por hoje é só, espero que tenham gostado do post.

 Detalhes: 112 páginas, ISBN: 9788535930979, Skoob. Curiosidade: Uma música de Kathleen Ferrier é mencionada no livro, pesquisando pelo trecho que consta na obra: "Die Welt ist leer, Ich will nicht leben mehr", que segundo a Nota Técnica, em alemão quer dizer "O mundo está vazio, não quero mais viver", encontrei essa música no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=p77JoONFX8U, vale a pena ouvir, é de arrepiar. Leia um trecho. Clique para comprar na Amazon:


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Unboxing TAG livros de Setembro: Maya Angelou na TAG Curadoria

 Olá pessoal, tudo bem? Hoje é dia de mostrar para vocês o que veio na caixa de setembro do clube de assinaturas TAG Experiências Literárias, a TAG livros na modalidade Curadoria. Apertem o play ou continuem lendo:



 Em setembro, a curadora Conceição Evaristo indicou para os associados "Eu sei por que o pássaro canta na gaiola" da poetisa e escritora Maya Angelou (1928 - 2014).

 Sinopse: Racismo. Abuso. Libertação. A vida de Marguerite Ann Johnson foi marcada por essas três palavras. A garota negra, criada no sul por sua avó paterna, carregou consigo um enorme fardo que foi aliviado apenas pela literatura e por tudo aquilo que ela pôde lhe trazer: conforto através das palavras. Dessa forma, Maya, como era carinhosamente chamada, escreve para exibir sua voz e libertar-se das grades que foram colocadas em sua vida. As lembranças dolorosas e as descobertas de Angelou estão contidas e eternizadas nas páginas desta obra densa e completamente atual. (Skoob, ISBN-13: 9788582467756, 336 páginas, Editora: TAG - Experiências Literárias; Astral Cultural)

 Como brinde, recebemos cartões postais. Vale lembrar que os livros da TAG Curadoria são sempre em capa dura, vem com marcador e são edições exclusivas, ou seja, você não encontra o livro em livrarias com a mesma capa e o mesmo projeto gráfico (e nem todos são publicados em outras edições).

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 A TAG tem duas modalidades: a Curadoria (onde os livros são indicados por escritores) e a Inéditos (com livros que entram na lista de mais vendidos lá fora). Eu particularmente prefiro a Curadoria, pois as edições são em capa dura, vem com marcador, e na maioria das vezes são livros de autores de nacionalidades diferentes (já tivemos suíços, japoneses, sudaneses, iranianas, nigerianas) que talvez não chegassem ao Brasil se não fosse a TAG. A Curadoria tem o plano anual de R$55,90 + frete e o plano mensal de R$62,90 + frete (para minha cidade, o frete é de R$7,00). A Inéditos tem o plano anual de R$39,90 + frete e o plano mensal de R$44,90 + frete. Até hoje, só encontrei um clube de assinaturas literário mais barato que a TAG: o Clube do Livros & Citações, que não envia edições exclusivas.

 O brinde do kit de outubro já foi revelado, serão duas capas de almofadas com estampa literária. O livro será recomendado por Alejandro Zambra, "um dos nomes mais relevantes da literatura latino-americana contemporânea, a obra nos apresenta a um jovem tenente que renuncia sua juventude em nome de um momento improvável. Uma narrativa filosófica sobre a espera que traz à tona as principais angústias da humanidade".



 Se quiser se tornar assinante também, use o meu link de indicação para ganhar um crédito de R$35,00 para usar na loja da TAG (tem até FUNKO na loja!): https://taglivros.com/associe-se/escolha-sua-caixinha?codigo_indicacao=MARRESUA.

 CURIOSIDADE: A autora tem um livro infantil lançado pela Darkside.

 E por hoje é só, espero que tenham gostado do post.

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Ainda vale a pena ter um blog literário? [SoSeLit #09]

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 Olá pessoal, tudo bem? O tema da blogagem coletiva da Sociedade Secreta Literária de setembro era "Por quê eu comecei o blog?". Para responder essa pergunta, precisamos voltar um pouco no tempo. O ano era 2010, eu tinha finalmente um computador com internet e tempo livre. Tempo que gastava, entre outras coisas, visitando blogs, e aí nasceu em mim a vontade de ter o meu próprio espaço na internet, para falar do que eu quisesse e continuar escrevendo, coisa que não fazia muito depois de ter terminado o Ensino Médio.

