Resenha: livro "A Fênix de Fabergé", Sue Hecker e Cassandra Gia

 Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "A Fênix de Fabergé", escrito pelas autoras Sue Hecker e Cassandra Gia, publicado em 2018 pela Editora Harlequin.

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 Na adolescência, Aleksei veio com o pai da Rússia para trabalhar num circo no Brasil, mas o dono do circo, Adrik, era um carrasco que só pensava no dinheiro e em humilhar seus funcionários. A estrutura do circo era precária e certo dia ocorreu um incêndio, que poderia ter sido minimizado se ao menos os extintores não estivessem vencidos. O dono do circo fugiu com a filha e o dinheiro, já Aleksei fez o que pôde para salvar o máximo de pessoas possível, porém, ficou preso nas chamas e teve queimaduras graves.

 Quase dez anos depois, Aleksei ainda passava por cirurgias reparadoras por causa das queimaduras. Ele recuperou sua saúde, cobriu parte das marcas com tatuagens e montou seu próprio circo, onde os artistas eram tratados com dignidade e segurança, e por anos planejou sua vingança, procurando por Adrik para que pudesse pagar pelas mortes e pelo que fez com os empregados que dependiam dele.

 Finalmente Aleksei encontrou-o em Manaus, onde a filha de Adrik, Kenya, de 20 anos, sustentava os dois com suas apresentações de contorcionismo. O plano de Aleksei era contratar Kenya para o circo, assim poderia ficar de olho em Adrik e encontrar uma forma de puni-lo. O que ele não esperava era se sentir atraído por Kenya, nem imaginava que ela era mais uma vítima da maldade do pai. Kenya não pôde frequentar a escola nem tinha amigos por estar sempre se mudando, mas acreditava que devia ser grata ao pai por ter cuidado dela sozinho. Trabalhar no circo de Aleksei faria com que Kenya percebesse que o pai não era tão digno de gratidão assim, que descobrisse coisas do passado e sentisse a mesma atração que Aleksei sentia por ela, mas e quando Kenya descobrisse que Aleksei só se aproximou por vingança?
 "— Quem fez isso com você?
 — Acho que me machuquei quando caí.
 Ouvi-la querer omitir a responsabilidade do seu pai me causa náuseas.
 — Essas marcas não são pancadas. São apertões.
 Ela não pode mentir, não para si mesma. Precisa falar em voz alta quem fez isso para começar a entender que está sofrendo abuso físico.
 — Seja lá quem foi o crápula que fez isso com você, serão tomadas providências pela direção do circo.
 — Não! – Segura minha mão e a tira de cima dos seus hematomas. — Meu pai deve ter marcado sem querer quando foi me ajudar a levantar. — Sua pele translúcida mostra as marcas vermelhas recentes, porém outras marcas menos aparentes provam que vêm sendo feitas com regularidade e há tempos.
 — Jeito gentil que ele tem de ajudar, não é mesmo? — Meus olhos vão para as outras marcas.
 — Não tem sido fácil para ele. É desgastante ele ter que vir para me treinar todos os dias e eu não render no ritmo que ele sabe que sou capaz. — Se você acha que a responsabilidade por isso é sua, você ainda não percebeu que está numa situação de abuso — dou de ombros — Não está mais aqui quem a questionou. Mas fica sabendo que, se precisar, não hesite em me chamar. Minha peruca vermelha com seu cabelo de fogo juntos são incandescentes, podendo causar um senhor estrago." (página 135)
 "A Fênix de Fabergé" foi menos sombrio do que eu esperava e, mesmo com pouco mais de 300 páginas, considero um livro curto e de leitura rápida.  Da Sue Hecker eu já tinha lido "Pertinácia", e dá pra notar sim uma pequena diferença na escrita de "A Fênix de Fabergé", que pode ou não ser por causa da Cassandra Gia (confesso que fico curiosa imaginando o que foi ideia de cada uma, especificamente a quem devo agradecer pelo Bim Bom?). As duas autoras trabalharam bem em conjunto, conseguiram passar muitas informações sobre a cultura russa e sobre a vida no circo sem quebrar o tom do romance e da ficção.

 É repugnante a maldade de Adrik, especialmente como tratava a filha. Kenya foi isolada, manipulada psicologicamente para se submeter a ele. Num primeiro momento, estranhei o fato de ela não reconhecer as pessoas com quem conviveu no antigo circo, mas eu não sei se reconheceria pessoas que vi dez anos atrás ou quando criança, nem se conseguiria perceber que o homem com bandagens no rosto, o motoqueiro de capacete e o palhaço eram a mesma pessoa, no caso, Aleksei.
 "— Meu Deus, Aleksei! Nunca imaginei que era...
 — Eu? — Olho-a com a expressão do homem que me tornei. Abrindo meus braços, mostro para ela todas as marcas que esse dia deixou em mim.
 — Você parece outra pessoa!
 — Talvez porque aquele dia eu tenha me tornado quem eu sou hoje." (página 241)
 Das três formas que o protagonista se apresentava, a minha favorita foi o Bim Bom, gostei muito de vê-lo como um palhaço, levando alegria às pessoas. Não curti seu lado ciumento e possessivo, a Kenya também tem esse lado, mas essas características do casal não chegam a ser insuportáveis. Ao contrário de outros livros com a temática da vingança, em "A Fênix de Fabergé" os personagens não ficam enrolando para se render à paixão, eles se envolvem e a vingança de Aleksei fica em segundo plano, como algo que vai se concretizar no momento certo, como se ele soubesse que uma hora ou outra a verdadeira natureza de Adrik iria aparecer, bastava esperar.

