Resenha: livro Garota, interrompida, Susanna Kaysen

     Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é Garota, interrompida, escrito por Susanna Kaysen e publicado no Brasil pela Editora Única.

     "Cada pessoa é uma pessoa. Cada um faz o que é possível fazer." (página 23)

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     A história se passa nos Estados Unidos, começa no ano de 1967. Susanna Kaysen tinha 18 anos quando se internou voluntariamente no hospital psiquiátrico McLean. Ela tinha problemas emocionais e já havia tentado se matar.

     "Essa ponderação me desgastava. Depois que a gente se faz uma pergunta dessas, ela não nos larga mais. Acho que muita gente se mata só para pôr fim ao dilema de se matar ou não. (...)
     Na verdade, eu só queria matar uma parte de mim: a parte que queria se matar, que me arrastava para o dilema do suicídio e transformava cada janela, cada utensílio de cozinha e cada estação de metrô no ensaio de uma tragédia.
     Só fui descobrir tudo isso, porém, depois de engolir cinquenta aspirinas." (página 46)

     No hospital, Susanna encontrou outas garotas parecidas com ela, jovens que tiveram suas vidas interrompidas. No livro, vemos relatos do que aconteceu nos dois anos em que ficou internada, além de reflexões sobre o mundo a sua volta, sobre a vida e sobre o que é sanidade.

     "É claro que eu estava triste e confusa. Tinha 18 anos, estávamos na primavera e eu ali, atrás das grades." (página 134)

     Por vezes, assim como a própria Susanna, questionei se ela deveria mesmo estar trancada lá, se não seria apenas uma garota de 18 anos com questionamentos comuns a muitos da sua idade. Mas, em alguns momentos, ela demonstrou estar realmente a beira da loucura.

     "Comecei a coçar as costas da mão. Meu plano era pegar uma prega de pele e arrancá-la, só para dar uma espiada. Eu queria ver se minha mão era uma mão humana normal, com ossos." (página 118)

     "Garota, interrompida" chama a atenção por ser uma história real, contada diretamente por quem a protagonizou. Quem nunca teve curiosidade de saber como era estar num hospital psiquiátrico, ou qual era o limite entre a lucidez e a loucura? Algumas vezes, parecia que a autora estava conversando comigo.
     O livro é pequeno, gostaria que tivesse um número maior de páginas, para que a história fosse mais desenvolvida e aprofundada. Para mim, a história ficou fragmentada e superficial em alguns pontos, eu gostaria de conhecer melhor cada personagem: de onde eles vieram, para onde eles foram; os fatos poderiam ter sido contados com mais detalhes e melhor relacionados uns aos outros. Quando terminei a leitura, tive vontade de ler novamente para ver se compreenderia melhor algumas partes.

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     Sobre a parte visual: essa capa com esse tom de rosa vibrante é linda, dependendo da forma como se olha, dá para ver palavras "escondidas" nela. As páginas são amareladas e tem uma textura porosa, o tamanho da fonte escolhida, das margens e o espaçamento entre as linhas está ótimo. É um livro muito bonito, um belo trabalho da Editora Única.
     Não achei palavras escritas erradas, mas tem alguns travessões que deveriam ficar no início do parágrafo e ficaram emendados na linha anterior.

     "Fantasias não têm repercussão. Ali em nosso hospital caro e bem equipado, confinadas com nossa raiva e rebeldia, estávamos a salvo. Era fácil dizer "Ferro neles!". O pior que podia nos acontecer era uma tarde na solitária. Geralmente, tudo o que provocávamos era um sorriso, um sacudir de cabeça, uma anotação em nossa ficha: "Identificação com o movimento de protesto". Os outros eram premiados com cabeças partidas, olhos roxos, chutes nos rins - e depois eram encarcerados com sua raiva e rebeldia." (página 106)

     Dividido em capítulos curtos, "Garota, interrompida" é um livro de leitura rápida, com um tema forte e uma história real, que nos faz pensar sobre nossa própria sanidade. Já foi adaptado para o cinema e rendeu um Oscar de melhor atriz coadjuvante para Angelina Jolie, mas pela sinopse do filme e o trailer, parece que a história foi um pouco alterada.

     "O que éramos, afinal, que todos sabiam tao depressa e tão bem?
     Provavelmente éramos melhores do que antes de ir para o hospital. No mínimo estávamos mais velhas e mais conscientes de nós mesmas. Depois de passar anos internadas, gritando e causando problemas, muitas de nós já estávamos prontas para outras coisas. Embora à nossa revelia, todas havíamos aprendido a dar valor à liberdade e faríamos qualquer coisa para conquistá-la e preservá-la. (...) Aos olhos do mundo, porém, todas estávamos estigmatizadas." (página 142)

     Detalhes: 190 páginas, ISBN: 9788573128628, ano: 2013, tradutora: Márcia Serra, Skoob. Onde comprar online: Americanas, Submarino (em uma super promoção).

     Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha. Alguém aí já leu o livro ou viu o filme?

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35 comentários

  1. Falam super bem desse livro
    Parece ser bem intenso
    Vou tentar assisti o filme

    Beijos
    http://pocketlibro.blogspot.com.br

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  2. Sempre vejo resenhas positivas sobre esse livro =D e a cada resenha fico tentada a ler ahahahah

    Beijos
    www.saidaminhalente.com

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  3. Não li o livro mas vi o filme, que inclusive é muito bom. Eu nunca tinha reparado que o livro era tão pequeno, é um assunto que inspira curiosidade e acho que carecia de mais páginas assim como você acha rs vou continuar querendo ler.