 Então, criei o Blog Do Meu Jeito (lembro que, na época, minha prima também criou um blog, mas acabou não levando-o adiante). Optei pela plataforma Blogger por achá-la mais personalizável do que o WordPress (e olha que na época não existiam tantas funcionalidades como atualmente). E passei a postar sobre qualquer coisa sobre a qual quisesse escrever. Me aventurei por todas as áreas possíveis: falei sobre produtos de beleza, sobre música, sobre minha cidade, postei crônicas, falei de decoração, tutorias, compartilhei posts humorísticos... E nesse tempo continuava visitando outros blogs, inclusive, muitos literários (o da Melina Souza, com suas fotos lindas, foi uma inspiração em especial), o que me levou a redescobrir meu amor pelos livros.

 Foi assim que, no final de 2012, o blog, que já se chamava Pétalas de Liberdade, passou a ter o conteúdo literário que hoje é o foco dele. Encontrei algo sobre o qual eu poderia produzir conteúdo próprio, onde não dependeria, por exemplo, da minha aparência ou de roupas que tivesse que comprar para falar sobre.

 Desde então, conheci muitos livros novos, tive a oportunidade de encontrar pessoalmente autores que já eram meus amigos na internet, participei de feiras de livros, escrevi alguns contos que foram publicados em antologias, e tenho uma estante lotada! Já recebi sim comentários desagradáveis. Já pensei muitas vezes em desistir do blog (na verdade acho que esse pensamento aparece pelo menos uma vez por semana), muitas vezes sinto que poderia estar fazendo outra coisa ao invés de passar horas e horas escrevendo um post pelo qual ninguém parece se importar. Mas eu gosto tanto de escrever... E como falei ontem no meu Instagram: os livros foram tão importantes no meu processo de me entender melhor. Num país como o nosso, onde a leitura é pouco valorizada e incentivada, ser mais uma pessoa nessa luta para mostrar que ler é legal, que ler pode mudar vidas, é uma tarefa da qual não quero desistir.

 Atualmente, as redes sociais são extremamente mais fortes do que na época da criação do blog. Um post no Instagram é visto por muito mais pessoas do que um post aqui no blog (o que não significa que ele é lido ou procurado por essas pessoas). Isso leva alguns a acharem que os blogs estão morrendo, mas precisamos lembrar de certos pontos importantes.

 Primeiro: o Instagram tem um limite de caracteres, o que não acontece com o blog, onde as postagens podem ser mais aprofundadas e desenvolvidas.

  Segundo: se você pesquisar pelo nome de um livro no Google, não vai aparecer uma resenha dele no Instagram, e sim as resenhas postadas em blogs ou sites; para que você encontre conteúdo sobre determinado livro no Instagram, é preciso que quem o postou tenha, por exemplo, usado o título dele ou o nome do autor como Hashtag ou marcado o autor ou a editora.

 E, por fim, mas não menos importante, vale lembrar que o Instagram é uma rede social do mesmo criador do Facebook, cheia de limitações e onde você vê o que o algoritmo decide que é do seu interesse, e não o que realmente você procura, além de muitos posts patrocinados. Assim como outras redes sociais (lembram do Orkut?), ela pode acabar um dia, o seu perfil pode ser suspenso, entre outras coisas. Sem falar que volta e meia está fora do ar, o Blogger é bem mais estável. E vocês sabiam que é possível baixar todo o conteúdo do seu blog para o seu computador?

 Então, eu acho que ainda vale sim a pena ter um blog literário, principalmente pelo mesmo motivo que me levou lá em 2010 a criar um: ter o seu espaço na internet. E usando as redes sociais para complementá-lo, ou vice-versa, você pode aproveitar o melhor que há em cada plataforma: texto, vídeo, foto, para se expressar.

 E por hoje é isso, espero que tenham gostado de saber um pouquinho mais sobre a história do Pétalas de Liberdade. Me contem: vocês tem, já tiveram ou pensam em ter um blog? Usam também as outras redes sociais para produzir ou consumir conteúdo literário?

