TAG Experiências Literárias, unboxing e preconceito literário [SoSeLit #05]

 Olá pessoal, tudo bem? No mês de maio, o clube de assinaturas TAG Experiências Literárias enviou para seus associados na modalidade Curadoria o livro "Tempo de Migrar para o Norte", escrito pelo sudanês Tayeb Salih, indicação do curador Milton Hatoum. Aperte o play para conferir o vídeo onde abro a caixa, mostro o brinde do mês e as informações contidas na revista (também conto sobre o brinde especial que virá em julho):



Tempo de Migrar para o Norte, Tayeb Salih, ISBN-13: 9788542212488, 176 páginas. Sinopse: Neste romance conta-se a história das viagens e visões de Mustafa Said que se encontra dividido entre dois continentes. Mustafa Said é órfão de pai e quando jovem abandona a mãe e parte para Londres onde se destaca profissionalmente. Mas a visão dos britânicos sobre o continente africano e sua própria condição de expatriado são motivos que causam revolta e decepção em Mustafa.



 Com a loucura que foi o VEDA, acabei não postando aqui no blog sobre o kit de abril, só postei o vídeo lá no canal, então, confiram o que veio no mês passado:



The Underground Railroad - Os Caminhos para a Liberdade, Colson Whitehead, ISBN-13: 9788595082953, 320 páginas. Sinopse: Cora é escrava em uma plantação de algodão da Geórgia, na década de 1800. Ela não conhece outra vida mas, diferentemente de seus companheiros, ela ousa sonhar com a liberdade. Quando Caesar, um escravo recém-chegado da Virgínia, conta a ela sobre um caminho de fuga do sul para o norte do país, eles decidem correr o risco. 
Na concepção fabulosa de Colson Whitehead, a ferrovia subterrânea não é uma metáfora, mas uma rede secreta de trilhos, condutores e túneis intricados, espalhados pelos Estados Unidos.

 Associe-se pelo meu link de indicação e ganhe R$35,00 para usar na loja exclusiva para assinantes: https://taglivros.com/associe-se/escolha-sua-caixinha?codigo_indicacao=MARRESUA.

 Agora que já mostrei os kits dos últimos meses, venho falar sobre o infográfico infeliz (abaixo) que a TAG enviou por e-mail mostrando as diferenças entre suas duas modalidades (Inéditos e Curadoria) e que levantou discussões volta e meia presentes no meio literário, onde sempre aparece algum tolo arrogante querendo criticar os livros que outra pessoa lê. Episódio que eu e outros blogueiros literários resolvemos trazer como tema da nossa blogagem coletiva do SoSeLit de maio.



 O infográfico coloca claramente de um lado, os clássicos como livros maçantes e que fazem pensar, e do outro, os best-sellers como young adults e chicklits como livros que não exigem muita concentração, não fazem pensar e destinam-se à leitores inciantes, algo de que discordo fortemente.

 Infográficos como esse servem apenas para aumentar o preconceito literário, e a gente sabe que preconceito não traz nada de bom. Ter preconceito com livros que entram para os mais vendidos logo após o lançamento e criticar quem os lê como se esse leitor fosse inferior ao leitor que só lê clássicos do século dezenove só mostra a soberba de quem despreza o que é popular e não exclusivo ou elitizado (lembrando que com a baixíssima média de leitura do brasileiro, a leitura chega a ser denominada como algo da "elite").

 É inegável o preconceito que os clássicos também sofrem, espantando leitores que os consideram livros chatos e maçantes. Ainda assim, já vi relatos de pessoas que nunca tinham lido um livro sem ser os da escola, e resolveram começar logo por Guerra e Paz, romance do russo Lev Tolstoi numa edição com mais de mil páginas, e assim criaram o hábito de ler. Hábito que também nasceu em pessoas que tiveram Crepúsculo ou Cinquenta Tons de Cinza como primeira leitura.

 Se Crepúsculo e Cinquenta Tons de Cinza (garanto que há livros mais problemáticos que o do Grey) continuarão a ser lembrados nos próximos séculos, é alo que não estaremos vivos para descobrir. Mas acho que vale lembrar que nem todos os livros publicados na época do Tolstoi são lidos até hoje, e que Harry Potter, rejeitado por várias editoras, está há duas décadas conquistando leitores.

