Olá pessoal, tudo bem com vocês? No post de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "O cambista do cais do porto", escrito pelo J. C. de Toledo Hungaro e publicado em 2016 pela Kwabb-Fortec Editora.
"Eram novos tempos. O melhor estava por vir. E o pior também. Mas finalmente terminara a Guerra Mundial. E aqui, o mais recente ditador acabara de ceder ante ao golpe de sue próprio ministro da guerra para umas eleições quase livres e fora substituído pro esse mesmíssimo general, Eurico Gaspar Dutra, um 'liberal'. A inocência ainda não estava de todo perdida. Havia o cinema triunfalista de Hollywood, enormes salas da Cinelândia, os musicais nos teatros abarrotados e a esta do fim da guerra. Os soldados sobreviventes voltavam para casa e fingiam não trazer sequelas do horror vivido em seus peitos; e os farrapos civis europeus moviam-se na diáspora global mais uma vez. Vivia-se o início de um intervalo de paz entre ciclos de uma cagada planetária e outra. Eram tempos de euforia." (página 34)
Com narração em terceira pessoa, conheceremos Jacobo Marttuz, um judeu de cerca de 30 anos, que veio da Europa no final da Segunda Guerra Mundial. O navio em que estava fez uma parada no Rio de Janeiro, mas seguiria para Montevidéu. Jacobo ficou curioso pela movimentação do cais e da Praça Mauá, e decidiu descer para tomar um café. O que ele não sabia é que não retornaria ao navio e não seguiria para a casa do tio em Montevidéu.
Pouco depois de chegar à praça, conheceu o taxista (ou chofer de praça, como era chamado na época) Moise Fucks, com quem logo fez amizade e que lhe ofereceu um emprego, ou dois, na verdade: como carregador de malas dos turistas que desembarcavam no porto e contratavam os serviços de Moise, e como vendedor de pedras, pois um homem do porte de Jacobo e falando mais de uma língua provavelmente pareceria mais confiável aos turistas do que Moise.
Jacobo, que perdeu absolutamente tudo por causa da guerra, decidiu ficar no Brasil e trabalhar com Moise. O quarto simples que alugou numa pensão lhe parecia um paraíso, limpo e com uma cama de verdade. O tempo foi passando, e Jacobo começou a ir numa casa de câmbio trocar dinheiro em outras moedas, recebidos das gorjetas dos turistas, para seus colegas da praça, que não tinham tempo ou condição de irem lá pessoalmente, assim como a guardar algumas economias que lhe eram confiadas, sempre anotando tudo em sua caderneta. Foi o começo de um negócio que cresceria numa proporção espantosa, transformando-o no Senhor Jacobo Marttuz, o cambista do cais do porto.
"'O meu caro primo achou seu negócio, sem dúvida nenhuma, mas precisará ficar vivo, para criar os filhos que virão'. Ele iria ajudar aquele louco a instalar-se na vida. Sorriu, ao pensar que muito em breve, perderia o seu melhor vendedor da praça. Era um visionário; e como tal, sabia ver o futuro próximo." (página 128)
O livro conta a história de um homem que enxergou uma possibilidade de negócio onde ninguém mais tinha visto antes, mas não apenas pelo lucro, e sim com a intenção de ajudar pessoas semelhantes a ele, pobres, que chegaram ao país sem nada além da liberdade e da vida, e que trabalhavam muito duro para sobreviver. Jacobo ficou muito, muito rico com a expansão dos seus negócios, mas nunca esqueceu dos seus amigos e de suas origens, e isso é o mais bacana do personagem. Eu não sei dizer até que ponto tudo o que ele fez estava dentro da legalidade, mas essa legalidade também é algo questionável e que muda com o passar das décadas.
"O cambista do cais do porto" é uma leitura interessante também para quem gosta de História, pois como pano de fundo para a vida do Jacobo, temos todas as mudanças que aconteceram no país e no mundo após a Segunda Guerra Mundial (sob a visão do autor): a chegada dos refugiados, a ditadura, os presidentes, a popularização das tecnologias como o telefone (ter uma linha de telefone fixo, inicialmente, era algo valiosíssimo) e o celular (os primeiros eram enormes, praticamente um tijolo!).
No início, tive certo receio de não gostar da escrita do autor, por ele mesclar algo mas formal com termos bem informais, mas conforme fui lendo, fui sendo cativada pela história do Jacobo, e tudo o que eu queria era ver o que mais aconteceria na vida dele e como o personagem lidaria com as mudanças que viriam.
