Resenha: livro "Em pedaços", Lauren Layne

 Olá pessoal, tudo bem? O livro "Em pedaços" foi escrito pela novaiorquina Lauren Layne e publicado no Brasil em 2018 pela Editora Paralela.

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 A narração é alternada entre os protagonistas: Olivia Middleton e Paul Langdon. Olivia tinha vinte e dois anos, era de família rica (embora não tão tradicional quanto outras da sociedade), e decidiu abandonar a faculdade no último ano para "fazer caridade". Muitos consideraram sua atitude como algo de grande generosidade, afinal, nem todo mundo sairia do conforto de casa para ajudar os outros. Mas o ato de Olivia não era tão generoso assim, a verdade é que ela queria fugir, queria dar um tempo de sua vida por causa da culpa que sentia por algo que aconteceu. E ela nem iria para muito longe de Nova York, seus pais deram um jeito de arranjar um trabalho para ela no Maine. Olivia cuidaria de um veterano de guerra por três meses.

 Três meses, esse era o tempo que Paul Langdon teria que aturar mais uma das cuidadoras que o pai insistia que ele tivesse, mas nenhuma tinha durado tanto tempo, graças ao seu temperamento difícil. Paul tinha vinte e quatro anos, e nunca mais foi o mesmo depois de voltar da Guerra do Afeganistão, onde perdeu amigos, teve os movimentos de uma perna comprometidos e ficou com cicatrizes no rosto. Ele passou a viver isolado numa propriedade do pai, acompanhado da cozinheira e do motorista, dos seus livros e da bebida. Como o filho não melhorava, o pai, temendo que o rapaz se suicidasse, contratava cuidadores, mas vendo que não estava surtindo efeito e que Paul continuava enfurnado na casa, deu um ultimato: se a próxima cuidadora não ficasse no trabalho por pelo menos três meses, ele expulsaria Paul da residência e pararia de lhe dar dinheiro.

 "'E seus preciosos livros?', ele desdenha. 'Todas aquelas primeiras edições de que tanto se orgulha?'
 Viro-me para a estante. Meu pai sabe que acabou de atingir meu calcanhar de aquiles com a ponta do seu sapato fino.
 Ele é ridiculamente rico, e a mesada que me manda todo mês é ridiculamente generosa. Não gasto nem um centavo comigo, a não ser pelos livros. Depois do que aconteceu comigo, acredito que ganhei o direito de ficar sentado e deprimido, lendo meus livros caros.
 Mas a ideia de perder minha coleção não é o que faz meu coração acelerar. Não preciso dos livros. Mas preciso do dinheiro do meu pai, pelo menos até completar vinte e cinco anos, quando poderei receber o que foi investido pela minha mãe em um fundo fiduciário." (página 23)

 Como precisava da ajuda financeira do pai (para bem mais do que poder comprar seus livros), Paul decidiu que faria um esforço. Ele só não estava preparado para conhecer uma cuidadora tão diferente das anteriores como Olivia. Ela era mais jovem que ele, aparentemente uma garota riquinha que só usava rosa, não tinha nenhum preparo para o trabalho, além de ser linda, despertando em Paul uma atração que ele não acreditava ter futuro. Se para ele foi um choque conhecer Olivia, foi igual para ela, pois o rapaz era totalmente diferente do ex-soldado debilitado que ela imaginava encontrar, e também despertava na moça uma atração que ela não procurava. Será que esses dois conseguirão juntas seus pedaços e sair inteiros ao fim desses três meses?

 "Ficamos parados por alguns segundos, só nos encarando, Dois jovens mimados e em pedaços. Dois desastres.
 'Vou fazer as malas', ela diz afinal, e vai embora.
 Eu a seguro pelos ombros. Ela vira o rosto para mim. Estamos ambos com a respiração acelerada, e não nos olhamos. 'Fica', digo, brusco. 'Já usamos um ao outro até agora. Podemos muto bem ir até o fim." (página 165)

 A autora também escreveu "Mais que amigos", um romance que tem sido muito elogiado. Já "Em pedaços" tem recebido algumas críticas negativas. Como eu tinha os dois livros, decidi começar por "Em pedaços", para não pegá-lo com expectativas muito elevadas caso tivesse começado por "Mais que amigos". E eu gostei muito da leitura. O Paul sabe sim ser um babaca irritante em determinados momentos e faz algumas burrices, mas quem sou eu para imaginar o que é passar pelo que ele passou na guerra, o que é ser um rapaz cheio de sonhos e, no momento seguinte, estar com cicatrizes sendo alvo de comentários ofensivos? E aí temos Olivia, que muitos julgam ter exagerado no motivo para sua reclusão no Maine, mas eu também não sei o que é ter uma vida toda dentro do script e ferrar com tudo, magoar pessoas amadas, dormir e acordar com essa culpa. Quem nunca precisou de um tempo para se reencontrar?

 "Forço um sorriso. 'Então... tem algum truque que eu deva saber para usar esse tênis? Preciso adivinhar uma senha ou eles funcionam por mágica?'
 Paul revira os olhos e aponta a bengala na direção em que normalmente seguimos. 'Trota um pouco. Tenta não tropeçar, rebolar ou qualquer outra coisa que envergonhe seu tutor.'
 'Tutor? É isso o que você se considera?', pergunto. 'Porque parece mais a madre superiora.' Começo a me alongar, bem devagar.
 Sinto o toque gentil de sua bengala no meu joelho. 'A última novidade do mundo da corrida é que alongar antes do treino não previne contusões.'
 Devolvo o pé ao chão. 'Mas sapatos mágicos previnem?'
 Seus lábio se contorcem em algo que quase parece um sorriso. 'Isso mesmo.'
 'Espero que ninguém me veja assim', murmuro, brincando. 'Por outro lado, também espero que esses tênis durem bastante, por que vão ficar ótimos quando eu for para um asilo.'" (página 129)

 Eu gostei muito do jeito como a Olivia lidava com o mau humor do Paul, ela não dava as respostas que ele esperava, e os diálogos entre os dois são ótimos. A tensão sexual entre eles também é um ponto alto do livro, senti química entre o casal. Além da personalidade da Olivia, algo que me agradou foi o fato de os personagens serem muito mais do que aparentam inicialmente, o Paul não é só um bêbado recluso que torra o dinheiro do pai, ele tem um lado bom, assim como a Olivia não é só uma alma caridosa, o pai do mocinho também tem outras facetas. Falando em pais, gostei de a Olivia ter uma família amorosa.

