Ainda vale a pena ter um blog literário? [SoSeLit #09]

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 Olá pessoal, tudo bem? O tema da blogagem coletiva da Sociedade Secreta Literária de setembro era "Por quê eu comecei o blog?". Para responder essa pergunta, precisamos voltar um pouco no tempo. O ano era 2010, eu tinha finalmente um computador com internet e tempo livre. Tempo que gastava, entre outras coisas, visitando blogs, e aí nasceu em mim a vontade de ter o meu próprio espaço na internet, para falar do que eu quisesse e continuar escrevendo, coisa que não fazia muito depois de ter terminado o Ensino Médio.

 Então, criei o Blog Do Meu Jeito (lembro que, na época, minha prima também criou um blog, mas acabou não levando-o adiante). Optei pela plataforma Blogger por achá-la mais personalizável do que o WordPress (e olha que na época não existiam tantas funcionalidades como atualmente). E passei a postar sobre qualquer coisa sobre a qual quisesse escrever. Me aventurei por todas as áreas possíveis: falei sobre produtos de beleza, sobre música, sobre minha cidade, postei crônicas, falei de decoração, tutorias, compartilhei posts humorísticos... E nesse tempo continuava visitando outros blogs, inclusive, muitos literários (o da Melina Souza, com suas fotos lindas, foi uma inspiração em especial), o que me levou a redescobrir meu amor pelos livros.

 Foi assim que, no final de 2012, o blog, que já se chamava Pétalas de Liberdade, passou a ter o conteúdo literário que hoje é o foco dele. Encontrei algo sobre o qual eu poderia produzir conteúdo próprio, onde não dependeria, por exemplo, da minha aparência ou de roupas que tivesse que comprar para falar sobre.

 Desde então, conheci muitos livros novos, tive a oportunidade de encontrar pessoalmente autores que já eram meus amigos na internet, participei de feiras de livros, escrevi alguns contos que foram publicados em antologias, e tenho uma estante lotada! Já recebi sim comentários desagradáveis. Já pensei muitas vezes em desistir do blog (na verdade acho que esse pensamento aparece pelo menos uma vez por semana), muitas vezes sinto que poderia estar fazendo outra coisa ao invés de passar horas e horas escrevendo um post pelo qual ninguém parece se importar. Mas eu gosto tanto de escrever... E como falei ontem no meu Instagram: os livros foram tão importantes no meu processo de me entender melhor. Num país como o nosso, onde a leitura é pouco valorizada e incentivada, ser mais uma pessoa nessa luta para mostrar que ler é legal, que ler pode mudar vidas, é uma tarefa da qual não quero desistir.

 Atualmente, as redes sociais são extremamente mais fortes do que na época da criação do blog. Um post no Instagram é visto por muito mais pessoas do que um post aqui no blog (o que não significa que ele é lido ou procurado por essas pessoas). Isso leva alguns a acharem que os blogs estão morrendo, mas precisamos lembrar de certos pontos importantes.

 Primeiro: o Instagram tem um limite de caracteres, o que não acontece com o blog, onde as postagens podem ser mais aprofundadas e desenvolvidas.

  Segundo: se você pesquisar pelo nome de um livro no Google, não vai aparecer uma resenha dele no Instagram, e sim as resenhas postadas em blogs ou sites; para que você encontre conteúdo sobre determinado livro no Instagram, é preciso que quem o postou tenha, por exemplo, usado o título dele ou o nome do autor como Hashtag ou marcado o autor ou a editora.

 E, por fim, mas não menos importante, vale lembrar que o Instagram é uma rede social do mesmo criador do Facebook, cheia de limitações e onde você vê o que o algoritmo decide que é do seu interesse, e não o que realmente você procura, além de muitos posts patrocinados. Assim como outras redes sociais (lembram do Orkut?), ela pode acabar um dia, o seu perfil pode ser suspenso, entre outras coisas. Sem falar que volta e meia está fora do ar, o Blogger é bem mais estável. E vocês sabiam que é possível baixar todo o conteúdo do seu blog para o seu computador?