 Ps.: os posts dos primeiros anos do blog ainda podem ser vistos nos arquivos, é bom para ver as mudanças que o tempo trouxe.




 Ps.: meu perfil no Instagram chegou em dez mil seguidores, e tem sorteios para comemorar: até dia 30/09 tem sorteio valendo um kit de marcadores , até 10/10 tem sorteio de dois livros da Carol Dias e até 14/10 tem sorteio valendo o livro Beco da Ilusão, cliquem e participem.
Até o próximo post!

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Resenha e sorteio: livros III : A Hora Morta - volumes 1 e 2, antologia da Luva Editora


 Olá pessoal, tudo bem? A resenha de hoje é especial, pois é sobre dois livros, sendo que em um, um conto meu foi publicado. Venho comentar sobre a minha experiência de leitura com "III : A Hora Morta - volume 1" e "III : A Hora Morta - volume 2", publicados pela Luva Editora em 2017 (meu conto foi publicado no volume dois). Aperte o play para conferir a resenha em vídeo ou continue lendo:





 "Sei o que veio procurar aqui, e pode ter certeza de que vou dar o que quer: uma boa história. História que aconteceu anos atrás. Décadas. Um fato que os velhos não gostam de falar, e os jovens não conhecem a não ser por boatos e lendas.
 Eles vão dizer que a causa de tudo foi um lobisomem! Lobisomem! Todos cheios de ideias de fantasia, e daquela tal de Hollywoood. Não, não, a verdade é bem outra e eu posso garantir.
 Eu era apenas uma criança quando o baile aconteceu. Uma criança jovem demais para fazer parte do território dos adultos, mas velha demais para não entender porque não podia participar daquele mundo gigante que era tão feliz e chique.
 Claro que esse baile não era apenas um baile comum." ("Arrebatados", volume 2, página 39, que narrativa fantástica a da Najara Bertoli!)

 Ano passado houve a seleção de contos de terror para a antologia, e foram recebidos tantos textos interessantes que a editora resolveu apostar em dois volumes para a coletânea. O Fernando Bins organizou o volume 1, com 26 contos, sendo 2 de convidados: o Cesar Bravo e a Rô Mierling (ambos tem livros publicados pela Editora Darkside). E o Vitto Graziano organizou o volume 2, também com 26 contos, sendo 3 de convidados: a Claudia Lemes (autora de Eu vejo Kate), o Marcos DeBrito (O escravo de capela) e a Soraya Abuchaim (A vila dos pecados). Nesse 2° volume, os autores contribuíram financeiramente para a publicação, mas foi uma quantia super razoável; eu vejo editoras que cobram preços inviáveis nas suas antologias (um dos motivos por eu não estar enviando textos para novas coletâneas) e não foi o caso dessa.

 "(...) as coisas começaram a mostrar que o fundo enlameado e apodrecido do poço em que eu achava que estava tinha um porão... um porão cheio de coisas demoníacas, horrendas." ("Terceira Vigília", Igor Chacon, volume 2, página 122)

 Os contos deveriam ter alguma ligação com uma lenda urbana e/ou com a chamada Hora Morta, que, na explicação que consta na contracapa dos livros: "Chamada de Hora Morta, ou Hora do Diabo, as 3h da manhã tornou-se conhecida por ser o horário em que os portais para o submundo são abertos aumentando a influência de manifestações demoníacas e maldições espirituais sobre a Terra. Alguns dizem que esse acontecimento tem relação direta com o horário da morte de Cristo, às 3h da tarde, ou seja, seu oposto: a cruz invertida. Outros afirmam que é uma maneira dos espíritos malignos tripudiarem do próprio cristianismo, baseado na Santíssima Trinidade."

