Resenha: "Escrito em algum lugar", Vitor Martins

 Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com "Escrito em algum lugar", conto escrito pelo Vitor Martins e publicado em 2019 em e-book na Amazon.
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 A história é narrada pelo Antônio. A Triple J, boyband favorita dele, se separou há alguns anos, mas está de volta numa turnê. E o Antônio vai passar a noite numa fila para comprar o ingresso para o show da banda em São Paulo.

 "Eu devo isso para o Antônio de seis anos atrás que nunca imaginaria que um retorno do TJ poderia ser real."

 A questão é que o Antônio tem 26 anos e é bem mais velho que o público que está na fila, em sua maioria formada por garotas adolescentes.

 "Me posiciono no fim da fila, sem a menor ideia de como serão as próximas horas. É a primeira vez que eu faço uma loucura dessas."

 Mas a noite que poderia ser terrível e cansativa, com direito a equipe de TV ridicularizando quem estava na fila, se torna muito melhor e mais tolerável pelo fato de, na frente do Antônio, estar Gustavo.

 Gustavo tem mais ou menos a mesma idade de Antônio e também é fã da Triple J. Os dois passarão a noite conversando e descobrindo semelhanças e diferenças. Em comum, ambos têm o amor pela banda, a idade e o fato de serem gays. De diferente, as profissões, a aparência (Antônio é gordo, Gustavo é negro) e o gosto por McFish. O que mais essa fila trará aos dois?

 Eu era bem curiosa para ler algo do Vitor Martins por sempre ver comentários positivos sobre suas obras nas redes sociais. Então, aproveitei que "Escrito em algum lugar" está disponível no Kindle Unlimited para finalmente conhecer a escrita do Vitor, e que escrita super fluida!

 "— Depois de tudo o que a gente conversou, acho que esse show vai servir pra finalmente me despedir da minha adolescência. Ser adulto de verdade.
 — Isso não existe — Gustavo diz. — Todo mundo só finge que é adulto. (...) É exatamente isso que eu tô dizendo! Você não pode botar as expectativas em cima dessas conquistas. Eu acho que não existe uma chave que a gente vira e click, de repente vira adulto. Tem dias que a gente se sente mais adulto do que outros, e aí a gente só se acostuma com as coisas."

 "Ele fica quieto e eu fico paranoico achando que meu comentário ultrapassou algum limite, porque eu não sei interagir com pessoas sem achar o tempo inteiro que estou ultrapassando limites."

 Eu gostei muito do Antônio e do Gustavo e me identifiquei bastante com os questionamentos deles sobre idade. Eu tenho 27 anos e tem vezes que não me sinto adulta! E também tem vezes que me sinto velha demais para algumas coisas, o que é um perigo enorme, pois podemos deixar de aproveitar oportunidades por causa dessa bobagem de achar que nosso tempo já passou (ou desmerecer nossas conquistas, por exemplo: estar na faculdade enquanto colegas já são bem-sucedidos profissionalmente). Para vocês terem ideia, aos 18 anos, eu achava que ter um blog sobre livros era coisa para adolescente, pelo fato de os blogueiros que eu via serem mais novos que eu, felizmente percebi o quão errada eu estava. Não há idade certa para fazer o que você gosta, e realizar seus sonhos não te torna menos ou mais adulto.

 "Matematicamente falando, a diferença de idade que me separa do resto dessa fila nem é tão grande. Eu tenho 26 anos e a maioria do fandom de Triple J deve ter uns 17 ou 18, 20 no máximo. Mas quando a banda anunciou sua pausa, há seis anos, eu estava na faculdade chorando na internet junto com um grupo imenso de fãs que nem tinha chegado no ensino médio. Os poucos anos que separam a escola da vida adulta causam um abismo de gerações muito grande, mas a verdade é que eu sempre fui um adolescente tardio. Isso é uma coisa completamente normal com gays da minha idade. É sério, eu li uma matéria no Buzzfeed sobre isso. A gente passa a adolescência inteira enclausurado no armário e, quando finalmente consegue se assumir, quer viver tudo o que era impossível nos anos de escola."

 O conto traz diversidade, fala sobre ser gay e tem um romance bem gostosinho de se acompanhar, mostra o conflito de gerações e a presença das redes sociais, além do poder que a música tem de unir pessoas.

 Enfim, "Escrito em algum lugar" é uma história curta que proporciona uma leitura rápida e cativante. É muito bom encontrar histórias LGBT+ que sejam leves e reais ao mesmo tempo, que dão aquele quentinho no coração e nos fazem ficar curiosos sobre o que acontecerá com os personagens no próximo capítulo, torcendo para que dê tudo certo para eles. Gostei muito e recomendo a leitura!