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 A edição traz uma capa bem bonita, feita pela Marina Avila, boa revisão, páginas amareladas, diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho.

 "O sorriso se desfaz um pouco quando me dou conta de que não falo com Bella há dias. Ela está saindo com um cara chamado Brian, que 'é um pouco baixo, mas compensa em todos os outros setores'. Parece que ele a mantém muito, muito ocupada.
 Por mais que eu tente me convencer de que é apenas seus novo interesse amoroso que está nos distanciando, suspeito que seja mais do que isso. Nossas vidas nunca mais vão se cruzar com tanta facilidade quanto no passado.
 Interrompo o processo de passar o rímel ao me dar conta de que essa é uma parte da vida depois da faculdade para qual ninguém te prepara. Sua vida social não cai mais no seu colo, com as aulas em comum e as atividades extracurriculares. Relacionamentos, seja com amigos, família ou parceiros românticos, daqui para a frente, exigem muito mais trabalho. Chega de amigas da irmandade, chega de só precisar descer as escadas quando preciso da minha mãe. Com certeza, não vai mais ser tão fácil conhecer caras sem a faculdade. Não é como se eu pudesse simplesmente bater um papo com o gatinho da aula de economia." (página 173)

 Enfim, essa foi minha experiência de leitura com "Em Pedaços", e meu primeiro contato com a escrita da Lauren Layne foi ótimo. Recomendo esse romance new adult para quem procura uma leitura rápida e fluida, pois além de ter menos de duzentos e cinquenta páginas e capítulos curtos, é um daqueles livros onde, quando a gente percebe, já se passaram páginas e páginas, a escrita da autora é ótima e a história consegue nos prender. Na contracapa consta que é uma recontagem de "A Bela e a Fera", e há algumas leves semelhanças com o clássico, como o apego do Paul pelos seus livros (amei isso!) e sua aparência e temperamento que assustam alguns, já a Olivia tem sim um pouco da determinação da Bela. Na capa podemos ver que é o primeiro volume da série Recomeços, mas acredito que cada volume contará a história de um casal.

 Detalhes: 248 páginas, ISBN-13: 9788584391172, tradução: Lígia Azevedo, Skoob clique para ler os primeiros capítulos. Clique para comprar na Amazon:


 E por hoje é só, espero que tenham gostado de conferir o post. Já leram ou querem ler algo da autora?


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Resenha: livro "A Noiva do Barão", Simone O. Marques

 Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "A Noiva do Barão", escrito pela Simone O. Marques e publicado pela parceira Ler Editorial em 2018.

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 A história se passa na Inglaterra, em 1304. Por ordem do rei, o barão de Davon, William, deveria se casar com a filha mais velha de Joseph Phillips, o barão D'Tanis. Como William precisava fazer uma viagem, pediu que seu irmão mais novo, Robert, fosse à propriedade de Joseph para buscar sua noiva, uma mulher que nunca haviam visto e que sabiam apenas ser fruto do primeiro casamento do barão D'Tanis com uma escocesa.

 Lisbeth Phillips tinha 19 anos e estava acostumada a ser tratada como uma estranha pela própria família, o pai não lhe dava atenção e a madrasta e as irmãs mais novas eram cruéis com ela. Lise tentava ficar "fora do radar" deles, com a ajuda dos empregados; a jovem gostava de cavalgar e do tempo que passava com Mirza, uma senhora idosa que morava na região e dizia poder ler o futuro. Mas as previsões de Mirza nunca tinham dado certo para Lisbeth, até que o caminho da jovem se cruzou com o de Robert, num momento em que ele foi ao seu encontro para ajudá-la.
 "A cabana da velha Mirza ficava enfiada no meio da floresta, além dos limites da propriedade da família Phillips. Diziam que a mulher tinha mais de cem anos. Alguns arriscavam mais.
 Muitos boatos circulavam de que ela roubava crianças das vilas para suas poções ou que as servia de alimento para animais selvagens, que eram seus companheiros. Lise, entretanto, não acreditava em nada daquilo, pois conhecia a velha e sempre que podia ia vê-la, levava bolos, farinha e ovos frescos.
 Mirza ficava feliz e lia o futuro da jovem nas pedras coloridas que guardava dentro de um saco feito de pele de ovelha. Lise já sabia de cor tudo o que a velha dizia e nada do que ela falava realmente acontecia. Mesmo assim, gostava muito das horas tranquilas que passava no meio da floresta, longe de sua casa, onde era vista como um estorvo.
 - Um homem vai aparecer em sua vida. Mas, para que você viva, terá de morrer.
 Lisie suspirou e desfez sua longa trança ruiva mais uma vez, antes de começar a trançar os cabelos novamente. Já sabia daquilo. Não era a primeira vez que a velha lhe dizia."
(página 11)
 Robert era aquele tipo que sempre queria salvar uma donzela em perigo, e ao ver como Lisbeth era maltratada pela família, decidiu protegê-la enquanto pudesse. Seu irmão não tinha uma boa fama, e Robert temia que Lise não fosse feliz ao lado dele. Ela ficou arrasada ao ser praticamente vendida pelo pai para esse casamento, mas nada parecia pior do que continuar na casa onde era tão desprezada, e Robert se mostrava tão atencioso com ela, como ninguém tinha sido até então.