 Antes de falar sobre cada volume, quero pontuar duas coisas. Primeira: tem gente que diz que não gosta de contos por achá-los histórias incompletas, mas acho que isso não se aplica aos contos de terror! Por exemplo, para você escrever uma história de amor em poucas páginas, pode ser complicado conseguir passar todas as facetas do personagem que o levaram a ser o que é e a se apaixonar por quem se apaixona, e também pode ser difícil aprofundar um relacionamento em poucas páginas; já com os contos de terror, você normalmente tem um fato que vai causar certo choque no leitor e você trabalha em cima dele, exemplificando: um guarda noturno foi avisado para não entrar num prédio assombrado durante a noite, ele não deu ouvidos ao aviso, entrou e levou um baita susto. Pronto, a história é essa! Você não precisa saber sobre a família do guarda, se ele vai combater os fantasmas do prédio ou se continuará naquele emprego, você já descobriu o que tinha dentro do prédio.

 "- Olha, esta é uma casa cheia de história. Muita gente entrou e saiu daqui. Muita gente viveu e morreu nesta fazenda antes dela ser doada para a cidade. Esse tipo de coisa não vai embora. Se você quer saber, eu não fico aqui de jeito nenhum depois que anoitece. E se quer uma dica, não entre nessa casa à noite. Fique aí na sua guaria e, se precisar, corra para a igreja no final da rua." ("As correntes de Itapevi", Leonardo Galvão, volume 2, página 46)

 A segunda coisa, é que medo é algo muito relativo. Até algum tempo atrás, eu dizia que não lia nem via nada que fosse de terror, mas eu não tinha de fato visto um filme de terror ou lido uma história de terror, então meu medo não tinha base, era só eu reprimindo as minhas emoções (eu também evitava ler histórias dramáticas, puf!). E quando comecei a ler algumas coisas do gênero, percebi que tinha um medo bobo que estava me fazendo perder boas histórias. Então, se você já tentou ler mais de um livro de terror e realmente se sentiu mal, eu entendo que você não queria ler algo do tipo novamente, mas se você nunca leu, vale a pena tentar dar uma chance e talvez você perceba que não tinha monstro nenhum embaixo da cama.

 "- Eu preciso de água. (...)
 - Eu preciso de muita água, - Júlia repetiu sozinha no quarto antes de se levantar da cama e sair." ("Doce Noite", Lenmarck Andrade, volume 1, página 60)

 No Instagram, fiz uma série de post sobre as premissas de cada conto, e não vou falar novamente sobre cada um para que o post não fique muito longo, mas é só ir no @marijleite para conferir. Na antologia, temos contos para todos os gostos. Muitos mostrando os perigos que vem das águas, seja do mar, do rio ou de uma lagoa. Tem um no volume 1 que traz a figura do boto, ficou sensacional toque folclórico. Várias histórias trazem ligações com locais que serviram para aprisionar escravos, e é muito importante não esquecer de quanto sangue já foi derramado no passado do nosso país. Alguns textos mostram a maldade humana, que nem sempre sai impune. Outros nos deixam em dúvida se algo de sobrenatural aconteceu ou foram só alucinações causadas pelas drogas.


 O meu conto "O hospital abandonado" é um que eu não consigo avaliar. Não citei o nome da minha cidade, mas aqui em Liberdade existia um hospital abandonado, caindo aos pedaços, que eu usei como cenário. Muitos boatos surgem sobre prédios assim... E é nesse hospital que uma garota vê o irmão entrando de madrugada. Ela já tinha perdido os pais num acidente, morava com o avô, um senhor de idade, e ficou com medo de o irmão fazer alguma besteira. Eu tentei colocar algo especial no final, não sei se fui tão bem sucedida quanto a Beatriz Castro em "Companhia". Para deixar registrado: o hospital da minha cidade foi reformado e hoje é um prédio em funcionamento.

 "Senti o frio percorrer a minha espinha, apesar de ser um dia de verão, o gato, ao meu lado, também pareceu perceber que algo estava acontecendo e se arrepiou todo, olhando para algo em frente à cama. Recusei-me a olhar, com medo do que pudesse estar ali, um barulho de correntes foi ouvido logo a seguir e senti um grito de medo querendo irromper de meus lábios. Ainda assim, decidi não olhar, enquanto eu não visse, não era real." ("Companhia", Beatriz Castro, volume 2, página 61)


 Eu poderia falar sobre vários contos desse volume dois, mais além do conto sobre o guarda municipal que eu citei como exemplo no início do post, que é "As Correntes De Itapevi" do Leonardo Galvão e do conto da Beatriz, onde a personagem descobre que tem companhia em casa e talvez isso não seja tão ruim, quero destacar "Sobre a mesa" do Ferdinand Azalb, que foi o mais perturbador para mim. Ele é sobre um menino que tinha um amigo imaginário, mas talvez ele não fosse tão imaginário assim e pudesse fazer umas coisas bem sinistras, e tenso imaginar a situação do menino.

