Cinco perguntas para Krishna Monteiro (autor de "O mal de Lázaro" e "O que não existe mais")

Entrevista, Krishna-Monteiro

 Olá pessoal, tudo bem com vocês? Faz tempo que não trago uma entrevista para o blog, né?! Pois bem, o post de hoje é para mudar isso. Lembram da minha resenha super empolgada sobre "O mal de Lázaro"? O autor do livro, Krishna Monteiro, super simpático e atencioso, aceitou responder algumas perguntas sobre o livro e sobre sua trajetória como escritor em uma pequena entrevista para ser publicada aqui no Pétalas de Liberdade! Eu não ia sossegar enquanto não descobrisse como ele teve a ideia para esse livro sensacional! Mas, antes das perguntas, confiram a sinopse do livro e se quiserem reler a resenha para entender o meu fascínio pela história, é só clicar aqui.

O-mal-de-Lázaro, Krishna-Monteiro
Numa trilha de terra, cruzando montanhas que conduzirão ao mar, a narradora vê a figura de um homem, a quem batiza de Lázaro. Doente e ferido, ele avança a passos lentos e é perseguido por uma multidão. 
A partir daí, o livro revela o drama de um homem que procurou se fechar ao mundo, mas que se viu forçado a confrontar vozes íntimas e dramas humanos. A história é contada pelos olhos de uma narradora cuja identidade é envolta em sombras que se clareiam em breves pistas ao longo da história.
Inspirado pelo poema “A máquina do mundo”, de Drummond, O mal de Lázaro é uma fábula sobre dor, sofrimento e redenção que conta, na prosa elegante e poética de Krishna Monteiro, a história de um homem que se abre para o mundo apenas para vê-lo desmoronar.

"Desenhas como quem segura firme uma recém-descoberta aldrava, sabendo estar agora em seu poder bater à porta - ou calar o som" (página 88)

CINCO PERGUNTAS PARA KRISHNA MONTEIRO

 1 - Quem é Krishna Monteiro? Apresente-se para os leitores do blog, nos conte um pouco sobre você.

 Nasci em 1973, no Paraná. Desde criança, sempre fui fascinado por histórias. A partir de um momento (creio que foi na adolescência), o gosto por ler histórias passou a ser acompanhado pela vontade de escrevê-las. Mas só comecei a escrever de fato a partir de 2008, trabalhando como diplomata e vivendo fora do Brasil. O distanciamento trouxe muitas memórias, permitiu olhar tudo de uma perspectiva mais ampla, o que gerou o livro de contos O que não existe mais, publicado em 2015, e o romance O mal de Lázaro, lançado em 2018. 


 2 - Como surgiu a ideia para escrever "O mal de Lázaro"?

 Sempre quis escrever uma história sobre a redenção de um homem confrontado pela doença e a morte, mas não sabia exatamente como tratar o tema. Até que um amigo me contou sobre a antiga crença de que os tuberculosos possuem uma audição muito mais apurada. E me veio assim a ideia: escrever sobre um homem totalmente fechado ao mundo, mas que, confrontado por uma doença que aguça sua audição, seus sentidos, é forçado a abrir-se, a ouvir. No processo de escrita do livro, troquei a tuberculose pela lepra, pois esta última possui uma simbologia mais densa em nossa cultura.


 3 - Como foi passar dos contos, narrativas mais curtas e, no caso de "O que não existe mais", baseados em suas memórias, para uma narrativa mais longa, como o romance "O mal de Lázaro"? Você considera que um foi mais difícil de escrever do que o outro?

 Foi um grande desafio. Escrever ficção pode ser comparado a criar um mundo com sua lógica e coerência próprias. Quanto mais longa a obra, mais desafiador será sustentar sua coerência interna, pois também haverá um número maior de variáveis para se manter sob controle. Escrever um romance é equivalente a planejar e realizar uma longa viagem. Qual percurso seguiremos? Que lugares vamos visitar? Quem iremos levar conosco? Quem encontraremos no caminho? Quais obstáculos? Como mudaremos ao longo do percurso? São todas essas perguntas que deveremos responder.   


4 - Quais seus autores ou livros preferidos e que você recomenda?

 Gosto muito de Guimarães Rosa, García Márquez, Virginia Woolf, Tolstói, Raduan Nassar, Isaac Bábel, Hemingway. Mas, se fosse citar/recomendar alguns livros para os leitores do blog, talvez preferisse não mencionar clássicos consagrados e sim algumas grandes obras pouco conhecidas, que me tocaram muito: Pai Patrão, do italiano Gavino Ledda, a história real de um camponês analfabeto da Sardenha que sonha ser escritor e que, lutando contra todas as dificuldades, escreve uma obra-prima; Bomarzo, do argentino Manuel Mujica Láinez, um romance sobre a vida de um duque do Renascimento italiano que descobre o segredo da imortalidade (um livro tão fascinante quanto Cem Anos de Solidão, de García Márquez); e A paixão, do português Almeida Faria, que inspirou Raduan Nassar a escrever seu Lavoura Arcaica.


