Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é “O livro dos negros”, escrito pelo Lawrence Hill e publicado no Brasil em 2015 pela Primavera Editorial.
“Isso, decidi, era o que significava ser escravo; você é invisível no presente, e não pode ter pretensão em relação ao futuro.” (página 165)
“Isso, decidi, era o que significava ser escravo; você é invisível no presente, e não pode ter pretensão em relação ao futuro.” (página 165)
Eu já havia lido algumas resenhas bem positivas sobre a obra, mas queria saber se o livro era realmente tão bom quanto diziam; por isso, assim que o blog se tornou parceiro da Primavera Editorial, solicitei "O livro dos negros", e já adianto que ele é sim merecedor de todos os elogios que recebe.
“Alguns dizem que tive uma beleza pouco comum, mas eu não desejaria beleza para nenhuma mulher que não tivesse sua liberdade, e que não escolhesse os braços que a abraçam.” (página 14)
O livro é narrado em primeira pessoa por Aminata Diallo, em 1802 ela era uma senhora de idade avançada (para os padrões da época) e morava em Londres, sua história era usada por um grupo de abolicionistas para tentar aprovar leis que abolissem a escravidão. E Aminata decidiu contar sua própria história, voltando no tempo e revirando suas memórias.
“Os abolicionistas podem até me chamar de sua igual, mas seus lábios ainda não pronunciam meu nome e seus ouvidos ainda não ouvem minha história. Não da forma como quero contar-lhes. Mas há muito que amo a palavra escrita, e vejo nela o poder do leão adormecido. Este é o meu nome. Eu sou esta. Foi assim que cheguei aqui. Na falta de uma audiência, escreverei minha história de modo que esta espere, como uma fera adormecida, com um coração pulsante e pulmões que respiram.” (página 93)
No final da infância, Aminata vivia com o pai (joalheiro) e a mãe (parteira) em uma aldeia africana. Acompanhava a mãe quando ela ia fazer um parto, e até já ajudava; o pai a tratava com carinho, talvez até a mimando como diziam alguns. Aminata era uma criança muçulmana feliz e cheia de sonhos. Até que os rumores de que aldeias próximas estavam sendo invadidas se confirmaram, e a garota e outros negros foram raptados e obrigados a andar até o litoral, onde embarcaram num navio e cruzaram o oceano a caminho da América, onde teriam que trabalhar em plantações. E esse seria só o começo da longa jornada de Aminata. Desde o primeiro instante, seu desejo era voltar para casa, para a aldeia que não existia nos mapas e que estava perdida em algum lugar do continente africano.
As partes da obra são chamadas de livro: livro um, livro dois, livro três e livro quatro, e essa divisão realmente foi necessária, pois cada parte trazia uma fase da vida da protagonista. Inicialmente, sabendo o que viria para a vida de Aminata em sua terra natal (mutilação genital, casamento arranjado...), pensei que de qualquer forma ela sofreria, mas as provações pela qual passou após ser raptada, fisicamente e psicologicamente, foram incomparáveis. E quando parecia que tudo ficaria bem, vinha mais uma reviravolta e uma nova batalha para Aminata! Ela não desistiu apesar de tudo, poderia ter feito como muitos outros negros no navio negreiro e em outra ocasiões: desistido e se suicidado, mas sua vontade de viver e de voltar para sua terra, e posteriormente a vontade de fazer algo pelo seu povo, foram maiores. Talvez a forma como ela foi criada pelos pais tenha ajudado para que ela tivesse vontade de aprender, de saber, e muitas vezes o fato de ela ser útil tornou um pouco mais fácil e até salvou sua vida.
“Lembro-me de que, um ano ou dois depois de começar a dar os primeiros passos, eu ponderava por que só os homens sentavam-se para beber chá e conversar, e as mulheres estavam sempre ocupadas. Concluí que os homens eram fracos e precisavam descansar.” (página 21)
Aminata conheceu pessoas ruins no caminho, como o Senhor Appleby, dono da primeira fazenda onde ela trabalhou; mas também conheceu pessoas boas, como a escrava Geórgia, que cuidou dela nessa fazenda e lhe ensinou o que podia sobre ervas. Além disso, conheceu pessoas que variavam entre a bondade e a maldade, como Chekura, que inicialmente era um garoto negro africano quase da idade dela e que ajudava os raptores a levar os negros até os barcos, mas que descobriu que a cor da sua pele o condenava a estar no lugar daqueles a que conduzia, ou Mamed, uma espécie de capataz da fazenda, capaz de ser agressivo e também de ajudar a protagonista a aprender a ler melhor. São muitos personagens marcantes ao longo da trajetória de Aminata, Lawrence Hill soube bem como colocá-los na trama.