 Não sei se já estava mais preparada para ler o 1° volume depois de ter lido o 2° (comecei pelo 2° na curiosidade para conferir meu conto), mas o fato é que achei as histórias do volume 2 mais fortes do que as do volume 1, enquanto que no volume 1 me pareceu ter alguns contos com uma escrita mais elaborada e no volume 2, a escrita era mais diversificada.

 "Só que não era apenas sua sombra que ele via. Havia também a bicicleta embaixo dele - finas linhas escuras contra a tela imperfeita de terra batida. E havia algo mais. Não era tão escura quanto sua própria sombra, mas estava lá. Bem nas costas dele, como se estivesse desfrutando de uma carona." ("Sem Palavrões Nesta Família", Alex Rebonato, volume 1, página 146)


 Destacando alguns contos do volume 1: "A Feiticeira Do Teles" da Y. M. Dias me fez sentir a tensão de ter que voltar para casa numa madrugada do Rio de Janeiro. "Uma Pizza Para O Diabo" do Lauro Elme me deixou morrendo de dó do entregador, que no primeiro dia de trabalho já teve que fazer uma entrega sinistra. "Os Arranhões Do Manco" da Rândina da Cunha foi o que mais me causou temor nesse volume; a protagonista não deu atenção aos conselhos sobre como proteger a casa e começou a escutar um barulho estranho vindo do chão... E "Sem Palavrões Nesta Família" do Alex Rebonato é uma história que eu adoraria que mais pessoas conhecessem, para pensarem no peso das palavras.

 "Agora eram batidas, embaixo da mesa. Eram punhos cerrados, batendo na madeira do assoalho embaixo da mesa, intercalados por arranhões frenéticos." ("Os arranhões do manco", Rândyna da Cunha, volume 1, página 121)

Lista de contos do volume 2

Lista de autores do volume 2

Lista de contos do volume 1

Lista de autores do volume 1
 Sobre as edições: as páginas são de um tom de cinza, a diagramação tem letras margens e espaçamento de bom tamanho, super confortável para a leitura. A revisão está bacana. A capa do 1° volume tem uma boneca e no 2°, a boneca está sem a cabeça e o fundo é mais avermelhado. Em ambos volumes, há obras de pintores clássicos (Sandro Botticelli, Fra Angelico e Dirck Bouts). Na primeira orelha constam os nomes dos contos, os nomes dos autores estão na última. No início de cada conto, há a foto do autor e uma minibiografia.

 "O velório que não pretendo faltar é o meu, a todos os outros, se puder, não irei. Tinha certeza de que ele não iria me culpar, o problema sempre é a reprovação dos vivos, esses são os piores. Ele estava mal naquele dia, uns papos estranhos mesmo, chegou a tocar no assunto de suicídio, mas não levei a sério. E agora estava lá o caixão descendo naquele buraco frio. Dei um abraço em seus parentes e voltei ao bar. Será que eu podia ter mudado isso? Eu devia ter dado algum conselho, ou algo do tipo?" ("Não dê atenção às vozes", Greg Kooche, volume 1, página 64)

 Enfim, como já comentei, medo é um negócio bem relativo, e cada leitor vai ter uma experiência de leitura com essa antologia. Não posso garantir que vocês vão ficar aterrorizados com cada conto, nem que não vão sentir medo algum com a leitura. O que eu garanto é que as edições são caprichadas e as histórias são super criativas. Eu acho que vale muito a pena ler III : A Hora Morta!

 Detalhes: 160 páginas em cada volume Skoob volume 1, Skoob volume 2. Onde comprar online: loja da editora.



 E como outubro, mês de Halloween, está chegando, vou sortear para vocês o meu exemplar do volume 1 e um exemplar do volume 2, e vai com o marcador lindo da antologia! E você pode participar de diversas maneiras, esse sorteio é para ninguém ficar de fora!

