Resenha: livro “Mentirosos”, E. Lockhart

 Olá pessoal, tudo bem? No post de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro “Mentirosos”, escrito pela estadunidense E. Lockhart e publicado no Brasil pela Editora Seguinte em 2014.

“- Não sei se sou uma boa pessoa – ele disse depois de um tempo.
- Também não sei se sou – eu disse. - Estou improvisando.” (página 35)

 Cadence, a narradora, é a neta mais velha da família Sinclair. Seu avô, Harris, é dono de uma pequena ilha para onde vai toda a sua família no verão: as três filhas e seus netos. Na ilha, há quatro casas, uma para ele e uma para cada uma das filhas e suas famílias.

 Cadence, sua prima Mirren, seu primo Johnny e Gat, o primo postiço de Johnny (sobrinho do padrasto de Johnny) tem quase a mesma idade e sempre se divertem muito nas férias, ainda que, depois do verão, praticamente não se vejam. O que importa é que durante algumas semanas, eles são inseparáveis, sãos os Mentirosos, como ficaram conhecidos.

“A VIDA PARECE BELA nesse dia.Nós quatro, os Mentirosos, sempre fomos.Sempre seremos.Independentemente do que acontecer quando formos para a faculdade, ficarmos mais velhos, construirmos nossas vidas; independentemente de eu e Gat estarmos ou não juntos. Independentemente de onde estivermos, sempre poderemos nos reunir no telhado de Cuddledown e olhar para o mar.Essa ilha é nossa. Aqui, de certo modo, somos jovens para sempre.” (página 150)

 Aconteceu alguma coisa no verão em que Cadence tinha 15 anos, alguma coisa de que ela não se lembra, o que ela sabe é que foi encontrada na praia e que pode ter ido mergulhar e batido a cabeça em uma pedra, e por isso a perda de memória e as constantes e fortes dores de cabeça.

 No verão de seus 16 anos, Cadence não foi para a ilha.

“Mas eu sei que a Downyflake só faz donuts simples, sem recheio. Nada de creme com chocolate. Nada de geleia. Por que eles estão mentindo? “ (página 164)

 Agora, no verão dos 17, Cadence está de volta à ilha, e tem algumas semanas para descobrir o que aconteceu no verão dos 15 e para entender qual a participação de cada um dos seus amigos e parentes no ocorrido. Ninguém lhe conta toda a verdade, ninguém lhe explica por qual motivo ela estava sozinha, no meio da noite, na água, meio despida, dizem que ela precisa se lembrar sozinha. E além disso, Cadence, como qualquer adolescente, quer aproveitar cada segundo ao lado dos amigos, especialmente de Gat, por quem está apaixonada, mesmo que contra a vontade do avô.

“Era amor, e me atingiu com tanta força que me inclinei junto à porta de tela ainda entre nós para me manter de pé. (...) O universo era bom porque ele existia.” (página 27)

 Qual será o desfecho dessa história? Surpreendente, eu lhes garanto!

 “Mentirosos” é uma leitura muito gostosa de se fazer. A escrita da autora é diferente, é poética, os capítulos são curtos e divididos em partes. Eu dificilmente gosto de livros com personagens desmemoriados ou com narradores não confiáveis por causa de algum distúrbio mental, mas desde o primeiro momento me afeiçoei à Cadence.

 Quem aí visitava os (ou recebia a visita dos) primos nas férias, e quase não falava com eles no resto do ano? Isso acontecia comigo e com meus amigos, que voltavam das férias cheios de histórias para contar, sobre pessoas que eu não fazia ideia de quem eram, mas cuja importância se resumias às férias. Era assim com os Mentirosos.

 É uma história intensa, com um final inesperado, eu até imaginei que algo parecido poderia ter acontecido com um dos Mentirosos, mas descartei a ideia, e quando a Cadence finalmente descobriu o que aconteceu no verão dos 15, eu não queria acreditar, meu coração ficou partido! Mas eu “perdoei” a autora, não só por ter visto os indícios ao longo de toda a trama e por já ter tido a chance de ler uma história que me proporcionou momentos tão agradáveis, mas especialmente pelo capítulo oitenta e quatro, por a autora ter permitido que aquilo acontecesse, o que fez a história ser tão fantástica.

“- Posso segurar suas mão? – ele perguntou. Dei a mão para ele.- O universo parece realmente enorme agora – ele me disse. – Preciso me segurar em algo.- Estou aqui.” (página 34)

 A edição da Seguinte é bem bonita. A capa, mesmo que difícil de fotografar, tem tudo a ver com a história, ao final da leitura eu encontrei um significado novo para ela. As páginas são amareladas e fininhas. A diagramação tem margens, letras e espaçamento de bom tamanho. Há um mapa da ilha e uma árvore genealógica da família Sinclair no início do livro, e várias vezes recorri a eles quando tive dificuldade de entender quem era quem ou sobre que lugar estavam falando, especialmente no início.

 Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha. Fica a recomendação para quem procura uma história bem escrita, com personagens cativantes e com um desfecho surpreendente. Não mencionei alguns aspectos para não correr o risco de dar spoilers, acho que é melhor ler meio no escuro, como eu li.

Capa estrangeira

 Detalhes: 272 páginas, ISBN-13: 9788565765480, Skoob, hotsite. Se você gostou de "Mentirosos", também poderá gostar de "Incrível". Onde comprar online: Submarino.

 “Olhamos para o céu. Tantas estrelas. Parecia uma celebração, uma festa grandiosa e proibida que a galáxia fazia depois de colocar os humanos para dormir.” (página 34)

 Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha, me contem: já leram ou querem ler "Mentirosos"? Imaginam o que pode ter acontecido no verão dos quinze? Lembrando que a cada comentário feito no blog durante o mês de abril, você concorre ao livro "Ninfeias Negras", mas tem que deixar seu nome e e-mail para contato no formulário, hein?!

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Até o próximo post!

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