 Então, eu acho que ainda vale sim a pena ter um blog literário, principalmente pelo mesmo motivo que me levou lá em 2010 a criar um: ter o seu espaço na internet. E usando as redes sociais para complementá-lo, ou vice-versa, você pode aproveitar o melhor que há em cada plataforma: texto, vídeo, foto, para se expressar.

 E por hoje é isso, espero que tenham gostado de saber um pouquinho mais sobre a história do Pétalas de Liberdade. Me contem: vocês tem, já tiveram ou pensam em ter um blog? Usam também as outras redes sociais para produzir ou consumir conteúdo literário?

 Ps.: os posts dos primeiros anos do blog ainda podem ser vistos nos arquivos, é bom para ver as mudanças que o tempo trouxe.




 Ps.: meu perfil no Instagram chegou em dez mil seguidores, e tem sorteios para comemorar: até dia 30/09 tem sorteio valendo um kit de marcadores , até 10/10 tem sorteio de dois livros da Carol Dias e até 14/10 tem sorteio valendo o livro Beco da Ilusão, cliquem e participem.
Até o próximo post!

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Resenha e sorteio: livros III : A Hora Morta - volumes 1 e 2, antologia da Luva Editora


 Olá pessoal, tudo bem? A resenha de hoje é especial, pois é sobre dois livros, sendo que em um, um conto meu foi publicado. Venho comentar sobre a minha experiência de leitura com "III : A Hora Morta - volume 1" e "III : A Hora Morta - volume 2", publicados pela Luva Editora em 2017 (meu conto foi publicado no volume dois). Aperte o play para conferir a resenha em vídeo ou continue lendo:





 "Sei o que veio procurar aqui, e pode ter certeza de que vou dar o que quer: uma boa história. História que aconteceu anos atrás. Décadas. Um fato que os velhos não gostam de falar, e os jovens não conhecem a não ser por boatos e lendas.
 Eles vão dizer que a causa de tudo foi um lobisomem! Lobisomem! Todos cheios de ideias de fantasia, e daquela tal de Hollywoood. Não, não, a verdade é bem outra e eu posso garantir.
 Eu era apenas uma criança quando o baile aconteceu. Uma criança jovem demais para fazer parte do território dos adultos, mas velha demais para não entender porque não podia participar daquele mundo gigante que era tão feliz e chique.
 Claro que esse baile não era apenas um baile comum." ("Arrebatados", volume 2, página 39, que narrativa fantástica a da Najara Bertoli!)

 Ano passado houve a seleção de contos de terror para a antologia, e foram recebidos tantos textos interessantes que a editora resolveu apostar em dois volumes para a coletânea. O Fernando Bins organizou o volume 1, com 26 contos, sendo 2 de convidados: o Cesar Bravo e a Rô Mierling (ambos tem livros publicados pela Editora Darkside). E o Vitto Graziano organizou o volume 2, também com 26 contos, sendo 3 de convidados: a Claudia Lemes (autora de Eu vejo Kate), o Marcos DeBrito (O escravo de capela) e a Soraya Abuchaim (A vila dos pecados). Nesse 2° volume, os autores contribuíram financeiramente para a publicação, mas foi uma quantia super razoável; eu vejo editoras que cobram preços inviáveis nas suas antologias (um dos motivos por eu não estar enviando textos para novas coletâneas) e não foi o caso dessa.

 "(...) as coisas começaram a mostrar que o fundo enlameado e apodrecido do poço em que eu achava que estava tinha um porão... um porão cheio de coisas demoníacas, horrendas." ("Terceira Vigília", Igor Chacon, volume 2, página 122)

 Os contos deveriam ter alguma ligação com uma lenda urbana e/ou com a chamada Hora Morta, que, na explicação que consta na contracapa dos livros: "Chamada de Hora Morta, ou Hora do Diabo, as 3h da manhã tornou-se conhecida por ser o horário em que os portais para o submundo são abertos aumentando a influência de manifestações demoníacas e maldições espirituais sobre a Terra. Alguns dizem que esse acontecimento tem relação direta com o horário da morte de Cristo, às 3h da tarde, ou seja, seu oposto: a cruz invertida. Outros afirmam que é uma maneira dos espíritos malignos tripudiarem do próprio cristianismo, baseado na Santíssima Trinidade."