    Beijos
    Passaporte Literário

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  4. Sempre tive vontade de ver o filme por causa da Angelina Jolie (e apesar da beleza dela), mas saber que existe este livro, vou cair nele. É o tipo de enredo que me agrada, afinal.
    Me diz, já leu "A redoma de vidro" da Sylvia Plath? Se assemelham na narrativa?
    Bêjo.

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    1. Oi, ainda não li "A redoma de vidro, mas vou pesquisar sobre; obrigada pela dica, pela visita e pelo comentário.

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  5. Gostei muito da resenha e o livro me chamou bastante atenção.
    Parabéns pela resenha e muito sucesso ao blog!!

    Abraços
    http://lendocomobiel.blogspot.com.br/

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  6. Gostei da resenha, realçou pontos legais do livro. Eu quis comprar ele uma vez, mas estou meio que bloqueada com este tipo de livro e de narrativa. Acho que é por causa da universidade o tipo de leitura que temos lá, acabei me distanciando mais desses livros.

    Um dia quem sabe, dou alguma chanca pra ele.
    Beijos
    http://desconstruindoocaos.blogspot.com.br/

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  7. Sempre que estou decidida a comprar esse livro, aparece outro diferente e eu acabo o deixando para a próxima :( Nunca tinha me interessado em ler alguma resenha dele, mas mesmo que eu esteja fugindo um pouco dos contemporâneos, seu comentário sobre ele me fez querer ler tipo, agora. Eu simplesmente AMO livros nesse estilo, principalmente quando temas "humanos" são analisados por personagens que falam (1ª pessoa), e não que contam (3ª pessoa). Definitivamente, vou dar uma chance pra ele! Ótima resenha! Beijos :*

    Rayanna Lucylle
    www.artigo2.com.br

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  8. Nunca ouvi falar nesse livro , mais pela sua resenha ele parece ser perfeito , a história é boa , vou procurar e comprar
    Beijos
    Blog: http://alemdapenteadeiraa.blogspot.com/
    Canal No Youtube: https://www.youtube.com/user/alemdapenteadeira/

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  9. Esse sim, eu já li e pra ser sincera amei muito!
    Resenha tão perfeita quanto o livro!
    Xerim :)
    Visite o TL: http://www.trilouca.com/

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  10. Eu já assistir o filme. Realmente, é um tema forte, a loucura. E me parece que há uma linha muito tênue entre lucidez e loucura.
    Também gostei da cor da capa.
    Beijos!

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  11. Uow, me surpreendi por ser fato real, não tava esperando essa! Sempre tive interesse mesmo em saber como é dentro de um hospício, embora logicamente não deva ser coisa boa, e imagino a luta que a autora travou consigo mesma pra conseguir escrever o livro sem entrar em conflito com as lembranças. Quero muito ler!

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/

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  12. Também penso que o livro poderia ser um pouco maior, algumas coisas foram passadas de forma superficial, mas, em suma, eu gostei do livro. O li tem um tempinho

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista. São 6 livros para escolher, kit de marcadores e 3 ganhadores.

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  13. Já vi o filme há muito tempo atrás, mas gostaria muito de ler o livro também. A história me chama a atenção pois aguça a curiosidade, inclusive quanto aos questionamentos e hábitos de quem vai parar em um hospital psiquiátrico.

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  14. Infelizmente achei o filme tão ruim que não tenho nenhum interesse em ler o livro. Acabei dormindo durante o filme. Acho que até posso mudar de ideia um dia, mas no momento não tenho vontade de ler. Parabéns pela resenha. Está muito bem construída.

    Blog Prefácio

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  15. Hey, vim comentar a minha impressão do livro, agora que o li. Sua resenha ficou muito apropriada. Acho que para um relato biográfico, poderia ter sido mais profundo. Afinal, quem melhor que a pessoa que vivenciou aquilo tudo para expôr cada nuance de contraste?
    Anyways, mais um pra estante haha

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    1. Oba, muito obrigada por ter voltado para compartilhar suas opiniões :) .

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  16. Olá, Maria, boa tarde!
    Tentei assistir ao filme uma vez, mas acabei desistindo, não lembro ao certo porque. Por muito tempo não sabia que era inspirado um livro e, agora que sei, tenho vontade de ler o livro primeiro. Preciso confessar que desanimei um pouco ao saber que é uma história real, pois tenho um certo bloqueio com esse tipo de leitura - acho mais fácil quando sei que é uma coisa inventada. Mas, ainda assim, acho que vale a pena a leitura :3
    Beijos e ótima semana!

    http://confissoesdeumleitor.wordpress.com/

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  17. Parabéns pela resenha! Gostei bastante. :D

    eaijl.blogspot.com.br

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  18. Amei o filme e assim que assisti, corri para comprar o livro. Considero-o igualmente bom ao filme. Amei acompanhar a história de vida da Susanna e até me identifiquei com algumas situações que ela passou (principalmente por se sentir estranho ao redor de todos). Esse livro está guardado no meu coração <3

    Toca da Lebre

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