A história se passa na Bahia. Os Capitães da Areia são um grupo de meninos de rua, crianças e adolescentes, que foram morar num depósito abandonado perto da praia, o trapiche. Para sobreviver eles praticavam crimes; eram temidos na cidade e tinham poucos adultos a quem recorrer (basicamente a mãe-de-santo e o padre eram seus únicos protetores).
Sinopse:
Alguns trechos:
"Tinham de si apenas a liberdade de correr as ruas. Levavam vida nem sempre fácil, arranjando o que comer e o que vestir, ora carregando uma mala, ora furtando carteiras e chapéus, ora ameaçando homens, por vezes pedindo esmola. E o grupo era de mais de cem crianças, pois muitas outras não dormiam no trapiche. Se espalhavam nas portas dos arranha-céus, nas pontes, nos barcos virados na areia do Porto da Lenha. Nenhuma delas reclamava. Por vezes morria um de moléstia que ninguém sabia tratar. Quando calhava vir o padre José Pedro, ou a mãe-de-santo Don'Aninha ou também o Querido-de-Deus, o doente tinha algum remédio. Nunca, porém, era como um menino que tem sua casa. O Sem-Pernas ficava pensando. E achava que a alegria daquela liberdade era pouca para a desgraça daquela vida." (página 44)
"Pirulito mirou o céu azul onde Deus devia estar e agradeceu num sorriso e pensou que Deus era realmente bom. E pensando em Deus pensou também nos Capitães da Areia. Eles furtavam, brigavam nas ruas, xingavam nomes, derrubavam negrinhas no areal, por vezes feriam com navalhar homens e polícias. Mas, no entanto, eram bons, uns eram amigos dos outros. Se faziam tudo aquilo é que não tinha casa, nem pai, nem mãe, a vida deles era uma vida sem ter comida certa e dormindo num casarão quase sem teto. Se não fizessem tudo aquilo morreriam de fome, porque eram raras as casas que davam de comer a um, de vestir a outro. E nem toda a cidade poderia dar a todos. Pirulito pensou que todos estavam condenados ao inferno. (...) Por isso na beleza do dia Pirulito mira o céu com os olhos crescidos de medo e pede perdão a Deus tão bom (mas não tão justo também...) pelos seus pecados e os dos Capitães da Areia. Mesmo porque eles não tinham culpa. A culpa era da vida..." (páginas 106 e 107)
No livro conhecemos alguns dos integrantes dos Capitães da Areia, entre eles: Pedro Bala que é o chefe do grupo; o Professor, único que sabe ler e gosta de desenhar; Gato e Boa-Vida que tem jeito malandro; Sem-Pernas, coxo e talvez, o mais revoltado do grupo; Volta Seca, o afilhado de Lampião; João Grande que é chamado de o negro bom por causa de seu grande coração; Pirulito e sua grande vontade de ser padre. Impossível escolher qual meu personagem preferido.
Todos tem suas histórias de vidas difíceis, seus traumas e dilemas. Mas todos tem também seu lado bom. São personagens muito bem construídos. Mas Jorge Amado realmente não tinha dó de fazer suas pequenas criaturas sofrerem na história.
No livro vemos os castigos e a violência da polícia e do reformatório, as doenças que sempre fazem um estrago maior em quem não tem dinheiro para se tratar, as descobertas sexuais, os furtos, os sonhos, a solidão e o abandono dos garotos; a chegada da vida adulta e o caminho que cada um toma: alguns tem um final trágico, poucos tem um final feliz.
Foi impossível ler "Capitães da Areia" sem sentir alguma coisa: tristeza pela situação daquelas crianças, alegria quando eles estavam alegres, fascinação pela coragem e inteligência de alguns deles. Eu gostei do livro, mas muitas das cenas descritas são bem fortes. Meninos que viviam vidas de homens. Vocês sabiam este livro teve a primeira edição apreendida e exemplares queimados na época da ditadura?