 No caminho entre a propriedade do barão D'Tanis até Davon, Robert e Lisbeth iriam se conhecer mais e descobrir um amor proibido que tentariam vivenciar enquanto pudessem. Mas como William, o temido Barão Davon, reagiria ao descobrir o que sua prometida e seu irmão estavam sentindo um pelo outro? Haveria uma chance de felicidade para o casal, contrariando uma ordem do rei?
 "Robert entrou no quarto onde estava hospedado e apertou as mãos com tanta força que chegou a ferir as palmas. Que família era aquela? Por que tratavam Lisbeth daquela maneira? Ela tentava se manter forte e ignorar os ataques, mas a tristeza era visível em seus olhos e ele não gostou nem um pouco de ver aquilo refletido em suas belas feições, assim como sua expressão assustada enquanto fugia do tal criado. Ele havia sentido a necessidade de protegê-la, mesmo sem saber quem ela era.
 Sentou-se na cama e colocou a cabeça entre as mãos. Noiva do meu irmão. William era brusco e se excedia na bebida. O que seria capaz de fazer com a frágil e bela Lisbeth? Quanto ela aguentaria? Por que seu coração batia freneticamente quando a olhava, se estava ali para escoltá-la a Davon para que se casasse com William?"
(página 35)
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 Esse romance de época medieval foi meu segundo contato com a escrita da Simone, o primeiro foi no maravilhoso "Dois Mundos" (livro de fantasia que continuou sendo meu favorito entre os dois). "A Noiva do Barão" é uma história curta, que pode ser lida rapidamente, tanto pelo pequeno número de páginas quanto pela fluidez da escrita da autora.

 A história me empolgou mesmo quando o barão William entrou em cena e a ameaça à felicidade do casal se tornou real. Foi nesse momento que o amor de Robert e de Lise se mostrou verdadeiro e me convenceu, e a trama se mostrou única e diferente dos inúmeros romances do tipo que já li. Foi aí que tive a real dimensão de como o mocinho estava encrencado ao ter se envolvido com uma mulher prometida a outro, e comecei a bolar mil teorias que justificassem a profecia de Mirza lá do início, onde, para que Lise pudesse viver, teria que morrer. Confesso que temi que a morte de Lise precisasse ser real e realmente não fazia ideia do desfecho da obra.

 Acho que William foi o personagem mais marcante da trama, com a dualidade entre sua verdadeira personalidade e a forma como ele se mostrava para os outros. Na capa consta que "A Noiva do Barão" faz parte da Série Família Davon, então acredito que teremos um próximo livro protagonizado pelo William, e já estou curiosíssima para conferir o que a autora reservará para ele.

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 Acho linda a capa desse livro, com a imagem de uma mulher ruiva que combina com a descrição da protagonista e esses detalhes nas bordas que lembram folhas de parreiras (Robert também tinha uma propriedade onde produzia uvas responsáveis por bebidas apreciadas até pelo rei). As páginas são amareladas, a revisão está boa, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho, além de detalhes no início de cada capítulo.

 Fica a minha recomendação para quem procura um romance de época sem cenas detalhadas de sexo, com uma boa ambientação histórica, de leitura rápida e que nos fará torcer muito por um final feliz. Editora Ler, obrigada por colocarem a Simone no catálogo de vocês, e por favor, publiquem mais livros dela ♥.

 Detalhes: 204 páginas, ISBN-13: 9788568925591, Skoob, clique e compre na loja da editora (dica: fique de olho na fan page da Ler, lá eles sempre avisam quando fazem promoções sensacionais), clique para conferir todos os livros da Simone O. Marques disponíveis na Amazonclique e compre na Amazon (e-book e físico):

 E por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha.

Até o próximo post!

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Os livros que li em agosto

 Olá pessoal, tudo bem? Esse post já deveria ter sido publicado há dias, mas como estava enrolando para editar o vídeo, só hoje venho deixar registrado um resuminho do que li no último mês. Apertem o play ou continuem lendo:



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 Em e-book, no Kindle, li três romances ótimos de autoras nacionais (todos disponíveis no Kindle Unlimited):

 Proibido Pra Mim da Halice FRS é protagonizado pela Norah, uma fotógrafa viúva de 42 anos, que acaba se interessando pelo Caio, amigo de seu filho, e nem imaginava que ele era apaixonado por ela há anos. Gosto muito da forma real com que a Halice constrói suas narrativas e personagens, e ela acerta em cheio ao trazer esse casal com diferença de idade. Confira: Resenha: livro "Proibido pra mim", Halice FRS.

 Test Drive da Carlie Ferrer foi um livro que vi sendo comentado num grupo no Facebook, fiquei curiosa e fui ler. A Brin é uma prostituta ruim de cama, mas ótima em ouvir seus clientes, e é contratada por um senhor que quer saber se o filho é ou não gay. A Brin vai se meter em situações hilárias para se aproximar do rapaz, o Stephen Ryan, e vai descobrir que ele é virgem (algo raro nos romances do tipo). A escrita da autora é maravilhosa! E o romance é divertido e apaixonante. Confira: Resenha: livro "Test Drive", Carlie Ferrer.

 Um grande problema é outro livro da Carlie Ferrer, gostei tanto da escrita da autora que corri para ler mais história dela. Temos a Carolina que precisa fazer um trabalho na faculdade sobre profissões modernas e acaba tendo que entrevistar Jake Dustin, um muso fitness. Ela não tem nenhum interesse por esse universo dos atletas fitness, inclusive está acima do peso, e o Jake parece não querer facilitar em nada o trabalho dela, mas vai rolar um romance entre os dois. Não supera Test Drive, mas é muito bom. Confira: Resenha: livro "Um grande problema", Carlie Ferrer .

 (Eu disse que gostei da escrita da Carlie, né?! Então, li também um conto dela - e acabei não falando sobre ele no vídeo-, Uma noite, um anjo, que é bem curtinho, mas igualmente bem escrito e interessante.)

 III - A Hora Morta, volume 2 é uma antologia de contos de terror da Luva Editora, onde um conto meu foi publicado, e finalmente eu realizei a leitura! Gostei muito dos contos, que tinham em comum a ligação com a Hora Morta (oposta à da morte de Jesus) ou uma lenda urbana. Lá no meu Instagram tem comentários sobre cada conto.

