Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Missão Carbúnculo", escrito pelo Gustavo Rosseb e publicado em 2019 pela Jangada, selo do Grupo Editorial Pensamento.
"Há três mundos que coexistem - explicou Cosmo. - O mundo terra, que é onde você e todos os provincianos vivem; o mundo água, que é onde eu e todo o meu povo habita; e o Além, que é para onde vão as coisas que morrem, tanto na água quanto na terra". (página 251)
"Há três mundos que coexistem - explicou Cosmo. - O mundo terra, que é onde você e todos os provincianos vivem; o mundo água, que é onde eu e todo o meu povo habita; e o Além, que é para onde vão as coisas que morrem, tanto na água quanto na terra". (página 251)
Pedro Malasartes estava num bote furado no meio do oceano. Para não pensar em quão desesperadora sua situação era, Pedro ia tirando água do bote, praticamente na mesma velocidade em que mais água entrava. Até que apareceu um rapaz lhe perguntado se ele tinha visto um chapéu boiando.
"- Você está falando de folclore, é isso? Dos 'causos' que o povo conta? Por acaso você é homem... e é peixe? - indagou Malasartes, confuso.
- Bom, isso é meio complicado. Apesar de ser um voto, eu não sou como suas lendas me descrevem. Peixe e homem. Não posso ser as duas coisas - revelou Cosmo, levemente inconformado.
- Que bom! - disse Pedro, agradecendo pela sorte de não estar conversando com um peixe. - Seria insanidade instaurada, não é verdade?" (página 15)
"- Você está falando de folclore, é isso? Dos 'causos' que o povo conta? Por acaso você é homem... e é peixe? - indagou Malasartes, confuso.
- Bom, isso é meio complicado. Apesar de ser um voto, eu não sou como suas lendas me descrevem. Peixe e homem. Não posso ser as duas coisas - revelou Cosmo, levemente inconformado.
- Que bom! - disse Pedro, agradecendo pela sorte de não estar conversando com um peixe. - Seria insanidade instaurada, não é verdade?" (página 15)
Cosmo estava procurando seu chapéu, e ao encontrar Pedro, acabou lhe convidando para ir com ele até a casa de uns primos. Como o bote encheu de água, Pedro não viu outra opção a não ser pular no mar e seguir Cosmo para onde quer que ele fosse.
Apesar da forma humana, Cosmo era um boto cor de rosa e estava indo para uma reunião no fundo do mar. Passado o choque de Pedro ao descobrir que Cosmo não era humano e que havia uma sociedade embaixo d'água, ele acabou se interessando pelo tema da reunião: Cosmo queria formar um grupo para ir até a caverna onde morava o Carbúnculo, um lagarto gigante que estava escravizando os habitantes de uma lagoa.
Ao contrário de Cosmo, Pedro não estava interessado em libertar os Ciprinos, os moradores da lagoa, da tirania do Carbúnculo. O que chamou a atenção de Pedro foi o fato de o Carbúnculo ter uma enorme pedra preciosa na testa, uma pedra que poderia deixar Pedro riquíssimo.
"- Embora os Carbúnculos fossem conhecidos como seres puros, os relatos a respeito do caráter dos últimos Carbúnculos que viveram em terra falavam sobre criaturas que foram distorcidas pelo ódio e pelo desejo de vingança." (página 42)
"- Embora os Carbúnculos fossem conhecidos como seres puros, os relatos a respeito do caráter dos últimos Carbúnculos que viveram em terra falavam sobre criaturas que foram distorcidas pelo ódio e pelo desejo de vingança." (página 42)
Cosmo e Pedro acabariam partindo na missão para desafiar o Carbúnculo, uma missão que colocaria em teste os seus objetivos e que teria muitos desafios para serem vencidos.
"- Para onde é que foi a caverna? - cochichou Pedro Malasartes para Cosmo.
- O que é isso? Algum tipo de ilusão? - indagou Humbertolomeu.
- Se é ilusão, eu não sei dizer. Mas conheço este lugar - falou Malasartes. - Estamos em cima do Monte Roraima.
- O Monte Roraima? - indagou Cosmo. Sabia que aquilo fazia sentido. A criatura de que se lembrava, segundo a lenda, vivia no Monte Roraima. Ao mesmo tempo, não fazia sentido algum. Tinham adentrado a caverna por uma ilhota de pedras no meio do mar. Sabia que o Monte Roraima ficava muito distante de qualquer oceano. Então o que é que estavam fazendo ali? Como conseguiram ir parar tão longe da água salgada? E, se aquilo fazia parte do segundo desafio. qual era o significado?" (página 167)
"- Tudo bem, eu falo com Caruana - concordou Cosmo.
