Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é Mario Prata entrevista uns brasileiros, escrito por Mario Prata e publicado pela editora Record em 2015.
O livro contém 22 entrevistas fictícias feitas pelo autor com pessoas que, de alguma forma, fazem parte da história do Brasil. Catorze das entrevistas haviam sido publicadas em 2013 na Revista Brasileiros, outras 8 são inéditas para o livro.

O livro é dividido por entrevistas, cada uma começa com uma página preta, onde constam o nome do entrevistado, acompanhado de algum comentário referente ao que encontraremos na entrevista, o local e a data em que o entrevistado nasceu e morreu.
No meio das entrevistas, há uma ilustração/caricatura do respectivo entrevistado, feita por Lézio Junior. Nas caricaturas, podemos encontrar elementos citados nas entrevistas, o que tornam as imagens ainda mais engraçadas. Abaixo, vocês podem ver Dom Pedro I tomando uma caipirinha e tocando um atabaque!
Alguém aí imagina que Dom Pedro I gostava de música? O que eu não sabia foi que ele teve 19 filhos! Estes 19 que estão listados no livro, são fruto de seus 2 casamentos e de algumas relações extraconjugais. E deve ter alguns nomes que ficaram de fora da lista.
A entrevista que mais me tocou, foi a feita com Chico Rei, negro nascido no Congo em 1714 e trazido para o Brasil para ser escravo. Perdeu a mulher e a filha na travessia de navio. Ele conseguiu comprar sua carta de alforria e depois se dedicou a conseguir alforriar outros escravos, que haviam vindo junto com ele.
"- E é que os campos de concentração não eram muito diferentes das senzalas." - Chico Rei (página 82)
O livro inicialmente se propõe a divertir, ser engraçado, mas também faz críticas ao passado e ao presente do nosso país, nos permitindo refletir sobre diversas questões.
"Os franceses sempre tiveram bom gosto e bom vinho. Vinho este que traziam aos barris para os caciques tamoios. 'Afaste de mim este cálice de vinho tinto de sangue', cantaria um garoto ali mesmo, na baía de Guanabara, séculos depois, quando os inimigos da pátria eram outros." - Trecho da entrevista com o índio Arariboia (página 56)
"- (...) Aprenda a não levar a mídia muito a sério. Nem os livros didáticos. Principalmente os adotados durante regimes militares." Madame Lynch (página 180)
Eu já conhecia a maioria dos entrevistados pelas aulas de história no colégio ou por alguma coisa que vi na TV, mas alguns nomes demoravam um pouquinho para serem identificados por mim. Foi assim com Maria Quitéria, que fugiu de casa e se disfarçou de homem para se alistar no Exército, foi a primeira mulher a entrar para as Forças Armadas Brasileiras.
Quando vemos um nome no livro de História, talvez não nos demos conta de que se trata de uma pessoa exatamente como nós, mas que fez alguma coisa que mereceu ser contada através dos séculos. Os fatos podem ser aumentados ou distorcidos, tornando aquela pessoa um mito, mas não deixa de ser alguém que era tão humano quanto nós. Dona Maria I (a mãe de Dom João VI, avô de Dom Pedro I) leva a alcunha de "a louca" em nosso país, mas vocês sabiam que ela teve que suportar a perda de vários de seus filhos? O livro acaba humanizando um pouco os personagens entrevistados.
" - (...) O segundo filho, o João, nasceu morto. Olha a dor. Tive um segundo João, que nasceu em setembro de 63 e morreu 24 dias depois. Eu, firme. (...)
- E o tio Pedro, meu marido, a fornicar. Em 74 nasceu Maria Clementina, que morreu com 2 anos. E, para fechar esta parte da minha vida, em 76 nasceu Maria Isabel, que morreu com 6 meses. É pra enlouquecer ou não? E eu no governo! Despachando! E não tinha esse negócio de primeiro-ministro como a rainha Elizabeth II, não. Era eu. Tudo eu!" (página 112) Dona Maria I, a louca
Nem só pessoas reis estão na obra, há uma entrevista com Dom Casmurro, personagem famoso, criado por Machado de Assis. Antes de cada entrevista, o autor faz alguns comentários sobre o entrevistado, vejam o que ele diz sobre Dom Casmurro:
"Existe uma discussão mais que centenária, desnecessária e quase idiota na literatura brasileira: Capitu traiu Bentinho?
(...) Depois cheguei a ler mais umas duas ou três vezes e comecei a desconfiar de que faiscava alguma fumaça entre Bentinho e o Escobar, desde o tempo do internato, do seminário." (página 201) Dom Casmurro
É o Mario Prata que está dizendo! Li o livro de Machado de Assis na adolescência, na escola, mas por vontade própria. Quero reler para ter um entendimento melhor sobre a obra.