 Quando Eu Parti da Gayle Forman, publicado pela Record, fala sobre uma mulher que passa por uma cirurgia no coração e foge de casa deixando marido e filhos para trás, na tentativa de se recuperar num lugar mais tranquilo. Muitas mulheres vivenciam a mesma sobrecarga da protagonista. Eu esperava um final mais elaborado, mas gostei de conhecer a história. Confira: Resenha: livro "Quando eu parti", Gayle Forman.

 Céu Sem Estrelas da Iris Figueiredo, editora Seguinte é sobre a Cecília, que é expulsa de casa aos 18 anos e vai passar um tempo na casa da melhor amiga. A Cecília tem uma quedinha pelo irmão da amiga e eles vão se aproximar estando sobre o mesmo teto. Assim como a Carolina de "Um grande problema", a Cecília não está dentro do padrão de beleza imposto pela sociedade, mas enquanto a Carolina é super bem resolvida consigo mesma, a Cecília precisa lidar com problemas psicológicos. Um livro muito válido por abordar questões relacionadas à saúde mental e trazer diversidade, numa escrita primorosa. Confira: Resenha: livro "Céu sem estrelas", Íris Figueiredo.

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 Três livros físicos, três e-books e um conto, essas foram minhas leituras de agosto! Até que li mais do que imaginei que conseguiria (e foram todos boas leituras), só falta resenhar a antologia, pois quero fazer um único post/vídeo sobre os volumes um e dois.

 Por hoje é só, espero que tenham gostado do post, e esse deve ser o último vídeo de leituras do mês que gravo sem fazer um roteiro detalhando exatamente o que quero dizer sobre cada livro, pois sempre acabo esquecendo de falar algo quando vou gravar.
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RESENHA: Minha Vida Fora de Série (1º Temporada), de Paula Pimenta

Olá Leitores (as), como estão? Espero que estejam todos bem. Sei que ando sumida do Blog, no entanto hoje trago a vocês a resenha do livro Minha Vida Fora de Série “Primeira Temporada", da autora Paula Pimenta. Essa obra foi me conquistando e me cativando aos poucos de uma forma bastante positiva e surpreendente. Por isso os convido a conferir minha opinião completa sobre esta obra e motivo pelo qual gostei tanto dessa leitura.


Foto: Skoob
Título: Minha Vida Fora de Série “Primeira Temporada”
Autora: Paula Pimenta
Editora: Gutenberg
Ano: 2011
Páginas: 408
Gênero: Infanto Juvenil / Literatura Brasileira / Romance

SINOPSE

Mudar de cidade sempre é difícil, mas fazer isso na adolescência é algo que deveria ser proibido. Como começar de novo em um lugar onde todos já se conhecem, onde os grupos já estão formados, onde ninguém sabe quem você é? A princípio, Priscila não gosta da ideia, mas aos poucos percebe que pode usar isso a seu favor, tendo a chance de ser alguém diferente. Mas será que o papel escolhido é aquele que ela realmente quer representar? (Skoob)

Tenho uma colega que havia lido essa série e gostado tanto que acabou me recomendando a leitura. No entanto foi após ler o conto da autora Paula Pimenta no livro Um  Ano Inesquecível e ter amado que tomei coragem de adquiri-los. Contudo fui deixando os livros em escanteio até que este ano resolvi incluí-los na Meta Literária Desencalhando Livros, e acabei me surpreendo com essa história que me cativou do começo ao fim da leitura. Dessa forma venha conferir minha opinião sobre essa leitura.


(...) Eu disse a ela que queria ficar em casa, ajudando a arrumar as coisas, mas ela recusou minha oferta, alegando que preferia que eu saísse e arrumasse alguns amigos. Minha mãe é tão iludida… Como se “amigos” fosse uma coisa que se comprasse em qualquer esquina! (pag.21)



Este livro retrata a história da Priscila, ou Pri como todos seus amigos a chamam. Ela acabou de se mudar para outra cidade, para ser mais exata deixou a cidade de São Paulo onde morava com seus pais e seu irmão mais velho e foi para Belo Horizonte- Minas Gerais morar com sua mãe, pois seus pais tinham acabado de se separar. Além de ter de lidar com essa questão da separação, ela se depara longe das amigas, e de alguns dos seus animais de estimação, em uma nova cidade que não possui nenhum vínculo de amizade, apenas com sua prima. E é através dessa sua prima que a Priscila vai conhecer novos amigos, e algumas paqueras que vão lhe deixar balançada e que irá mexer com seus sentimentos. Este livro retrata de maneira muito real e palpável a fase da adolescência, as incertezas, as mudanças de humor e de personalidade. O livro é narrado em primeira pessoa pela perspectiva da Priscila, uma personagem divertida, madura e carismática.

No final, ao me olhar no espelho, fiquei feliz com que vi. Eu realmente queria ficar bonita para mim, mas, se outras pessoas também achassem isso, não seria ruim...  (pag.158)


Admito que quando comecei a ler este livro tive a leve impressão de que não iria gostar. Até porque a leitura demorou um pouco para engrenar, pelo fato de que a personagem tinha apenas 13 anos e se mostrava bastante imatura, principalmente em relação a meninos. Contudo no decorrer da trama ela foi amadurecendo, tendo atitudes empoderadas e lidando da melhor maneira possível com aqueles garotos que só querem ficar sem compromisso com toda garota bonita da turma.  Enfim, até que a Priscila se apaixona por um garoto da nova turma, e aí que eu me peguei suspirando por eles e torcendo para que ambos ficassem juntos. Entretanto a autora conseguiu desenvolver isso muito bem, pois teve primeiro toda uma conquista, uma paquera e uma amizade. Transformando algo clichê, em uma história cativante e deliciosa de se acompanhar. Outro ponto que gostei bastante foi a relação mãe e filha apresentada na história, onde tinha momentos em que eram amigas, mas soube pontuar as situações em que ela devia puxar a orelha da filha. Dei muitas risadas com as atrapalhadas que a Priscila e suas amigas se meteram, em vários momentos consegui me identificar vivendo os mesmos problemas e questões durante a minha adolescência, e amei reviver esses momentos.

