Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Angústia na cidade do caos: crônicas de uma era indecente", escrito pelo Lennon Lima e publicado em 2018 pela Multifoco.
"A vida é um eterno grito de dor que surgiu repentinamente em algum lugar do infinito. O grito cessa por um instante, cedendo lugar à música quando ficamos sob o efeito do amor. O sentimento máximo que sobrepõe todas as dores, as esperanças mortas, o ódio, o medo, o horror. É o que temos de melhor. O nosso ápice. O único momento que valemos alguma coisa e a vida não nos parece tão trágica." (página 112)
Sebastião voltava para casa quando se deparou com um homem desacordado na estrada. Sendo o coveiro da região, se o rapaz estivesse morto, Sebastião mais cedo ou mais tarde teria que levá-lo para enterrar. Felizmente, o rapaz estava vivo, mas desmemoriado, não se lembrava do nome nem de onde tinha vindo. Sebastião precisava de alguém que lhe ajudasse no cemitério que funcionava em seu terreno e que servia à população da vila Coronel Rodrigues. Então, com a condição de que o rapaz lhe ajudasse naquele dia, ele acompanharia o desmemoriado (que passou a se chamar Carlos) no dia seguinte até Coronel Rodrigues, de onde poderiam ir até a cidade e saber se alguém podia identificá-lo ou estava procurando por ele.
"Era só coincidência? Ou... Ele provocava sensações estranhas? Transmitia ao manter contato físico com outros indivíduos? Correspondendo à realidade dessa suposição, que tipo de sensação passava? Era a mesma que sentia?" (página 249)
Mas coisas estranhas aconteceriam naquela noite, começando pelo que Sebastião e Rosa, sua esposa, sentiriam com a presença de Carlos na casa. Quem seria ele? Como sua presença afetaria a vida em Coronel Rodrigues, a vila dividida ao meio por duas facções, uma comandada pelo traficante JB e a outra comandada por Chico e a milícia?
A obra é divida em 27 capítulos. Nos primeiros, vemos a chegada de Carlos na casa do coveiro, depois temos uma carta de um jovem que era viciado em drogas e até perdeu um dedo por não conseguir pagar sua dívida com JB, mas que decidiu procurar tratamento após um encontro com o desmemoriado. Nos capítulos seguintes, o autor irá pouco a pouco nos contando a história de Coronel Rodriges: o motivo de os dois irmãos terem se tornado rivais, como a divisão da vila ocorreu, qual foi o papel da mãe de JB e Chico nessa divisão, além de mostrar as semelhanças e diferenças da vida nas duas comunidades e as estranhas sensações que Carlos tem e provoca nas pessoas.
"(...) Malditos milicos! Suas barbaridades provocaram isso. Chico tentou avisar, conversar, em vão. (...) Esse tipo de atitude prejudicava e muito o trabalho de passar confiança aos moradores, de assinalar diferenças positivas em relação a C. F. Por causa das crueldades dos milicianos a história da Novo Poder já tinha manchas medonhas. Zumbi sempre tinha o trabalho de apaziguar os ânimos, conter a revolta dos habitantes, sempre procurava o diálogo com Rafael pretendendo impedir repetição de episódio grotesco igual a esse, mas jamais chegou a um consenso. Para os militares, a punição era essencial, pois mantinha a disciplina. Francisco argumentava que se punir era preciso que se punisse de forma mais discreta, porém, esse pedido era incompreensível aos belicosos. Na concepção deles o interessante do castigo em público é que desestimula infrações semelhantes e poupa o trabalho de afligir inúmeras repreensões." (página 319)
"E JB não perdoava, não esquecia. Era rancoroso. Quando menos se esperava, a sua foice vingativa era arremessada com força e banhava-se em sangue." (página 51)
Ainda que o livro não tenha me cativado e apesar do fato de que terá uma continuação e por isso não tem resposta para a principal questão da trama, eu achei interessante como o autor foi contando as histórias de Coronel Rodrigues, histórias com muitas semelhanças com a realidade de inúmeras pessoas que vivem em favelas ou regiões dominadas pelo tráfico e pelas milícias.
Fica o aviso de que há cenas bem pesadas, de violência, mortes, torturas, estupros, pois estamos numa área onde a lei é feita pelos líderes das facções e a liberdade de ir e vir e os direitos são limitados. O autor mescla o uso de palavras mais formais com gírias e "caipirês", partes reflexivas com cenas de ação.
"O homem é um livro que expõe a melhor capa que pode produzir: a mais dócil, meiga, brilhante, elaborada, próspera. No entanto, em muitos casos, ao lê-lo por inteiro, descobre-se que a capa ressalta qualidades que mal se notam na leitura.
