Resenha: livro "Extraordinário", R. J. Palacio

   Olá pessoal, tudo bem? Para finalizar o ano, nada melhor do que uma resenha de um livro que faz jus ao nome: "Extraordinário", da autora R. J. Palacio, publicado no Brasil pela editora Intrínseca.
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   "Extraordinário" é dividido em partes, cada parte dividida em pequenos capítulos. A história é contada do ponto de vista de vários personagens.
   August Pullman, apelidado de Auggie, tem dez anos e, por causa de uma síndrome rara, nasceu com uma deformidade facial que o fez passar por diversas cirurgias. O fato de Auggie estar vivo é praticamente um milagre, depois de tantas intervenções cirúrgicas e tanto tempo no hospital. Mas Auggie sempre teve o apoio dos pais e de sua irmã, Via.
   Aos 10 anos, os pais de Auggie decidem que é a hora de tentar colocá-lo na escola, já que, até então, ele estudava em casa. Auggie é matriculado no quinto ano. Se já não é fácil ser um alundo novo, é ainda mais difícil ser um aluno novo com um rosto nada comum.
   "A questão é que, quando eu era pequeno, nunca me incomodava em conhecer outras crianças porque todas elas também eram pequenas. O legal de crianças pequenas é que elas não dizem coisas para tentar magoar você e, mesmo que às vezes façam isso, não sabem o que estão falando. Quando elas crescem, por outro lado... sabem muito bem o que estão dizendo." (página 27)
   Auggie sofre e precisa enfrentar o preconceito dos outros alunos e pais de alunos, pessoas que não aceitam que ele se aproxime pelo simples fato de ele ter um rosto diferente. Mas Auggie também consegue encontrar amizades verdadeiras e pessoas boas; mostrar o quanto ele é extraordinário no melhor sentido da palavra.
   "Quem diria que o fato de eu me sentar com o August Pullman no almoço teria tanta repercussão? As pessoas agem como se essa fosse a coisa mais esquisita do mundo. É estranho como as crianças podem ser estranhas.(...)
   Então simplesmente fui até lá e me sentei. Nada de mais. Queria que as pessoas parassem de tentar fazer parecer grande coisa.
   Ele é só um garoto. O garoto mais estranho que já vi, é verdade. Mas só um garoto." (página 127)
   Por ser contado por vários personagens, o livro nos mostra também o impacto que uma criança com necessidades especiais causa em uma família e em um grupo. Por exemplo, Via, a irmã mais velha de Auggie, teve que aprender desde muito pequena a resolver seus problemas sozinha e a não cobrar tanto de seus pais. Não foi fácil para uma garota tão nova viver sabendo que não seria a prioridade dos pais (e olha que os pais de Via e Auggie eram muito legais).
   "— Amo muito, muito o August — disse ela, baixinho. Ainda me lembro de seu sotaque, ela era brasileira e carregava nos erres. — Mas já tem muitos anjos cuidando dele, Via. E quero que você saiba que eu estou olhando por você. Certo, menina querida? Quero que saiba que você é o que mais me importa. Você é meu... — Ela olhou para o mar e abriu os braços, como se tentasse aplainar as ondas. — Você é tudo para mim. Entendeu, Via? Você é meu tudo.
   Eu entendi. E compreendi também por que ela disse que aquilo era segredo. Avós não deveriam ter favoritos. Todos sabem disso." (página 94)
   Venho criando uma tese de que a maioria dos livros pode ser resumida em um único trecho da história. Creio que o trecho que resume "Extraordinário" é esse pensamento do Justin, o namorado de Via:
   "não, não é tudo um acaso. se fosse, o universo nos abandonaria à própria sorte. e o universo não faz isso. ele cuida das suas criações mais frágeis de formas que não vemos. como com pais que amam cegamente. e uma irmã mais velha que se sente culpada por ser humana com relação a você. e um garotinho de voz grave que perdeu os amigos por sua causa. e até uma garota de cabelo rosa que carrega sua foto na carteira. talvez seja uma loteria, mas o universo deixa tudo certo no final. o universo cuida de todos os seus pássaros."
   Uma parte que me emocionou bastante foi quando August experimentou seu aparelho auditivo pela primeira vez. Recentemente passei por algo um pouquinho parecido: comecei a usar óculos, eu não estava muito contente com a ideia de usá-los e de saber que eu tinha um problema na visão. Mas nunca vou me esquecer da primeira vez que coloquei meus óculos. O mundo e as cores ficaram mais vivos. Eu fiquei sem voz na hora. Assim como August.
