Olá, pessoal! Como estão? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Desgrávida", escrito pela Jenni Hendriks e pelo Ted Caplan, publicado no Brasil em 2020 pela Faro Editorial.
Veronica Clarke, a narradora, tinha dezessete anos, era uma aluna exemplar e motivo de orgulho para o pai por ter sido a primeira da família a ser aprovada para uma faculdade.
Porém, mesmo se prevenindo, Veronica se viu grávida. Ter um filho aos dezessete anos significaria o fim dos seus sonhos de um futuro melhor, e ela já havia visto o que uma gravidez não planejada fez com a vida de sua irmã mais velha.
Então, Veronica decidiu fazer um aborto, mas, no seu estado, necessitaria de autorização dos pais, e ela não queria falar com eles sobre o assunto. A clínica mais próxima, onde ela não precisaria de autorização, ficava em Albuquerque no Novo México, 1590 quilômetros distante da sua casa em Columbia, Missouri.
Veronica precisaria de alguém para levá-la até Albuquerque, e foi aí que Bailey Butler apareceu. Veronica e Bailey tinham sido melhores amigas, mas se distanciaram quatro anos atrás, quando Veronica passou a se destacar como aluna modelo e Bailey se tornou uma garota rebelde.
"Era mal-humorada, cínica e bastante desagradável. Também tinha sido a minha melhor amiga." (página 14)
"De repente, perdi toda a raiva. Bailey ainda era a mesma. Ainda era o tipo de garota que faria algo estúpido, como querer saber quantos volts de eletricidade passariam por ela, só para poder dizer que experimentou aquilo." (página 18)
Acompanharemos a viagem de carro das duas durante o final de semana, uma viagem cheia de percalços, onde muita coisa vai acontecer, inclusive o acerto de contas entre as ex-melhores amigas.
Assim que abri "Desgrávida", me surpreendi com o quão fluida é a narrativa. Quando eu via, já tinha lido várias e várias páginas, e queria continuar lendo para entender o que tinha causado o afastamento de Veronica e Bailey e descobrir o que mais iria acontecer na viagem das garotas, pois elas encontram cada coisa no caminho! Perigos, fanáticos, mas também algumas pessoas legais que surpreendem e são personagens que vou guardar com carinho.
Aborto ainda é um tabu no nosso país. Li "Desgrávida" justamente na semana em que tentaram impedir que uma menina de dez anos, grávida após ser estuprada pelo tio, pudesse realizar o aborto em um hospital de Recife, procedimento que é um direito garantido por lei em casos de estupro. É revoltante ver como mulheres tem o acesso a seus direitos dificultado, além de serem vítimas de violência apenas por serem mulheres. Pelo menos, para Veronica, existia a possibilidade de realizar o aborto de forma segura, mas ela ainda teria que lidar com os julgamentos alheios. O que parece não gerar comoção é o "aborto paterno", a realidade e o livro nos mostram como homens não são obrigados a exercer a paternidade.
"-(...) E sabe de uma coisa? Posso contar para você? Eu odeio Doctor Who!
- Sério? Achei...
- Continuo assistindo na esperança de descobrir algum segredo oculto que explique o meu pai. Algo que mostre como posso me consertar para fazê-lo gostar de mim." (página 209)
Mesmo falando de aborto, "Desgrávida" consegue ser um livro divertido pelas situações inusitadas com que Veronica e Bailey se deparam ao longo do caminho. E é bem interessante ir desvendando as duas personagens no decorrer dos capítulos, entendendo como ambas tinham defeitos e qualidades, e percebendo quanta coragem é necessária para ser você mesmo na adolescência, tendo que lidar com as expectativas sobre o futuro e a pressão para ser aceito.
Agora, precisamos falar sobre o Kevin, o namorado da Veronica! Eu tinha visto outros leitores comentando o quanto ele é irritante, mas ele conseguiu ser ainda pior do que eu esperava! Além de ter feito uma coisa horrível com a Veronica, uma deslealdade sem tamanho, algo que pode até ser chamado de crime pelo que pesquisei, ele ainda era insistente, não desistia! A cada vez que o Kevin tornava a aparecer, eu o detestava um pouco mais!
Gostei muito de "Desgrávida", dei cinco estrelas para o livro e foi uma das minhas melhores leituras desse ano! Jenni e Ted souberem trabalhar o polêmico tema do aborto num enredo cativante, que nos diverte e também nos faz refletir. Os autores conseguiram mostrar bem as descobertas e dificuldades da adolescência, nessa história que super recomendo, especialmente para quem gosta de histórias sobre amizades e viagens.
A edição da Faro tem uma capa com elementos condizentes com a história, páginas amareladas, boa diagramação e revisão.
Detalhes: 256 páginas, Skoob, ISBN-13: 9786586041057, tradução: Carlos Szlak. Clique para comprar na Amazon:
Amei a resenha. Desde quando vi o livro pela primeira, fiquei querendo muito ler. Parece ser uma história divertida sobre um momento pesado. É ótimo que ela tenha o 'privilégio' de poder decidir pelo próprio corpo, enquanto no nosso país, mulheres chegam a morrer sem ter acesso a um tratamento seguro. inda estou muito revoltada com toda a situação da menina de 10 anos e recentemente vi que tem outra garota da mesma cidade em situação similar.
ResponderExcluirA Barbie Ferreira vai estar no filme, que incrível.
beijos
http://www.dearlytay.com.br/
Caramba, estou emocionada com essa resenha. Espera um pouco, que absurdo esse caso do Recife! Estou chocada, como é complicado ser mulher, completamente chocada aqui, casos como esses nunca parecerão normais pra mim.
ResponderExcluirEsse livro deve ser incrível, mds quanta aventura e crítica, estou doída pra ler agora, e oh my gosh vai ter filme!! Preciso ler esse livro o mais rápido possível haha
Jardim de Palavras