Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Corações Quebrados", escrito pela portuguesa Sofia Silva e publicado em 2018 pela Editora Valentina.
“Às vezes, é preciso tocarmos nas portas do inferno para percebermos que viver é uma dádiva, principalmente rodeados por quem amamos.”
Diogo é um português de 26 anos, um militar que sobreviveu a uma emboscada na guerra no Afeganistão. Emília, uma brasileira de 23 anos, perdeu a família de forma trágica. Ambos estão passando pelo transtorno do estresse pós-traumático.
Leonardo, em Portugal, e Rafaela, no Brasil, são os médicos que cuidam do tratamento de Diogo e Emília, e acreditam que será benéfico se os dois pacientes conversarem através da internet, como uma espécie de terapia em grupo.
"Diogo: Olá, Emília. O meu nome é Diogo, tenho 26 anos e sou português (certamente não é novidade). Fui internado há quase um ano, após ter sofrido uma emboscada enquanto completava mais uma patrulha no Afeganistão. Eu era um dos militares que fazia parte da missão da Força Internacional de Apoio à Segurança quando o pesadelo aconteceu. Nesse dia perdi tudo. Perdi os meus irmãos de luta, perdi a fé no mundo."
Emília: Tenho 23 anos e estou internada há tempo demais. Compreendo tudo que você está vivendo porque também perdi a vontade de viver. Eu era uma garota normal, hoje não sei quem sou. Passo os meus dias contando segundos e minutos para que este sofrimento termine."
"Emília: Todos os homens portugueses são assim?
Diogo: Não. Eu sou o melhor de todos. Felizmente para ti, escolheste bem. Há até quem diga que sou perfeito."
Diogo e Emília começaram a conversar, e acabaram se apaixonando. Porém, eles estavam em fases diferentes do tratamento: Diogo já estava pronto para voltar a viver em sociedade e ter uma vida normal, enquanto Emília ainda não conseguia desejar reconstruir sua vida. Além disso, Emília guardava segredos sobre si, segredos que lhe faziam duvidar do interesse de Diogo.
"Você gosta de tudo aquilo que eu tentei esconder porque a primeira pessoa que disse 'Eu te amo' nunca gostou dessa parte de mim. Como você pode gostar?"
"Vivo num corpo quebrado e sou feita de metades. Uma metade sente algo forte, mais do que amor, muito mais. (...)Mas… há sempre um 'mas'. A outra metade tem medo e, às vezes, é má. Ela já sofreu muito."
Como será quando o português e a brasileira se verem frente a frente? Haverá maneiras de duas pessoas tão quebradas construírem algo juntas?
"— Sabes o que acho? Que os teus colegas e os pais dela vos uniram lá em cima. Eles perceberam que vocês estavam perdidos e sem rumo.
— Mãe…
— Eu sei que desde que tudo aconteceu não crês em Deus, mas, Diogo, eu acredito por nós dois que alguém lá em cima nunca se esqueceu de ti. Não interessa quem, mas existe sempre uma razão para tudo neste mundo. Por isso, escreve-lhe não o que julgas ser o melhor, mas aquilo de que neste momento ela mais precisa.
— E do que achas que ela precisa neste momento?
— Simples: de ti."
Esse foi o segundo livro que li da autora, o primeiro foi "Sorrisos Quebrados" que dá início à série "Quebrados" e era protagonizado por Paola, outra moradora da clínica de Rafaela, onde Emília mora. Em "Corações Quebrados", é possível entender melhor como funciona essa clínica, algo que havia me deixado curiosa no primeiro livro.
"Infelizmente na vida nada é preto ou branco, e neste momento não há alguém melhor para compreender um pássaro ferido do que outro que já teve as asas quebradas."
A narração é intercalada entre os dois protagonistas, e tendo um personagem português, é bem nítida a diferença na forma como falamo o idioma português, além de podermos ver, nas conversas entre os personagens, várias curiosidades sobre Portugal, algo que achei bem interessante.
"Invejo os que, mesmo com ninho, voam todos os dias para o desconhecido. Apesar do risco de queda, caso as asas falhem, eles preferem viver a vida a estarem somente protegidos pelas árvores."
Gosto muito do fato de a Sofia Silva ter trazido, no primeiro e no segundo livro, mocinhas que foram marcadas fisicamente, que não se encaixariam no padrão de beleza imposto na sociedade, com uma mensagem de que essas marcas não tornam essas mulheres menos capazes de serem atraentes e amadas. É super importante termos essa representativa nos romances.
