Resenha: livro "O jardim das borboletas", Dot Hutchison

  Olá, pessoal! Como estão? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "O jardim das borboletas", escrito pela Dot Hutchison e publicado no Brasil pela Editora Planeta em 2017.



"Borboletas de verdade poderiam voar, escapar.

 As Borboletas do Jardineiro só podiam cair, e ainda assim raramente."

 A história começa quando Victor Hanoverian, agente especial do FBI, vai interrogar uma garota a quem chamam de Maya e que teve ter entre 16 e 22 anos. Ela parecia ser uma espécie de líder de um grupo de meninas que foram resgatadas de um cativeiro.

 Juntamente com seu colega Eddison, Victor precisa interrogar Maya para entender como ela e as outras jovens foram parar naquele lugar. As partes de Victor são com narração em terceira pessoa, enquanto as partes de Maya são narradas em primeira pessoa, partes onde ela contará sobre seu passado e sobre o que viveu enquanto era uma "borboleta no Jardim".

 Assim como as outras garotas, Maya tinha uma enorme tatuagem de borboleta nas costas, e o homem que mantinha as jovens encarceradas era chamado de Jardineiro.

 O diferencial desse livro é que, desde o início, sabemos que Maya não está mais em cativeiro, o foco do enredo é contar o que elas viveram lá, no Jardim, e como escaparam.

 "— Meus segredos são velhos amigos. Eu me sentiria uma péssima amiga se os abandonasse agora."

 Desde o começo, sabemos que Victor acha que Maya esconde alguma coisa, e ficamos curiosos para descobrir o que é, se teria algo a ver com sua verdadeira identidade ou com alguma coisa que ela viveu no Jardim, até que ponto ela participou das coisas lá dentro e como ela conquistou um papel de confiança em relação às outras meninas. A revelação me surpreendeu, tanto que tive que reler alguns parágrafos para ter certeza de que era aquilo mesmo; eu não imaginava, mas fez sentido em relação à forma como Maya lidou com os fatos.

 Pensei que demoraria bem mais para ler o livro, por ele ter cenas pesadas. Mas a leitura foi surpreendentemente fluida. Houve um dia em que comecei a ler onze horas e queria ler por meia hora, quando percebi, já tinham se passado sessenta minutos e eu nem havia percebido o tempo passar.

 Conforme comentei, o livro tem cenas bem pesadas. É horrível imaginar as coisas a que Maya e as outras garotas foram submetidas. Acho que passarei um bom tempo tendo um arrepio a cada vez que ver uma borboleta e lembrar da história.

 Eu confesso que achava que Dot Hutchison era um homem, não sei o porquê, mas comecei a duvidar conforme ia lendo a história que expressava muito bem coisas que só mulheres poderiam falar com propriedade. Dot é uma mulher, e acho que ela conduziu com assertividade o enredo, ao falar de temas como a Síndrome de Estocolmo, um assunto delicado que nem sempre é abordado de forma correta. Gostei bastante de como Maya lidou com a situação e como conseguiu manter o discernimento de que dar roupa, comida e um teto não anula a violência e tirar a liberdade de alguém.

 Há um segundo livro, "Rosas de Maio", que não sei se terá alguma ligação com "O jardim das borboletas", mas que, pela sinopse, continuará a acompanhar os agentes Victor, Brandon Eddison e Mercedes Ramirez. A Ramirez não teve muito destaque nesse primeiro livro, visto que esteve a maior parte do tempo no Hospital, com as outras vítimas. O Eddison apareceu um pouco mais, e foi possível descobrir sua motivação para trabalhar com o que trabalha. O Victor foi um personagem de que gostei bastante, especialmente do carinho que ele demonstra pelas filhas.

"Há uma parte de Victor, aquela que se dedica a esse trabalho há tempo demais, que especula se todos os pais que perderam uma filha entre dezesseis e dezoito anos estão lá fora com uma vela e uma foto em mãos, esperando o melhor ou até mesmo o pior, desde que traga um fim ao pesadelo de não saber o que aconteceu."