- Não será nada fácil - disse a sereia azul. - Ele não vai falar com você, pois ele não fala. Ao menos, não em sua língua! E não escuta - completou ela. - Também não enxerga, não como nós.
- E como devo falar com ele? - perguntou Cosmo confuso.(...)
- Você precisa sentir! - explicou Naara. - Com muito afinco. Assim, o Encantado terá acesso aos seus desejos mais profundos. E então resolverá se deve ajudá-lo em seu caminho ou não." (página 115)
"- Para onde é que foi a caverna? - cochichou Pedro Malasartes para Cosmo.
- O que é isso? Algum tipo de ilusão? - indagou Humbertolomeu.
- Se é ilusão, eu não sei dizer. Mas conheço este lugar - falou Malasartes. - Estamos em cima do Monte Roraima.
- O Monte Roraima? - indagou Cosmo. Sabia que aquilo fazia sentido. A criatura de que se lembrava, segundo a lenda, vivia no Monte Roraima. Ao mesmo tempo, não fazia sentido algum. Tinham adentrado a caverna por uma ilhota de pedras no meio do mar. Sabia que o Monte Roraima ficava muito distante de qualquer oceano. Então o que é que estavam fazendo ali? Como conseguiram ir parar tão longe da água salgada? E, se aquilo fazia parte do segundo desafio. qual era o significado?" (página 167)
"- Tudo bem, eu falo com Caruana - concordou Cosmo.
- Não será nada fácil - disse a sereia azul. - Ele não vai falar com você, pois ele não fala. Ao menos, não em sua língua! E não escuta - completou ela. - Também não enxerga, não como nós.
- E como devo falar com ele? - perguntou Cosmo confuso.(...)
- Você precisa sentir! - explicou Naara. - Com muito afinco. Assim, o Encantado terá acesso aos seus desejos mais profundos. E então resolverá se deve ajudá-lo em seu caminho ou não." (página 115)
O que me fez querer ler o livro, além do fato de ter uma aventura, foi a promessa de ser uma trama onde seriam inseridos seres do nosso folclore. E essa promessa foi cumprida de forma sensacional! Desde as primeiras páginas, temos um desfile de criaturas folclóricas, começando pelo boto, passando por sereias, cobras gigantes, o Caipora, e indo até uma bola de fogo que voa pelas matas e que é o próprio diabo. E foi incrível a forma como o autor deu vida a esses seres, não apenas jogando-os na trama, mas colocando-os como personagens com uma história própria e indispensáveis para o andamento do enredo.
Cobra Honorato e Maria Caninana são dois personagens que se juntarão a Pedro e Cosmo na busca pela caverna do Carbúnculo, mas o interesse dos irmãos que são capazes de se transformar em cobras não é no lagarto gigante, e sim no capeta que os amaldiçoou e que deve estar na caverna procurando pela Zaori, a Moura Torta que também deseja a pedra do Carbúnculo. Honorato foi um dos meus personagens favoritos, com toda a sua dedicação pela irmã Maria, outra personagem que também me surpreendeu.
"O cérebro de Malasartes conflitava dentro do crânio. A parte que formulava as mentiras debatia-se severamente com pensamentos como: 'O que pensa que está fazendo?', 'A mentira já te levou a algum lugar que preste antes?'. Mas não adiantava. O que fora dito, dito estava. E o que fora feito, feito estava. O jeito era estufar o peito e seguir adiante, de braço dado com a nova perspectiva." (página 52)
Cosmo é um personagem interessante, com sua vontade de ajudar os Ciprinos, sua determinação e sua divisão entre ser das águas e humanidade; e temos Pedro, cujo sobrenome Malasartes talvez não seja estranho para vocês, o Malasartes do livro é esperto, ambicioso e mentiroso, mas não é do mal, apenas não consegue resistir à vontade de tirar vantagem de uma situação.
O autor descreve bem as cenas, trazendo uma narrativa que nos permite imaginar facilmente os incríveis cenários descritos: o fundo do mar, uma lagoa evaporando, a mata, uma caverna onde vive um monstro, etc.
"- Rapaz! - advertiu-lhe Faunim à sua esquerda - Procure não chamar mais atenção do que o necessário e pare de comer os enfeites da festa!
- Isto é um enfeite? - Pedro cuspiu a bolinha escura e lustrosa na mão. Então observou, curioso, o boto Cosmo retirar um pedaço da tigela de cristal que continha bolinhas iguais àquela. O pedaço parecia um caco de vidro. Cosmo o enfiou inteiro na boa e mastigou com vontade.