 Antes de falar sobre cada volume, quero pontuar duas coisas. Primeira: tem gente que diz que não gosta de contos por achá-los histórias incompletas, mas acho que isso não se aplica aos contos de terror! Por exemplo, para você escrever uma história de amor em poucas páginas, pode ser complicado conseguir passar todas as facetas do personagem que o levaram a ser o que é e a se apaixonar por quem se apaixona, e também pode ser difícil aprofundar um relacionamento em poucas páginas; já com os contos de terror, você normalmente tem um fato que vai causar certo choque no leitor e você trabalha em cima dele, exemplificando: um guarda noturno foi avisado para não entrar num prédio assombrado durante a noite, ele não deu ouvidos ao aviso, entrou e levou um baita susto. Pronto, a história é essa! Você não precisa saber sobre a família do guarda, se ele vai combater os fantasmas do prédio ou se continuará naquele emprego, você já descobriu o que tinha dentro do prédio.

 "- Olha, esta é uma casa cheia de história. Muita gente entrou e saiu daqui. Muita gente viveu e morreu nesta fazenda antes dela ser doada para a cidade. Esse tipo de coisa não vai embora. Se você quer saber, eu não fico aqui de jeito nenhum depois que anoitece. E se quer uma dica, não entre nessa casa à noite. Fique aí na sua guaria e, se precisar, corra para a igreja no final da rua." ("As correntes de Itapevi", Leonardo Galvão, volume 2, página 46)

 A segunda coisa, é que medo é algo muito relativo. Até algum tempo atrás, eu dizia que não lia nem via nada que fosse de terror, mas eu não tinha de fato visto um filme de terror ou lido uma história de terror, então meu medo não tinha base, era só eu reprimindo as minhas emoções (eu também evitava ler histórias dramáticas, puf!). E quando comecei a ler algumas coisas do gênero, percebi que tinha um medo bobo que estava me fazendo perder boas histórias. Então, se você já tentou ler mais de um livro de terror e realmente se sentiu mal, eu entendo que você não queria ler algo do tipo novamente, mas se você nunca leu, vale a pena tentar dar uma chance e talvez você perceba que não tinha monstro nenhum embaixo da cama.

 "- Eu preciso de água. (...)
 - Eu preciso de muita água, - Júlia repetiu sozinha no quarto antes de se levantar da cama e sair." ("Doce Noite", Lenmarck Andrade, volume 1, página 60)

 No Instagram, fiz uma série de post sobre as premissas de cada conto, e não vou falar novamente sobre cada um para que o post não fique muito longo, mas é só ir no @marijleite para conferir. Na antologia, temos contos para todos os gostos. Muitos mostrando os perigos que vem das águas, seja do mar, do rio ou de uma lagoa. Tem um no volume 1 que traz a figura do boto, ficou sensacional toque folclórico. Várias histórias trazem ligações com locais que serviram para aprisionar escravos, e é muito importante não esquecer de quanto sangue já foi derramado no passado do nosso país. Alguns textos mostram a maldade humana, que nem sempre sai impune. Outros nos deixam em dúvida se algo de sobrenatural aconteceu ou foram só alucinações causadas pelas drogas.


 O meu conto "O hospital abandonado" é um que eu não consigo avaliar. Não citei o nome da minha cidade, mas aqui em Liberdade existia um hospital abandonado, caindo aos pedaços, que eu usei como cenário. Muitos boatos surgem sobre prédios assim... E é nesse hospital que uma garota vê o irmão entrando de madrugada. Ela já tinha perdido os pais num acidente, morava com o avô, um senhor de idade, e ficou com medo de o irmão fazer alguma besteira. Eu tentei colocar algo especial no final, não sei se fui tão bem sucedida quanto a Beatriz Castro em "Companhia". Para deixar registrado: o hospital da minha cidade foi reformado e hoje é um prédio em funcionamento.