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 Link do formulário: https://goo.gl/forms/0PJ4l7c5MtbHXggp1. Você pode participar só por uma forma ou por todas elas para aumentar suas chances de ser o sorteado.

 Importante: As inscrições começam hoje e vão até dia 20/10/2018. O resultado sairá em até uma semana no post e nas redes sociais. O sorteado será avisado por e-mail e terá o prazo de até uma semana para fornecer seu endereço para envio do prêmio ou o sorteio será refeito. O prêmio será enviado em até 30 dias após recebimento do endereço do ganhador. É necessário ter endereço de entrega no Brasil. Não me responsabilizo por danos ou extravios do Correios. Alguma dúvida?

 E por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha, e boa sorte!

POST ATUALIZADO EM 03/11/2018, RESULTADO:

A sorteada foi a dona do Instagram @ferdireggae .

Até o próximo post!

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Resenha: livro "Outros jeitos de usar a boca", Rupi Kaur

 Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Outros jeitos de usar a boca", que traz poesias e ilustrações da Rupi Kaur, canadense nascida na Índia. Inicialmente, a obra foi publicada no exterior de forma independente, mas fez um sucesso estrondoso e chegou ao Brasil pela Editora Planeta em 2017.

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 A obra é dividida em quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura, e a leitura pode ser feita em poucas horas. Há tanto poemas de poucas linhas, parecidos com provérbios, como poesias maiores. Alguns textos se mostram particulares à cultura da autora, como sua constante menção a leite e mel ("Milk and honey" é o título original da obra, embora eu ache que o título escolhido pela Planeta é mais atraente). Outros textos abordam assuntos em pauta nos dias atuais, como a violência contra as mulheres, o machismo, os relacionamentos abusivos, a luta pela aceitação do corpo feminino fora dos padrões irreais impostos pela mídia. Há ainda poesias tocantes sobre a relação entre pai e filha.

 Por ser um livro tão comentado, minhas expectativas estavam elevadíssimas para essa leitura. "Outros jeitos de usar a boca" não roubou o lugar de "Mulheres em cena: Em poesia" como meu livro de poesias favorito, talvez por eu já ter lido muito sobre os temas presentes na obra, mas foi uma leitura que eu gostei muito e que recomendo. Tenho certeza que todo leitor certamente vai se identificar com vários dos textos de Rupi Kaur.

 "Outros jeitos de usar a boca" traz mensagens de autoaceitação, de esperança, de incentivo. É um daqueles livros que, se estamos tristes ou desanimados ao começar a leitura, podemos terminar de ler com algo diferente surgindo dentro de nós, uma motivação diferente.

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 A edição da Planeta está ótima, com uma capa bonita, páginas amareladas e de boa gramatura, boa revisão, diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho.

 Alguns dos meus poemas favoritos:

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 não quero ter você
 para preencher minhas partes vazias
 quero ser plena sozinha
 quero ser tão completa
 que poderia iluminar a cidade
 e só aí 
quero ter você 
porque nós dois juntos 
botamos fogo em tudo (página 59)

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 sua arte
não é a quantidade de pessoas
que gostam do seu trabalho
sua arte
é
o que seu coração acha do seu trabalho
o que sua alma acha do seu trabalho
é a honestidade
que você tem consigo
e você
nunca deve
trocar honestidade
por identificação
- a todos vocês poetas jovens (página 202)

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 toda vez que você
diz para sua filha
que grita com ela
por amor
você a ensina a confundir
raiva com carinho
o que parece uma boa ideia
até que ela cresce
confiando em homens violentos
porque eles são tão parecidos
com você

- aos pais que têm filhas (página 19)

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

 você é igualzinha à sua mãe
acho mesmo que a ternura dela me cai bem
vocês duas têm os mesmos olhos
porque nós duas estamos exaustas
e as mãos
temos os mesmos dedos secos
mas essa raiva sua mãe não veste esse ódio
tem razão
essa raiva é a única coisa
que vem do meu pai
(tributo a herança, de warsan shire) (página 34)

quando minha mãe abre a boca
para conversar durante o jantar
meu pai enfia a palavra silêncio
nos seus lábios e diz que ela
nunca deve falar com a boca cheia
foi assim que as mulheres da minha família
aprenderam a viver com a boca fechada (página 35)