"Ler era como um sonho diurno em uma terra secreta. Ninguém além de mim sabia chegar lá, e ninguém além de mim era dono daquele lugar." (página 146)
Eu poderia ficar falando por horas sobre diversos aspectos de "O livro dos negros", e nem chegaria perto de mostrar toda a grandiosidade da obra. Mas quero que vocês entendam que realmente é um livro muito bom e recomendado. É uma leitura para se fazer aos poucos, pois a quantidade de emoções que ele traz ao mostrar as conquistas e os percalços de Aminata precisam ser ingeridos em pequenas doses. Em momento algum a história fica monótona ou cansativa, desde as primeiras páginas somos cativados. E por tudo isso "O livro dos negros" ganhou cinco estrelas em minha avaliação no Skoob e se tornou meu favorito, mesmo tendo alguns erros de revisão.
“Durante as longas noites de solidão, eu tinha tempo para pensar e me espantava o fato de que os bons homens brancos não permaneciam sãos por muito tempo. Todo homem branco que queria ajudar os negros a ‘se levantar’, como Clarkson gostava de dizer, seria impopular perante os seus pares.” (página 309)
Fica aqui o meu agradecimento ao Lawrence Hill por ter escrito a obra e à Primavera Editorial por tê-la publicado no Brasil. É uma publicação muito importante para que possamos compreender melhor uma parte triste da história da humanidade. É uma história de ficção, mas com muita pesquisa e verdade, Aminata é uma junção de incontáveis negros que foram arrancados de seu território, tiveram sua cultura estraçalhada e se tornaram escravos de outros seres humanos. O Brasil não aparece no livro, a história se foca mais no Hemisfério Norte, mas é uma leitura que também serve para nós, já que também tivemos escravidão em nosso solo, e creio que as condições dos escravos aqui eram semelhantes. É uma leitura válida também para que repensemos como, ainda hoje, os negros são tratados, na questão do racismo e do preconceito. Para que se tornassem escravos, tiveram sua humanidade negada, e ainda hoje algumas pessoas se sentem melhores ou mais inteligentes que as outras por causa da cor da pele, e isso tem que mudar.
Recomendo que vocês leiam o livro assim que possível, ele não é muito caro e vale cada centavo (juntem moedinhas num cofrinho, peçam de presente, mas adquiram o livro, tenho certeza que vai valer a pena). É uma história forte sim, emocionante, que vai causar revolta ao ver até onde vai a maldade humana, mas também tem seu suas partes divertidas, partes que vão te ensinar coisas novas e tem a Aminata, que certamente entrará para sua lista de personagens inesquecíveis. Talvez para leitores mais novinhos tenha cenas um pouco pesadas, mas creio que quanto mais cedo compreendermos certas coisas, melhor.
Detalhes: 408 páginas, ISBN-13: 9788561977696, Skoob (média de notas: 4,9/5). Onde compra online: Amazon, site da editora, Fnac, Saraiva (use o cupom AMOCUPOM para ter 10% de desconto), Submarino, Americanas.
Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha de hoje. Alguém aí já leu ou conhecia "O livro dos negros"? Já leram alguma outra obra com a temática da escravidão?
Recomendo que vocês leiam o livro assim que possível, ele não é muito caro e vale cada centavo (juntem moedinhas num cofrinho, peçam de presente, mas adquiram o livro, tenho certeza que vai valer a pena). É uma história forte sim, emocionante, que vai causar revolta ao ver até onde vai a maldade humana, mas também tem seu suas partes divertidas, partes que vão te ensinar coisas novas e tem a Aminata, que certamente entrará para sua lista de personagens inesquecíveis. Talvez para leitores mais novinhos tenha cenas um pouco pesadas, mas creio que quanto mais cedo compreendermos certas coisas, melhor.
Detalhes: 408 páginas, ISBN-13: 9788561977696, Skoob (média de notas: 4,9/5). Onde compra online: Amazon, site da editora, Fnac, Saraiva (use o cupom AMOCUPOM para ter 10% de desconto), Submarino, Americanas.
Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha de hoje. Alguém aí já leu ou conhecia "O livro dos negros"? Já leram alguma outra obra com a temática da escravidão?
Até o próximo post!
Oi Mari, tudo bem? Também ando vendo muitos comentários positivos a respeito. Espero que eu consiga ler em breve. Acho de extrema importância esse tipo de livro. Ele ajuda a abrir os nossos olhos e certas coisas precisam ser faladas e lembradas, para que não cometemos os mesmos erros.
ResponderExcluirAdorei a resenha. Obrigada por falar sobre isso no blog :)
Ah, lembra aquela postagem sobre"fale mal de um autor" , respondi lá :) Espero de alguma forma poder ajudar: http://profissao-escritor.blogspot.com.br/2016/05/fale-mal-de-um-autor.html#comment-form
Um beijão
http://profissao-escritor.blogspot.com.br/
Eu já li esse livro e ele é SENSACIONAL! Acredito que ele entre pra minha lista de melhores livros do ano. <3
ResponderExcluirOi flor!