 "Senti o frio percorrer a minha espinha, apesar de ser um dia de verão, o gato, ao meu lado, também pareceu perceber que algo estava acontecendo e se arrepiou todo, olhando para algo em frente à cama. Recusei-me a olhar, com medo do que pudesse estar ali, um barulho de correntes foi ouvido logo a seguir e senti um grito de medo querendo irromper de meus lábios. Ainda assim, decidi não olhar, enquanto eu não visse, não era real." ("Companhia", Beatriz Castro, volume 2, página 61)


 Eu poderia falar sobre vários contos desse volume dois, mais além do conto sobre o guarda municipal que eu citei como exemplo no início do post, que é "As Correntes De Itapevi" do Leonardo Galvão e do conto da Beatriz, onde a personagem descobre que tem companhia em casa e talvez isso não seja tão ruim, quero destacar "Sobre a mesa" do Ferdinand Azalb, que foi o mais perturbador para mim. Ele é sobre um menino que tinha um amigo imaginário, mas talvez ele não fosse tão imaginário assim e pudesse fazer umas coisas bem sinistras, e tenso imaginar a situação do menino.

 Não sei se já estava mais preparada para ler o 1° volume depois de ter lido o 2° (comecei pelo 2° na curiosidade para conferir meu conto), mas o fato é que achei as histórias do volume 2 mais fortes do que as do volume 1, enquanto que no volume 1 me pareceu ter alguns contos com uma escrita mais elaborada e no volume 2, a escrita era mais diversificada.

 "Só que não era apenas sua sombra que ele via. Havia também a bicicleta embaixo dele - finas linhas escuras contra a tela imperfeita de terra batida. E havia algo mais. Não era tão escura quanto sua própria sombra, mas estava lá. Bem nas costas dele, como se estivesse desfrutando de uma carona." ("Sem Palavrões Nesta Família", Alex Rebonato, volume 1, página 146)


 Destacando alguns contos do volume 1: "A Feiticeira Do Teles" da Y. M. Dias me fez sentir a tensão de ter que voltar para casa numa madrugada do Rio de Janeiro. "Uma Pizza Para O Diabo" do Lauro Elme me deixou morrendo de dó do entregador, que no primeiro dia de trabalho já teve que fazer uma entrega sinistra. "Os Arranhões Do Manco" da Rândina da Cunha foi o que mais me causou temor nesse volume; a protagonista não deu atenção aos conselhos sobre como proteger a casa e começou a escutar um barulho estranho vindo do chão... E "Sem Palavrões Nesta Família" do Alex Rebonato é uma história que eu adoraria que mais pessoas conhecessem, para pensarem no peso das palavras.

 "Agora eram batidas, embaixo da mesa. Eram punhos cerrados, batendo na madeira do assoalho embaixo da mesa, intercalados por arranhões frenéticos." ("Os arranhões do manco", Rândyna da Cunha, volume 1, página 121)

Lista de contos do volume 2

Lista de autores do volume 2

Lista de contos do volume 1

Lista de autores do volume 1
 Sobre as edições: as páginas são de um tom de cinza, a diagramação tem letras margens e espaçamento de bom tamanho, super confortável para a leitura. A revisão está bacana. A capa do 1° volume tem uma boneca e no 2°, a boneca está sem a cabeça e o fundo é mais avermelhado. Em ambos volumes, há obras de pintores clássicos (Sandro Botticelli, Fra Angelico e Dirck Bouts). Na primeira orelha constam os nomes dos contos, os nomes dos autores estão na última. No início de cada conto, há a foto do autor e uma minibiografia.