 A própria TAG Curadoria, que não envia exclusivamente clássicos e faz um trabalho importantíssimo ao trazer diversidade para as estantes brasileiras, é vítima de preconceito literário. Nos posts onde mostro os livros enviados, recebi vários comentários de leitores dizendo que não curtem o estilo de livros enviados pelo clube. Mas que estilo é esse? Livros de autores de diferentes cantos do mundo, de diferentes décadas, a autobiografia de uma cantora, um livro de contos, uma história sobre pessoas de religiões diferentes atravessando o deserto numa caravana não pertencem ao mesmo gênero nem ao mesmo estilo literário.

 O problema são os rótulos, a divisão, o julgamento antes de ler, o preconceito.

 Leio de tudo e raramente rotulo um livro em minhas resenhas como recomendado apenas para um público, pois um romance policial ou um romance de época podem ser igualmente boas leituras para um mesmo leitor. Obviamente, se pedirem sugestões de romance policial, não indicarei um romance de época, assim como não indicarei um livro erótico para uma criança. Não diria para um leitor que está começando a ler, que ele não é capaz de apreciar um clássico; acredito que quando estamos descobrindo o prazer da leitura, é a fase onde somos mais abertos ao novo e ao diferente, ainda que um maior vocabulário ou repertório de referências pode mudar a forma como vemos uma história.

 Em segundos no Google se encontra a definição do que é literatura (algumas definições: 1. lit uso estético da linguagem escrita; arte literária. 2. lit conjunto de obras literárias de reconhecido valor estético, pertencentes a um país, época, gênero etc. 3. p.ana. conjunto das obras científicas, filosóficas etc., sobre determinada matéria ou questão; bibliografia. 4. ofício, trabalho do profissional de letras. 5. conjunto de escritores, poetas etc. que atuam no mundo das letras. 6. disciplina escolar composta de estudos literários.), e menosprezar o colega que lê romances eróticos, thriller, young adults ou chicklits não vai ajudar em nada a promover a leitura no país.

 Cada livro pode acrescentar algo ao leitor, uma palavra nova, um lugar, uma música... Assim como Agatha Christie pode alertar sobre sinais de envenenamento, "Tudo e todas as coisas" cita o que é limerique, "Divina Essência" relembra um antigo costume dos casamentos ingleses, "Meu coração e outros buracos negros" apresenta um tipo de pimenta (além da conscientização sobre o suicídio). E dentro do mesmo nicho, por exemplo, o dos romances de época, há uma diversidade enorme (ambientação no Brasil, Inglaterra, Escócia, foco nas diferenças entre países, conflitos entre aristocratas e burgueses, pano de fundo envolvendo guerras...).

 Enfim, o assunto renderia parágrafos e mais parágrafos, e para não me estender ainda mais, fica o meu pedido para que pensemos mais antes de despejar os nossos conceitos prévios disfarçados de opinião. Precisamos propagar a leitura, não desmotivá-la com a falsa preocupação com o colega que não lê "livro de qualidade", sendo que o que é bom hoje pode não ser o mesmo de séculos atrás ou da próxima década. Espero que tenham gostado do post de hoje.

 ♥ Conheça os demais participantes da SoSeLit: Eu InsistoMy Dear LibraryLa OliphantUm Metro e Meio de LivrosLivro LabYara GuezBarda LiteráriaColeções Literárias.

Até o próximo post!

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20 comentários

  1. Gostei dos kits, bem bonitos.
    Sobre a questão do preconceito literário, só posso dizer que me entristece ver leitores julgando outros por terem um gosto diferente e concordo com todas as palavras que você colocou no texto, todo livro acrescenta mesmo algo ao leitor e espero que um dia o ser humano supere essa triste condição de sempre querer julgar o outro.

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  2. Olá,
    Você mencionou pequenos aprendizados em livros e lembrei de algumas cosias que aprendi com livros que ninguém dava muito por ele. Acho sempre interessante descobrir algo assim, mesmo que seja uma curiosidade é algo que acrescenta nas nossas vidas.

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  3. Eu tinha um ódio gigante do ex-namorado da minha irmã porque ele adorava falar que e o que eu lia ele nem considerava livro. Cheguei a dar uma livrada na cara dele. Ele é o tipo de leitor que lê um clássico por ano e se sente melhor que todos os outros leitores. Odeio isso. Eu leio o que quero ler e, quando me pendem indicação de livro, eu tento indicar coisas condizentes com a idade da pessoa, seus gostos e o quanto a pessoa gosta de ler.