ResponderExcluirParabéns pela resenha, excelente! Quanto ao livro, já conhecia, li faz um tempinho, e achei maravilhoso. Obrigada pela dica e sucesso para o blog!
http://www.cristinadeutsch.org/
Saudações literárias.
Beijos no ♥
CD
Oi!!
ResponderExcluirA capa é show, gostei muito de poder conhecer esse livro e vou anotar o nome dele para comprar e deixar na minha cabeira, pelo que você falou esse livro parece ser bom para ler um pouco a cada noite.
Realmente fiquei fascinada pela história de Aminata e quero poder descobrir tudo dessa trama, que parece ser envolvente e emocionante.
Beijão!
Olá,
ResponderExcluirEu tenho lido muitos comentários positivos dessa obra e agora com a sua resenha fiquei bastante curiosa com a história. A princípio fiquei com medo de ser uma história muito pesada e triste, mas acho que vou gostar dessa leitura. A capa está muito linda e a editora está de parabéns. Fico feliz que você tenha gostado tanto do livro.
Abraços
colecoes-literarias.blogspot.com.br
Achei muito interessante o livro. Realmente deve ser muito emocionante ver um lado tão ruim dos seres humanos principalmente narrado por quem sofre com isso. Espero ter a oportunidade de ler. - Joanna Amaro.
ResponderExcluirAchei muito interessante o livro. Realmente deve ser muito emocionante ver um lado tão ruim dos seres humanos principalmente narrado por quem sofre com isso. Espero ter a oportunidade de ler. - Joanna Amaro.
ResponderExcluirOi, Mari!
ResponderExcluirCaramba, que livro maravilhoso! Nem li e já acho... ahahahaha
Amo histórias sobre escravidão porque sempre acho-as muito profundas e tocantes. Sua resenha me conquistou.
Quero ler o livro assim que possível!
Beijo grande!
Oii,
ResponderExcluirTenho que dizer que essa capa e a diagramação está muito boa. Já tinha lido sobre esse livro, mas ainda não sabia do que se tratava. E confesso que estou bem curiosa em lê-lo. Vou anotar para solicitar também.
beijos
Oiii Mari,tudo bem?
ResponderExcluirSou completamente louca para ler esse livro. Gostei muito do tema abordado, e seria ótimo que eu lesse principalmente para a faculdade.
Beijinhs
Não sabia que era uma história de ficção e que Aminata era uma junção de incontáveis negros que foram arrancados de seus países e se tornaram escravos. Isso fez com que meu interesse aumentasse, mas a verdade é que não sei se daria conta dessa leitura com a presença das cenas pesadas.
ResponderExcluirBeijo.
Ju
Entre Palcos e Livros
Poxa, curti muito sua resenha e eu já conhecia o livro. Só fiquei com mais vontade ainda de adquiri-lo. A Temática é absolutamente incrível. Tanto pra mostrar, ensinar e fazer refletir...já quero!
ResponderExcluirAbraço;
http://estantelivrainos.blogspot.com.br
Eu já tinha visto algumas resenhas sobre o livro e gostei demais da premissa e da edição. O tema é forte e ainda precisamos refletir bastante sobre ele. Adorei a sua resenha e fico feliz que tenha curtido a leitura.
ResponderExcluirBeijos, Gabi
Reino da Loucura
Olá!
ResponderExcluirAcho que eu nunca li um livro tão forte quanto esse parece ser, e foi justamente isso que me atraiu imensamente neste livro, além da grande mensagem que ele parece passar.
Beijos
http://ummundochamadolivros.blogspot.com.br/
olha, só pela emoção que tu passa no texto dá pra se notar que a leitura foi incrível, e eu estou querendo ler desde que o vi pela primeira vez... acho que rola até trabalhar com ele em sala de aula... amo livros nessa temática e assim que puder, junto as moedinhas e compro um ^^
ResponderExcluirbjs...
Oi, flor!
ResponderExcluirQue livro, hein!? Adorei ler sua resenha. Eu já havia lido resenhas tão positivas quanto a sua, que me fizeram adicionar o livro entre os que desejava ler. Mas é tão bom ver outra opinião tão bem fundamentada, justificando os porquês de colocar esse livro em tão alta consideração. Eu acho que a protagonista deve nos levar um relacionamento empático com ela, do tipo que nos sentimos próximos demais das experiências que ela vive. Espero me envolver assim. Gostei de saber sobre a divisão em "livros". Não estava ciente dessa estrutura.
Beijos!
www.myqueenside.com.br
Olá, uma resenha incrível para um livro igualmente incrível. Não tinha lido nada a respeito dessa obra ainda e posso dizer tranquilamente que sua resenha despertou meu interesse em querer ler a obra também.
ResponderExcluirAbraços
Que resenha envolvente! Também li resenhas positivas sobre este livro, e confesso que a sua me cativou mais. Quero esse livro pra ontem, parece emocionante e envolvente, parabéns pela resenha!
ResponderExcluirNi
Cia do Leitor