Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é Rebentar, escrito pelo Rafael Gallo e publicado em 2015 pela Editora Record.
Felipe era um garotinho de 5 anos quando desapareceu enquanto estava numa galeria com a mãe. Durante os 30 anos seguintes, Ângela, a mãe, tentou de todas as formas reencontrá-lo. Agora, depois de 3 décadas, ela não quer mais continuar sua busca. E é sobre essa renúncia que fala Rebentar.
Durante 30 anos, a vida de Ângela se resumiu à busca por Felipe. Ela e o marido não tiveram outros filhos, gastaram tudo o que podiam seguindo pistas, contrataram um restaurador para manter a casa exatamente igual ao que era quando o filho desapareceu. Todas as manhãs poderiam ser o começo do dia em que reencontrariam Felipe, todas as noites o casal ia dormir tendo perdido o filho mais um dia.
"Na verdade, não há infinitas mortes nem infinitas vidas, nunca ouve: o que resta, no lugar da criança desaparecida, é uma anulação constante entre vida e morte - polos opostos de um mesmo vazio sem contornos. Os pais e o filho para sempre habitando esse vão: morrendo vida afora, vivendo adentro de uma morte que não se consuma." (página 26)
Após uma série de acontecimentos, Ângela se deu conta de que jamais poderia recuperar Felipe, não o Felipe de trinta e poucos anos, mas o Felipe por quem ela esperava desde que ele se foi, o menino que voltaria para o segundo quarto da casa, aquele que permaneceu do mesmo jeito por décadas.
Ângela decidiu encerrar as buscas, sair da associação de famílias em busca de pessoas desaparecidas, tirar o nome do filho do cadastro de desaparecidos, mudar de casa, voltar a trabalhar. Sua decisão traria consequências não só para ela, mas também para o restante da família e para tantas outras pessoas que estiveram envolvidas com o caso de alguma forma.
Tive que intercalar a leitura de Rebentar com outro livro, pois ele é uma leitura vagarosa, onde as coisas ficam muito mais no campo dos pensamentos do que da ação. No início, cheguei até a pensar que havia me distraído e estava lendo o mesmo trecho mais de uma vez ou que o autor é que havia se distraído e escrito a mesma coisa novamente, mas não era isso, Rafael Gallo opta por repetições buscando reafirmar algumas ideias, o que torna a leitura mais lenta. Não é um livro que prende o leitor ou o enche de esperanças, desde o início percebemos que a volta de Felipe não é o foco e nem algo que provavelmente vá acontecer. O livro não fala sobre o reencontro de uma mãe com um filho, e sim sobre o reencontro de uma mulher com a vida, sobre a difícil tarefa de seguir em frente quando a sociedade espera que se permaneça no mesmo lugar.
"- Digamos, por exemplo, que a gente tivesse se separado no meio do caminho. Ou mesmo que um dos dois tivesse morrido e o outro sobrado, viúvo. Se eu tivesse ficado, por exemplo, e depois de você ter morrido eu decidisse fazer outra coisa da minha vida, tocá-la pra frente sem esperar mais reencontrar o Felipe, provavelmente as pessoas achariam isso normal. Mas se você fizesse a mesma coisa, todo mundo ia te tachar de... sabe-se lá o quê. Iam dizer que você ficou louca depois que eu morri. Que na hora que você mais deveria ter cuidado da busca pelo Felipe, já que era a única dos pais viva, é que o deixa para trás de vez. É tudo muito mais difícil pra você. Ainda mais nesse mundo machista." (página 138)
Num geral, eu gostei do livro, por abordar um assunto importante que é o desaparecimento de crianças. Hoje mesmo, infelizmente, inúmeras podem estar se separando de suas famílias, e quais são os caminhos para reencontrar uma criança desaparecida? Quando é a hora de seguir em frente, de desistir das buscas? É preciso realmente desistir? Conhecendo a história de Ângela, me solidarizei com ela, entendi suas atitudes. Quando um ente querido morre, há um corpo para enterrar, um corpo do qual se despedir na maioria dos casos, há pelo menos a certeza do fim. Quando alguém desaparece, há apenas o vazio, a incerteza que pode se disfarçar de esperança. E essa esperança incerta pode doer mais que a certeza do fim.
"- Você não pode perder a esperança assim, Ângela.
