Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "Respeite o medo", escrito pela Ana Cristina Soares e publicado pela Chiado Editora em 2015.
A Ana entrou em contato comigo perguntando se eu gostaria de ler o livro dela, me falou mais ou menos do que se tratava e eu aceitei, pois gosto de livros de contos, mas não fazia ideia do que ia cair em minhas mãos! Aí, como ele era relativamente pequeno se comparado com os outros livros que estavam na minha lista de leitura, surgiu um tempinho e eu resolvi pegar ele para ler. Já no primeiro conto a Ana me nocauteou, me deixou extremamente surpreendida com a história que ela criou, e foi só o primeira de muitas maravilhosas surpresas que tive ao longo da leitura.
Alguém me explica o que está acontecendo com os escritores de contos desse país, que estão cada dia melhores?! Quem acompanha o blog sabe que eu já havia sido surpreendida positivamente com outro livro de contos de terror, o "Eu me ofereço! Um tributo a Stephen King", só que ele era escrito por vários autores, já o "Respeite o medo" é escrito por uma só, mas é tão bom quanto "Eu me ofereço!".
Alguém me explica o que está acontecendo com os escritores de contos desse país, que estão cada dia melhores?! Quem acompanha o blog sabe que eu já havia sido surpreendida positivamente com outro livro de contos de terror, o "Eu me ofereço! Um tributo a Stephen King", só que ele era escrito por vários autores, já o "Respeite o medo" é escrito por uma só, mas é tão bom quanto "Eu me ofereço!".
O livro é composto por 20 contos, alguns menores, outros maiores, mas todos muito bons! Se não me engano, apenas 1 é narrado em primeira pessoa, todos os demais são em terceira. Não tem como eu falar de todos ou a resenha ficaria enorme, mas também é difícil escolher um para citar, já que, como disse anteriormente, todos tem um nível elevadíssimo no que diz respeito a história contada pela autora. Ele não é um livro de contos de terror, tem uma mescla de temas e gêneros: alguns vão mais para o lado da fantasia e do sobrenatural, outros são bem realistas, uns são mais engraçados e leves, outros são mais pesados e sombrios.
Falando sobre o primeiro, que já mostrou o talento da escritora, em "Má companhia" temos a história de um cara rico que se apaixonou por uma mulher com um poder aquisitivo menor, mas por causa de um amigo que vivia desconfiando dela e dizendo que a moça era interesseira, ele não viveu essa paixão com a intensidade que ela merecia. Durante boa parte da leitura, fiquei aguardando para ver se a mulher tinha algum podre mesmo ou até que ponto a desconfiança plantada pelo amigo da onça iria chegar, mas aí veio o desfecho inesperado! Se o protagonista tivesse deixado seu orgulho de lado e confiado mais no seu coração...
O segundo conto, que dá título à obra, conta a história de Helena, uma garota que sentia uma presença estranha em seu quarto. Ela não via nada, mas sentia que tinha algo lá. Helena não conseguia dormir de noite, e teve toda a sua vida afetada por essa presença e pelo medo que sentia. Procurou ajuda com "especialistas": padres, pastores, médiuns, videntes, psicólogos e até ufólogos, mas nada realmente ajudava. O desfecho é perturbador e me deixou de boca aberta!
Alguns dos conselhos que Helena recebeu:
"- São espíritos obsessores. Venha ao meu centro, pois você é médium e precisa se desenvolver.
- É o demônio, em uma de suas formas mais violentas. Você precisa ir a doze missas em Aparecida e rezar o terço toda noite.
- É a civilização de Atlântida querendo usar você para retomar o poder na Terra. Você precisa aprender grego para se comunicar com eles. (...)
- São lembranças reprimidas da primeira infância. Você precisa enfrentar." (páginas 18 e 19)
Em "Cecília e a Morte", conheceremos Cecília, uma mulher aparentemente comum, mas que era uma espécie de ajudante da Morte. Apesar de ter uma personagem tão temida como a Morte, é um dos contos mais delicados e emocionantes da obra.