5 - Qual dica você daria para quem sonha em ser escritor?

Ler muito. O processo de escrita é uma consequência natural da leitura, pois, lendo, absorvemos a técnica de outros escritores. E recomendaria também realizar cursos sérios de criação literária. Sei que é um tema polêmico, pois muitas pessoas julgam que a escrita de ficção não pode ser ensinada. Não creio que exista uma “fórmula” para se escrever, mas a compreensão de certos conceitos como diálogo, ação, cenário, arco dramático, ritmo narrativo, simbologia, entre outros, pode ajudar, e muito, a criar histórias originais e cativantes.



 E por hoje é só, agradeço ao Krishna pela atenção e espero que vocês tenham gostado de conhecer um pouquinho mais sobre o autor. Quem aí também já vai correndo procurar os livros que ele indicou?

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Até o próximo post!

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11 comentários

  1. Oi Maria. Não conhecia o autor ou os livros, mas achei super interessante a entrevista. É bacana quando conhecemos a cabeça por trás de uma história que gostamos tanto, como foi no seu caso com O Mal de Lázaro. Gostei muito, espero poder ler e gostar como você.


    Bjoxx ~ www.stalker-literaria.com

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  2. Oi Maria!

    Tudo bem? Não conhecia os livros ou o autor, mas adorei a entrevista e deu vontade de ler suas obras. Parabéns pela entrevista, ficou realmente incrível mesmo!

    Beijinhos - Jessie
    www.paraisoliterario.com

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  3. Já tinha visto o livro O mal de Lazáro, que me chamou atenção quando li uma resenha, mas nem de longe conhecia o autor. A entrevista me deu uma ideia bem mais clara sobre o livro, ainda mais por conhecer as recomendações do autor, só bons autores. Vou reforçar o título do livro, quero mesmo conhecer a escrita do autor.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com/

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  4. Olá amore,

    Não conhecia o livro e nem o autor, então pra mim foi tudo novidade.
    Parece se tratar de um livro bem intenso e reflexivo, anotei a dica por aqui.
    Gostei de conhecer tanto o livro como o autor.
    Arrasou!!!

    Beijokas!!!
    www.facesdeumacapa.com.br

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  5. Olá...
    Não conhecia o autor e nem as suas obras, mas adorei a entrevista é a forma na qual realizou as perguntas pois você conseguiu com sucesso apresentar um autor e nos deixar curiosos quanto ao seu trabalho.

    Achei o mesmo super simpático e atencioso e isso é sem duvidas alguma um carro chefe para o sucesso.

    Beijos

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  6. Olá!
    Que entrevista bacana. Legal ver e saber mais do processo criativo do autor.
    Conferi a resenha que você fez dessa obra e mesmo não sendo meu tipo de leitura gostei das suas considerações.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  7. Oie!

    Não conhecia nem o autor nem o livro, mas adoro essas entrevistas, pois elas sempre nos mostra um pouco do autor e nos faz sentir um pouco mais próximos dos criadores de histórias ótimas!

    Beijos
    Carol
    www.thereviewbooks.com.br

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  8. Oiiii,

    Adorei a entrevista! Não conhecia o autor e fiquei bem curiosa para conhecer O Mal de Lázaro, porque as motivações do autor me deixaram bem curiosa mesmo rs E é sempre legal conhecer um pouco mais dos autores nacionais porque dá uma abertura maior pra nossa literatura.

    Beijinhos...
    http://www.paraisoliterario.com

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  9. Oi.

    Acho que li uma resenha desse livro, mas não lembro onde. Bem legal poder conhecer o autor por detrás da história. É bem legal ver coisas sobre o autor, nos deixa ainda mais curiosa para conhecer suas obras.

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  10. Oi, Maria!
    Não conhecia o livro nem o autor, mas interessante saber um pouco sobre ambos com essa entrevista, parabéns por ela por sinal. Gostei da analogia que ele fez sobre escrever um livro ser como planejar uma viagem, como autora eu vejo muita verdade nisso mesmo, por vezes construir histórias e personagens pode nos render surpresas no percurso dela como numa viagem às vezes acontece realmente. Muito bacana, e obrigada pela dica da leitura ao mesmo tempo!
    Beijos,
    Sâmmy

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  11. O bom de entrevistas é conhecer esse outro lado, o do autor. Deve ser interessante a profissão de diplomata e de quebra, o de escritor.
    O conceito dos livros também foi algo que achei bem interessante e concordo que uma boa aula para aprender pontos de como escrever é algo bem positivo. Enfim, amei a entrevista.

    Beijos
    http://ventoliterario.blogspot.com

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