- Meu doce favorito! Água-viva cristalizada - completou o boto lambendo os beiços. - Isso aí - e apontou para a bolinha que Pedro tinha acabado de cuspir - é uma pérola!" (página 25)
"- Sanur! - Naara chamou a tartaruga pelo nome. - Somos seres das águas. Não precisamos de provas. Somos um povo ligado pelos sentimentos. Não conseguem sentir que há algo fora do lugar? (...) - Quando as primeiras Iaras fundaram este mundo, colocaram essa habilidade dentro de cada um de nós. É o que nos une - afirmou ela." (página 45)
A edição da Jangada traz uma capa com boa combinação de cores e fontes e ilustrações que tem a ver com a trama, páginas amareladas, boa revisão e diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho.
Eu gostei muito de "Missão Carbúnculo" e é uma leitura que recomendo. Classificado como ficção juvenil, a obra com toda certeza pode agradar desde os leitores adolescentes até o público adulto. É uma história criativa, que insere brilhantemente os seres folclóricos na trama.
"- O que são aquelas coisas lá fora? - quis saber Pedro.
- São os Corpos Secos! Os que foram renegados pela própria morte. Os que foram recusados a serem dados como mortos. Geralmente, alguém que faz coisas muito ruins durante a vida é forte candidato a se tornar um Corpo Seco ao falecer - e Pedro percebeu que a cabeça falante olhava para ele especificamente. (...)
- E como é que a gente faz para passar por eles? - perguntou Cosmo, percebendo que alguns mortos-vivos do lado de fora tinham unhas compridas que mais lembravam garras afiadas.
- Ah! Isso é bem simples, na verdade - respondeu a cabeça. - Só precisam fazer um trato comigo.
Pedro e Cosmo se entreolharam mais uma vez.
- Que tipo de trato? - sondou Pedro.
- Vocês só têm que me soltar desta gaiola. Daí eu mostro para vocês como afastar um Corpo Seco.
Cosmo chamou Pedro de lado.
- Se ele foi aprisionado, é porque é perigoso! - cochichou o boto.
- Calor que ele é perigoso. É o Coisa-Ruim! - exclamou Pedro, não acreditando no comentário absurdo do amigo." (página 77)
O enredo é surpreendente e cativante. Cada capítulo nos deixa mais curiosos para saber como será o desfecho da busca de Pedro e Cosmo pelo maligno lagarto gigante, se esse Carbúnculo realmente é tão mal quanto dizem e se a amizade entre boto e homem fará com que Pedro resista ao seu desejo de ter a pedra do Carbúnculo para si ao invés de usá-la com Cosmo para dar liberdade aos Ciprinos. Você vai rir, vai sentir medo, se emocionar, refletir, se encantar, mas dificilmente adivinhará o desfecho de cada personagem, e isso vai ser ótimo também. Vale a pena ler!
O autor descreve bem as cenas, trazendo uma narrativa que nos permite imaginar facilmente os incríveis cenários descritos: o fundo do mar, uma lagoa evaporando, a mata, uma caverna onde vive um monstro, etc.
"- Rapaz! - advertiu-lhe Faunim à sua esquerda - Procure não chamar mais atenção do que o necessário e pare de comer os enfeites da festa!
- Isto é um enfeite? - Pedro cuspiu a bolinha escura e lustrosa na mão. Então observou, curioso, o boto Cosmo retirar um pedaço da tigela de cristal que continha bolinhas iguais àquela. O pedaço parecia um caco de vidro. Cosmo o enfiou inteiro na boa e mastigou com vontade.
- Meu doce favorito! Água-viva cristalizada - completou o boto lambendo os beiços. - Isso aí - e apontou para a bolinha que Pedro tinha acabado de cuspir - é uma pérola!" (página 25)
"- Sanur! - Naara chamou a tartaruga pelo nome. - Somos seres das águas. Não precisamos de provas. Somos um povo ligado pelos sentimentos. Não conseguem sentir que há algo fora do lugar? (...) - Quando as primeiras Iaras fundaram este mundo, colocaram essa habilidade dentro de cada um de nós. É o que nos une - afirmou ela." (página 45)
A edição da Jangada traz uma capa com boa combinação de cores e fontes e ilustrações que tem a ver com a trama, páginas amareladas, boa revisão e diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho.
Eu gostei muito de "Missão Carbúnculo" e é uma leitura que recomendo. Classificado como ficção juvenil, a obra com toda certeza pode agradar desde os leitores adolescentes até o público adulto. É uma história criativa, que insere brilhantemente os seres folclóricos na trama.
"- O que são aquelas coisas lá fora? - quis saber Pedro.