"- (...) queria saber como é.
- Como é o que?
- O Amor. Como é sentir Amor? Eu conheço o Amor, ele me ajuda muitas vezes. Acompanha os que vão e os que ficam. Mas eu não sei como é senti-lo. Sempre pergunto isso para as pessoas, mas as respostas sempre são diferentes. Como é?
Cecília olhou a Morte longamente e então respondeu:
- Sabe o que é? É que está muito acima de sua compreensão. Você não pode saber nada do meu mundo.
E a Morte sorriu." (página 32)
Quero ressaltar a criatividade da autora para os títulos dos contos, alguns são interessantíssimos, por exemplo: "A Lua, o Sol (e o Trambiqueiro)", que traz três primos como protagonistas, sendo que um é "diferente", e traz uma questão bem polêmica.
Em vários contos, a autora colocou reviravoltas, eu lia uma parte a achava que já sabia como a trama ia acabar, mas aí vinha o próximo paragrafo e mudava tudo. Foi o caso de "Péricles", onde conheceremos a história de um homem que se arriscou para salvar a vida da esposa que estava com ele no carro quando sofreram um acidente. Ele podia ter se salvado sozinho, mas decidiu também ajudá-la, ficando de certa forma incapacitado depois do ocorrido. Três anos depois, a esposa não suportava-o mais e queria se livrar dele. Eu já estava julgando a ingratidão dela, e talvez vocês também estejam, afinal, o cara ficou do jeito que ficou para salvar ela, mas aí a autora, que havia me enganado direitinho, explicou como realmente o Péricles estava.
A penúltima história é "O Flagra!", onde conheceremos Flávia, uma secretária comilona que, por esquecimento, teve que voltar na empresa onde trabalhava bem depois do fim do expediente, e...
"- D. Flávia! A senhora vive com fome e por pouco não morreu com fome!" (página 153)
Foi interessante observar que todos os contos traziam mulheres como personagens importantes na história, algumas faziam coisas boas, outras faziam coisas ruins. Eu não estou aqui para julgar as ações de cada uma das personagens, mas creio que se analisarmos os papéis que as mulheres costumam receber, "Respeite o medo" é ainda mais recomendado por trazer personagens femininas que vivenciam histórias fortes e que fogem dos esteriótipos de beleza, pureza e "casaram-se e foram felizes para sempre" que vemos por aí. Temos mocinhas, vilãs e as duas coisas numa mesma pessoa, mas temos pessoas, mulheres, em diversas situações! O conto "Não brinque comigo", cujo trecho está na capa, é revoltante e proporciona uma reflexão sobre a sociedade machista em que vivemos, onde um cara acha que pode fazer o que quiser com a namorada, mas se ela paga na mesma moeda, ele faz uma monstruosidade com ela.
"A morte o transformara em alguma outra coisa que Marília não podia amar." (página 112)
"Muita gente pensa que o enterro é importante para que os vivos vejam que seu ente querido está morto. Mas, o mais importante é que o morto saiba que está morto também." (página 112)
Sobre a parte visual: eu achei a capa bonita e condizente com o tom da obra, mas a editora poderia ter usado um material um pouco mais resistente. As páginas são amareladas e porosas. A diagramação está ótima, com margens, letras e espaçamento de ótimo tamanho.
Ah, quero mostrar para vocês (para quem não viu quando postei no Instagram) o envelope em que recebi o livro, com algumas palavras que são temas dos textos. Amei!
Eu poderia ficar aqui falando sobre "Respeite o medo" por horas e horas, e certamente ainda teria algo para dizer, o fato é que eu gostei muito do livro e super recomendo que vocês leiam ele. Quem gosta de ser surpreendido, quem gosta de histórias bem escritas, cativantes e de leitura fluidas, ou gosta de personagens fortes, certamente vai amar "Respeite o medo". Aliás, acho que é uma obra que certamente agradará a qualquer leitor, mesmo quem gosta de leituras mais leves, provavelmente vai ser surpreendido por pelo menos um conto.