Juliana vivia no mundo das capas." (página 161)
A edição tem uma capa um pouco abstrata, mas gosto da combinação de branco, vermelho, preto e cinza. As páginas são brancas. As margens, as letras e o espaçamento entre uma linha e outra tem um bom tamanho, e a revisão poderia estar melhor.
Enfim, fica a sugestão para quem procura um livro que mostre parte da dura realidade brasileira e que também tenha um toque de ficção relacionada às habilidades especiais do personagem principal. Me contem: já conheciam o livro ou o autor?
Detalhes: 348 páginas, ISBN-13: 9788582735053, Skoob. Clique aqui para comprar na loja da editora.
"A vida é um eterno grito de dor que surgiu repentinamente em algum lugar do infinito. O grito cessa por um instante, cedendo lugar à música quando ficamos sob o efeito do amor. O sentimento máximo que sobrepõe todas as dores, as esperanças mortas, o ódio, o medo, o horror. É o que temos de melhor. O nosso ápice. O único momento que valemos alguma coisa e a vida não nos parece tão trágica." (página 112)
Sebastião voltava para casa quando se deparou com um homem desacordado na estrada. Sendo o coveiro da região, se o rapaz estivesse morto, Sebastião mais cedo ou mais tarde teria que levá-lo para enterrar. Felizmente, o rapaz estava vivo, mas desmemoriado, não se lembrava do nome nem de onde tinha vindo. Sebastião precisava de alguém que lhe ajudasse no cemitério que funcionava em seu terreno e que servia à população da vila Coronel Rodrigues. Então, com a condição de que o rapaz lhe ajudasse naquele dia, ele acompanharia o desmemoriado (que passou a se chamar Carlos) no dia seguinte até Coronel Rodrigues, de onde poderiam ir até a cidade e saber se alguém podia identificá-lo ou estava procurando por ele.
"Era só coincidência? Ou... Ele provocava sensações estranhas? Transmitia ao manter contato físico com outros indivíduos? Correspondendo à realidade dessa suposição, que tipo de sensação passava? Era a mesma que sentia?" (página 249)
Mas coisas estranhas aconteceriam naquela noite, começando pelo que Sebastião e Rosa, sua esposa, sentiriam com a presença de Carlos na casa. Quem seria ele? Como sua presença afetaria a vida em Coronel Rodrigues, a vila dividida ao meio por duas facções, uma comandada pelo traficante JB e a outra comandada por Chico e a milícia?
A obra é divida em 27 capítulos. Nos primeiros, vemos a chegada de Carlos na casa do coveiro, depois temos uma carta de um jovem que era viciado em drogas e até perdeu um dedo por não conseguir pagar sua dívida com JB, mas que decidiu procurar tratamento após um encontro com o desmemoriado. Nos capítulos seguintes, o autor irá pouco a pouco nos contando a história de Coronel Rodriges: o motivo de os dois irmãos terem se tornado rivais, como a divisão da vila ocorreu, qual foi o papel da mãe de JB e Chico nessa divisão, além de mostrar as semelhanças e diferenças da vida nas duas comunidades e as estranhas sensações que Carlos tem e provoca nas pessoas.
"(...) Malditos milicos! Suas barbaridades provocaram isso. Chico tentou avisar, conversar, em vão. (...) Esse tipo de atitude prejudicava e muito o trabalho de passar confiança aos moradores, de assinalar diferenças positivas em relação a C. F. Por causa das crueldades dos milicianos a história da Novo Poder já tinha manchas medonhas. Zumbi sempre tinha o trabalho de apaziguar os ânimos, conter a revolta dos habitantes, sempre procurava o diálogo com Rafael pretendendo impedir repetição de episódio grotesco igual a esse, mas jamais chegou a um consenso. Para os militares, a punição era essencial, pois mantinha a disciplina. Francisco argumentava que se punir era preciso que se punisse de forma mais discreta, porém, esse pedido era incompreensível aos belicosos. Na concepção deles o interessante do castigo em público é que desestimula infrações semelhantes e poupa o trabalho de afligir inúmeras repreensões." (página 319)
"E JB não perdoava, não esquecia. Era rancoroso. Quando menos se esperava, a sua foice vingativa era arremessada com força e banhava-se em sangue." (página 51)
Ainda que o livro não tenha me cativado e apesar do fato de que terá uma continuação e por isso não tem resposta para a principal questão da trama, eu achei interessante como o autor foi contando as histórias de Coronel Rodrigues, histórias com muitas semelhanças com a realidade de inúmeras pessoas que vivem em favelas ou regiões dominadas pelo tráfico e pelas milícias.
Fica o aviso de que há cenas bem pesadas, de violência, mortes, torturas, estupros, pois estamos numa área onde a lei é feita pelos líderes das facções e a liberdade de ir e vir e os direitos são limitados. O autor mescla o uso de palavras mais formais com gírias e "caipirês", partes reflexivas com cenas de ação.