 "O velório que não pretendo faltar é o meu, a todos os outros, se puder, não irei. Tinha certeza de que ele não iria me culpar, o problema sempre é a reprovação dos vivos, esses são os piores. Ele estava mal naquele dia, uns papos estranhos mesmo, chegou a tocar no assunto de suicídio, mas não levei a sério. E agora estava lá o caixão descendo naquele buraco frio. Dei um abraço em seus parentes e voltei ao bar. Será que eu podia ter mudado isso? Eu devia ter dado algum conselho, ou algo do tipo?" ("Não dê atenção às vozes", Greg Kooche, volume 1, página 64)

 Enfim, como já comentei, medo é um negócio bem relativo, e cada leitor vai ter uma experiência de leitura com essa antologia. Não posso garantir que vocês vão ficar aterrorizados com cada conto, nem que não vão sentir medo algum com a leitura. O que eu garanto é que as edições são caprichadas e as histórias são super criativas. Eu acho que vale muito a pena ler III : A Hora Morta!

 Detalhes: 160 páginas em cada volume Skoob volume 1, Skoob volume 2. Onde comprar online: loja da editora.



 E como outubro, mês de Halloween, está chegando, vou sortear para vocês o meu exemplar do volume 1 e um exemplar do volume 2, e vai com o marcador lindo da antologia! E você pode participar de diversas maneiras, esse sorteio é para ninguém ficar de fora!

 Pelo blog: siga o Pétalas de Liberdade pelo Google Friend Connect (barra lateral ao lado, se estiver pelo celular e ela não aparecer, vá ao final da página e clique em "Visualizar versão para web"), leia e deixe um comentário nessa resenha (comentários coerentes, com no mínimo 5 palavras), e preencha o formulário.

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 Link do formulário: https://goo.gl/forms/0PJ4l7c5MtbHXggp1. Você pode participar só por uma forma ou por todas elas para aumentar suas chances de ser o sorteado.

 Importante: As inscrições começam hoje e vão até dia 20/10/2018. O resultado sairá em até uma semana no post e nas redes sociais. O sorteado será avisado por e-mail e terá o prazo de até uma semana para fornecer seu endereço para envio do prêmio ou o sorteio será refeito. O prêmio será enviado em até 30 dias após recebimento do endereço do ganhador. É necessário ter endereço de entrega no Brasil. Não me responsabilizo por danos ou extravios do Correios. Alguma dúvida?

 E por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha, e boa sorte!

POST ATUALIZADO EM 03/11/2018, RESULTADO:

A sorteada foi a dona do Instagram @ferdireggae .

Até o próximo post!

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Resenha: livro "Outros jeitos de usar a boca", Rupi Kaur

 Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Outros jeitos de usar a boca", que traz poesias e ilustrações da Rupi Kaur, canadense nascida na Índia. Inicialmente, a obra foi publicada no exterior de forma independente, mas fez um sucesso estrondoso e chegou ao Brasil pela Editora Planeta em 2017.

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 A obra é dividida em quatro partes: a dor, o amor, a ruptura e a cura, e a leitura pode ser feita em poucas horas. Há tanto poemas de poucas linhas, parecidos com provérbios, como poesias maiores. Alguns textos se mostram particulares à cultura da autora, como sua constante menção a leite e mel ("Milk and honey" é o título original da obra, embora eu ache que o título escolhido pela Planeta é mais atraente). Outros textos abordam assuntos em pauta nos dias atuais, como a violência contra as mulheres, o machismo, os relacionamentos abusivos, a luta pela aceitação do corpo feminino fora dos padrões irreais impostos pela mídia. Há ainda poesias tocantes sobre a relação entre pai e filha.

 Por ser um livro tão comentado, minhas expectativas estavam elevadíssimas para essa leitura. "Outros jeitos de usar a boca" não roubou o lugar de "Mulheres em cena: Em poesia" como meu livro de poesias favorito, talvez por eu já ter lido muito sobre os temas presentes na obra, mas foi uma leitura que eu gostei muito e que recomendo. Tenho certeza que todo leitor certamente vai se identificar com vários dos textos de Rupi Kaur.

 "Outros jeitos de usar a boca" traz mensagens de autoaceitação, de esperança, de incentivo. É um daqueles livros que, se estamos tristes ou desanimados ao começar a leitura, podemos terminar de ler com algo diferente surgindo dentro de nós, uma motivação diferente.