Infelizmente, a história de Capitães da Areia não é algo que não existe no mundo real, muitas crianças ainda vivem como eles, sem casa e sem família, sem possibilidades de um bom futuro. E quantas vezes nós olhamos para essas crianças como se elas fossem o problema, quando, na verdade, elas são as vítimas? Será que não tem nada que possamos fazer?
Esse foi o primeiro livro que li do Jorge Amado, já tinha ouvido falar muito sobre ele e suas obras, um dos escritores brasileiros mais conhecidos. O texto de "Capitães da Areia" tem várias repetições, pelo que pesquisei, a isso foi dado o nome de lirismo, é o diferencial da escrita de Jorge Amado nesse livro. Eu não conhecia algumas palavras (trapiche, por exemplo), aí recorri ao dicionário, mas nada que atrapalhasse a leitura.
A edição que li é uma edição de bolso: o livro é bem pequeno (12 x 17 cm), achei a capa bonita, as folhas são amareladas, o tamanho das margens é bom, as letras são pequenas (por ser edição de bolso) mas dá pra ler sem problemas.
Sobre: 280 páginas, ISBN: 9788535914061, Editora: Companhia de Bolso, leia um trecho no site da editora clicando aqui, página no Skoob. Visite o site da Fundação Jorge Amado: www.jorgeamado.org.br. Onde comprar online: Saraiva, Submarino, Americanas.
Espero que vocês tenham gostado da resenha. Alguém já leu "Capitães da Areia" ou algum outro livro de Jorge Amado?
* Hoje sairá o resultado do sorteio do livro "A Culpa é das Estrelas", vocês poderão saber o nome do ganhador no post do sorteio e nas redes sociais do blog, aguardem.
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Mari, li esse livro faz muitos anos... quando vi que teria resenha no teu blog cliquei logo, mas de imediato o link não apareceu... agora deu certo, não sei por que, hehehe!
ResponderExcluirLembro de ter gostado do livro e ter sentido a mesma coisa que tu. Pretendo reler ainda essa obra. O último livro que li dele foi Tocaia Grande e achei bem complicadinha a leitura.
Beijos!
http://duasepocas.blogspot.com.br/
Oi Fernanda! Acabei clicando em publicar antes de terminar de fazer a postagem, por isso não apareceu a resenha quando você viu pela primeira ver.
ExcluirObrigada pela visita e comentário!
Ah li esse livro esse ano por conta da lista de livros da Fuvest. Lindo, lindo, lindo, lindo!! Chorei, principalmente com o que acontece com o Sem Pernas! Ele, pra mim, foi o melhor personagem do livro, o mais bem trabalhado...
ResponderExcluirTenho a mesma edição que você e não senti necessidade de ir ao dicionário, inseri a palavra no contexto e segui em frente, e creio que nem me prejudicou...
Beijo!
http://lescrevendo.blogspot.com.br/
Oi Letícia, concordo com você: impossível não se emocionar com a história do Sem Pernas.
ExcluirTinha algumas palavras que eu ficava em dúvida, então, recorri ao dicionário para ter certeza do que era (eu precisava saber o que era um trapiche para entender onde as crianças se abrigavam, por exemplo); mas dava sim para ler colocando essas palavras no contexto como você disse. Obrigada pela visita e comentário!
Nunca li esse livro, mas essa semana teve um trabalho de um grupo da minha sala que apresentou sobre o livro, e adorei e com certeza lerei
ResponderExcluirbeijos
Oi Lola, espero que você goste do livro quando lê-lo.
ExcluirObrigada pela visita e comentário!
Olá. Gostei da resenha. Já li esse livro há anos.. AInda tenho uma edição capa dura dele, bem guardada.
ResponderExcluirConheci seu espaço por meio do Duas épocas, da Nanda.
Seguindo.
Abraços,
Kleiton
http://kleitongoncalves.blogspot.com.br
(tb escrevo algumas resenhas)
Oi Kleiton, fico contente que tenha gostado da resenha, e também por saber que você conheceu o blog através do blog da Nanda, que sempre acompanho.
ExcluirVou ver suas resenhas. Obrigada pela visita e comentário!
Livro surpreendente que faz jus ao título de clássicos da literatura né?!