"O homem é um livro que expõe a melhor capa que pode produzir: a mais dócil, meiga, brilhante, elaborada, próspera. No entanto, em muitos casos, ao lê-lo por inteiro, descobre-se que a capa ressalta qualidades que mal se notam na leitura.
Juliana vivia no mundo das capas." (página 161)
A edição tem uma capa um pouco abstrata, mas gosto da combinação de branco, vermelho, preto e cinza. As páginas são brancas. As margens, as letras e o espaçamento entre uma linha e outra tem um bom tamanho, e a revisão poderia estar melhor.
Enfim, fica a sugestão para quem procura um livro que mostre parte da dura realidade brasileira e que também tenha um toque de ficção relacionada às habilidades especiais do personagem principal. Me contem: já conheciam o livro ou o autor?
Detalhes: 348 páginas, ISBN-13: 9788582735053, Skoob. Clique aqui para comprar na loja da editora.
Até o próximo post!
Me acompanhe nas redes sociais:
Olá, não conhecia o livro mais uma pena que não a cativou, é bem difícil quando isso ocorre, não sei se daria uma chance a obra por ter partes pesadas no momento to buscando um outro tipo de leitura, espero que suas próximas experiências sejam melhores, beijos!
ResponderExcluirAinda não conhecia o livro e pela capa, não imaginaria o seu conteúdo. Valeu por avidar sobre os possíveis gatilhos que a leitura pode causar. Já quero ler.
ResponderExcluirBeijos
Não é um livro que chame minha atenção, mas sua resenha ficou ótima e apesar de não ter te cativado tanto, você deixou claros os pontos da história! Muito legal.
ResponderExcluirAcredito que seja a primeira vez que ouço falar deste livro e que pena que a história não te envolveu tanto. Eu realmente fiquei curiosa sobre a história, por abordar o tema tão real do tráfico e das milícias e o que as pessoas precisam suportar, por não terem como ir viver em lugares melhores, mais seguros. Gosto de livros que tocam em temas reais, sobretudo se o autor souber desenvolver bem a história.
ResponderExcluirFiquei pensando em qual será o papel do rapaz desmemoriado e que coisas estranhas são essas que acontecem com as pessoas que estão perto dele. Isso despertou muito meu interesse, pois sou uma pessoa curiosa!rs
Bjs!
Não conhecia o autor e nem a obra, eu até gostei da proposta, mas não seria um livro que leria no momento. Uma pena não ter sido uma experiência 100% positiva. Sua resenha ficou ótima.
ResponderExcluirBjim!
Olá...
ResponderExcluirGostei bastante de sua resenha!
Ainda não conhecia esse livro, mas, pelo que pude perceber é uma obra bem pesada, tem uma premissa interessante também... Porém, não é um livro que leria no momento, pois, estou buscando coisas mais leves.
Bjo
Oi, tudo bem? Concordo com você a capa é um tanto abstrata o que chama nossa atenção para a história. Uma pena não ter suprido sua expectativa as vezes acontece ainda mais quando estávamos aguardando algo diferente. Vamos ver o que o autor nos reserva na continuação. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirNão conhecia o livro.
ResponderExcluirGosto de alguns livros de crônicas e adorei a capa, realmente chama bastante atenção! É ruim quando um livro não atende nossas expectativas, mas acontece! Espero que a próxima leitura seja melhor!
Oi Mari!
ResponderExcluirA capa realmente chama a atenção, gosto de abstrato. Não conhecia o livro, fiquei curiosa sobre o personagem desmemoriado, pois se ele tem algum tipo de poder então pode ser usado para a justiça, não sou muito fã de ler estupro e muita violência, mas quero ler esse livro, o enredo parece ser misterioso. Parabéns pela resenha, obrigado pela dica, bjs!
Então, eu não sou muito adepta dessas histórias da realidade nua e crua não. Me incomodam um tanto. E não é que sou hipócrita de fechar os olhos para autores que retratam o nosso dia-a-dia. Eu sou consciente a respeito disso. Só não é um tipo de leitura que me instigue. Prefiro passar a dica!
ResponderExcluirGrane abraço
Carol, do Coisas de Mineira
Conheço a editora, mas não sabia da existência do livro, como você, também curti a mesclam de cores da capa e histórias sobre a realidade brasileira me chamam atenção, esse é um livro que se tiver oportunidade, certamente lerei.
ResponderExcluirEsse livro parece ter uma mega pitada de suspense, eu pelo menos senti ao ler a resenha, portanto já é uma obra que me chama a atenção e desejo ler, anotei a dica.
ResponderExcluir