Olá, pessoal! Como estão? Na resenha de hoje, venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Long Shot: A Grande Jogada", escrito pela Kennedy Ryan e publicado no Brasil pela Editora The Gift Box em 2020.
"Melhor nenhum homem do que o errado."
A narração é dividida entre Iris e August. Os dois se conheceram num bar onde, certa noite, Iris estava assistindo a um jogo de basquete na TV, enquanto August tentava controlar a ansiedade pelo seu próprio jogo no dia seguinte.
A conexão, a atração e a química entre August e Iris foi imediata, eles pareciam perfeitos um para o outro. Mas Iris tinha namorado e por isso não começaram um relacionamento ali. Por coincidência, August e Caleb, o namorado de Iris, estavam em times de basquete rivais, de forma que voltariam a se encontrar. August não estava disposto a desistir de se aproximar de Iris, mas aconteceriam algumas coisas com ela, fazendo com que Iris não pudesse se afastar de Caleb.
Iris acabaria se vendo em um relacionamento abusivo, sofrendo todo tipo de violência nas mãos de Caleb. O coração de August lhe dizia para não desistir, mas seria bem difícil para Iris conseguir se libertar e ter um chance de retomar sua vida.
Sabe aquelas postagens onde leitores pedem recomendações de livros? Eu via "Long Shot" sendo recomendado por várias pessoas e resolvi pegar no Kindle Unlimited por isso. Confesso que me arrependi muito de não ter lido a sinopse, pois eu esperava apenas um romance new adult com o basquete como pano de fundo, não um livro que retratasse a violência doméstica.
Foi super difícil ler as cenas detalhadas em que Iris é violentada, psicologicamente, fisicamente e sexualmente. Sei que, infelizmente, muitas mulheres passam por situações semelhantes na vida real, mas isso não tornava mais fácil ler as cenas. Pensei em desistir da leitura, pois estava me sentindo realmente mal. Porém, decidi ler só mais um pouco por causa do August, ele é um daqueles mocinhos que nos conquistam, totalmente o oposto de Caleb, August acreditou em seus sentimentos e não desistiu deles, sua vontade de ter uma chance com Iris foi o que me fez querer continuar lendo.
"- Os seus sonhos e ambições foram engolidos quando você teve que seguir Caleb - digo, segurando seus olhos com os meus. - Eu quero que você saiba que existe alguém que vai seguir você."
Felizmente, August não é o único personagem bom do livro. Apesar de alguns que acham que Iris deveria ser grata por fisgar um atleta em ascensão como Caleb, há outros personagens que tem atitudes boas: Lotus (prima e melhor amiga de Iris), a bisavó das duas, Jared (o meio-irmão de August) e Kenan (o colega de time dele). Aliás, fiquei contente ao saber que a autora escreveu livros para o Jared e o Kenan.
"Long Shot" retrata de forma bem real como a violência doméstica é cruel; como é difícil sair de um relacionamento abusivo; como o abuso e a violência podem começar aos poucos, no parceiro querendo decidir como você deve se vestir e como deve arrumar o seu cabelo, ainda que você não se sinta confortável com as escolhas dele, no parceiro não levando os seus objetivos de vida em consideração, não deixando que você tenha controle sobre sua vida financeira ou profissional, te enredando para depois partir para violências maiores. O livro pode servir de alerta para que estejamos mais atentos em nossos relacionamentos. A história mostra também como é difícil voltar a confiar nas pessoas após um relacionamento abusivo.
"Pensei que nós tínhamos construído algo juntos, mas, no final das contas, ele estava agindo sozinho e construindo uma armadilha. Confiei em outra pessoa com o meu bem-estar, e ele usou isso contra mim nas situações mais imagináveis. Não sei se algum dia serei capaz de confiar a minha segurança e a de Sarai em outra pessoa, mesmo alguém a quem amo e que me ama."
O enredo traz ainda um pouco do meio esportivo, os jornalistas da área e como o basquete pode trazer transformação social, o que gostei bastante. Também é interessante o fato de a obra trazer personagens não brancos e falar sobre o colorismo, onde Caleb não é "branco o suficiente" se comparado com a mãe e o padrasto, enquanto Iris não é "negra o suficiente" se comparada com Lotus, sua prima. Ah, a família de Lotus e Iris era de Nova Orleans e sobreviveram à grande enchente de 2005.
A escrita da autora é fluida, o mocinho é cativante, o enredo pode abrir o olhar de algumas pessoas a respeito da violência doméstica, então é uma leitura válida, mas ressalto as cenas pesadas que podem ser gatilhos para alguns leitores.
Detalhes: 360 páginas, ISBN-13: 9786550480349, tradução: Janine Burger de Assis, Skoob. Clique para comprar na Amazon ou pegar no Kindle Unlimited:
Algumas citações:
"— Não importa se ele é perfeito, Bo, se ele não for perfeito para você. Ela aperta meus dedos. — Você precisa de um cara que respeite suas ambições e seus sonhos."
"O que pareceu ser um dos melhores momentos da minha vida, agora parece ser uma piada cruel – um engodo bem à frente dos meus olhos."
"O que era para ser proteção, agora se parece mais a um cativeiro."
"Sei que nada está ao meu favor, mas no fundo, não dou a mínima e continuo tendo esperanças."
"Sinto-me ferver num silêncio escaldante. O Caleb é algum tipo de bruxo? Será que ele joga algum tipo de feitiço para que todo mundo não enxergue o quanto é um babaca? Ele só patina pela vida sem sofrer nenhuma consequência. Vi isso enquanto estávamos crescendo repetidas vezes."
"- Alguns momentos com a verdade não espantam as mentiras para sempre, - ela diz, afastando o cabelo suado do meu rosto. - Mentiras não desistem facilmente. Você terá que lembrar a si mesma e curar a si mesma, todas as vezes que elas aparecerem."
"- Lutar contra esses que nos seguram é o que nos faz, com o tempo, mais fortes do que eles. Forte o suficiente para brigar de volta. Forte o suficiente para ganhar."
Me contem nos comentários o que acharam do post.
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