- O problema é que a esperança não é feita só desse sentimento bonito que todo mundo fala. A esperança tem também um avesso que acaba comigo, Suzana." (página 85)
Outros dois pontos que gostaria de destacar no livro são o fato de o marido de Ângela ter continuado ao lado dela após o desaparecimento de Felipe, a relação dos dois traz um pouco de luz para uma história tão sofrida. O segundo ponto me fez pensar sobre o tratamento dado aos casos de desaparecimento de crianças e adolescentes de famílias pobres, sei que Rebentar é uma obra de ficção, mas será que esses casos são tratados com a mesma atenção que os acontecidos em famílias de classe econômica mais alta?
"Meninos desaparecidos de famílias pobres eram classificados como viciados, malandros, foragidos no crime; as meninas, se já tivessem passado dos onze anos, eram quase sempre tidas como 'putinhas' ou fugitivas que estavam com algum namorado na casa dele, num motel ou em qualquer sítio desabitado." (página 70)
Eu gostei da capa do livro, ela tem uma textura quase aveludada. A diagramação está boa, com margens, espaçamento e letras de bom tamanho, as páginas são amareladas e o livro está bem revisado.
"Uma grande porção de cada pessoa é um lugar onde se está só, completamente só." (página 103)
Detalhes: 378 páginas, ISBN-13: 9788501104328, Skoob. Onde comprar online: Submarino, Americanas.
Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha. Alguém aí já conhecia o livro?
Termino o post de hoje pedindo que vocês votem em mim na promoção BIC®-SE, se a caneta que criei for uma das mais votadas, ganharei um smartphone. Para votar em mim (leva menos de um minuto) é só clicar no link: http://bicse.com.br/#/minha-bic/593. Já fiz um post no blog falando sobre a promoção e como participar, para ver é só clicar aqui.
Felipe era um garotinho de 5 anos quando desapareceu enquanto estava numa galeria com a mãe. Durante os 30 anos seguintes, Ângela, a mãe, tentou de todas as formas reencontrá-lo. Agora, depois de 3 décadas, ela não quer mais continuar sua busca. E é sobre essa renúncia que fala Rebentar.
Durante 30 anos, a vida de Ângela se resumiu à busca por Felipe. Ela e o marido não tiveram outros filhos, gastaram tudo o que podiam seguindo pistas, contrataram um restaurador para manter a casa exatamente igual ao que era quando o filho desapareceu. Todas as manhãs poderiam ser o começo do dia em que reencontrariam Felipe, todas as noites o casal ia dormir tendo perdido o filho mais um dia.
"Na verdade, não há infinitas mortes nem infinitas vidas, nunca ouve: o que resta, no lugar da criança desaparecida, é uma anulação constante entre vida e morte - polos opostos de um mesmo vazio sem contornos. Os pais e o filho para sempre habitando esse vão: morrendo vida afora, vivendo adentro de uma morte que não se consuma." (página 26)
Após uma série de acontecimentos, Ângela se deu conta de que jamais poderia recuperar Felipe, não o Felipe de trinta e poucos anos, mas o Felipe por quem ela esperava desde que ele se foi, o menino que voltaria para o segundo quarto da casa, aquele que permaneceu do mesmo jeito por décadas.
Ângela decidiu encerrar as buscas, sair da associação de famílias em busca de pessoas desaparecidas, tirar o nome do filho do cadastro de desaparecidos, mudar de casa, voltar a trabalhar. Sua decisão traria consequências não só para ela, mas também para o restante da família e para tantas outras pessoas que estiveram envolvidas com o caso de alguma forma.
Tive que intercalar a leitura de Rebentar com outro livro, pois ele é uma leitura vagarosa, onde as coisas ficam muito mais no campo dos pensamentos do que da ação. No início, cheguei até a pensar que havia me distraído e estava lendo o mesmo trecho mais de uma vez ou que o autor é que havia se distraído e escrito a mesma coisa novamente, mas não era isso, Rafael Gallo opta por repetições buscando reafirmar algumas ideias, o que torna a leitura mais lenta. Não é um livro que prende o leitor ou o enche de esperanças, desde o início percebemos que a volta de Felipe não é o foco e nem algo que provavelmente vá acontecer. O livro não fala sobre o reencontro de uma mãe com um filho, e sim sobre o reencontro de uma mulher com a vida, sobre a difícil tarefa de seguir em frente quando a sociedade espera que se permaneça no mesmo lugar.