 A edição do e-book tem uma capa com elementos que condizem com a trama, boa revisão e diagramação.

 "— Eu não sei se você passou por isso, mas é foda. A maioria das minhas lembranças com Triple J envolvem esconder que gostava da banda porque todo mundo me enchia o saco. E eu tô tão cansado disso. Porque é só uma banda, sabe? E daí que a ESMAGADORA MAIORIA dos fãs são meninas dez anos mais novas do que eu? É só uma banda com umas músicas que eu gosto."

 "Agora eu só consigo pensar em todas as vezes que a vida parecia horrível e eu encontrei conforto nas minhas músicas favoritas. Todas as memórias que eu fiz ao longo da vida só por causa dessa banda. Em todas as vezes que achei que estava sozinho e descobri que não estava."

 Detalhes: 80 páginas, Editora: Agência Página 7, Skoob. Clique para comprar na Amazon:


 Me contem: já leram algo do Vitor Martins? Têm alguma história legal que aconteceu numa fila? Também já se questionaram se algo era "condizente com sua idade"?


 Ps.: fique de olho nas minhas redes sociais, pois estou compartilhando promoções da Black Friday que você não pode perder!


Até o próximo post!

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13 comentários

  1. Realmente a escrita dele é bem fluida, mas sendo sincera eu não curto muito o gênero de escrita dele então dessa vez deixarei a dica passar mas obrigada pela indicação.

    Beijos

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  2. oi!
    Eu já ouvi falar muito bem do Vitor, e suas capas de livros geralmente são lindas. Gostei da dica ;)

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  3. Olá, tudo bem? Nunca li nada do Vitor, mas tenho bastante curiosidade, pois vejo bastante elogios. Adorei tua resenha e fiquei doida pra ler o conto, que parece ser mesmo bem leve e divertido.

    Beijos,
    Duas Livreiras

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  4. Oi!
    Eu também sempre vejo resenhas bem positivas sobre os livros do Vitor, mas não tinha ainda me interessado pelas suas histórias.
    Não sei se ainda me interessei o suficiente para ler, mas achei a temática bem legal. Esse ano, li Universos Afins, da Rainbow Rowell, que tem um estilo bem parecido, mas no caso é um grupo que está na fila da pré-estréia de Star Wars: O Despertar da Força - que é muito mais meu estilo - e eu achei super fofinho.
    Por sinal, adorei a capa do conto.
    Bjss

    http://umolhardeestrangeiro.blogspot.com/2019/11/resenha-formatura-livro-3.html

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  5. adoro a escrita dele, li o 15 dias e amei a forma que ele escreve, uma forma bem simples de fácil compreensão mas cheia de referências e qualidade, estou querendo ler esse conto mas ainda não tive as chances.

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  6. Que capa mais linda e que premissa mais encantadora, eu não conhecia o livro e sua resenha me deixou com muita vontade de ler, parece ser uma leitura envolvente e com personagens apaixonantes

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  7. Olá,
    Ah parece ser fofo o livro! Gosto de livros em que a essa coisa de se encontrar e descobrir um ponto em comum e daí surgir algo, tudo fica mais legal na história. Dica com toda certeza anotada.

    Debyh
    Eu Insisto

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  8. Ah que legal, amei a dica de ebook no Kindle Unlimited!!!
    A temática super atual e interessante, com certeza dá para fazer enredos com questão de raça e gênero sem tanto peso. Valeu pela dica. Beijos
    P.s. Parabéns pela leitura e divulgação!!!

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  9. Amei a ideia da história, entendo bem o Antonio, sou muito fã de coisas que às vezes parecem que só tem fãs mais novos. Acho que deva ser uma leitura apaixonante.
    Beijos
    Mari
    Pequenos Retalhos

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  10. Oii, adorei sua resenha, vi que o livro traz questionamentos bem significativos e presentes na vida real adorei a proposta!

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  11. Oi Mari.

    Eu não conhecia este conto e gostei muito das informações que encontrei na sua resenha. Ainda mais sobre ser um conto que trouxe diversidade, falando sobre homossexualidade e tendo um romance bom de acompanhar. Só me resta adicioná-lo na lista de desejados. Obrigada pela dica.

    Bjos

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  12. Eu gosto demais da escrita do Victor e acabei não comprando esse conto por puro relaxo. Indo pro kindle agora pra comprar o meu.
    Beijos

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  13. Oiee,
    Conheci a escrita do Vitor graças a parceria da Globo Alt, e amei cada segundo da leitura, ele possui uma narrativa leve e contagiante que já de cara te faz se apaixonar pelos personagens, não tem como não gerar empatia e não se sentir amiga deles.
    Vou colocar o conto na lista!!

    Beijokas

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