    Vidas em Preto e Branco

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  4. Gostei dos livros enviados, principalmente o de abril! Nossa, odeio preconceito literário! Eu sou aberta a muitos gêneros, porém alguns eu geralmente não leio, por não gostar! Mas, se o outro gosta, eu tenho que respeitar isso! Não vejo porque implicar com os outros e nem se achar melhor, pois o importante é fazer a leitura e não qual livro foi lido!

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  5. Preconceito literário é o cancer do nosso universo... Simplesmente triste alguém te julgar só porque você curte best sellers ou livros que, segundo a sociedade, são "jovens demais" pra gente... Como eu tenho paciência 0, já mando tomar naquele lugar e sigo minha vida. Afinal, quem tá pagando e lendo não sou eu?
    Se a pessoa não tem a mente aberta e não entende que as pessoas tem gostos diferentes, então sinto muito, não serei eu a ensinar isso pra ela.

    E adorei o post, e conhecer um pouco mais sobre a TAG. Já ouvi muito falar dela mas infelizmente não tenho condições de bancar um box. Quem sabe daqui um tempo, quando eu estiver melhor financeiramente? ^^

    Xoxo,
    Abby
    Blog Linhas Tortas

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  6. Oi Maria
    Vi seus vídeos, e adorei essa tag. Lindos os livros e os brindes.
    Sobre o preconceito, não tenho nenhum, sou do tipo que leio de tudo, e depois dou a minha opinião, nunca falo nada antes de ler, independente do gênero e ano, leio sem preconceito e fico triste por acontecer sempre o contrário. Muitos não dão nem chance a obra e ainda fala mal de quem gosta, fala e divulga seus gostos.
    Triste isso.
    Bjus

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  7. Eu tenho vontade de assinar a TAG, mas infelizmente por enquanto não tenho condições de assumir esse compromisso. Porém acompanhei a polemica desse infográfico e fiquei chocada com a interpretação que eu fiz. Achei que não souberam usar as palavras e acabaram rotulando.. foi infeliz da parte de quem desenvolveu a campanha (mais triste ainda pq tenho ctza de que passou por outras pessoas antes de se aprovado). Eu amo YA... acho que um dos estilo que mais ando lendo (mesmo fugindo da idade do público alvo), mas isso pq gosto dos temas e da forma como eles são discutidos: de forma direta ..

    É triste saber que pessoa tem preconceito com esse tipo de coisa.
    Eu fico é feliz em encontrar alguém lendo, independentemente do gênero..

    Beijos
    Sai da Minha Lente

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  8. Oi Maria, essa assinatura nunca me chamou a atenção, acho os livros escolhidos por eles, bem chatinhos, mas as edições são lindas, esta nova modalidade, Inéditos, me despertou um pouco de curiosidade, mas ainda não foi o suficiente para eu assinar.
    Bjos
    Vivi
    http://duaslivreiras.blogspot.com.br/

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  9. Eu tenho vontade de assinar a tag, mas acho um valor muito alto. Enfim, eu vi algumas postagens na internet sobre o infográfico e fiquei surpresa que ele tenha sido aprovado.

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  10. Realmente esse é um assunto que rende muita discussão, principalmente porque o conceito de literatura é muito amplo dentro do próprio genero, no mais, A TAG segue fazendo um trabalho incrivel e atraindo muitos leitores.

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  11. Oiii Maria

    As caixinhas são bonitas, mas confesso que não sei porquê esas caixas literárias tão em moda hoje em dia não me chamam ainda a atenção... Acho que pra quem curte uma surpresa é uam boa pedida, mas eu, na verdade, me sinto mais atraída em visitar livrarias e comprar...rsrs Gostei do primeiro livro, eu amo esse tema da imigração, das diferenças culturais, é um assunto bem atual que vale a pena ser refletido. Aliás, achei o livro uma boa dica. Preconceito literário é algo triste, fala sério. Ultimamente ha muito debate sobre essa questão dos YA´s e gente, em um país onde quase ninguém ler, alguém vir ainda querer criar preconceito com gêneros de livros e tals é no minimo absurdo e feio.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  12. Adorei os kits, são de muito bom gosto e achei de ainda mais bom gosto o tema da blogagem coletiva,um assunto muito válido e extremamente necessário em nosso meio.
    Quanto ao livro, fiquei bem curiosa com Os caminhos para liberdade, então vou adorar conferir a sua opinião sobre ele, quando ler nos conte.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com/