"- Digamos, por exemplo, que a gente tivesse se separado no meio do caminho. Ou mesmo que um dos dois tivesse morrido e o outro sobrado, viúvo. Se eu tivesse ficado, por exemplo, e depois de você ter morrido eu decidisse fazer outra coisa da minha vida, tocá-la pra frente sem esperar mais reencontrar o Felipe, provavelmente as pessoas achariam isso normal. Mas se você fizesse a mesma coisa, todo mundo ia te tachar de... sabe-se lá o quê. Iam dizer que você ficou louca depois que eu morri. Que na hora que você mais deveria ter cuidado da busca pelo Felipe, já que era a única dos pais viva, é que o deixa para trás de vez. É tudo muito mais difícil pra você. Ainda mais nesse mundo machista." (página 138)
Num geral, eu gostei do livro, por abordar um assunto importante que é o desaparecimento de crianças. Hoje mesmo, infelizmente, inúmeras podem estar se separando de suas famílias, e quais são os caminhos para reencontrar uma criança desaparecida? Quando é a hora de seguir em frente, de desistir das buscas? É preciso realmente desistir? Conhecendo a história de Ângela, me solidarizei com ela, entendi suas atitudes. Quando um ente querido morre, há um corpo para enterrar, um corpo do qual se despedir na maioria dos casos, há pelo menos a certeza do fim. Quando alguém desaparece, há apenas o vazio, a incerteza que pode se disfarçar de esperança. E essa esperança incerta pode doer mais que a certeza do fim.
"- Você não pode perder a esperança assim, Ângela.
- O problema é que a esperança não é feita só desse sentimento bonito que todo mundo fala. A esperança tem também um avesso que acaba comigo, Suzana." (página 85)
Outros dois pontos que gostaria de destacar no livro são o fato de o marido de Ângela ter continuado ao lado dela após o desaparecimento de Felipe, a relação dos dois traz um pouco de luz para uma história tão sofrida. O segundo ponto me fez pensar sobre o tratamento dado aos casos de desaparecimento de crianças e adolescentes de famílias pobres, sei que Rebentar é uma obra de ficção, mas será que esses casos são tratados com a mesma atenção que os acontecidos em famílias de classe econômica mais alta?
"Meninos desaparecidos de famílias pobres eram classificados como viciados, malandros, foragidos no crime; as meninas, se já tivessem passado dos onze anos, eram quase sempre tidas como 'putinhas' ou fugitivas que estavam com algum namorado na casa dele, num motel ou em qualquer sítio desabitado." (página 70)
Eu gostei da capa do livro, ela tem uma textura quase aveludada. A diagramação está boa, com margens, espaçamento e letras de bom tamanho, as páginas são amareladas e o livro está bem revisado.
"Uma grande porção de cada pessoa é um lugar onde se está só, completamente só." (página 103)
Detalhes: 378 páginas, ISBN-13: 9788501104328, Skoob. Onde comprar online: Submarino, Americanas.
Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha. Alguém aí já conhecia o livro?
Termino o post de hoje pedindo que vocês votem em mim na promoção BIC®-SE, se a caneta que criei for uma das mais votadas, ganharei um smartphone. Para votar em mim (leva menos de um minuto) é só clicar no link: http://bicse.com.br/#/minha-bic/593. Já fiz um post no blog falando sobre a promoção e como participar, para ver é só clicar aqui.
Deixo o convite para que participem das promoções do blog: sorteio de 3 livros da Editora Agir - HarperCollins Brasil (ÚLTIMOS DIAS!!!) e Promoção de Halloween: sorteio de 5 super kits de livros.
Até o próximo post!
Livro que aborda um tema muito sério e complicado de lidar, o desaparecimento de pessoas. É muito triste ver que um livro relata a história de uma mulher que desistiu! E não é para menos, acredito que chega um ponto a gente cansa.
ResponderExcluirBeijinhos, Helana ♥
In The Sky, Blog / Facebook In The Sky
Oiii, adoro temas assim, me chamam muita atenção e me cativam demais!
ResponderExcluirFiquei encantada com a capa, por ela ser preta e branca, são raras capas assim!
Beijoos
http://segredosliterarios-oficial.blogspot.com.br/
Olá, acho muito interessante esses livros que abordam temas tão reais, a trama desse livro chamou bastante minha atenção, e a sua resenha me deixou mais curiosa para conferir a leitura.
ResponderExcluirBeijos
http://www.oteoremadaleitura.com/
ah, eu tô pra ler esse livro mas confesso que fiquei cismada por vc falar que se trata de uma leitura lenta... =T essas repetições desnecessárias tiram qualquer clima envolvente pra leitura... :(
ResponderExcluiraiai, tomara que eu não me sinta assim quando ler... e ele realmente explora uma temática que me dá interesse...
Olá!
ResponderExcluirEu gostei muito da premissa desse livro, ainda não o conhecia e acho que é uma boa pedida. A única coisa que me incomoda é o fato de ser uma leitura lenta, tenho medo de abandonar o livro por conta disso. Talvez o leia futuramente.