   "Como descrever o que ouvi quando o médico ligou meu aparelho auditivo? Ou o que não ouvi? É muito difícil encontrar as palavras. O mar não estava mais dentro da minha cabeça. Havia sumido. Dava para ouvir os sons como luzes brilhantes na minha mente. Foi como estar em um quarto em que uma das lâmpadas no teto queimou — você não percebe como está escuro, até que alguém troca a lâmpada e você fica, tipo:    “Uau, como está claro aqui!” Não sei se é aplicável, em termos de audição, a palavra “claro”, mas acho que sim, porque agora eu estava ouvindo claramente.
   — Que tal, Auggie? — perguntou o médico. — Consegue me ouvir bem?
   Olhei para ele e sorri, mas não respondi.
   — Querido, está ouvindo algo diferente? — disse a mamãe.
   — Não precisa gritar, mãe — falei e assenti, feliz.
   — Está ouvindo melhor? — indagou o otologista.
   — Não ouço mais aquele barulho — respondi. — Está tão silencioso nas minhas orelhas!
   — O ruído branco sumiu — disse ele, assentindo. Ele olhou para mim e piscou. — Eu falei que você ia gostar do que ouviria, August.
   Ele fez mais alguns ajustes no aparelho do ouvido esquerdo.
   — Está muito diferente, meu amor? — perguntou a mamãe.
   — Sim. — Assenti. — Está... mais leve." (página 221)
   Tem um trecho dito pelo diretor da escola de August com que eu concordo muito, a idade em que Auggie e seus colegas de escola estão é uma fase muito importante, a transição da infância para a adolescência. A mistura entre a inocência da infância e o conhecimento do mundo adulto.
   " (...) acho que tem mais a ver com essa idade específica que têm agora, este momento especial na vida de vocês, que ainda me emociona, mesmo vinte anos depois de eu ter sido um aluno com essa idade. Porque vocês estão no limite, crianças, na fronteira entre a infância e tudo o que vem depois. Estão em transição." (página 301)
   Uma coisa que me encantou em August foi a capacidade que ele tem de conquistar as pessoas, de fazer com que elas se apaixonem por ele quando leem sua história (no caso dos leitores) ou quando quebram a barreira do preconceito e se aproximam dele (no caso dos personagens).
   August poderia ser um menino triste e que se faz de vítima por causa de sua diferença; mas não, ele é corajoso, bom, inteligente, bem humorado... é impossível não se encantar por ele, não admirá-lo, torcer por ele e querer ajudá-lo.
   Mais uma coisa que quero comentar: em "Extraordinário" é citado o livro "Diário de um banana" (o primeiro que resenhei no blog), achei isso bem legal.
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   Sobre a parte visual/gráfica do livro: as folhas são amareladas, o tamanho das letras e das margens é bom. Achei a capa muito bonita, recentemente foi lançada uma segunda edição com a capa azul, mas eu prefiro essa.
   Para finalizar a resenha, ressalto que "Extraordinário" aborda assuntos tão importantes como preconceito e aceitação com uma linguagem muito fácil de ser compreendida e de uma forma muito real e sincera. É um livro encantador, super recomendado para todas as idades na minha opinião.
   "Extraordinário" mostra que não há problema algum em ser diferente e em perceber que alguém é diferente, a questão é o que você faz a partir daí.
   Uma ideia bastante defendida no livro é a da gentileza. De que devemos ser o mais gentis possíveis, que é assim que as coisas melhoram, e é isso que creio que podemos usar para esse novo ano que vai começar. Que nos esforcemos para ser o melhor que pudermos para o mundo.
   Quem quiser saber mais sobre o livro, personagens ou sobre a autora, é só visitar o site: www.intrinseca.com.br/extraordinario, recomendo que leiam a parte dos preceitos no site, eles tem tudo a ver com a história e são frases inspiradoras.
   Detalhes: ISBN: 9788580573015, 320 páginas, página do livro no Skoob. Onde comprar online: Saraiva (por apenas R$15,90), Submarino.
   Por hoje é só. Espero que vocês tenham gostado da resenha. Quem já leu o livro?
   Hoje termina a votação para o Blog do Ano, provavelmente na próxima semana liberarei o resultado.
   Obrigada por fazerem parte do Pétalas de Liberdade em 2013. Que possamos continuar juntos em 2014.
   Desde já, feliz ano novo!
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15 comentários