"Hoje compreendo que há sempre esperança de que amanhã tudo seja melhor e o passado seja só isso, algo que ficou para trás. Pelo menos é no que creio." (Diogo)
Apesar dos vários pontos positivos da obra, confesso que gostei mais do casal do primeiro livro, esse segundo foi uma leitura que não me envolveu tanto. Temos ambientações legais, com direito a cenários lindos do Brasil e de Portugal, personagens que passaram por situações comoventes e uma narrativa muito romântica, mas faltou algo para que eu me conectasse com a trama, talvez pelo fato de eu ter certa dificuldade com sentimentos que nascem em conversas pelo celular ou pelo computador. Depois de descobrir o que a Emília havia escondido nessas conversas com o Diogo, a trama ficou mais interessante.
"Ele não é a metade que me faltava; é o tudo de que eu precisava."
Em "Corações Quebrados", já tivemos um vislumbre de personagens que aparecerão nos próximos volumes da série, como a Doutora Rafaela e o Doutor Leonardo; inclusive, o terceiro livro, "Destinos Quebrados", já foi lançado.
"Algo aconteceu há dez anos, e nenhum dos dois tem coragem de assumir a verdade. Segredos são como crimes perfeitos, não existem. Pode demorar tempo, mas a verdade sempre vem à tona. (Sobre Leonardo e Rafaela)"
Sobre a edição: há o livro impresso, mas fiz a leitura do e-book pelo Kindle Unlimited (todo o catálogo da Valentina está disponível no serviço). A capa traz elementos que tem a ver com a história. A revisão e a diagramação estavam boas.
Enfim, fica a minha recomendação para quem procura um romance bem romântico, sobre dois personagens quebrados, que aborda a depressão, o luto e a deficiência física. Fico na torcida para que a história lhes cative mais do que me cativou.
Mais algumas citações:
“Existe uma ideia romantizada sobre o homem poder tratar mal a mulher, pois é atormentado, basta ler livros ou assistir a filmes. Na maioria das vezes, todas as mulheres adoram esse tipo de protagonista, mas quando é o oposto, uma mulher que está a lutar por ser feliz, com problemas sérios, raramente ela é amada do mesmo modo. Está incutido isso de que a mulher não tem o direito de sofrer ou de estar confusa, pois é chata e ele merecia coisa melhor. Quando o contrário acontece ninguém diz isso. A mulher é proibida de sofrer, mas sofrer também faz bem e é importante para qualquer pessoa.”
“Às vezes, é preciso tocarmos nas portas do inferno para percebermos que viver é uma dádiva, principalmente rodeados por quem amamos.”
Diogo é um português de 26 anos, um militar que sobreviveu a uma emboscada na guerra no Afeganistão. Emília, uma brasileira de 23 anos, perdeu a família de forma trágica. Ambos estão passando pelo transtorno do estresse pós-traumático.
Leonardo, em Portugal, e Rafaela, no Brasil, são os médicos que cuidam do tratamento de Diogo e Emília, e acreditam que será benéfico se os dois pacientes conversarem através da internet, como uma espécie de terapia em grupo.
"Diogo: Olá, Emília. O meu nome é Diogo, tenho 26 anos e sou português (certamente não é novidade). Fui internado há quase um ano, após ter sofrido uma emboscada enquanto completava mais uma patrulha no Afeganistão. Eu era um dos militares que fazia parte da missão da Força Internacional de Apoio à Segurança quando o pesadelo aconteceu. Nesse dia perdi tudo. Perdi os meus irmãos de luta, perdi a fé no mundo."
Emília: Tenho 23 anos e estou internada há tempo demais. Compreendo tudo que você está vivendo porque também perdi a vontade de viver. Eu era uma garota normal, hoje não sei quem sou. Passo os meus dias contando segundos e minutos para que este sofrimento termine."
"Emília: Todos os homens portugueses são assim?
Diogo: Não. Eu sou o melhor de todos. Felizmente para ti, escolheste bem. Há até quem diga que sou perfeito."
Diogo e Emília começaram a conversar, e acabaram se apaixonando. Porém, eles estavam em fases diferentes do tratamento: Diogo já estava pronto para voltar a viver em sociedade e ter uma vida normal, enquanto Emília ainda não conseguia desejar reconstruir sua vida. Além disso, Emília guardava segredos sobre si, segredos que lhe faziam duvidar do interesse de Diogo.
"Você gosta de tudo aquilo que eu tentei esconder porque a primeira pessoa que disse 'Eu te amo' nunca gostou dessa parte de mim. Como você pode gostar?"