Beijos!
CARACA, que livro perfeito <3 SÉRIO QUE CAPA LINDA, me lembrou a capa do cd da rihanna R8 <3 amei e quero <3
ResponderExcluirA capa me chamou muito a atenção,mas depois de ler a resenha eu perdi um pouco o interesse, O enredo não tem muito apelo pra mim, e o fato de vc ter dito q o livro é um pouco lento me desanimou ainda mais.
ResponderExcluirtema triste e muito sério. Não sei se leria este livro e fico feliz que tenha curtido. Beijos, Diana Medeiros
ResponderExcluirMeu Vicio em Livros
Olá, apesar do livro abordar um tema pouco explorado e bem triste não fiquei muito empolgada para lê-lo por causa da forma com que o autor conduz a narrativa, goste de livros com leituras mais fluidas e envolventes, mas quem sabe algum dia eu não de uma chance para ele...
ResponderExcluirVisite "Meu Mundo, Meu Estilo"
Achei o tema muito interessante, mesmo com a narrativa meio parada, fiquei com vontade de ler. Gosto muito de coisas mais "Profundas".
ResponderExcluirPesado, é como imagino o livro e creio que a palavra sirva de vários modos para representar não só a leitura mas a história em si.
ResponderExcluirOi, flor. Eu gostei da proposta do livro… Acho que sofreria ao lê-lo. Entendo que as coisas se passam em nível de pensamentos e sentimentos, porque se trata da aceitação da perda do filho. É um luto que precisa ser realizado. Uma pena que o casal levou 30 anos para se permitir voltar a viver. Nossa, não sei como me sentiria no lugar da personagem.
ResponderExcluirBeijos!
http://www.myqueenside.blogspot.com
Eu não conhecia o livro, mas me interessei muito por ele. Temas difíceis de serem abordados e que retratam realidades duras da vida de muitas pessoas me chamam muito atenção. Sinto que consigo compreender melhor a forma como as pessoas lidam com esses desafios. Meio que me sinto no lugar da pessoa e conhecer essas realidades, sair da zona de conforto, é algo que considero grandiosíssimo.
ResponderExcluirEspero ter oportunidade de fazer a leitura algum dia.
Oi, tudo bem?
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro, mas fiquei bem curiosa com ele, porque achei a premissa realmente bem bacana e não costumo ler livros sobre desaparecimento de crianças, e também gostei de saber que o livro fala sobre o reencontro com uma mulher com a vida. Enfim, acredito que mesmo sendo uma leitura que não envolve o leitor facilmente, é uma leitura que vale a pena fazer.
Beijos :*
Larissa - srtabookaholic.blogspot.com
OI Mari!!
ResponderExcluirNo começo da resenha, não me interessei pelo livro, mas conforme você vai falando dele e da história e de como as coisas vão se desenrolando, já fiquei muito curiosa com tudo. Adoro essas histórias de buscas me fascina demais, já quero!!
Beijos
LuMartinho | Face
Oi Maria!
ResponderExcluirNossa, que livro profundo! Acredito que mais difícil do que morrer um filho é ele desaparecer, pois quando ele morre a mãe tem todo um rito funerário a cumprir para ajudá-la a seguir em frente. Mas quando a criança some a mãe fica presa, não segue a vida pois a o filho pode estar vivo em algum lugar. Adoraria ler essa história.
B-jussss!
http://www.quemlesabeporque.com/
Oii!
ResponderExcluirAdorei a sua resenha, mas não sei se irei ler o livro :/
Não me chamou muito a atenção. Dessa vez vou deixar passar a dica.
Beijos, Amanda
www.vicio-de-leitura.com
Olá, Maria. Eu estou lendo esse livro, estou chegando à metade dele. E isso que você frisou é verdade. É um tema interessante e não fácil. A narrativa é lenta e por hora repetitiva, mas isso é compreensível por dois motivo, ao meu ver, primeiro porque a história se discorre praticamente com um personagens às voltas com seus anseios e aflições de desistir ou não, segundo, isso é necessário para que possa acrescentar páginas ao Romance. Mesmo assim, a leitura não se mostra cansativa, pelo fato de ele ter fixado "capítulos curtos". Mas uma pausa na leitura também é providencial. Porém, no conjunto da obra, o livro é bom. É aquele negócio, cada escritor tem o seu estilo. E é sempre bom ter histórias variadas em nossa literatura romancista.
ResponderExcluirSempre lembrando que esse livro ganhou o premio SP de literatura de 2016, na categoria, melhor livro de 2015 categoria iniciante até 40 anos.