TEATRO "VIOLADAS": Vozes Incansáveis Operando em Lugares Arredios da Sociedade

Olá Leitores (as), como estão? Hoje quero compartilhar com vocês uma parte do trabalho interdisciplinar que eu e meu grupo apresentamos na faculdade. Para quem ainda não sabe estou cursando graduação em Psicologia, e a cada ano que se passa fico ainda mais encantada, e otimista com o trabalho de intervenção deste profissional. E foi pensando nisso que criamos uma intervenção teatral que tenta relatar a construção história da “Violência Contra a Vida das Mulheres”.

Além de tratar de um assunto sério, que deve e tem sido muito debatido na sociedade, queríamos ainda retratar a atual situação que as milhares de mulheres enfrentam no dia a dia. Desde o relacionamento familiar, amoroso, entre outros. E o mais interessante disso tudo é que utilizamos poemas de livros bastante conhecido no mundo literário, o qual quero apresentar para vocês.Para que talvez vocês se interessem pela leitura, ou até mesmo reflitam sobre o que é descrito. Espero que gostem e apreciem!

O primeiro livro se trata do título Outros Jeitos de Usar a Boca, da autora Rupi Kaur, que trata de assuntos como violência, abuso, amor, dentre outros, com uma linguagem muito fácil de se compreender. Outro ponto não menos importante, é que me identifiquei por diversas vezes em vários poemas. E esta obra foi mais que fonte de inspiração para começarmos a criar este teatro.

Foto: Skoob

Título: Outros Jeitos de Usar a Boca

Autora: Rupi Kaur

Editora: Planeta Brasil

Ano: 2017

Páginas: 208

Gênero: Poemas, poesia / Literatura Estrangeira

SINOPSE

Outros Jeitos de Usar a Boca é um livro de poemas sobre a sobrevivência. Sobre a experiência de violência, o abuso, o amor, a perda e a feminilidade. O volume é dividido em quatro partes, e cada uma delas serve a um propósito diferente. Lida com um tipo diferente de dor. Cura uma mágoa diferente. Outros jeitos de usar a boca transporta o leitor por uma jornada pelos momentos mais amargos da vida e encontra uma maneira de tirar delicadeza deles. Publicado inicialmente de forma independente por Rupi Kaur, poeta, artista plástica e performer canadense nascida na Índia – e que também assina as ilustrações presentes neste volume –, o livro se tornou o maior fenômeno do gênero nos últimos anos nos Estados Unidos, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos.

Esses foram alguns dos poemas utilizados:

VOCÊ TINHA TANTO MEDO DA MINHA VOZ, QUE EU DECIDI TER MEDO TAMBÉM.

Toda vez que você diz pra sua filha

que grita com ela por amor

você a ensina a confundir

raiva com carinho

o que parece uma boa ideia

até que ela cresce

confiando em homens violentos

porque eles são tão

parecidos com você

-aos pais que têm filhas.

Teve um livro muito especial em que acabei esbarrando sem querer ao procurar poemas, e poesias que se encaixassem no tema proposto pelo grupo, e que também foi de extrema importância para a construção do roteiro. Estou me referindo ao título “Poesias que Escrevi com Fome” do autor nacional André D’ Soares.  Me lembro que encontrei a resenha do livro com algumas fotos dos poemas nas redes sociais mais especificamente no Facebook. Quando levei para as meninas conhecerem, se apaixonaram de cara pelas suas palavras. Uma pena que ainda não consegui adquirir seu livro, porém já está entre os meus desejados.

Foto: Skoob

Título: Poesias que Escrevi com Fome

Autor: André D’ Soares

Editora: Penalux

Ano: 2017

Páginas: 110

Gênero: Poemas, poesia / Literatura Brasileira

SINOPSE

“É preciso ter coração de ferro/ Para suportar este inferno /Ou não ter coração”

Poesia rude, sem técnica nem estética, que fala de amor, abandono, aponta injustiças, denuncia o machismo e os preconceitos, sofre com a indiferença, e prova que a palavra é a arma para virar o jogo. André D´ Soares admite que escreve com o desespero daqueles cuja maior dificuldade para emergir na sociedade “está na diferença de largada”.

