Resenha: livro "Branca como o leite, vermelha como o sangue", Alessandro D'Avenia

 Olá, pessoal, como estão? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Branca como o leite, vermelha como o sangue", escrito pelo italiano Alessandro D'Avenia e publicado no Brasil pela Editora Bertrand em 2012.

Resenha: livro "Branca como o leite, vermelha como o sangue", Alessandro D'Avenia

 "E assim o ano escolar se apaga como um fogo de artifício. Este ano durou uma vida. Nasci no primeiro dia de aula, cresci e envelheci em apenas duzentos dias."

 O narrador é Leo, um garoto italiano de dezesseis anos, a quem acompanharemos durante todo um ano escolar.

 Leo gosta de jogar futebol no time do colégio e de acelerar sua motoneta pelas ruas. Ele tem dois melhores amigos: Niko, colega de futebol, e Silvia, uma garota que sempre lhe ajuda. Esses dois amigos entendem que Leo tem uma ligação diferente com as cores, como elas são importantes para ele, especialmente o branco e o vermelho: o branco que lhe dá medo, que é o nada, o vazio, e o vermelho que é a vida, a força.

 Leo experimentará o amor pela primeira vez. Ele se apaixonará por Beatriz, uma garota ruiva do colégio, e tentará se aproximar dela. Porém, Leo descobrirá que Beatriz está doente, e essa descoberta causará muitas transformações no personagem.

 "Sim, um dia destes digo a Beatriz que ela é a pessoa feita especialmente pra mim e eu pra ela. Isto mesmo, não tem saída: quando ela perceber, tudo vai ser perfeito, como nos filmes. Só preciso encontrar o momento adequado e o penteado certo. Porque acho que tudo é principalmente um problema de cabelos. Eu só cortaria os meus se Beatriz me pedisse. Mas e se depois eu perco as forças, como aquele sujeito da história? Não. O Pirata não pode cortar os cabelos. Um leão sem juba não é um leão. Não é à toa que meu nome é Leo."

 "Branca como o leite, vermelha como o sangue" pode ser considerado um romance de formação, onde vemos o amadurecimento do protagonista. No início, Leo é um garoto que só quer se divertir, sempre falando palavrão, fazendo bagunça e não gostando muito de estudar. Aí, ele experimentará o amor por Beatriz e a sensação de achar que não é correspondido. Depois, virá a revolta ao ver que ela, tão jovem, pode não se recuperar, mesmo com todo o amor dele. Em meio a tudo isso, há um professor, a quem Leo apelida de O Sonhador, e que lhe inspirará com seus ensinamentos. E também tem Silvia, que está sempre ali, ao lado dele, além da família. A história retrata as dificuldades da adolescência, a busca para encontrar seu lugar no mundo e aprender a lidar com os próprios sentimentos.

 Peguei o e-book para ler no Kindle Unlimited meses atrás, mas agora ele não está mais disponível, apenas no formato físico. O Alessandro D'Avenia é autor de "O que o inferno não é", um dos meus livros favoritos, e por isso eu quis ler outro título do escritor. Talvez por eu ter achado "O que o inferno não é" tão maravilhoso, "Branca como o leite, vermelha como o sangue" não tenha me tocado tanto. Talvez tenha sido pelo fato de ser difícil gostar do Leo no início, por ele ser um garoto rebelde sem causa, boca suja, meio agressivo, que não sabeia lidar direito com os próprios sentimentos e as dificuldades da vida. Ressalto que ele muda com o passar do tempo. Tive uma amiga que passou por algo parecido com o Leo: gostar de alguém que padece pela leucemia, então sei o quanto a situação é difícil.

 Se "Branca como o leite, vermelha como o sangue" tivesse sido o primeiro livro do Alessandro D'Avenia que li, certamente poderia ter curtido mais ele. Acredito que a obra para a qual dei 3 estrelas possa ganhar 5 estrelas de outros leitores, que não estejam tão marcados pela lembrança de "O que o inferno não é" e que gostem de romances de formação.

 Detalhes: 368 páginas, ISBN-13: 9788528615050, Skoob, tradução: Joana Angélica d'Avila Melo. Curiosidade: a obra foi adaptada para o cinema em 2013, vale a pena ouvir duas músicas citadas no livro: Aria, de Gianna Nannini e Talk, do Coldplay . Clique para comprar na Amazon:

 Minhas citações favoritas:

"Mas por que sou assim? Perco o controle. Não sei ficar sozinho. Preciso de... nem mesmo eu sei de quê. Que raiva! Em compensação, tenho um iPod. Pois é, porque quando você sai e sabe que na escola te espera um dia com gosto de asfalto empoeirado e em seguida um túnel de tédio entre deveres de casa, pais, cachorro, e depois tudo de novo, até que a morte os separe, somente uma boa trilha sonora pode te salvar. Você gruda na cabeça dois fones de ouvido e entra em outra dimensão. Entra na emoção da cor certa. Se preciso me apaixonar: rock melódico. Se preciso recarregar as baterias: puro heavy metal. Se preciso me excitar: rap e umas músicas bem pesadas, cheias de palavrão. Assim não fico sozinho: em branco. Tem alguém que me acompanha e dá cor ao meu dia."