"Vivo num corpo quebrado e sou feita de metades. Uma metade sente algo forte, mais do que amor, muito mais. (...)Mas… há sempre um 'mas'. A outra metade tem medo e, às vezes, é má. Ela já sofreu muito."
Como será quando o português e a brasileira se verem frente a frente? Haverá maneiras de duas pessoas tão quebradas construírem algo juntas?
"— Sabes o que acho? Que os teus colegas e os pais dela vos uniram lá em cima. Eles perceberam que vocês estavam perdidos e sem rumo.
— Mãe…
— Eu sei que desde que tudo aconteceu não crês em Deus, mas, Diogo, eu acredito por nós dois que alguém lá em cima nunca se esqueceu de ti. Não interessa quem, mas existe sempre uma razão para tudo neste mundo. Por isso, escreve-lhe não o que julgas ser o melhor, mas aquilo de que neste momento ela mais precisa.
— E do que achas que ela precisa neste momento?
— Simples: de ti."
Esse foi o segundo livro que li da autora, o primeiro foi "Sorrisos Quebrados" que dá início à série "Quebrados" e era protagonizado por Paola, outra moradora da clínica de Rafaela, onde Emília mora. Em "Corações Quebrados", é possível entender melhor como funciona essa clínica, algo que havia me deixado curiosa no primeiro livro.
"Infelizmente na vida nada é preto ou branco, e neste momento não há alguém melhor para compreender um pássaro ferido do que outro que já teve as asas quebradas."
A narração é intercalada entre os dois protagonistas, e tendo um personagem português, é bem nítida a diferença na forma como falamo o idioma português, além de podermos ver, nas conversas entre os personagens, várias curiosidades sobre Portugal, algo que achei bem interessante.
"Invejo os que, mesmo com ninho, voam todos os dias para o desconhecido. Apesar do risco de queda, caso as asas falhem, eles preferem viver a vida a estarem somente protegidos pelas árvores."
Gosto muito do fato de a Sofia Silva ter trazido, no primeiro e no segundo livro, mocinhas que foram marcadas fisicamente, que não se encaixariam no padrão de beleza imposto na sociedade, com uma mensagem de que essas marcas não tornam essas mulheres menos capazes de serem atraentes e amadas. É super importante termos essa representativa nos romances.
"Hoje compreendo que há sempre esperança de que amanhã tudo seja melhor e o passado seja só isso, algo que ficou para trás. Pelo menos é no que creio." (Diogo)
Apesar dos vários pontos positivos da obra, confesso que gostei mais do casal do primeiro livro, esse segundo foi uma leitura que não me envolveu tanto. Temos ambientações legais, com direito a cenários lindos do Brasil e de Portugal, personagens que passaram por situações comoventes e uma narrativa muito romântica, mas faltou algo para que eu me conectasse com a trama, talvez pelo fato de eu ter certa dificuldade com sentimentos que nascem em conversas pelo celular ou pelo computador. Depois de descobrir o que a Emília havia escondido nessas conversas com o Diogo, a trama ficou mais interessante.
"Ele não é a metade que me faltava; é o tudo de que eu precisava."
Em "Corações Quebrados", já tivemos um vislumbre de personagens que aparecerão nos próximos volumes da série, como a Doutora Rafaela e o Doutor Leonardo; inclusive, o terceiro livro, "Destinos Quebrados", já foi lançado.
"Algo aconteceu há dez anos, e nenhum dos dois tem coragem de assumir a verdade. Segredos são como crimes perfeitos, não existem. Pode demorar tempo, mas a verdade sempre vem à tona. (Sobre Leonardo e Rafaela)"
Sobre a edição: há o livro impresso, mas fiz a leitura do e-book pelo Kindle Unlimited (todo o catálogo da Valentina está disponível no serviço). A capa traz elementos que tem a ver com a história. A revisão e a diagramação estavam boas.
Enfim, fica a minha recomendação para quem procura um romance bem romântico, sobre dois personagens quebrados, que aborda a depressão, o luto e a deficiência física. Fico na torcida para que a história lhes cative mais do que me cativou.
Mais algumas citações:
“Existe uma ideia romantizada sobre o homem poder tratar mal a mulher, pois é atormentado, basta ler livros ou assistir a filmes. Na maioria das vezes, todas as mulheres adoram esse tipo de protagonista, mas quando é o oposto, uma mulher que está a lutar por ser feliz, com problemas sérios, raramente ela é amada do mesmo modo. Está incutido isso de que a mulher não tem o direito de sofrer ou de estar confusa, pois é chata e ele merecia coisa melhor. Quando o contrário acontece ninguém diz isso. A mulher é proibida de sofrer, mas sofrer também faz bem e é importante para qualquer pessoa.”