Ele ficou um tempo sem falar nada, só olhando para as pessoas que estavam cantando na nossa frente, e então perguntou: Está faltando alguém especial aqui né? Que te faça ter vontade de ficar para sempre...” (pag.160)


A escrita da autora e muito bem construída, e muito natural, ou seja e de fácil compreensão e a leitura flui de forma rápida, envolvendo o leitor. Então isso justifica o fato de muitos adolescentes se interessar por suas obras. Mesmo o livro sendo voltado para esse público ainda sim não vemos aquela enxurrada de gírias ou coisas do gênero.  Gostaria de mencionar que indico essa leitura para todas as idades, adolescentes, pais, irmãos, adultos, enfim todos que estão passando ou já passaram por essa fase da vida.

Uma coisa que me chamou a atenção durante a leitura, e me agradou muito foi a forma como a autora tratou sobre o amor os animais. Eu que já sou apaixonada e adoro ajudar e salva-los, senti interesse  em procurar uma ong e me voluntariar. Nunca tinha lido algum livro que se tratasse sobre o assunto, por essa razão fiquei extremamente feliz. Por fim dá para concluir que gostei muito desse livro, muito mais do que imaginei, desse modo virei fã da Paula Pimenta, e já quero todas as suas obras.

Eu li os poemas uma última vez e novamente tive vontade de chorar, gritar, de… ser o amor daquele menino. Agora eu sabia que não tinha mais saída.   (pag.204)



A impressão que eu tive ao finalizar essa leitura, era de que eu estava lendo uma série, e ao chegar no final estava louca para saber o que iria acontecer na próxima temporada. Inclusive a personagem ama filmes e principalmente série, por isso cada capítulo começa com uma frase tirada de alguma série. Aliás comecei a assistir ao seriado Gilmore Girls por causa dessa obra e estou apaixonada. Então por hoje é só pessoal! E fiquem ligados, que logo irei trazer a resenha do livro Minha Vida Fora de Série (2º Temporada), que é a continuação desta obra maravilhosa. Mas, e vocês já tiveram oportunidade de ler este livro, ou se interessaram por esta leitura? Deixem nos comentários a opinião de vocês, é sempre muito importante e bem vinda.

Espero que tenham gostado, e por hoje é só.

Até o próximo post


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Resenha: livro "Céu sem estrelas", Íris Figueiredo

 Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Céu sem estrelas", escrito pela Íris Figueiredo e publicado em 2018 pela Editora Seguinte.

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 "Era tudo na minha cabeça. A dor era toda na minha cabeça, mas isso não a tornava menos real." (página 191)
 Cecília acabou de completar dezoito anos, foi demitida da livraria onde trabalhava, brigou com a mãe e teve que sair de casa. Felizmente, pôde contar com a família de sua melhor amiga, Iasmin, e foi passar um tempo com os Campanati (a outra opção era voltar para a casa da avó em São Gonçalo, o que lhe deixaria muito longe da faculdade em Niterói).
 "Segui cercada de gente, mas me sentindo absurdamente sozinha." (página 343)
 Cecília tinha uma quedinha por Bernardo, irmão mais velho de Iasmin, e morando sob o mesmo teto, eles acabariam se aproximando. Será que Bernardo se comprometeria com Cecília, mesmo ela não se encaixando no padrão de beleza socialmente aceito por ser gorda? E Cecília, conseguiria recolocar sua vida nos eixos?
 "As pessoas queriam tanto saber quanto eu pesava, deixar claro que haviam percebido que eu tinha engordado, que parecia que meu corpo era de domínio público.
 (...) Eu sabia que era mais que meu corpo, mas naqueles instantes sempre me sentia reduzida a ele - fora do padrão, estranha, indesejável. A referência do que ninguém queria ser." (página 178)
 Por favor, não se enganem com esse resumo extremamente superficial que fiz da trama, pois "Céu sem estrelas" é muito mais do que uma história de amor protagonizado por uma garota acima do peso! Aliás, a aparência de Cecília nem de longe é seu maior problema. A obra fala sim sobre gordofobia, mas desde os primeiros capítulos já dá para notar que há algo mais na jovem, algo que lhe causa sofrimento físico e mental. Cecília esconde seus verdadeiros sentimentos, tenta se mostrar sempre bem para os outros, para não ter que falar sobre suas aflições, sobre seus medos e as questões que lhe afetam por dentro e por fora. A história é, acima de tudo, sobre saúde mental, um tema que a autora conhece e que aborda nesse livro e nas redes sociais. Saber um pouco mais sobre o transtorno da protagonista foi enriquecedor.
 "Nunca gostei de comprar roupas, por isso a maioria das peças que eu tinha já podiam quase andar sozinha. Era sempre um momento cansativo e vergonhoso. Como se meu corpo não tivesse direito de existir. Como se eu não tivesse direito de existir." (página 126)
 Amizade e relações familiares são outros assuntos discutidos na obra. Cecília foi fruto de uma gravidez não planejada e sua relação com a mãe e com o padrasto não era das melhores. Iasmin tinha reprovado e ainda estava no colégio, enquanto via as amigas já na faculdade. Ela e o irmão também não tinham uma família perfeita, o que acabava interferindo de certa forma nas escolhas do rapaz. Ele queria algo além da superficialidade dos seus colegas, só preocupados com festas e garotas. Relacionamentos abusivos, automutilação/autoflagelação também são abordados em "Céu sem estrelas".
 "- Mas você não precisa entender as pessoas sempre. Ninguém consegue, por mais que tente. Mais do que compreensão, as pessoas buscam apoio, ou às vezes só alguém disposto a ouvir.
 Assenti e peguei o lápis mais uma vez, voltando minha atenção para a equação que tentava resolver. No final, sempre chegava a um resultado. Com as pessoas, não. Isso andava me deixando louco. Se eu pudesse ter calculado todas as possibilidades..." (página 237, Bernardo)
 Apesar de a narração ser feita por Bernardo e Cecília, a partir de certo momento, são os dilemas dela que ganham protagonismo. Então, tenham em mente que ela é a protagonista. No final, senti falta de saber um pouco mais sobre o desenrolar dos problemas da família do Bernardo, mas como me parece que todos os livros da Íris acabam tendo alguma ligação, quem sabe num próximo eu descubro mais sobre os rumos da Iasmin (doeu vê-la se submetendo à certas coisas).
 "Eu costumava odiar mentiras. Com o tempo, no entanto, acabei precisando delas e me tornando uma especialista. Não me orgulhava disso, mas às vezes era tão espontâneo que mal percebia." (página 152)
 Eu já acompanhava a Íris pelas redes sociais e estava bem curiosa para ler um livro dela. Já nas primeiras páginas fiquei extremamente feliz por ver como a escrita da Íris, uma autora nacional, não fica devendo em nada se comparada com outros livros estrangeiros publicados pela Seguinte ou por outras editoras grandes. É uma escrita fluida, sendo possível ler páginas e mais páginas rapidamente (embora eu tenha lido aos pouquinhos; talvez pela carga emocional que a trama me trouxe, ainda que meu entendimento maior seja sobre a depressão e não sobre o transtorno majoritariamente abordado pela escritora - o que me exigiu um exercício maior para me colocar no lugar da Cecília).
 "- Sinto um vazio tão grande... Acho que ninguém é capaz de me amar. Que, a qualquer momento, todas as pessoas da minha vida vão acabar indo embora e eu vou ficar sozinha. Não quero que isso aconteça. Então faço tudo errado... Não sei quem eu sou." (página 342)
 Sinto falta de mais histórias contemporâneas para o público jovem ambientadas no Brasil, então foi delicioso ler "Céu sem estrelas" e imaginar todas as cenas acontecendo aqui, no nosso país, vendo características de Niterói ou de São Gonçalo tão parecidas com as do lugar onde vivo. Temos aos montes tramas que se passam em faculdades norte-americanas, e foi muito bom ter esse diferencial de ver Cecília e Bernardo numa faculdade pública como a UFF, vivendo a realidade educacional do nosso país (de quebra, ainda descobri um pouquinho sobre os cursos de desenho industrial e engenharia mecânica, dos quais eu sabia pouquíssimo).