Detalhes: 164 páginas, Skoob (minha nota: 5/5), ISBN-13: 9789895152957. Onde comprar online: loja da editora, mercado livre.
Agora vem a melhor parte: assim que terminei a leitura, falei para a autora que tinha certeza que vocês iam ficar interessados no livro, e ela cedeu um exemplar para sortear no blog!
Para participar, é super fácil: comente na resenha, curta as páginas do blog e da autora no Facebook e preencha o formulário abaixo. Quem seguir o blog tem direito a chances extras, assim como quem convidar amigos ou fizer outras ações propostas no formulário, aproveitem para aumentar as chances de ganhar.
- As inscrições começam hoje e terminam no dia 29/04/2016, o sorteio será feito no dia 30/04/2016 e o resultado será divulgado nesse mesmo post e nas redes sociais do blog.
- É preciso ter endereço de entrega no Brasil.
- O sorteado será comunicado por e-mail e tem o prazo de uma semana para responder ao e-mail enviado informando seus dados para envio do prêmio ou será desclassificado e o sorteio será refeito.
- O prêmio será enviado pela autora em até 30 dias após recebimento dos dados do ganhador.
- Não nos responsabilizamos por danos, extravios ou devolução do prêmio por parte dos Correios em caso de endereço incorreto fornecido pelo participante ou ausência de quem o receba.
Boa sorte!
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha e que participem do sorteio.
O segundo conto, que dá título à obra, conta a história de Helena, uma garota que sentia uma presença estranha em seu quarto. Ela não via nada, mas sentia que tinha algo lá. Helena não conseguia dormir de noite, e teve toda a sua vida afetada por essa presença e pelo medo que sentia. Procurou ajuda com "especialistas": padres, pastores, médiuns, videntes, psicólogos e até ufólogos, mas nada realmente ajudava. O desfecho é perturbador e me deixou de boca aberta!
Alguns dos conselhos que Helena recebeu:
"- São espíritos obsessores. Venha ao meu centro, pois você é médium e precisa se desenvolver.
- É o demônio, em uma de suas formas mais violentas. Você precisa ir a doze missas em Aparecida e rezar o terço toda noite.
- É a civilização de Atlântida querendo usar você para retomar o poder na Terra. Você precisa aprender grego para se comunicar com eles. (...)
- São lembranças reprimidas da primeira infância. Você precisa enfrentar." (páginas 18 e 19)
Em "Cecília e a Morte", conheceremos Cecília, uma mulher aparentemente comum, mas que era uma espécie de ajudante da Morte. Apesar de ter uma personagem tão temida como a Morte, é um dos contos mais delicados e emocionantes da obra.
"- (...) queria saber como é.
- Como é o que?
- O Amor. Como é sentir Amor? Eu conheço o Amor, ele me ajuda muitas vezes. Acompanha os que vão e os que ficam. Mas eu não sei como é senti-lo. Sempre pergunto isso para as pessoas, mas as respostas sempre são diferentes. Como é?
Cecília olhou a Morte longamente e então respondeu:
- Sabe o que é? É que está muito acima de sua compreensão. Você não pode saber nada do meu mundo.
E a Morte sorriu." (página 32)
Quero ressaltar a criatividade da autora para os títulos dos contos, alguns são interessantíssimos, por exemplo: "A Lua, o Sol (e o Trambiqueiro)", que traz três primos como protagonistas, sendo que um é "diferente", e traz uma questão bem polêmica.
Em vários contos, a autora colocou reviravoltas, eu lia uma parte a achava que já sabia como a trama ia acabar, mas aí vinha o próximo paragrafo e mudava tudo. Foi o caso de "Péricles", onde conheceremos a história de um homem que se arriscou para salvar a vida da esposa que estava com ele no carro quando sofreram um acidente. Ele podia ter se salvado sozinho, mas decidiu também ajudá-la, ficando de certa forma incapacitado depois do ocorrido. Três anos depois, a esposa não suportava-o mais e queria se livrar dele. Eu já estava julgando a ingratidão dela, e talvez vocês também estejam, afinal, o cara ficou do jeito que ficou para salvar ela, mas aí a autora, que havia me enganado direitinho, explicou como realmente o Péricles estava.
