Resenha: livro "Filhos da Senzala", Silvânia Dias

     Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "Filhos da Senzala", escrito pela mineira Silvânia Dias e publicado pela Editora Schoba (já falei sobre ele aqui).

Resenha, livro, Filhos da Senzala, Silvânia Dias, Editora Schoba, escravidão, Brasil, romance, trechos
Resenha, livro, Filhos da Senzala, Silvânia Dias, Editora Schoba, escravidão, Brasil, romance, trechos

     A história se inicia em 1819, em Minas Gerais. Francisco do Espírito Santo era um jovem de vinte e poucos anos, após perder sua mãe, deixou o pai e o irmão e saiu de casa para tentar dar um rumo a sua vida.

     "Impelido pela tristeza, pelo vazio e pela solidão interior que sentia, Francisco deixou para trás o aconchego e a segurança do lar onde havia nascido e sempre vivido. Se por uma janela ele pudesse, ao menos por um instante, visualizar o futuro, talvez jamais fosse tomar tal decisão e perseguir um destino tão amargo, miserável e incerto." (página 51)

     Francisco arrumou emprego na Fazenda Cantareira. Mesmo sendo avisado da personalidade difícil do dono da fazenda, o Capitão Bartolomeu Moutinho Esteves. Além de trabalhadores livres, a Cantareira também tinha escravos. E foi por Eugênia, uma bela escrava, que Francisco caiu de amores.
     Em troca da autorização para se casar com Eugênica, Francisco teve que assinar um contrato onde se comprometia a trabalhar como um escravo para o Capitão Bartolomeu Moutinho Esteves durante 12 anos! Após esse período, os dois estariam livres. O que não se faz por um grande amor?
     Esse contrato absurdo, já que 12 anos de trabalho valiam muito mais que o preço de uma carta de alforria, foi a perdição de Francisco. Um contrato que ele nem leu, já que era analfabeto, como a maioria das pessoas da época. Francisco, um homem livre, ingênuo, bom e cego de amor, se tornou um escravo na fazenda. O Capitão fez o que pode para tirar o máximo de proveito desse contrato.
     Quando a sinopse diz que o fazendeiro era diabólico, ela está completamente certa! Capitão Bartolomeu Moutinho Esteves era um homem mau e cruel (e o fim dele foi de uma forma tão cruel quanto ele, mais que merecido). Ele não desistia fácil e infernizou a vida de todos os que viviam ao seu redor.

     "Condenado pela ambição desmedida, sua ganância por poder e riqueza era um vício pernicioso que fazia dele um escravo devotado, e não demorou muito para que o demônio que o habitava ressurgisse ainda mais perverso e mais brutal." (página 141)

     "Filhos da Senzala" tem como foco principal a história de luta pela liberdade mais que merecida de Francisco, Eugênia e sua família. Além disso, faz um retrato da sociedade da época, de como era a vida no século XIX. Além dos mocinhos e do vilão, é contada a história dos personagens coadjuvantes, no intuito de mostrar os costumes da época, principalmente no que diz respeito aos amores. Essas histórias paralelas sempre estão ligadas ao Capitão, Francisco e Eugênia. Fato que se torna evidente e compreensível no final do livro, que não podia ser melhor.
     Se existiam pessoas más, também existiam pessoas boas e justas, como o incansável advogado de Francisco, o Coronel Francisco de Paula, personagem que merece ter o nome citado na resenha.

Resenha, livro, Filhos da Senzala, Silvânia Dias, Editora Schoba, escravidão, Brasil, romance, trechos


     A minha maior expectativa estava no fato de a história se passar em Minas Gerais, o meu estado, e não me decepcionei! Foi muito bom e gratificante poder ler este livro, ler as descrições das paisagens mineiras, das comidas, das plantas, do clima, da neblina e conseguir reconhecer e visualizar tudo isso com facilidade. Mesmo quase 200 anos depois, essas descrições servem para parte do que eu cresci vendo ao meu redor.
     Sinto falta de ver escritores contemporâneos escrevendo sobre nossa história, sobre nosso país. Silvânia Dias pesquisou e escreveu brilhantemente e com veracidade sobre uma época cruel pela qual passamos: a escravidão. Torço para que mais autores busquem no nosso passado a inspiração para suas obras. E para que possamos entender cada vez mais, todo o percurso que o Brasil percorreu até chegar aos dias atuais.

Resenha, livro, Filhos da Senzala, Silvânia Dias, Editora Schoba, escravidão, Brasil, romance, trechos, sinopse, capa, Minas Gerais
Resenha, livro, Filhos da Senzala, Silvânia Dias, Editora Schoba, escravidão, Brasil, romance, trechos
Resenha, livro, Filhos da Senzala, Silvânia Dias, Editora Schoba, escravidão, Brasil, romance, trechos

     Apesar de algumas ideias serem repetidas demasiadamente, a leitura flui bem e a linguagem utilizada é de fácil compreensão sem empobrecer as características da época da história. Os capítulos são curtos e narrados em terceira pessoa. Não encontrei sequer um erro de revisão. Gostei da capa, da escolha das cores e da fonte. A diagramação está muito boa: tamanho bom das margens, letras e espaçamento grandes, folhas em papel pólen mais grossinhas.