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 A edição traz uma capa linda e cheia de referências à história. Vem um marcador junto da orelha, só falta a coragem para cortar e usar. A revisão é boa, as páginas são amareladas, a diagramação traz letras, margens e espaçamento de bom tamanho.
 "(...) quando me desespero e quero sumir, lembro que a vida é muito mais do que esse sentimento que me sufoca.
 Ao menos existe um nome para o que sinto. Uma explicação não torna as coisas mais fáceis, mas ajuda a lidar com elas.
 Vivo um dia de cada vez. Descobri que sou forte, não só pelo meu gancho de direita ou pelo meu manequim, mas por seguir em frente.
 Descobri que minha força sempre esteve dentro de mim - eu só não dava muita atenção a ela. E, sempre que vejo um fusca azul, lembro que dentro dele cabem pessoas o suficiente para me estender a mão se um dia eu precisar."
(página 350)
 Enfim, fica a minha recomendação para que leiam "Céu sem estrelas", um ótimo livro nacional, bem ambientado, que aborda temas muito importantes como a saúde mental (em alta nesse Setembro Amarelo) e a gordofobia, tudo com muita representatividade (além de personagens acima do peso, temos negros, homossexuais, cadeirantes, inseridos de forma natural e nada forçado) na escrita maravilhosa da Íris. Me contem: já leram ou querem ler algo da autora?
 "- Não existe um céu sem estrelas, Cecília. Mesmo quando estão cobertas pelas nuvens, ainda estão lá. A gente só não consegue enxergar.
 - É como a esperança - ela comentou, pensativa. Sempre existe uma saída, mesmo que a gente não consiga enxergar.
 - Sim, sempre existe uma saída. Sempre existem estrelas." (página 347)
 Detalhes: 360 páginas, ISBN-13: 9788555340697, Skoob, leia um trecho. Curiosidades: você sabia que em alguns lugares, quando passa um fusca azul, você corre o risco de levar um soquinho? "Ordinary People" do John Legend é uma das músicas citadas no livro, vale a pena ouvir e conferir a tradução (já viciei). Além de música, vários livros que a Cecília e o Bernardo gostam são citados na obra, todos já foram para minha lista mental de desejados. Clique para comprar na Amazon:

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Até o próximo post!

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Resenha: livro "Orgulho e Preconceito", Jane Austen

 Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Orgulho e Preconceito", escrito pela inglesa Jane Austen em 1797 e publicado pela primeira vez em 1813. Eu li na edição da Editora Pé da Letra.

 "Mais de uma vez, durante os seus passeios pelo parque, Elizabeth teve a surpresa de se encontrar com o Sr. Darcy. Ela sentia a perversidade do acaso, que o levava onde ninguém mais costumava aparecer. Para impedir que tal incidente voltasse a ocorrer, ela teve o cuidado de informá-lo de que aquele era o seu passeio favorito. Achou muito estranho, portanto, que o acaso se repetisse. Ele pouco falava e Elizabeth não se dava ao trabalho de escutá-lo com muita atenção." (página 117)

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 A obra é narrada em terceira pessoa e nos apresenta a família Bennet, composta por pai, mãe e cinco filhas (por ondem de idade: Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia). O objetivo da Senhora Bennet é ver suas filhas casadas, e ao saber que o Sr. Bingley, um rapaz solteiro e de boas condições financeiras, alugou uma propriedade próxima, ela fica animada com a possibilidade de ele se interessar por uma de suas garotas, o que de fato acontece. O simpático Bingley se encanta por Jane, mas mesmo que ela seja uma bela moça com um coração bondoso, ainda há certa diferença social entre eles, além da falta de refinamento da mãe da jovem e de alguns outros obstáculos.