ResponderExcluirBjus!
www.senhordoseculo.com
Com certeza sim, Dimas! Um livro que teve exemplares destruídos pela ditadura tem um algo a mais. Obrigada pela visita e comentário!
ExcluirEu acho que já li esse livro na época da escola, mas eu não me lembro muito. Vou querer reler.
ResponderExcluirwww.iasmincruz.com
Oi Iasmin; eu li vários livros na época da escola, mas esse eu até achei que tinha lido mas ainda não tinha. Obrigada pela visita e comentário!
Excluireu tve que ler esse livro pra escola rs
ResponderExcluirfoi chato no inicio, mas depois eu acabei gostando... a turma inteira gostou! História linda!
beijos,
http://blogesteffanifontes.blogspot.com.br/
Oi Esteffani, até a história engrenar eu também achei um pouco chato, depois da página 50 é que eu gostei mais. Obrigada pela visita e comentário!
ExcluirOi querida
ResponderExcluirEu li todos os livros da mulher dele, a Zelia Gattai. A maioria é autobiográfico e conta a vida do casal. Eu adorei todos!
Pretendo agora ler os dele tbe.
Adorei sua resenha.
Faço uma blogagem coletiva no meu blog sobre os livros lidos no mês. Se vc puder participar vou ficar muito feliz :)
Bjks e um otimo domingo
http://www.blogdaclauo.com/2013/09/o-que-voce-leu-de-bom-neste-mes.html
Oi Claudia; da Zelia Gattai eu ainda não li nenhum, mas pretendo ler. Fico contente que tenha gostado da resenha, vou ver sobre a blogagem coletiva. Obrigada pela visita e comentário!
ExcluirNunca li esse livro, preciso me apegar mais aos clássicos, viu!
ResponderExcluirUm beijo
www.kvcomvoce.com
Oi Karla; a gente pode gostar (ou não) dos livros mais clássicos, porque eles tem algo a mais: tem história. Não podemos é desistir, se um livro mais antigo não agradou, talvez outro agrade.
ExcluirObrigada pela visita e comentário!
Todas as tuas resenhas são perfeitas. Dá até vontade de sair comprando todos os livros.
ResponderExcluirXerim :)
www.trilouca.com/
Instagram:@trilouca
Oi Demara; você não tem noção do quanto fico feliz com seu comentário, fico contente por saber que consigo transmitir o quanto achei um livro bacana. Muito obrigada pela visita e comentário!
ExcluirA Cia. das Letras arrasa nas capas, né? Sua resenha tá incrível, de verdade! Tenho muito interesse em ler esse livro.
ResponderExcluirAmo o bg da área dos comentários :3
Beijinhos,
Isa - www.entreparagrafos.com
Oi Isabella; achei a capa bem bonita mesmo. Fico contente por saber que você gostou da resenha.
ExcluirTambém acho esse bg fofo :) . Obrigada pela visita e comentário!
Maria,
ResponderExcluirJá li alguns livros dele. Mas nunca li esse. Vou vê se acho na biblioteca do colégio (fazer uma visitinha rs) e ainda gostei demais das partes que você destacou e muito interessante mesmo.
Beijos
Oi Rodrigo, fico contente que tenha gostado. Obrigada pela visita e comentário!
ExcluirAmo amo amo Capitães da Areia! É o unico livro do Jorge Amado que li, mas é um dos meus preferidos de todos os tempos... me apeguei a todos os personagens! Volta e meia me dá vontade de relê-lo :)
ResponderExcluirbeijos!
beyondcloudnine.blogspot.com.br
Oi Manu; só li esse do Jorge Amado, mas deu vontade de ler os outros também. Muito obrigada pela visita e comentário!
Excluirobrigada pela visita, vou lá conhecer seu blog.
ResponderExcluirJorge Amado era fera.
ResponderExcluirE pensar que quando começou a escrever era na máquina de datilografia.
Não tinha os recursos de hoje.
Oi Claudio, isso é verdade, mas com talento e uma boa história na cabeça ele conseguiu. Obrigada pela visita e comentário.
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