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

 remover todos os pelos
 do seu corpo é ok
se é isso que você quer
assim como manter todos os pelos
 do seu corpo é ok
se é isso que você quer
- você só pertence a você

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

aceite-se
como você foi projetada

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

se a tristeza vem
a felicidade também
- tenha paciência

todos nascemos
tão bonitos

a grande tragédia é que
 nos convencem de que não somos

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

 quero pedir desculpa a todas as mulheres
 que descrevi como bonitas
 antes de dizer inteligentes ou corajosas
fico triste por ter falado como se
 algo tão simples como aquilo que nasceu com você
fosse seu maior orgulho
 quando seu espírito já despedaçou montanhas
de agora em diante vou dizer coisas como
 você é forte ou você é incrível!
 não porque eu não te ache bonita
 mas porque você é muito mais do que isso

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 se você nasceu com
fraqueza para cair
você nasceu com
força para levantar (página 156)

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se você não é o suficiente para você mesma
você nunca será o suficiente
para outra pessoa (página 197)

sexo exige o consentimento dos dois
se uma pessoa está ali deitada sem fazer nada
porque não está pronta
ou não está no clima
ou simplesmente não quer
e mesmo assim a outra está fazendo sexo
com seu corpo isso não é amor
isso é estupro (página 22)

se já tivesse visto
a segurança de perto
eu teria passado menos
tempo caindo em braços
que não eram (página 21)

pai. você sempre liga sem ter nada especial a dizer. você pergunta o que estou fazendo ou onde estou e se o silêncio entre nós se estende por uma vida dou um jeito de encontrar perguntas que façam a conversa continuar. o que eu queria mesmo dizer é. eu sei que o mundo te despedaçou. foi com tudo pra cima de você. não te culpo por não saber ser delicado comigo. às vezes fico acordada pensando em todos os machucados que você tem e nunca vai dizer. eu venho do mesmo sangue dolorido. do mesmo osso tão sedento por atenção que desabo em mim mesma. eu sou sua filha. eu sei que a conversa-fiada é o único jeito que você conhece de dizer que me ama. porque é o único jeito que eu conheço. (página 37)

nada mais seguro que o som de você lendo alto para mim - o encontro perfeito (página 53)

você disse. se é pra ser. o destino vai nos unir de novo. por um segundo me pergunto se você é mesmo tão ingênuo. se acredita de verdade que o destino funciona assim. como se ele vivesse no céu e nos observasse. como se tivesse cinco dedos e passasse o tempo movendo a gente como peças de xadrez. como se não fossem as escolhas que fazemos. quem foi que te ensinou isso. me diz. quem foi que te convenceu. de que você ganhou um coração e uma cabeça que não pertencem a você. que suas ações não definem o que vai acontecer com você. quero gritar e berrar que somos nós seu idiota. somos as únicas pessoas que podem nos unir novamente. mas em vez disso eu sento quieta. sorrindo de leve pensando entre lábios trêmulos. é ou não é uma coisa trágica. quando você vê tudo tão claro mas a outra pessoa não vê nada. (página 84)

vou perdendo pedaços de você como perco cílios sem perceber e por todo lugar (página 135)

pelo
se não era pra estar aqui
não cresceria
em nosso corpo pra começo de conversa
- estamos em guerra com o que há de mais natural em nós (página 193)

 Por hoje é só, espero que tenham gostado do post. Me contem: já conheciam o livro ou a autora?

 Detalhees: 208 páginas, ISBN-13: 9788542209303, Skoob. Clique e compre na Amazon (e-book disponível no Kindle Unlimited):


 Ps.: meu perfil no Instagram chegou em dez mil seguidores, e tem sorteios para comemorar: até dia 30/09 tem sorteio valendo um kit de marcadores , até 10/10 tem sorteio de dois livros da Carol Dias e até 14/10 tem sorteio valendo o livro Beco da Ilusão, cliquem e participem.
Até o próximo post!

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