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  13. Olá Mari,

    Eu sou assinante da TAG livros também. Assino a tag curadoria a mais de um ano e comecei com a ineditos mas não vou continuar. Também não concordo com os estereótipos que ele estão colocando, porém entendo que a intenção deles é de conquistar novos leitores e tentaram explicar tanto a diferença dos clubes que acabaram se enrolando. Mas adorei a iniciativa de vocês. Discussão super válida.

    Parabéns....
    www.blogancoraliteraria.blogspot.com.br

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  14. Olá!
    Achei interessante a postagem, é um assunto que dá pra levar a bons embates. Não acompanho a TAG, mas achei super esclarecedor seu texto.
    Acho que não consigo adquirir essas caixas por mais que alguns brindes sejam lindos, sou do tipo que gosta de comprar o que me atrai para leitura, sem definir um gênero e detestaria receber um livro que não teria vontade de ler.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  15. Adorei o post, fiquei sabendo da revolta que causou em muitas pessoas esse tempo atras sobre a tag. Eu sou uma leitora hoje apaixonada por livros por causa da tão atacada saga crepúsculo, lembro de ser ridicularizada na escola por ler a saga, era um saco.
    Adorei o post.

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  16. Oi, tudo bem? Gostei do primeiro livro, porque fala sobre racismo e condição social. Eu sou zero adepta a esse tipo de elitismo e, depois dessa polêmica, eu fiquei com ainda mais "ranço", sabe? Porque, claramente, é uma marca que trata a literatura como luxo e pior: acha que pode distanciar ainda mais as pessoas da leitura. Eu não entendo o porquê essa exclusividade num troço que deveria ser acessível, nem sei se é apenas status.
    A sua reflexão é muita pertinente, porque, independentemente do gênero do livro, há sempre o que aprender. Essa categorização ridícula me lembra os Estudos Culturais com o embate Cultura versus cultura. Uma pena.

    Love, Nina.
    www.ninaeuma.blogspot.com

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  17. Adorei as caixinhas, amo caixinhas literárias. Já assinei duas vezes a do Livros e Citações e amei! Espero assinar essa em breve..
    Sobre o preconceito literário, isso é extremamente horrível e que incomoda. Muitos dizem que leitores têm a cabeça aberta, mas isso não cabe a todos - infelizmente -, pois até no meio literário existe essas coisas terríveis. Ou seja, ler livros não te muda, se você não está disposto a mudança..
    Gostei muito do seu post, beijos!

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  18. Olá!
    Eu vejo sempre muitas pessoas assinando essas caixas literárias, mas eu mesma fico um pouco com o pé atrás, não sei bem porquê.

    Sobre o lance da Tag, eu acho que foi um plano de marketing muito infeliz e mal cuidado. Eles simplesmente poderiam ter colocado no Para quem enviar: PARA QUEM GOSTAR DE LER! Simples, amplo... Leitura também é um risco. Afinal, não é todo o clássico que é "maçante" e não é todo YA que é "leve e cativante". Fala sério, né? E ainda classificando os leitores. Foi muita mancada.
    Bjs
    Lucy - Por essas páginas

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  19. Oie!
    Ah, eu nunca tive vontade de assinar a TAG por conta dos livros que enviam, e oa brindes são mínimos. Agora, piorou. Quero nem de graça! Uma falta de respeito sem tamanho com os leitores!

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  20. Olá, tudo bem? Acompanhei a polêmica assim que a TAG colocou este infográfico, e acho que mais que rotular os livros, o complicado é rotular os leitores. Exatamente como você falou, uma pessoa que lê clássico pode se interessar por uma fantasia ou vice-versa. Rotular livros como menos pensante, mais maçante são algo que não se deve fazer para não encaixar leitores em categoria. Ao meu ver uma "grande" empresa como a TAG, devia te um cuidado grande sobre estas informações passado. É fato, que isso levanta uma discussão de décadas e décadas entre o meio literário. Bom assunto para ser trabalhado!
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com.br

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