 Me agradou o fato de a protagonista ser uma leitora voraz, que encontrou nos livros uma maneira de conhecer o que não podia viver na vida real, assim como a questão das cicatrizes de Aleksei serem apenas parte de quem ele se tornou e não algo que Kenya temesse. A primeira vez dos dois foi até realista, o que nem sempre acontece nos romances. Falando nisso, já fica o aviso de que as cenas de sexo são bem detalhadas. Outros pontos positivos foram a ambientação em cidades brasileiras, os personagens secundários interessantes (inclusive estou empolgada para ler "O Despertar da Baba Yaga", que contará a história de dois outros rapazes do circo e de Lara, que tem o dom de fazer profecias sobre o futuro) e o retrato vívido da vida dos artistas de circo, a rotina, os treinamentos, o que os motiva...
 "Essa mulher me leva à beira do precipício e, o pior, me deixa louco para querer voar sem asas.
 Fazer Kenya confiar em mim é tudo que preciso. Sei que já não conseguirei mais seguir em frente sem tê-la ao meu lado. Toda a raiva que senti ao longo destes anos se transformou numa preocupação extrema no sentido de protegê-la. Não que tenha desistido de meus planos, mas meu instinto superprotetor com relação a ela é intenso e muito maior que qualquer desejo de vingança." (página 197)

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  Eu gostei muita da capa, cheia de elementos importantes para a história. As páginas são amareladas, há pouquíssimos erros de revisão, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho, além de detalhes no início de cada capítulo. Fica minha recomendação de um romance nacional que pode mostrar ao leitor um pouco da cultura da Rússia e do encanto do circo. Me contem: já leram alguma história com personagens circenses?

 Detalhes: 320 páginas, ISBN-13: 9788595083530, Skoob. Clique e compre online na Amazon:

Até o próximo post!

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16 comentários

  1. Não é um gênero que leio, mas achei a edição muito bonita e caprichada. E nem sabia que era nacional. Muito legal, uma ótima indicação!!

    www.vivendosentimentos.com.br

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  2. Olá,

    Não lembro de ter lido uma história com personagens circenses, então esta é a primeira coisa que já chama a minha atenção no enredo. Tinha lido uma resenha recentemente desta obra que citava muito os pontos negativos, então estava um pouco desanimada. Adorei conhecer os pontos positivos e sua opinião me deixou com vontade de ler. Parabéns pela resenha!

    beijos!

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  3. Gostei muito do livro e já pareço gostar muito dos personagens. A capa é linda. Adorei a dica! Também não me lembro de ter lido uma história com personagens circenses e parece me agradar. Obrigada pela indicação!

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  4. Olá, tudo bem Mari?

    Eu não conhecia esse livro e essa capa hein? Ficou bem hot! heheheeh
    Esse não é um gênero que eu leio, mas sempre que leio alguma resenha indico para as amigas do blog. Gostei da sua resenha e impressões e não lembro de ter lido livros com ambientações circenses.
    Abraço!

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  5. Olá!
    Comprei recentemente esse livro e pretendo ler em breve. A escrita da Sue Hecker tem um ritmo muito bom e como adoro enredos com personagens diferentes e elementos culturais bacanas, acredito que vou adorar.
    Beijos!

    Camila de Moraes

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  6. O livro é muito bonito e a história chamou minha atenção. Anotei o nome para uma leitura futura, pois fiquei curioso com a trama.

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  7. Quando a gente se depara com protagonista leitora parece que é um baita achado e a gente já se identifica na hora né? Haahahah esse livro em especial tem feito muito sucesso pelos comentarios que vejo, vou esperar por uma promoção e quem sabe adquiri-lo. É um genero que amo entao certamente nao vou me decepcionar!

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  8. Oi, Maria José.
    Que interessante ver um livro com o circo como cenário.
    Eu sempre gostei muito desse tipo de espetáculo e dói saber que há todo esse lado sórdido por trás do picadeiro.
    Como gostei do cenário, já quero ler a história!
    beijos
    Camis - blog Leitora Compulsiva

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  9. Oi Maria,
    Eu li Selvagens: Unidos pelo Acaso que a autora escreveu junto com Danilo Barbosa e confesso que não gostei muito. Conheci a Sue na Bienal do Rio de Janeiro de 2017 e ela é super atenciosa. Pretendo dar outra oportunidade para a autora, mas gostaria que fosse um livro solo. Gostei muito desse livro trazer um pouco da cultura russa e do mundo circense. Fiquei com vontade de ler. Dica devidamente anotada. Obrigado.
    Beijos,
    André | Garotos Perdidos

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  10. Olá,
    Por mais que não seja um tipo de leitura que eu iria apreciar, a capa me chamou bastante atenção. Essa protagonista ser uma boa leitora é um ponto forte do enredo, afinal isso até consegue chamar atenção do leitor para a história. Anotei a dica

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  11. Que delícia encontrar a sua resenha. Obrigada, pelo carinho E confiança. As citações e captação da história ficou incrível. Ameiiii

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  12. Muito obrigada pela resenha bem feita, envolvente e, acima de tudo, justa, destacando, com elegância, os aspectos negativos e, com beleza, os positivos! Muito obrigada,!! Spacíba!!!❤❤❤🙏🙏🙏

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  13. "A Fênix de Fabergé" foi o inicio de muitas historias fantásticas depois veio "O Despertar da Baba Yaga" e por ultimo "Katyusha" todos eles tem um ponto histórico e cultural muito bom, fala também sobre amor em sua plenitude.
    Convido a todos a conhecer todas essas historias...
    A Fenix de Fabergé,
    O Despertar da Baba Yaga e
    Katyusha.

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    Respostas
    1. Fiquei super curiosa para ler O Despertar da Baba Yaga depois de ler A Fenix de Fabergé ♥.

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