  1. Extraordinário parece ser um livro lindo! Adorei os quotes que você selecionou, mesmo não tendo lido o livro ainda hihihi! Muito sucesso para você em 2014!
    Beijos.
    Meu Filme virou Livro

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    1. Oi Juciele, fico contente que tenha gostado, obrigada pela visita e comentário.

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  2. Mais uma resenha que deixa a gente com vontade de ler;

    Feliz Ano Novo.

    Bjs

    Histórias, estórias e outras polêmicas

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  3. Já coloquei esse livro na minha lista de aniversário, ele parece ser tão perfeito.
    beijos

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    1. Oi Lola, acho que você via gostar bastante. Obrigada pela visita e comentário.

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  4. Oi Mari!
    Estou ansiosa pela leitura deste livro, achei a premissa interessante e acredito que livros como esse são importantes para a gente, dá um choque de realidade.
    Fazendo com que repessemos nossa vida. Eu adquiri ele na promoção 5 por 50 da Submarino e veio na edição nova com capa azul que eu gostei mais! Kkkkkkkk
    Curti seu blog, estou seguindo.
    Se puder faça uma visita ao meu e se gostar do meu, siga também!

    Bjo

    blogandolinhas.blogspot.com.br

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    1. Oi Caroline, muito obrigada por seguir, pela visita e comentário!

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  5. Esse livro parece ser realmente muito bom
    Já li várias resenhas positivas
    E esse tema deve ser debatido e é interessante ver um livro falando sobre
    Já estou seguindo ;)

    Beijos
    @pocketlibro
    http://pocketlibro.blogspot.com

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  6. Oi Monyque, muito obrigada pela visita e comentário. Que seu 2014 também seja muito bom!

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  7. Gostei, Mari! A história parece muito legal e nos coloca a pensar e refletir bastante. Certamente um livro que eu gostaria de ler ainda. Valeu a dica!

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    1. Oi Nanda, obrigada pela visita e comentário e espero que você goste do livro quando lê-lo.

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  8. Acabei de ler ele anteontem e a primeira coisa que me veio a cabeça foi em como algumas crianças podem ser maldosas. As vezes por não entender, ou até mesmo por causa de como são criados. Provavelmente eu seria uma dessas crianças que ficariam um pouco assustadas e agiria um pouco mal, a maioria das crianças não estão prontas para o desconhecido.. E fiquei pensando no que podemos fazer pra mudar isso... Penso que, infelizmente hoje em dia os país não conversam muito com os filhos pra lhes ensinar o certo e errado. E daí conversar com os filhos é um grande passo pra não deixar que sejam maldosos ou que sejam os alvos, e mesmo que sejam os alvos ajudar eles a lidar com isso. Eu adorei o livro e adorei o Auggie! É uma leitura super leve e com boas lições!

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