Nas fotos, a capa do livro parece ter mais detalhes do que eu encontrei a olho nu, e ela é condizente com a história. A revisão precisava estar melhor, por exemplo: em vários momentos há a ausência do travessão, e fica complicado entender se ainda é um diálogo ou passou para um pensamento do personagem, em outros pontos ele aparece como três traços, e há espaços que não deveriam existir. As páginas são brancas, o que não incomoda a mim. A diagramação traz letras, espaçamento entre um linha e outra e margens de bom tamanho.
Fica a minha recomendação para quem gosta de histórias sobre pessoas que tiveram suas vidas modificadas pela guerra, ou sobre personagens que tiveram e desenvolveram grandes ideias. Acredito que quem gostou de livros como “H Stern: a história do homem e da empresa”, da Consuelo Dieguez e "Um nazista em Copacabana", do Ubiratan Muarrek (clique nos títulos para ver as resenhas) também pode gostar de "O cambista do cais do porto".
Detalhes: 350 páginas, ISBN-13: 9788568307045, Skoob, acompanhe o autor no Facebook, site. Onde comprar online: Martins Fontes Paulista.
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado do post. Me contem: já conheciam o livro ou o autor? Gostam de histórias com acontecimentos reais como pano de fundo?
Até o próximo post!
Eu super valorizo quando a capa do livro traz a história, ainda que não peguemos de primeira. ainda não conhecia o livor, mas fiquei bem interessada.
ResponderExcluirMEU AMOR PELOS LIVROS
Beijos
Olá,
ResponderExcluirEu adorei o assunto que o livro trata, acho que essa visão de ajudar o próximo sem visão do lucro é maravilhoso. Eu vou procurar fazer a leitura do livro, só que estou com um pouco de medo da escrita, mas tentarei ler! ♥
→ desencaixados.com
Olá!
ResponderExcluirGosto muito de livros históricos, mas não consegui me sentir curiosa para ler esse livro, infelizmente. Acho que o motivo disso é estar fatigada de obras assim.
De toda forma, vou deixar o nome anotado, vai que eu queira ler em algum momento.
Beijos,
http://mileumdiasparaler.blogspot.com.br/
Olá!! :)
ResponderExcluirEu não conhecia este livro mas ainda bem que gostaste de fazer a leitura... Confesso que não faz muito o meu género...
Bem, acho ótimo que de tanto para refletir, e que a escrita não te tenha desagradado, como pensaste :)
Boas leituras!! ;)
no-conforto-dos-livros.webnode.com
Oii, tudo bem?
ResponderExcluirGostei bastante do tema do livro, mas não tenho certeza se leria. Apesar de amar livros que falam sobre guerras (especialmente a segunda), esse não me chamou muito a atenção. Acho que vou passar a dica.
Olá!!!
ResponderExcluirBacana o livro. Não tenho o costume de ler livros com a temática, mas esse me parece bem interessante e me deixou com a curiosidade aguçada. Bom, talvez eu tenha a oportunidade de me deparar com ele no futuro...
Adorei a resenha e obrigada pela indicação.
Bjs e até mais!
http://lovereadmybooks.blogspot.com.br
Oie! Tudo bem?
ResponderExcluirNão é uma leitura que eu realizaria, mas me chamou bastante a atenção a história do livro, e acredito que futuramente irei ler a obra sim, e com certeza também indicarei para uma professora amiga minha, ela irá amar a obra tenho certeza!
Bjss
Olá!
ResponderExcluirSou encantada com esse tema de guerra e adorei as vertentes que você falou que a história tem. Infelizmente estou, nesse momento procurando coisas mais leves para ver; mas deixarei a dica anotada para ler num próximo momento. Obrigada por me apresentar a obra.
Beijos,Lari.
Segredosdeumacerejeira.blogspot.com
Oii
ResponderExcluirNão senti atração pela história do livro. Não me parece algo que eu fosse ficar empolgada em ler. Concordo que as páginas brancas forçam a vista e acho muito chato quando encontro erros de revisão, afinal, alguém é pago só para consertar isto. hehehe
Vícios e Literatura
Oi.
ResponderExcluirEu não conhecia o autor ou a obra, mas adorei a premissa do livro.
Admito que a sinopse não chamaria minha atenção, mas fiquei com vontade de ler depois da sua resenha.
Adoro livros que mesclam ficção com fatos históricos reais, para mim é um jeito divertido de aprender, pois adoro pesquisar, saber mais sobre aquilo que leio
Obrigada pela dica.
Beijos.