- São os Corpos Secos! Os que foram renegados pela própria morte. Os que foram recusados a serem dados como mortos. Geralmente, alguém que faz coisas muito ruins durante a vida é forte candidato a se tornar um Corpo Seco ao falecer - e Pedro percebeu que a cabeça falante olhava para ele especificamente. (...)
- E como é que a gente faz para passar por eles? - perguntou Cosmo, percebendo que alguns mortos-vivos do lado de fora tinham unhas compridas que mais lembravam garras afiadas.
- Ah! Isso é bem simples, na verdade - respondeu a cabeça. - Só precisam fazer um trato comigo.
Pedro e Cosmo se entreolharam mais uma vez.
- Que tipo de trato? - sondou Pedro.
- Vocês só têm que me soltar desta gaiola. Daí eu mostro para vocês como afastar um Corpo Seco.
Cosmo chamou Pedro de lado.
- Se ele foi aprisionado, é porque é perigoso! - cochichou o boto.
- Calor que ele é perigoso. É o Coisa-Ruim! - exclamou Pedro, não acreditando no comentário absurdo do amigo." (página 77)
O enredo é surpreendente e cativante. Cada capítulo nos deixa mais curiosos para saber como será o desfecho da busca de Pedro e Cosmo pelo maligno lagarto gigante, se esse Carbúnculo realmente é tão mal quanto dizem e se a amizade entre boto e homem fará com que Pedro resista ao seu desejo de ter a pedra do Carbúnculo para si ao invés de usá-la com Cosmo para dar liberdade aos Ciprinos. Você vai rir, vai sentir medo, se emocionar, refletir, se encantar, mas dificilmente adivinhará o desfecho de cada personagem, e isso vai ser ótimo também. Vale a pena ler!
Detalhes: 328 páginas, ISBN-13: 9788555391446, Skoob. Clique para comprar na Amazon:
Por hoje é só, espero que tenham gostado do post. Me contem: já conheciam o livro (ele foi lançado em outubro) ou o autor? Curtem histórias que tragam folclore?
Até o próximo post!
Me acompanhe nas redes sociais:
Oi Mari.
ResponderExcluirEu não conhecia este livro e pela sua resenha eu fiquei curiosa para lê -lo. Parece uma história bem interessante mesmo sabendo que é uma leitura para leitores que gostam de ficção juvenil. Com certeza eu quero dar uma chance para ele. Parabéns pela resenha.
Bjos
Um livro de aventura, abordando o nosso folclore? Isso é novidade para mim e achei muito diferente e interessante. Ainda não conhecia a obra, mas gostei de conhecer através da sua resenha. Vou deixar a dica anotadinha e quem sabe me aventure? E eu adoro quando os capítulos nos instigam a ler o próximo e a gente não quer mais parar de ler hahaha.
ResponderExcluirBeijos,
Blog PS Amo Leitura
Olá, tudo bem? Não conhecia esse livro ainda, e confesso que não é o meu estilo de leitura, mas pelo o que tu disse parece ser uma obra fantástica, e foi impossível não ficar curiosa. Adorei a resenha e dica!
ResponderExcluirBeijos,
Duas Livreiras
Oi, Mari.
ResponderExcluirEu gosto muito de livros assim, mas como estou lendo várias séries juvenis no momento, vou anotar essa dica para depois! Vou terminar o que tenho aqui primeiro! Rs...
Beijos
Camis - blog Leitora Compulsiva
Olá tudo bem, confesso que não leio muito livros desse gênero mais gostei de saber sobre a composição positiva da obra na sua opinião, adorei sua resenha!
ResponderExcluirOi, Mari!
ResponderExcluirGostei da história e sei que a editora capricha nas capas e impressões, achei tudo mto bonito! É legal quando nos deparamos com uma obra que enaltece nosso folclore. Sinto falta de leituras assim, vou investir nessa. rs
bjs
Lucy - Por essas páginas
Olá, tudo bem? Esse gênero é algo que não leio há tempos, mas achei a sua resenha bem interessante e fiquei muito curiosa com a obra.
ResponderExcluirUm beijo.
Oi Mari.
ResponderExcluirUma graça esse livro que nos indicou. Eu , como amante de uma fantasia folclórica e uma aventura, não deixarei essa dica passar por mim sem lê-la. Agradeço;''''''''''''!
o seu post foi muito detalhado sobre a obra, os personagens e a edição gráfica. Amei. Quero em breve ter desfrutado dessa boa leitura. Parabens ♥'
Apesar de este não ser um gênero literário que leia muito, a história me chamou atenção e parece ser muito boa.
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