Tiradentes: a corda (não) arrebentou do lado mais fraco. Arrebentou!
O livro é dividido por entrevistas, cada uma começa com uma página preta, onde constam o nome do entrevistado, acompanhado de algum comentário referente ao que encontraremos na entrevista, o local e a data em que o entrevistado nasceu e morreu.
No meio das entrevistas, há uma ilustração/caricatura do respectivo entrevistado, feita por Lézio Junior. Nas caricaturas, podemos encontrar elementos citados nas entrevistas, o que tornam as imagens ainda mais engraçadas. Abaixo, vocês podem ver Dom Pedro I tomando uma caipirinha e tocando um atabaque!
Dom Pedro I
Alguém aí imagina que Dom Pedro I gostava de música? O que eu não sabia foi que ele teve 19 filhos! Estes 19 que estão listados no livro, são fruto de seus 2 casamentos e de algumas relações extraconjugais. E deve ter alguns nomes que ficaram de fora da lista.
A entrevista que mais me tocou, foi a feita com Chico Rei, negro nascido no Congo em 1714 e trazido para o Brasil para ser escravo. Perdeu a mulher e a filha na travessia de navio. Ele conseguiu comprar sua carta de alforria e depois se dedicou a conseguir alforriar outros escravos, que haviam vindo junto com ele.
"- E é que os campos de concentração não eram muito diferentes das senzalas." - Chico Rei (página 82)
O livro inicialmente se propõe a divertir, ser engraçado, mas também faz críticas ao passado e ao presente do nosso país, nos permitindo refletir sobre diversas questões.
"Os franceses sempre tiveram bom gosto e bom vinho. Vinho este que traziam aos barris para os caciques tamoios. 'Afaste de mim este cálice de vinho tinto de sangue', cantaria um garoto ali mesmo, na baía de Guanabara, séculos depois, quando os inimigos da pátria eram outros." - Trecho da entrevista com o índio Arariboia (página 56)
"- (...) Aprenda a não levar a mídia muito a sério. Nem os livros didáticos. Principalmente os adotados durante regimes militares." Madame Lynch (página 180)
Eu já conhecia a maioria dos entrevistados pelas aulas de história no colégio ou por alguma coisa que vi na TV, mas alguns nomes demoravam um pouquinho para serem identificados por mim. Foi assim com Maria Quitéria, que fugiu de casa e se disfarçou de homem para se alistar no Exército, foi a primeira mulher a entrar para as Forças Armadas Brasileiras.
Maria Quitéria
" - (...) O segundo filho, o João, nasceu morto. Olha a dor. Tive um segundo João, que nasceu em setembro de 63 e morreu 24 dias depois. Eu, firme. (...)
- E o tio Pedro, meu marido, a fornicar. Em 74 nasceu Maria Clementina, que morreu com 2 anos. E, para fechar esta parte da minha vida, em 76 nasceu Maria Isabel, que morreu com 6 meses. É pra enlouquecer ou não? E eu no governo! Despachando! E não tinha esse negócio de primeiro-ministro como a rainha Elizabeth II, não. Era eu. Tudo eu!" (página 112) Dona Maria I, a louca
Charles Miller é o último entrevistado do livro (e a caricatura mais fofinha!). Eu me pergunto, se ele não tivesse trazido o futebol para o Brasil, como estaríamos hoje?
"Existe uma discussão mais que centenária, desnecessária e quase idiota na literatura brasileira: Capitu traiu Bentinho?
(...) Depois cheguei a ler mais umas duas ou três vezes e comecei a desconfiar de que faiscava alguma fumaça entre Bentinho e o Escobar, desde o tempo do internato, do seminário." (página 201) Dom Casmurro
É o Mario Prata que está dizendo! Li o livro de Machado de Assis na adolescência, na escola, mas por vontade própria. Quero reler para ter um entendimento melhor sobre a obra.
Além da boa revisão, o livro tem uma capa bem bonita, as páginas são brancas e de um material mais grosso. A diagramação está ótima, com margens, espaçamento e fonte de bom tamanho.
Num geral, eu gostei bastante do livro. Uma leitura que mostra nossa história de uma forma divertida.
Detalhes: 248 páginas, ISBN-13: 9788501104274, Skoob (média de notas: 4,3/5, minha nota: 4/5). Onde comprar online: Cultura, Saraiva.
Por hoje é só, foi difícil escolher apenas alguns entrevistados para citar e não colocar fotos de todas caricaturas, e espero que vocês tenham gostado da resenha. Alguém aí já conhecia o livro ou o autor?
Até o próximo post!