Essa diferença, o jovem poeta combate debochando com a hipocrisia ou denunciando os opressores, em versos que golpeiam o estômago e nos fazem refletir. Estigma, estereótipo, preconceito e exclusão são seus temas legitimamente sentidos em poemas que, não estivessem divididos em versos, poderiam ser classificados como crônicas, e das boas. Melhor ainda são os poemas curtos, de lirismo certeiro, quase microcontos de tão redondos.

Poesias que escrevi com fome é um livro que revela uma sensibilidade incomum em alguém tão jovem, um poeta em construção e muito promissor.

Nanete Neves, escritora

Entre aspas

Daqui a trinta e cinco anos

Você estará gagá,

Mas “feliz”...

Estará “realizada”...

Daqui a trinta e cinco anos

Você baterá no peito e dirá,

Com ímpeto que “viveu”

Quatro horas por dia.

André D’ Soares  

É notório o quanto este autor, é direto e reto em suas palavras, sem rodeio, e com certeza atingiu o ápice dos meus sentimentos e pensamentos. Talvez seja até pelo fato de retratar a realidade de maneira nua e crua, atingindo de certeiro o coração dos leitores.

Foto: Moça, você é Mais Poesia que  Mulher

No poema “TRABALHA (DOR)” fizemos uma pequena alteração como demonstrado na foto abaixo. Trocamos José por Maria já que estamos nos referindo às mulheres de modo geral, e colocamos a citação "assim como seus pais". Mas, de forma alguma alteramos o contexto da poesia.

Foto: Moça, você é Mais Poesia que  Mulher

TRABALHA (DOR)

O dia tem vinte quatro horas.

Maria dorme, geralmente, oito.

E trabalha doze – contando o horário

De almoço e transporte

Restam-lhe quatro horas de vida.

Que ela gasta na maioria das vezes,

Assistindo tevê, assim como seus pais

- Chegue mais perto, Maria;

É isso que o senhora chama de vida ?

Estes foram os poemas utilizados e recitados no teatro, e que foram sim, fonte de inspiração para a construção do roteiro, dos cenários, enfim, de toda a estrutura teatral. Todos essas poesias e só uma amostra do trabalho desses dois autores citados. Por esta razão se vocês de alguma forma gostaram dos poemas, adquiram os livros, e leiam a obra completa, porque tenho certeza que está incrível, e por isso vale a pena conferir. Agora deixo para vocês o vídeo que também foi produzido para o teatro, que traz consigo o conceito de “Violência”, e mostra o número estatístico da Violência contra a Mulher, e quanto isto é amplo, e nos é apresentado de diversas formas…  

Bom, é isso pessoal. Só quero aproveitar este momento oportuno para agradecer a todos os envolvidos neste trabalho incrível que foi a construção, e apresentação deste teatro, que de forma direta ou indiretamente fizeram com que esta peça acontecesse. E dizer que espero de coração que estes poemas despertem em vocês leitores uma reflexão, um questionamento da realidade na qual estamos inseridos, e que os instigue a mudança. Pois enquanto mantivermos a violência como algo natural, ela marcará cada um de nós, e por esta razão precisamos desconstruí-la.

Foto do grupo, juntamente com o nosso mentor, e coordenador do curso.

Leitores, me digam, gostaram de conferir um pedaço do nosso trabalho na faculdade? Deixe nos comentários a opinião de vocês, se a apresentação de algum desses poemas despertaram em vocês o interesse pela leitura desses livros, ou se já conheciam estas obras, pois a opinião de vocês é sempre muito importante e bem vinda.

Espero que tenham gostado, e por hoje é só.

Até o próximo post

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