A penúltima história é "O Flagra!", onde conheceremos Flávia, uma secretária comilona que, por esquecimento, teve que voltar na empresa onde trabalhava bem depois do fim do expediente, e...
"- D. Flávia! A senhora vive com fome e por pouco não morreu com fome!" (página 153)
Foi interessante observar que todos os contos traziam mulheres como personagens importantes na história, algumas faziam coisas boas, outras faziam coisas ruins. Eu não estou aqui para julgar as ações de cada uma das personagens, mas creio que se analisarmos os papéis que as mulheres costumam receber, "Respeite o medo" é ainda mais recomendado por trazer personagens femininas que vivenciam histórias fortes e que fogem dos esteriótipos de beleza, pureza e "casaram-se e foram felizes para sempre" que vemos por aí. Temos mocinhas, vilãs e as duas coisas numa mesma pessoa, mas temos pessoas, mulheres, em diversas situações! O conto "Não brinque comigo", cujo trecho está na capa, é revoltante e proporciona uma reflexão sobre a sociedade machista em que vivemos, onde um cara acha que pode fazer o que quiser com a namorada, mas se ela paga na mesma moeda, ele faz uma monstruosidade com ela.
"A morte o transformara em alguma outra coisa que Marília não podia amar." (página 112)
"Muita gente pensa que o enterro é importante para que os vivos vejam que seu ente querido está morto. Mas, o mais importante é que o morto saiba que está morto também." (página 112)
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A autora mora perto da minha cidade :) ! |
Sobre a parte visual: eu achei a capa bonita e condizente com o tom da obra, mas a editora poderia ter usado um material um pouco mais resistente. As páginas são amareladas e porosas. A diagramação está ótima, com margens, letras e espaçamento de ótimo tamanho.
Ah, quero mostrar para vocês (para quem não viu quando postei no Instagram) o envelope em que recebi o livro, com algumas palavras que são temas dos textos. Amei!
Eu poderia ficar aqui falando sobre "Respeite o medo" por horas e horas, e certamente ainda teria algo para dizer, o fato é que eu gostei muito do livro e super recomendo que vocês leiam ele. Quem gosta de ser surpreendido, quem gosta de histórias bem escritas, cativantes e de leitura fluidas, ou gosta de personagens fortes, certamente vai amar "Respeite o medo". Aliás, acho que é uma obra que certamente agradará a qualquer leitor, mesmo quem gosta de leituras mais leves, provavelmente vai ser surpreendido por pelo menos um conto.
Detalhes: 164 páginas, Skoob (minha nota: 5/5), ISBN-13: 9789895152957. Onde comprar online: loja da editora, mercado livre.
Agora vem a melhor parte: assim que terminei a leitura, falei para a autora que tinha certeza que vocês iam ficar interessados no livro, e ela cedeu um exemplar para sortear no blog!
Para participar, é super fácil: comente na resenha, curta as páginas do blog e da autora no Facebook e preencha o formulário abaixo. Quem seguir o blog tem direito a chances extras, assim como quem convidar amigos ou fizer outras ações propostas no formulário, aproveitem para aumentar as chances de ganhar.
- As inscrições começam hoje e terminam no dia 29/04/2016, o sorteio será feito no dia 30/04/2016 e o resultado será divulgado nesse mesmo post e nas redes sociais do blog.
- É preciso ter endereço de entrega no Brasil.
- O sorteado será comunicado por e-mail e tem o prazo de uma semana para responder ao e-mail enviado informando seus dados para envio do prêmio ou será desclassificado e o sorteio será refeito.
- O prêmio será enviado pela autora em até 30 dias após recebimento dos dados do ganhador.
- Não nos responsabilizamos por danos, extravios ou devolução do prêmio por parte dos Correios em caso de endereço incorreto fornecido pelo participante ou ausência de quem o receba.
Boa sorte!
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha e que participem do sorteio.
Até o próximo post!