Resenha: livro "A Mulher do Tenente Francês", John Fowles

     Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "A Mulher do Tenente Francês", escrito por John Fowles.

Resenha livro A Mulher do Tenente Francês, John Fowles

     A história se passa na Inglaterra, começa em 1867, durante a Era Vitoriana, uma época cheia de regras e normas rígidas de conduta. Charles era um cientista amador, de origem nobre. Ele tinha trinta e poucos anos e estava noivo de Ernestina, filha de um rico comerciante e mais ou menos dez anos mais jovem que ele. Ernestina foi passar alguns meses na casa de sua tia, numa pequena cidade a beira mar. Charles acompanhou a moça na viagem.
     Na cidadezinha, ele conheceu Sarah Woodruff , uma mulher misteriosa, sem família, considerada louca por alguns e uma mulher perdida e pecadora por outros.
      A fama de Sarah se dava por, pouco tempo antes, ela ter fugido para se encontrar com um tenente francês que passara algum tempo na cidade. Ninguém sabia ao certo o que aconteceu, o fato é que ela voltou para a cidade em poucos dias, mas sua honra já estava arruinada e seu nome na boca do povo.
     Sarah era bonita, parecia mais culta que boa parte da cidade, mas depois da desilusão por que passou, vivia triste, beirando a loucura. Ela e Charles se esbarraram algumas vezes. O nobre rapaz sentia uma necessidade de fazer alguma coisa por ela, de ajudá-la a se livrar da depressão e começar uma nova vida em algum lugar onde ela pudesse ser feliz longe de seu passado. Sarah lhe pediu ajuda desesperadamente, por ser uma pessoa de fora daquele grupo de mente tão fechada, ele parecia ser o único que talvez pudesse ajudá-la.
     Com essa aproximação, Charles se apaixonou perdidamente por Sarah. Por ela, ele seria capaz de jogar pro alto o futuro sem graça que parecia o aguardar se casasse com a ingênua Ernestina. Sua vida virou de cabeça para baixo!

     "— Oh, meu caro Grogan, se soubesse o horror que era a minha vida... inútil... sem objetivo. Não tenho convicções morais, nenhum senso de dever para com coisa alguma. Parece-me ter sido ontem que completei vinte e um anos, cheios de esperanças... todas destroçadas. E agora me vejo envolvido nesse caso infeliz..." (página 210)


     "A mulher do tenente francês" é um livro com três finais, vocês já viram uma história assim? Foi isso que fez com que eu me interessasse por ele. Mais ou menos na metade do livro tem um, e os outros dois são nos últimos capítulos. Assim, o leitor pode literalmente escolher como gostaria que a história acabasse. Esse não é o único diferencial do livro, o narrador volta e meia parece conversar com o leitor sobre o que ele está contando. Como se para não nos deixar esquecer que é tudo ficção.

     "Não sei. A história que estou contando é pura imaginação. Os personagens que crio nunca existiram senão na minha mente. Se tenho fingido até agora estar a par das ideias e pensamentos mais íntimos de meus personagens é porque estou seguindo (assim como adotei seu vocabulário e sua "voz") uma convenção universalmente aceita à época de minha história, ou seja, que o romancista está colocado na mesma posição de Deus. Ele pode não saber tudo, mas procura fingir que sabe. Vivo, porém, na era de Alain Robbe-Grillet e Roland Barthes, e se isto aqui pode ser chamado um romance, jamais será um romance na moderna acepção do termo." (página 92)

     Mesmo com os três finais, nenhum deles me aquietou totalmente depois de tudo o que Charles sofreu por amor, terminei a leitura com uma pena enorme dele! Pensei por dias, e só consigo acreditar que o verdadeiro mocinho da história é Charles e não Sarah. Me parece que o desafio da história é tentar entender o que se passa na cabeça da " mulher do tenente francês", o que fez Sarah agir como agiu e tomar as decisões que tomou.
     "A mulher do tenente francês" foi um livro que fui gostando aos poucos, bem aos poucos mesmo, até estar apaixonada por ele (ou pelo Charles?) no final. A edição que li é de 1982, por isso tem uma linguagem um pouco complicada de entender, além de a história ter muito mais descrições (principalmente dos cenários) do que acontecimentos.

     "A morte não está na natureza das coisas. Ela é a natureza das coisas. Mas o que morre é a forma. A matéria é imortal. Através dessa sucessão de formas ultrapassadas que nós chamamos de existência, flui uma espécie de vida permanente." (página 275)


      Eu particularmente não achei essa capa bonita (nem nenhuma das capas das outras edições). Quanto a diagramação, essa edição da Editora Record tem folhas amareladas e finas, as margens e a  fonte tem um bom tamanho.Tem uma outra edição mais recente e com outra tradutora, de 2008, pela editora Alfaguara.