 Histórias sobre pessoas desaparecidas sempre me tocam bastante, desde que li "Rebentar" do Rafael Gallo e "Diário de uma escrava" da Rô Mierling. É triste saber que muitas crianças e jovens desaparecem, deixando pais sem saber o que lhes aconteceu, e é revoltante saber que muitos desses desaparecimentos são por culpa de psicopatas e sociopatas como em "O jardim das borboletas". 

 Fica a recomendação de leitura!

 Detalhes: 304 páginas, ISBN-13: 9788542212020, Skoob, tradução: Débora Isidoro e Carolina Caires Coelho, a edição apresenta alguns erros de revisão e detalhes de borboletas na diagramação. Clique para comprar ou pegar no Kindle Unlimited:

 Algumas citações:

"Coisas bonitas têm vida curta, ele havia me falado na primeira vez que nos encontramos.

 Ele se encarregava de que fosse assim e depois se empenhava em dar a suas Borboletas um tipo estranho de imortalidade."

 "O Jardineiro só matava meninas por três motivos. Primeiro, por estarem velhas demais."

 "— Como pode ser que ele fez isso durante trinta anos sem que a gente nem ao menos notasse?"

"— Algumas pessoas desabam e nunca mais levantam. Outras recolhem os próprios cacos e os colam com as partes afiadas viradas para fora."

"Naquela outra estufa estava o mundo real, com jardineiros de quem ninguém se escondia e portas que levavam ao Exterior, onde as estações do ano mudavam e a vida não era uma contagem regressiva para os vinte e um."

"O problema com sociopatas, na verdade, é que você nunca sabe onde eles estabelecem seus limites."

"— Não fazer uma escolha é uma escolha. Neutralidade é um conceito, não um fato. Ninguém vive a vida desse jeito, não realmente."

"Mas minhas asas não se mexiam e eu não conseguia voar, e eu não conseguia nem ao menos chorar.

 Tudo o que restava para mim era o terror, o desespero e o sofrimento."

 "Ninguém aprende a ser corajoso. Temos apenas que fazer o que é certo, ainda que seja assustador."

"O Jardineiro tinha muito dinheiro e muito espaço, uma combinação muito perigosa quando se tratava de pessoas com tendências psicopatas."

"— Se você não se importa em passar no meio deles, podemos entrar — Victor fala antes de um dos dois poder acrescentar mais alguma coisa. Ele para o carro e vai abrir a porta do outro lado para ela. — Eles vão gritar — avisa. — Vão gritar na sua cara, e câmeras aparecerão com seus flashes por todos os lados. Pais farão perguntas sobre as filhas, querendo saber se você as viu. E vai ter gente ofendendo você.

 — Ofendendo?

 — Sempre tem quem pensa que a vítima fez por merecer — ele explica. — São idiotas, mas sempre se expressam. É claro que você não merece nada disso, mas eles vão falar do mesmo jeito, porque acreditam nisso ou porque querem alguns segundos de atenção, e, como defendemos a liberdade de expressão, não há nada que possamos fazer.

 — Acho que me acostumei tanto com os horrores do Jardim que esqueci quão horrível o mundo exterior também pode ser.

 Ele daria qualquer coisa para poder dizer que aquilo não era verdade."


♥ Assine o Amazon Prime e tenha frete grátis na Amazon: https://amzn.to/30SEQdA.

 ♥ Teste o Kindle Unlimited gratuitamente por 30 dias ou assine: https://amzn.to/2XuouGa .

Até o próximo post!
Me acompanhe nas redes sociais:

Nenhum comentário :

Postar um comentário

Obrigada por comentar :)!!! Sua opinião é muito importante para mim. Tem um blog? Deixe seu link que visitarei sempre que possível.
*comentários ofensivos serão apagados

Topo