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 A edição da Planeta está ótima, com uma capa bonita, páginas amareladas e de boa gramatura, boa revisão, diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho.

 Alguns dos meus poemas favoritos:

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 não quero ter você
 para preencher minhas partes vazias
 quero ser plena sozinha
 quero ser tão completa
 que poderia iluminar a cidade
 e só aí 
quero ter você 
porque nós dois juntos 
botamos fogo em tudo (página 59)

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

 sua arte
não é a quantidade de pessoas
que gostam do seu trabalho
sua arte
é
o que seu coração acha do seu trabalho
o que sua alma acha do seu trabalho
é a honestidade
que você tem consigo
e você
nunca deve
trocar honestidade
por identificação
- a todos vocês poetas jovens (página 202)

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

 toda vez que você
diz para sua filha
que grita com ela
por amor
você a ensina a confundir
raiva com carinho
o que parece uma boa ideia
até que ela cresce
confiando em homens violentos
porque eles são tão parecidos
com você

- aos pais que têm filhas (página 19)

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

 você é igualzinha à sua mãe
acho mesmo que a ternura dela me cai bem
vocês duas têm os mesmos olhos
porque nós duas estamos exaustas
e as mãos
temos os mesmos dedos secos
mas essa raiva sua mãe não veste esse ódio
tem razão
essa raiva é a única coisa
que vem do meu pai
(tributo a herança, de warsan shire) (página 34)

quando minha mãe abre a boca
para conversar durante o jantar
meu pai enfia a palavra silêncio
nos seus lábios e diz que ela
nunca deve falar com a boca cheia
foi assim que as mulheres da minha família
aprenderam a viver com a boca fechada (página 35)

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

 remover todos os pelos
 do seu corpo é ok
se é isso que você quer
assim como manter todos os pelos
 do seu corpo é ok
se é isso que você quer
- você só pertence a você

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

aceite-se
como você foi projetada

Outros-jeitos-de-usar-a-boca, Rupi-Kaur

se a tristeza vem
a felicidade também
- tenha paciência

todos nascemos
tão bonitos

a grande tragédia é que
 nos convencem de que não somos

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 quero pedir desculpa a todas as mulheres
 que descrevi como bonitas
 antes de dizer inteligentes ou corajosas
fico triste por ter falado como se
 algo tão simples como aquilo que nasceu com você
fosse seu maior orgulho
 quando seu espírito já despedaçou montanhas
de agora em diante vou dizer coisas como
 você é forte ou você é incrível!
 não porque eu não te ache bonita
 mas porque você é muito mais do que isso

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 se você nasceu com
fraqueza para cair
você nasceu com
força para levantar (página 156)

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se você não é o suficiente para você mesma
você nunca será o suficiente
para outra pessoa (página 197)

sexo exige o consentimento dos dois
se uma pessoa está ali deitada sem fazer nada
porque não está pronta
ou não está no clima
ou simplesmente não quer
e mesmo assim a outra está fazendo sexo
com seu corpo isso não é amor
isso é estupro (página 22)

se já tivesse visto
a segurança de perto
eu teria passado menos
tempo caindo em braços
que não eram (página 21)

pai. você sempre liga sem ter nada especial a dizer. você pergunta o que estou fazendo ou onde estou e se o silêncio entre nós se estende por uma vida dou um jeito de encontrar perguntas que façam a conversa continuar. o que eu queria mesmo dizer é. eu sei que o mundo te despedaçou. foi com tudo pra cima de você. não te culpo por não saber ser delicado comigo. às vezes fico acordada pensando em todos os machucados que você tem e nunca vai dizer. eu venho do mesmo sangue dolorido. do mesmo osso tão sedento por atenção que desabo em mim mesma. eu sou sua filha. eu sei que a conversa-fiada é o único jeito que você conhece de dizer que me ama. porque é o único jeito que eu conheço. (página 37)

nada mais seguro que o som de você lendo alto para mim - o encontro perfeito (página 53)