"Vou almoçar com os meus pais, mas preferia não o fazer, pois sinto que os deixo tristes por eu não ser igual ao que era; contudo, depois de saber da tua história, valorizo cada vez mais os momentos com eles. E eles, Emília, são pais maravilhosos. Tenho certeza de que tu e a minha mãe, se houvesse possibilidade, iriam dar-se lindamente, pois ambas gostam de infligir danos ao meu ego. Se pudesse, enviaria para ti os abraços que ela tem sempre guardados."
"Acho que desde o início a questão principal foi a minha incapacidade de aceitar que, por mais controle que tenhamos sobre nós, não podemos controlar a vida ou mesmo as decisões dos outros. O máximo que podemos fazer é aceitar que a nossa existência não depende unicamente da forma como agimos, mas das ações que nos rodeiam." (Diogo)
"Outras vezes penso que fiquei nesta agonia devido à falta de amigos. Sinto-me sozinho o tempo inteiro. Os amigos do Exército ficaram para trás, e os restantes seguiram as suas vidas mundanas e inocentes."
"O amor me salvou da tristeza, mas a terapia me ajudou a cicatrizar o que compreendi nunca ter superado."
Detalhes: 344 páginas, ISBN-13: 9788558890786, Skoob. Clique para comprar na Amazon:
Por hoje é só, espero que tenham gostado do post. Me contem: já leram algo da autora? Gostam de histórias que tragam o português de Portugal?
Veja também:
♥ Resenha de "Sorrisos Quebrados"
♥ Teste o Kindle Unlimited gratuitamente por 30 dias
Até o próximo post!
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Nossa nem sabia que tinha sido lançado o terceiro livro já... Eu iniciei o primeiro e abandonei por falta de tempo e acabei não dando continuidade :/ mas quero muito ler todos, eu gostei dos assuntos que ela aborda, e da escrita da autora. Esse livro despertou bastante meu interesse, mesmo muita gente não gostando tanto dele.
ResponderExcluirJardim de Palavras
Olá...
ResponderExcluirUltimamente ando lendo excelentes comentários sobre a escrita da Sofia Silva e como ainda não li nada dela ando muuuuito ansiosa para o fazer! Acho a premissa bem interessante e vou me programar pra ler ;)
Bjo
http://coisasdediane.blogspot.com/
OOi!
ResponderExcluirAo contrário de Sorrisos Quebrados este livro não me despertou curiosidade para realizar a leitura. Talvez se eu ler o primeiro volume isso mude, mas não gostei da premissa em si das personagens e de toda essa coisa de "relacionamento a distancia".
Silviane, blog Memento Mori• Siga no Instagram: @kzmirobooks
Oi
ResponderExcluirEu adoro o trabalho da Sofia 😊 as histórias são sempre bem interessantes...
Oi Mari.
ResponderExcluirEu também estou lendo os livros da série Quebrados e confesso que a leitura está sendo surpreendente. Adorei conhecer mais detalhes sobre a clínica e especialmente sobre o Leonardo e Rafaela. Além do casal principal do livro. Agora o Sorrisos Quebrados está sendo meu favorito.
Bjos
Tenho o primeiro livro dessa série em ebook mas ainda não consegui ler. Todos elogiam o trabalho da autora é já estou curiosa. Espero conseguir ler algo dela e, 2020.
ResponderExcluirQue interessante que a editora colocou o catálogo no kindle Unlimited, não sabia. Valeu pela informação. Enfim valeu pela dica de leitura e parabéns pela leitura, uma pena o segundo livro não ter te fisgado tanto qnt o primeiro. Desejo que os próximos te conquistem.
Já li essa obra da autora, assim como a anterior, e concordo contigo. Senti que faltou algo para me conectar totalmente com a história, apesar de ser um enredo lindo e cativante. Espero que o próximo livro da série te conquiste e estou bem curiosa para ler em 2020.
ResponderExcluirBeijos,
Blog PS Amo Leitura
Oii!!
ResponderExcluirTudo bem?
Gostei muito da forma como você colocou seu ponto de vista. Não conheço a autora, mas que bom que na primeira obra a conexão foi melhor. Infelizmente não é algo que iria ler no momento, mas a dica está anotada.
Beijos!
Deve ser um desafio grande ter que escrever de duas formas diferentes e ainda mais num tema que não é fácil devido aos traumas dos personagens. Deve ser legal demais a interação entre os dois pacientes!! Parabéns pela resenha!
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