Resenha: livro "O Senhor das Moscas", William Golding

 Olá pessoal, tudo bem? No post de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "O Senhor das Moscas", escrito pelo inglês William Golding. A obra foi publicada originalmente em 1954, e eu li na edição da 2003.

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 Pelo que deduzi através da menção de uma bomba atômica, acredito que a história se passe na época da Segunda Guerra Mundial. O avião que transportava um grupo de garotos britânicos pegou fogo e caiu numa ilha, o piloto não sobreviveu. Ralph tinha por volta de doze anos, e acabou se tornando o líder do grupo de meninos, a maioria tinha quase a idade dele, outros eram bem pequenos, com cerca de seis anos.

 "- Ninguém sabe onde estamos - disse Porquinho. Estava mais pálido do que antes e sem fôlego. - Talvez soubessem para onde iríamos, talvez não. Mas não sabem onde estamos, pois nunca chegamos aonde íamos." (página 39)

 Ralph tinha como plano fazer e manter acesa uma fogueira para que a fumaça pudesse chamar a atenção de algum navio que passasse por perto da ilha, mas parte do grupo só pensava em brincar ou em caçar porcos para comer carne. Porquinho, um garoto gordinho, era um dos poucos que ficava firme ao lado de Ralph no intuito de manter regras básicas de convivência.

 Mas rumores de que havia um monstro na ilha estavam deixando os garotos preocupados, causando pesadelos e medo. E quando seu posto de liderança fosse ameaçado por Jack, um garoto que era o líder dos caçadores, a situação se complicaria ainda mais. Será que Ralph conseguiria manter seu grupo unido e sem perder a sanidade?

 "Tudo ficou quieto outra vez.
 Porquinho falou baixinho para Ralph.
 - Precisamos sair daqui.
 - O quê?
 - Precisamos ser salvos.
 Pela primeira vez nesse dia, apesar da escuridão dominante, Ralph riu.
 - É sim - cochichou Porquinho. - Se não voltarmos logo para casa, ficaremos loucos." (página 181)

 Eu já havia lido alguns comentários negativos sobre o livro, e quando o consegui emprestado, comecei a leitura com um certo pé atrás. A obra demorou um pouco para me cativar, mas cheguei ao final completamente vidrada, sem vontade de largar a leitura. A história vai ganhando um ritmo ágil com o decorrer dos capítulos, além de irmos nos acostumando com a escrita do autor.

 Mesmo agindo por instinto em busca da sobrevivência, fica muito visível ao longo da leitura que aquele grupo de garotos são só crianças, que eles sentem muita falta de uma figura adulta, que lhes diga que seus medos são preocupações bobas e que tudo vai ficar bem.

 O livro também nos lembra de como podemos perder a nossa identidade quando estamos em grupo. Possivelmente vocês já presenciaram algum momento em que alguém teve um comportamento motivado pelo grupo, e não exclusivamente por seu próprio pensamento (uma vaia, por exemplo, começa com uma pessoa e se espalha pelo grupo; ou um linchamento, onde uma pessoa sozinha talvez não partisse para a agressão; ou ainda uma fantasia de carnaval, que dá ao fantasiado a coragem para fazer coisas que não faria sem a fantasia). Pouco a pouco, vemos como os meninos vão deixando de lado a "civilidade", tornando-se "selvagens", para seguir algo que lhes dê uma segurança imediata.

 Valeu a pena ler "O Senhor das Moscas" para conhecer um clássico que volta e meia é comentado, gostei mais do que esperava. Duas ou três cenas podem ser bem chocantes, mas é possível perceber que elas também chocaram os envolvidos, e que eles lidavam de formas diferentes com o acontecido, alguns tentando fingir que não existiu. É um livro curto, podendo ser lido em pouco tempo. Confesso que temia o desfecho, mas gostei da forma como o autor finalizou a obra, ainda que me sinta curiosa para saber como alguns personagens estariam depois do capítulo final.