você disse. se é pra ser. o destino vai nos unir de novo. por um segundo me pergunto se você é mesmo tão ingênuo. se acredita de verdade que o destino funciona assim. como se ele vivesse no céu e nos observasse. como se tivesse cinco dedos e passasse o tempo movendo a gente como peças de xadrez. como se não fossem as escolhas que fazemos. quem foi que te ensinou isso. me diz. quem foi que te convenceu. de que você ganhou um coração e uma cabeça que não pertencem a você. que suas ações não definem o que vai acontecer com você. quero gritar e berrar que somos nós seu idiota. somos as únicas pessoas que podem nos unir novamente. mas em vez disso eu sento quieta. sorrindo de leve pensando entre lábios trêmulos. é ou não é uma coisa trágica. quando você vê tudo tão claro mas a outra pessoa não vê nada. (página 84)

vou perdendo pedaços de você como perco cílios sem perceber e por todo lugar (página 135)

pelo
se não era pra estar aqui
não cresceria
em nosso corpo pra começo de conversa
- estamos em guerra com o que há de mais natural em nós (página 193)

 Por hoje é só, espero que tenham gostado do post. Me contem: já conheciam o livro ou a autora?

 Detalhees: 208 páginas, ISBN-13: 9788542209303, Skoob. Clique e compre na Amazon (e-book disponível no Kindle Unlimited):


 Ps.: meu perfil no Instagram chegou em dez mil seguidores, e tem sorteios para comemorar: até dia 30/09 tem sorteio valendo um kit de marcadores , até 10/10 tem sorteio de dois livros da Carol Dias e até 14/10 tem sorteio valendo o livro Beco da Ilusão, cliquem e participem.
Até o próximo post!

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Resenha: livro "O tempo desconjuntado", Philip K. Dick

 Olá pessoal, tudo bem? A resenha de hoje é sobre "O tempo desconjuntado", livro escrito pelo norte-americano Philip K. Dick (1928 - 1982) e publicado no Brasil em 2018 pela Editora Suma.

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 Em 1959, numa pequena cidade dos Estados Unidos, vive Ragle Gumm, um homem de 46 anos que mora com a irmã Margo, o cunhado Vic e o sobrinho. Há anos, ele ganha dinheiro participando de um concurso de jornal, onde, através de algumas dicas, precisa descobrir em qual dos 1208 quadradinhos do gráfico o "homenzinho verde" vai aparecer, e Ragle sempre acerta (ele é quase uma celebridade local).

 Mas Ragle anda refletindo sobre sua vida, questionando se não está desperdiçando seu tempo sem ter um "emprego de verdade", "encostado" na casa da irmã, não sendo tão bem sucedido quanto o vizinho, Bill Black, que trabalha no Departamento de Águas da cidade e é casado com Junnie, uma mulher que tem dificuldade de se desapegar dos tempos de adolescência.

 "Uma desolação estonteante se abateu sobre ele. Que desperdício tinha sido sua vida inteira. Ali estava ele, quarenta e seis anos, brincando em uma sala com um concurso de jornal. Sem um emprego sério, com salário de verdade. Sem filhos. Sem esposa. Sem casa própria. Dando em cima da mulher do vizinho." (página 55)

 Ragle tem uma quedinha por Junnie, mas esse não é seu maior problema, coisas estranhas têm acontecido: quando foi comprar algo em uma barraca de refrigerantes, a barraca simplesmente sumiu diante dos seus olhos, restando apenas um pedaço de papel onde estava escrito BARRACA DE REFRIGERANTES, e não era a primeira vez que isso acontecia! Em outra ocasião, ele se deparou com uma lista telefônica com números que não funcionavam, era impossível falar com qualquer dos número listados. E uma revista falava sobre uma famosa atriz chamada Marilyn Monroe sobre a qual ele e a família nunca tinham ouvido falar!