 Sr. Bingley trouxe para Meryton as duas irmãs, o cunhado e seu amigo Mr. Darcy. Ao contrário de Bingley, o orgulhoso Darcy não é simpático, além de ter um ar de superioridade e arrogância, parecendo desprezar as pessoas e os costumes da região. Elizabeth não sente nenhuma simpatia por ele, ainda mais pelo que supostamente Darcy teria feito com Wickham, obrigando o charmoso rapaz a ingressar na carreira militar ao invés do futuro promissor que lhe estava destinado. Mas, por ironia do destino, Darcy vai se apaixonar justamente por Elizabeth, e nas situações difíceis que a família Bennet enfrentará, ela perceberá que a forma como julgava Darcy estava errada. Para que um final feliz aconteça, Darcy precisará se livrar de seu orgulho, e Elizabeth, de seu conceitos prévios.

 "Depois do café, o coronel Fitzwilliam lembrou a Elizabeth a promessa que ela lhe fizera de tocar para ele; e ela imediatamente se dirigiu ao piano. (... Darcy) dirigiu-se para o piano, colocando-se de maneira a obter uma visão perfeita do rosto da bela executante. Elizabeth teve consciência da sua presença e, na primeira pausa, voltou-se para ele e disse-lhe, com um sorriso malicioso:
- É para me assustar, Sr. Darcy, que se aproximou com toda essa imponência? Mas eu não ficarei alarmada, embora sua irmã toque tão bem. Existe em mim uma ousadia que a vontade dos outros é incapaz de intimidar. Nesses momentos a minha coragem não se faz ignorada.
- Não lhe direi que está enganada - replicou ele - pois nunca a Senhorita poderia realmente acreditar que eu tivesse a intenção de a alarmar. Tenho o prazer de a conhecer já há bastante tempo para saber que gosta ocasionalmente de exprimir opiniões que não são as suas.
Elizabeth riu com gosto da imagem que ele dela oferecia e disse para o coronel Fitzwilliam:
- O seu primo lhe dará uma bela ideia a meu respeito e o ensinará a não acreditar numa palavra do que eu digo. É azar meu encontrar alguém capaz de expor aos outros o meu verdadeiro caráter num lugar onde eu acalentara a esperança de deixar uma boa impressão. Realmente, Sr. Darcy, é uma falta de generosidade da sua parte mencionar aqui tudo o que descobriu sobre as minhas fraquezas. Considero, além disso, a sua atitude muito pouco delicada, pois me incita a represálias. Receio dizer coisas que escandalizem os seus parentes,
- Não tenho medo de você - disse ele, sorrindo.
- Oh, deixe que eu ouça as acusações que tem para lhe fazer - exclamou o coronel Fitzwilliam. - Gostaria de saber como ele se comporta entre estranhos.
- Eu lho direi... mas prepare-se para ouvir coisas horríveis. A primeira vez que o vi em Hertfordshire, foi num baile. E, nesse baile, que pensa o senhor que ele fez? Dançou apenas quatro danças! Dançou apenas quatro danças, embora os cavalheiros fossem escassos; e, de meu conhecimento, mais de uma rapariga ficou sentada por falta de par. Sr. Darcy, o senhor não pode negar isso.
- Na época não conhecia outras garotas do salão, além das do meu próprio grupo.
- É verdade; e ninguém pode ser apresentado a outro num salão de baile. (...)
- Talvez - disse Darcy - eu devesse ter solicitado uma apresentação, mas considero-me mal qualificado para me recomendar pessoalmente a pessoas estranhas.
(...)- Deveremos perguntar-lhe por que razão um homem bem educado e sensato e que tem a experiência do mundo se considera mal qualificado para se recomendar a pessoas estranhas?
- Posso responder à sua pergunta - disse Fitzwilliam - sem consultá-lo. É porque ele não quer ter esse trabalho.
- O que é certo é que eu não tenho o talento que muita gente possui - disse Darcy - de dirigir facilmente a palavra a pessoas que nunca vi anteriormente. Não sou capaz de entrar no estilo de conversa, ou fingir-me interessado por problemas dos outros, como vejo acontecer.
- Os meus dedos - disse Elizabeth - não se movem sobre este instrumento de modo tão magistral como os de muitas mulheres. Eles não têm a mesma força e a mesma rapidez, nem possuem a mesma força de expressão; mas disso eu me culpo só a mim, pois nunca me dei ao trabalho de praticar." (páginas 112, 113 e 114)

 Eu estava curiosíssima para ler esse clássico que conquista leitores há séculos e por me interessar por histórias ambientadas em épocas passadas. Viciada que sou em romances de época de autoras contemporâneas, queria ver uma história de amor escrita por alguém que realmente viveu no período e no país que ambienta parte dos meus livros favoritos desse subgênero. E foi mesmo delicioso reparar nos costumes, no jeito de pensar e de viver do final do século dezoito, ainda que a autora não seja tão detalhista.

 "A sua companhia era cansativa. E a sua afeição por ela devia ser imaginária. Mas mesmo assim seria seu marido. Sem ter grandes ilusões a respeito dos homens ou do matrimônio, o casamento sempre fora o seu maior desejo. Era a única posição tolerável para uma moça bem-educada, de pouca fortuna. E por mais incertas que fossem as perspectivas de felicidade, era ainda a forma mais agradável de ficar ao abrigo da necessidade. Esta proteção, agora a obtivera. Tinha 27 anos e jamais fora bela." (página 83, sobre Charlotte, amiga de Elizabeth)

 Havia uma desigualdade ainda maior entre homens e mulheres, por exemplo: a propriedade dos Bennet, após a morte do pai, seria herdada por um parente distante e não pelas garotas, o que causava grande preocupação na Senhora Bennet sobre o futuro dela e das filhas. Mas questões como o amor pelos irmãos e a preocupação com os amigos são atemporais e causam facilmente empatia nos leitores atuais. E não imaginava que num livro publicado há dois séculos teríamos diálogos tão francos, ou seja, há bem menos formalidade do que pensei que encontraria na obra.