     Meu trecho favorito:
     "(...)uma tendência para fazer justiça pelas próprias mãos — um método que sempre transforma o juiz num carrasco..."  (página 401)

     Detalhes: 430 páginas, ISBN: 9788560281374, tradutora: Regina Regis Junqueira, Skoob. Onde comprar online: AmericanasSubmarino (edição da Editora Alfaguara).

     Gostaram da resenha? Espero que sim. O que acham de um livro com finais diferentes?


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20 comentários

  1. Achei fantástica a ideia do livro. Múltiplos finais e um narrador a la Machado de Assis, com um tema considerado polêmico para a época (o adultério)... tenho que conferir isso rsrs não conhecia o livro, mas me interessei profundamente. A capa realmente não é de encher os olhos, mas gostei do número de páginas, das folhas amareladas e da diagramação. Já está na minha lista de futuras leituras.

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  2. Oi, tudo bom?
    Acho que já tinha ouvido falar de livros e filmes com finais alternativos, mas nunca li nem assisti nenhum. Com três finais então, eu nunca tinha ouvido falar, me pareceu bem interessante a história, até porque adoro romances de época, me fazem entender muitas coisas de várias partes da história melhor.
    Adorei sua resenha, e anotarei a dica do livro!
    Beijo :D
    Sou do blog
    http://resenhandoaarte.blogspot.in/

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  3. Eu li esse livro quando estava na escola e lia tudo o que via pela frente na biblioteca. Mas para falar a verdade só se pegar o livro e começar a ler de novo, pois nem me lembrava do que se tratava. Para eu ter esquecido assim, acho que não foi um livro que gostei muito heheheh.

    Blog Prefácio

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  4. A capa não tá legal mesmo...rs
    Mas curti a resenha e me despertou o interesse pela leitura. Parece ser o tipo de livro que gosto. Vou dar uma olhadinha se encontro por aqui.

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  5. Eita, três finais?? Que criativo! É bem pra agradar todo mundo né, mas por via das dúvidas, acho que você criou um próprio quarto final haha. Não sei se eu apreciaria muito a leitura, mas a história parece ter grande potencial.

    xx Carol
    http://caverna-literaria.blogspot.com.br/
    Tem resenha nova de "A Lista Negra" no blog, vem conferir!

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  6. Amei esse livro e os finais alternativos. Não tinha conhecimento deste livro ainda, mais amei a proposta e também conhecer essa personagem tão sofrida. Estou encantada e espero conseguir ler logo. Assim poderei escolher meu final preferido. rsrsrs Beijos.

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  7. Olá, tudo bem?
    Gostei da proposta do livro :)
    Já li um livro com três finais, chama-se "Uma mulher, um homem, um drink" e é o melhor chick-lit brasileiro que já li. Muito bom mesmo.
    Não gosto muito de livro com personagens sofredores, mas esse parece ser bom! Gosto de livros históricos.
    Super beijos <3
    http://livros-cores.blogspot.com.br/

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    1. Oi Roberta, ainda não conhecia o livro que você citou, fiquei curiosa sobre ele. Obrigada pela visita e comentário.

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  8. Demorei um pouco a aprender a gostar de livros que tem muita descrição, mas hoje eu gosto. Por mais que a leitura seja mais demorada, eu crio cenas incriveis na cabeça HEHEHEHE
    E olha, nunca vi livros com 3 finais! Que interessante. Eu ia ficar bem intrigada se lesse 3 possibilidades de final e nenhum deles me contemplasse totalmente!
    HEHEHE

    Não conhecia o livro, mas me pareceu bastante interessante!
    Um beijo
    www.reinodascoisas.com

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  9. Oi, Maria!
    Que bom que você gostou desse livro! Essas fotos são do meu livro viajante?
    Eu ainda não o li, mas sua resenha me deixou tão interessada que assim que ele voltar para mim pretendo lê-lo. :)

    Um abraço

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    1. Oi Thaísa, é o seu livro viajante sim; muito obrigada pelo empréstimo, pela visita e comentário.

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  10. Oi Mari,também não gostei muito da capa,e acho que me sentiria um tanto confusa com três finais diferentes,não gosto de livros assim,prefiro os que só tem um,mesmo que eu não concorde com ele,a resenha ficou ótima,gostei do enredo,só não gostei dos múltiplos finais.Bjos

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    1. Oi Aline, mas é justamente esse o diferencial do livro. Obrigada pela visita e comentário.

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