     Detalhes: 260 páginas, gênero: Romance, ISBN: 978-85-8013-319-6, Skoob, página no FacebookOnde comprar online: loja da editora.

     "(...) o que não se realiza também não morre: permanece intocado, desejado, mágico!" (página 175)

     Deixo um agradecimento especial à Editora Schoba por ter disponibilizado "Filhos da Senzala".
     Espero que vocês tenham gostado da resenha! Alguém aí já leu o livro?



   Este post faz parte da Semana da Maratona de Resenhas, deixando um comentário nele e nos próximos posts participantes, você concorre a um dos 7 livros da imagem ao lado.  Leia o regulamento e faça sua inscrição (é só deixar um e-mail para contato no formulário) clicando aqui.






Me acompanhem nas redes sociais:
 twitterfacebook | G+SkoobGoodreadsBloglovin (receba os posts do blog no seu e-mail)| Instagram.

24 comentários

  1. Tenho curiosidade e gosto de ler livros assim. Esse, em particular, chama muito a minha atenção.
    Gostei muito da resenha!
    Beijos e bom domingo.
    Tão doce e tão amarga.



    ResponderExcluir
  2. Gosto de livros que retratam nossas origens! Esse livro parece muito bom mesmo, apesar de triste pelo que parece. Com certeza eu leria.

    ResponderExcluir
  3. Me parece ser muito bom. Pelo genero, acaba sendo interessante. Beijos
    www.iamcamilakellen.blogspot.com

    ResponderExcluir
  4. Adorei a capa do livro e o conteúdo me pareceu tão bom quanto. A história me lembrou da passagem da Bíblia sobre Jaco e Labão, que aconteceu parecido. Eu também sinto falta de livros que contem um pouco mais da nossa história. Hoje em dia mesmo autores nacionais em sua maioria escrevem livros que se passam fora do Brasil. Adorei a resenha e pensando seriamente em escolher esse livro quando ganhar a promoção hehehehe.

    Blog Prefácio

    ResponderExcluir
  5. Super concordo que devemos ir mais as prateleiras de livros brasileiros, poxa, temos clássico como esses, que fala da nossa história, nossa terra, nossa gente! Fiquei louca pra ler.

    Muito bonito seu blog, já visitei algumas vezes, mas só agora parei pra ler. Tô até seguindo. Te espero lá com recadinho no meu cantinho e sua seguida também.

    www.sobrelentes.blogspot.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Marília, obrigada pela visita e comentário, vou lá conhecer seu blog.

      Excluir
  6. A resenha ficou ótima e me deu vontade de conhecer a história. Eu adoro romances históricos, ainda mais com esse tema, esse livro parece ser incrível um enredo diferente. Por ter uma narração fluída e uma leitura boa, tenho certeza que a leitura vai render bastante. Gostei da capa, ficou bem legal.

    ResponderExcluir
  7. Nossa que show! Sinceramente eu fiquei apaixonada pelo livro mesmo antes de ler. Eu amooooo livros com cunho histórico e realmente ler sobre nosso país é tudo de bom. Precisamos de mais livros assim. Aii eu ia amar esse vilão, eu tenho uma paixão por vilões porque acho que eles dão um Q na trama sem igual. kkkk E outra, não sei porque, mas esse livro me lembrou muito o A invenção das asas.
    Beijos,
    Monólogo de Julieta

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Paloma, mas o vilão é tão malvado! Ainda não conheço "A invenção das asas". Obrigada pela visita e comentário.

      Excluir
  8. Pela capa e pelo título, confesso que não teria me interessado em ler. Mas a resenha ficou muito boa, pude ver que a história envolve um romance difícil de se concretizar, um vilão que de fictício não tem nada, um toque de História e, além disso, possui capítulos curtos e uma boa revisão. Parabéns pela resenha, me fez interessar pelo livro rsrs
    Abraços.

    ResponderExcluir
  9. Parabéns pelo texto Maria! A resenha aborda aspectos importantes, analisando não só a narrativa, mas também o projeto gráfico. Particularmente, adoro os quotes! Abraços!

    ResponderExcluir
  10. Uma história comovente e extremamente emocionante e revoltante. Emocionante pelo amor incondicional do personagem pela mulata que se apaixonou. O que fez por ela, não é todo homem que faz. E a atitude de superioridade dos donos dos negros. Isso é revoltante e aterrador. A autora foi muito feliz em abordar um assunto assim. Espero conseguir ler este livro, pois estou curiosa pra saber o final. Beijos.

    ResponderExcluir
  11. Já li sobre essse ! Ela é daqui de BH <3 <3 <3 e quero ler! A história se passa aqui perto! Adorei a resenha!
    http://mundoemcartas.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  12. Oi Mari,gostei muito da resenha,e da capa também,achei que ela retrata bem o título do livro,gostei muito do tema,com certeza vou ler o livro.Bjos

    ResponderExcluir

Obrigada por comentar :)!!! Sua opinião é muito importante para mim. Tem um blog? Deixe seu link que visitarei sempre que possível.
*comentários ofensivos serão apagados

Topo