 "- Tem razão, ele (Darcy) gosta bastante de fazer o que quer - replicou o coronel Fitzwilliam. - Como todos nós, aliás. Só que ele tem meios para se dar a tal luxo, pois ele é rico e os outros, na sua maioria, são pobres. Falo com sinceridade. Na minha qualidade de filho mais novo, como sabe, tenho de estar preparado para o sacrifício e a obediência.
 - Na minha opinião, o filho mais novo de um nobre nunca se familiarizará de mais com tais aspectos da vida. Diga-me, seriamente, que sabe o senhor a respeito de sacrifício e obediência? Quando foi o senhor impedido, por falta de dinheiro, de se locomover livremente ou de obter coisas que desejava?
 - Isso são perguntas de carácter privado, e talvez eu não possa dizer que tenha experimentado muitas dificuldades dessa ordem. Porém, em assuntos de maior importância, é possível que eu sofra pela falta de dinheiro. Os filhos mais novos nem sempre podem se casar segundo as suas inclinações." (página 117)

 Acho que o destaque de "Orgulho e Preconceito" são os personagens, todos com características fortes, sejam elas boas ou ruins, defeitos ou qualidades. Chega a ser chocante como a Senhora Bennet parece gostar mais de algumas das filhas do que de outras. É admirável o bom coração de Jane, o jeito como sempre tenta ver as coisas e as pessoas de maneira positiva. Lydia é uma irresponsável como existem muitos jovens por aí. Mary vive perdida no mundo das artes e acaba tendo uma falsa noção de superioridade em relação aos que não partilham dos mesmos hábitos que ela. O Sr. Collins, herdeiro da propriedade dos Bennet, é realmente chato e capaz de dizer atrocidades, mas nem de longe tão perigosamente manipulador quanto Wickham. E chegamos às estrelas do livro: Darcy e Elizabeth!

 "A Sra. Hurst veio cantar com a irmã, e, enquanto elas estavam assim ocupadas e folheava alguns livros de música espalhados sobre o piano, Elizabeth reparou na insistência com que os olhos do Sr. Darcy a procuravam.
 Custava para ela admitir que pudesse constituir um objeto de admiração para tão grande homem. A ideia de que ele olhasse para ela porque ela lhe desagradava, lhe parecia mais estranho ainda. Concluiu, finalmente, que talvez lhe chamasse a atenção por, de acordo com as noções dele de decoro, encontrar algo de mais errado e repreensível que em qualquer outra pessoa presente. Tal suposição estava, porém, longe de a ferir. Não simpatizava com ele o suficiente para se preocupar com a opinião que ele pudesse formar a seu respeito." (página 37)

 Darcy tem sim ações e falas que demonstram seu orgulho excessivo. O pai de Elizabeth, quando fica sabendo do suposto interesse dele pela filha, não crê, pois o vê como um homem "que não olha para uma mulher senão para criticar" (página 222). É super interessante ver como Elizabeth nem desconfia que os constantes olhares de Darcy para ela e suas tentativas de estar por perto possam ser um jeito de ele demonstrar seu interesse amoroso. Isso rende diálogos e cenas ótimas. Gostei muito da personalidade forte de Elizabeth. O livro até pode demorar um pouquinho para nos prender, mas quando vemos Darcy tentando deixar parte do seu orgulho de lado para ser alguém por quem Elizabeth se interessaria, e quando vemos ela descobrindo essa nova forma de interpretar Darcy, aí a leitura se torna bem mais envolvente e me vi lendo avidamente os capítulos finais.

 "Quanto melhor eu conheço o mundo, menos ele me satisfaz; e a cada dia vejo confirmada a minha crença na inconsistência de todos os caracteres humanos e na pouca confiança que se pode depositar nas aparências do mérito e do bom senso." (página 90)

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Orgulho-e-Preconceito, Jane-Austen


 Essa edição da Pé da Letra, além de poder ser encontrada por preços baratos em feiras literárias, é muito bonita visualmente, com a capa florida, o corte colorida da lateral das folhas, algumas ilustrações e detalhes no início de capítulos. As páginas são amareladas, as margens  e o espaçamento entre uma linha e outra são de bom tamanho, e a letra, apesar de não ser muito grande, permite uma leitura confortável. Mas a edição apresenta falhas de revisão, por exemplo, chega a ter um parágrafo repetido. Como podem notar, há citações grandes nessa resenha, e eu não digitei letra por letra delas;  sendo um livro bem comentado (inclusive, tema de diversos trabalhos acadêmicos), foram facilmente pesquisadas no Google e copiadas para o post, o que me fez perceber que outras traduções podem ter algumas frases a mais do que essa que eu li. Sendo assim, pretendo futuramente reler a obra numa outra edição.

 "Você não pode, por causa de um caso individual, mudar o sentido de 'bom senso' e 'integridade', nem procurar persuadir a você mesma ou a mim que o egoísmo é a prudência, e a insensibilidade diante do perigo, certeza de felicidade." (página 90)

 Enfim, valeu a pena ler esse clássico e descobrir como um romance sem nenhuma cena de beijo conseguiu arrebatar tantos corações. Me tornei admiradora da Elizabeth, não me apaixonei perdidamente pelo Darcy, mas quem sabe numa segunda leitura ou vendo a adaptação cinematográfica isso mude?! Pelo menos nessa tradução, a linguagem não me parece muito difícil, e os capítulos são curtos, o que ajuda na fluidez da leitura. Se você ainda não leu, fica a minha recomendação para que dê uma chance à leitura. Se já leu, tem algum outro livro da autora para me recomendar?

 Detalhes: 240 páginas, ISBN-13: 9788556710178, Skoob. Clique para comprar na Amazon (e-book da edição da Landmark disponível no Kindle Unlimited):


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