 "- Preste atenção - disse Vic. - Você consegue coisa muito melhor do que a Junie. E de qualquer modo, ela já tem alguém.
 - Um palerma.
 - Não importa. É a instituição que conta, não o indivíduo.
 Ragle disse:
 - É difícil pensar em Bill e June Black como uma instituição. De qualquer modo, não estou no clima para questionar instituições agora.
 - Me conte o que aconteceu - disse Vic.
 - Nada.
 - Vamos, diga.
 Ragle disse:
 - Alucinações. Só isso. Recorrentes.
 - Pode entrar em detalhes?
 - Não quero.
 - É algo parecido com a experiência que eu tibe ontem à noite? Não quero ser indiscreto. Aquilo me perturbou. Acho que tem alguma coisa errada.
 - Tem alguma coisa errada - disse Ragle.
 - Não quero dizer como você ou comigo ou com qualquer pessoa. Quero dizer em geral.
 - O tempo - disse Ragle - está desconjuntado." (página 64)

 Estaria Ragle ficando louco? Ou haveria algo de errado em sua vida? Isso é o que o personagem, e nós, leitores, descobriremos no decorrer da leitura. Ao longo dos capítulos, imaginei mil e uma teorias sobre a realidade de Ragle, desde a possibilidade de ele estar mesmo alucinando até a hipótese de estar vivendo como o protagonista do filme O Show de Truman.

 O final até que foi plausível, embora eu ache que essa parte da ficção científica poderia ter sido um pouco mais aprofundada na obra. A questão das coisas que sumiam (como a barraca) ficou sem explicação para mim. Os diálogos me incomodaram um pouco, pois encontrei muitos "Fulano disse", e essa repetição do verbo dizer me parecia algo mecânico. Mas gostei muito da relação de Ragle com a irmã e o cunhado, parecia mesmo uma família. Mais próximo do final, houve um daqueles momento que amo em livros: quando algo de grande importância fica nas entrelinhas, não precisa ser dito, mas é perceptível para o leitor (já tinha encontrado momentos assim em "O Sol é para todos" e "Todas as constelações do amor"); para não dar spoiler, só digo que se refere a uma importante decisão do protagonista.

 "Será que conseguirão encontrá-lo?, pensou. Espero que sim. Porque se não conseguirem, alguns de nós estaremos mortos amanhã a esta hora. Deus sabe quantos milhares de pessoas morrerão. Nossas vidas dependem de Ragle Gumm. Dele e do seu concurso." (página 158)

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Trecho, livro, O-tempo-desconjuntado, Philip-K-Dick, Suma,

 A edição da Suma tem capa dura e, quando terminei a leitura, percebi que a imagem de um rádio na capa tem a ver com a trama. As páginas são amareladas, a revisão é boa, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho.

 "- Numa guerra civil - disse Ragle -, todos os lados estão errados. É inútil tentar separar uns dos outros. Todos são vítimas." (página 263)

 É um livro não muito longo, com pouco mais de 250 páginas, podendo ser lido rapidamente. Apesar de uma ou outra questão que ficou em aberto para mim (outros leitores podem ter entendido algo que deixei passar), foi uma leitura que gostei e recomendo, tanto para quem já está habituado a ler ficção científica, quanto para quem, assim como eu, leu poucos livros do tipo. É muito interessante tentar desvendar a verdade sobre Ragle Gumm (e eu, particularmente, gosto de ler histórias escritas há algumas décadas para notar as diferenças entre as épocas e como os autores imaginavam o futuro).

 Detalhes: 272 páginas, ISBN-13: 9788556510662, Skoob, leia um trecho no site da editora. Curiosidade: Philip K. Dick também é autor de "Androides sonham com ovelhas elétricas", "O homem do castelo alto", entre outros. Clique para comprar na Amazon:

 E essa foi minha experiência de leitura com "O tempo desconjuntado", espero que tenham gostado do post. Me contem: já leram ou querem ler algo do autor?



 Ps.: meu perfil no Instagram chegou em dez mil seguidores, e tem sorteios para comemorar: até dia 30/09 tem sorteio valendo um kit de marcadores e até 10/10 tem sorteio de dois livros da Carol Dias, participem.
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Até o próximo post!

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