"Já eu, tem dias em que nem sairia de casa. Me sinto tão feio que seria capaz de me entrincheirar no quarto, sem me olhar no espelho. Branco. Com a cara branca. Sem cor. Que tortura! Tem dias, ao contrário, em que estou vermelho. Onde é que se acha um garoto assim? Enfio a melhor camiseta, os jeans que me caem bem e sou um deus: Zac Efron poderia ser no máximo meu secretário."
"Graças à liberdade, podemos nos transformar em algo diferente daquilo que somos. A liberdade nos permite sonhar, e os sonhos são o sangue da nossa vida, ainda que muitas vezes custem uma longa viagem e umas bordoadas."
"— A história é um caldeirão cheio de projetos realizados por homens que se tornaram grandes por terem tido a coragem de transformar seus sonhos em realidade, e a filosofia é o silêncio no qual esses sonhos nascem. Ainda que às vezes, infelizmente, os sonhos desses homens fossem pesadelos, sobretudo para quem pagou o preço. Quando não nascem do silêncio, os sonhos se tornam pesadelos. A história, junto com a filosofia, a arte, a música, a literatura, é o melhor modo de descobrir quem é o homem. Alexandre o Grande, Augusto, Dante, Michelangelo... todos esses foram homens que apostaram sua liberdade na busca do melhor e, ao mudarem a si mesmos, mudaram a história. Nesta sala, talvez estejam o próximo Dante ou o próximo Michelangelo... Talvez possa ser você!"
 "Os professores não têm uma vida real fora da escola. Fora da escola, não existem."
 "Os filhos dos professores são sempre um mistério, porque você nunca sabe se eles têm filhos normais: certamente dão aula aos coitados desde a manhã até a noite! Deve ser um desastre..."
 "Não consigo adormecer. Estou apaixonado, e, quando você está assim, o mínimo que pode lhe acontecer é não dormir. Até a noite mais negra fica vermelha. Em sua cabeça se amontoa uma tal quantidade de coisas que você tem vontade de pensar em tudo ao mesmo tempo e o coração não consegue se acalmar. E é estranho, porque tudo te parece bonito. Você vai levando a mesma vida de todos os dias, com as mesmas coisas e o mesmo saco cheio. Aí se apaixona, e essa mesma vida se torna grande e diferente. Você sabe que vive no mesmo mundo de Beatriz: então, o que me importa se me dei mal na arguição, se o pneu da motoneta furou, se Terminator quer fazer xixi, se cai um toró e você não tem guarda-chuva? Não importa, porque você sabe que essas coisas passam. Mas o amor, não. Tua estrela vermelha brilha sempre. Beatriz está ali, o amor está dentro do teu coração e é grande, te faz sonhar e ninguém pode arrancá-lo de você, porque ele está num lugar aonde ninguém pode chegar. Não sei como descrevê-lo: espero que não passe nunca."
 "Decididamente, os adultos estão no mundo para nos lembrar dos medos que nós não temos. São eles que têm medo."
 "Não tenho nada a dizer, porque, quando não existe o amor, as palavras acabam."
 "Odeio o Sonhador, porque ele me ferra sempre, me desperta a curiosidade.
 A ignorância é a coisa mais confortável que eu conheço, depois do sofá da minha casa."
 "Queimar os sonhos é o segredo para abater definitivamente os inimigos, para que não encontrem mais a força de se reerguer e recomeçar. Para que não sonhem as coisas bonitas de suas cidades, das vidas dos outros, não sonhem as histórias dos outros, tão cheias de liberdade e de amor. Não sonhem mais nada. Se não permitir que as pessoas sonhem, você as escraviza. E eu, saqueador de cidades, agora só preciso de escravos para reinar tranquilo e imperturbado. E, assim, não deixo permanecer palavra sobre palavra, mas apenas a cinza branca dos sonhos antigos. Essa é a destruição mais cruel: roubar os sonhos das pessoas. Campos de concentração cheios de homens incinerados junto com seus sonhos. Nazistas ladrões de sonhos. Quando você não tem sonhos, rouba dos outros, para que eles também não os tenham. A inveja te queima o coração e aquele fogo devora tudo..."
 "O medo é branco. A coragem é vermelha."
 "O Sonhador diz que, quando a gente se entedia, é porque não está vivendo o suficiente."
 "Os sonhos colorem qualquer branco."
 "Meu pai está dizendo coisas incríveis. Parece filme. Exatamente as palavras de que preciso. Me pergunto por que ele não fez isso antes. E a resposta chega pontualmente, sem que eu tenha formulado a pergunta.
— Agora compreendo que você está disposto a arriscar um ano por aquilo que lhe importa, e tenho certeza de que não é uma besteira qualquer."

 Por hoje é só, espero que tenham gostado do post. Me contem: já leram esse ou outro livro do autor? Gostam de romances de formação?

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Até o próximo post!
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