 "A maré subia e só havia uma estreita faixa de praia firme e entre a água e a areia branca e solta perto do terraço de palmeiras. Ralph escolheu o caminho da faixa firme porque precisava pensar: só ali ele podia deixar os pés avançarem sem precisar olhar para eles. De repente, caminhando à beira da água, sentiu-se tomado de espanto. Descobriu que compreendia o aborrecimento daquela vida, onde todo caminho era improvisado e uma parte considerável do tempo em que se estava desperto era passado olhando onde pisar. Parou, de frente para a praia, lembrando-se daquela primeira exploração entusiasmada, como se fizesse parte de uma infância mais brilhante, e sorriu sarcasticamente. Virou-se e retrocedeu até a plataforma, com o sol no rosto. Chegara a hora da reunião e enquanto caminhava, envolto nos esplendores cada vez mais decadentes de sol, reviu cuidadosamente os pontos da sua fala. Não deveria haver erros nessa reunião, nada de perseguir coisas imaginárias...
 Perdeu-se num labirinto de pensamentos que não se definiam - faltavam-lhe palavras com que os pudesse expressar." (página 85)

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 Essa edição tem capa dura, páginas brancas, boa revisão e diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho. Por hoje é só, espero que tenham gostado do post. Me contem se já conheciam, leram ou querem ler "O Senhor das Moscas"?

 Detalhes: 217 páginas, Skoob. Curiosidade: na Wikipédia, consta que “O Senhor das Moscas” é uma tradução literal do nome hebraico de Ba'alzevuv, ou Beelzebub em grego. Clique para comprar na Amazon.
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Até o próximo post!

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8 comentários

  1. Terminei de ler recentemente esse livro, estava bastante curioso pois vi um vídeo da ju do canal nuvem literária falando super bem dele. Minhas expectativas foram bem atendidas, foi bem mais do que eu esperava. O livro é muito realista e da pra se relacionar várias coisas que acontecem nele com a própria natureza humana. Eu me identifiquei em vários momentos com a sua resenha. O ritmo que o livro ganhou foi sensacional, fora que a gente não faz ideia do que vai acontecer e fica com medo do final.

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  2. Oi Mari,
    Já ouvi falar muito desse livro, e confesso que carrego a minha curiosidade, mas assim como você sempre vejo críticas negativas e acabei ficando com um pé atrás também. Mas sua resenha despertou minha curiosidade e a esperança de que eu posso sim gostar. Amei, obrigada por compartilhar sua opinião.

    beijokas

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  3. Adoro livros que são narrados ou que contam a história de crianças. E ainda se passa na Segunda Guerra Mundial!
    Mas mesmo com todas essas coisas que eu adoro, a resenha em si não me cativou muito. Acho que é porque no momento eu estou numa outra vibe de leitura, e esse livro não está nela. Mas sua escrita é ótima, parabéns!

    Xoxo,
    Abby
    Blog Linhas Tortas

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  4. Esse é um dos clássicos que está na minha lista de desejados!
    Essa edição ficou linda e gostei de saber que o livro te surpreendeu positivamente. Fico mais animada!!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  5. Olá,

    Volta e meia, vejo esse clássico em alguma rede social, confesso que por mais bem elogiado que ele seja, não me sinto inclinada a fazer a leitura. Me parece ser uma história interessante, só que não consigo concluir clássicos.

    Beijos,
    oculoselivrosblog.blogspot.com.br/

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  6. Olá,
    Ah nossa já super ouvi falar deste livro, e concordo é um classico. Parece ser o tipo de livro que com certeza eu iria gostar. Gostei de entender mais da história pela sua resenha!

    Debyh
    Eu Insisto

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  7. Olá, tudo bem? Apesar de ser um clássico, acredita que não conhecia o livro? Gostei da sua resenha e que bom que sua opinião vá contrária da maioria. Fiquei bem curiosa. Suas fotos estão lindas! Ótima resenha <3
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com.br

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  8. Olá eu não me lembro se já ouvir falar desse livro, mais ele não me parece que faz o meu gosto literário e por mais que tenha gostado da resenha passo a dica

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