Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro “A Peste”, escrito por Albert Camus, escritor francês nascido na Argélia em 1913, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1957. “A Peste” foi publicado em 1947 e teve sua vigésima terceira edição publicada em 2017 pela editora Record. Peço que leiam também as citações com carinho.
“A peste, é preciso que se diga, tirara a todos o poder do amor e até mesmo da amizade. Porque o amor exige um pouco de futuro e para nós só havia instantes.” (página 170)
“Tudo o que o homem podia ganhar no jogo da peste e da vida era o conhecimento e a memória.” (página 270)
“A peste, é preciso que se diga, tirara a todos o poder do amor e até mesmo da amizade. Porque o amor exige um pouco de futuro e para nós só havia instantes.” (página 170)
Livro A Peste, Albert Camus, Editora Record |
A história se passa em Orã, uma cidade costeira no norte da África, onde, de repente, os ratos começaram a sair de seus esconderijos para morrer na rua, cada dia em número maior. E o que quer que tenha causado a morte de todos esses ratos, começou a adoecer os humanos também. Ao longo da leitura, acompanharemos como a cidade tentará sobreviver a essa peste (cujo nome não vou mencionar na resenha) que se abateu sobre ela.
“(...)do porão ao sótão, uma dezena de ratos jazia nas escadas. As latas de lixo das casas vizinhas estavam cheias deles.” (página 19)
“(...)do porão ao sótão, uma dezena de ratos jazia nas escadas. As latas de lixo das casas vizinhas estavam cheias deles.” (página 19)
Conheceremos o médico, doutor Rieux, em sua luta sem fim para tentar ajudar os doentes; o jornalista estrangeiro Rambert, que se viu impedido de deixar a cidade quando ela foi isolada; hóspedes de um hotel; funcionários públicos; padres; um homem que ia se suicidar e encontrou na cidade isolada um conforto inusitado... Veremos como Orã tentava sobreviver com o mínimo de dignidade durante o tempo da doença, com os túmulos não sendo mais suficientes, com as famílias tendo que se separar dos seus doentes, com crianças morrendo. O que restaria de Orã quando e se a peste fosse vencida?
“De madrugada, uma brisa leve percorre a cidade ainda deserta. A essa hora que fica entre as mortes da noite e as agonias do dia, parece que a peste suspende por um instante o seu esforço e toma fôlego.” (página 141)
“De madrugada, uma brisa leve percorre a cidade ainda deserta. A essa hora que fica entre as mortes da noite e as agonias do dia, parece que a peste suspende por um instante o seu esforço e toma fôlego.” (página 141)
Esse foi meu primeiro contato com a escrita do autor, mas pelo que pesquisei, ele é um dos grandes autores do século XX. Confesso que tive certo receio de não gostar da leitura, de ela ficar num plano muito filosófico ou ter uma escrita muito rebuscada. Receios que foram derrubados logo na primeira página, quando o narrador começa a descrever a cidade de forma tão fluida e cativante que já me vi imersa na narrativa.
“A imprensa, tão indiscreta no caso dos ratos, já não mencionava nada. É que os ratos morrem na rua e os homens, em casa. E os jornais só se ocupam da rua. " (página 38)
“A imprensa, tão indiscreta no caso dos ratos, já não mencionava nada. É que os ratos morrem na rua e os homens, em casa. E os jornais só se ocupam da rua. " (página 38)
Por ser um título famoso, certamente vocês encontrarão inúmeras outras resenhas sobre ele, com análises muito mais aprofundadas que a minha, onde comento apenas a minha ótima experiência de leitura com a obra. Eu recomendo que leiam “A Peste”, pois também quero que tenham a oportunidade de se envolver com a história como eu me envolvi, de imaginar tão vividamente a cidade onde ela se passa, de sentir empatia pelos personagens apresentados e tentar entendê-los mais a fundo, de se sentir comovido com os dramas que a cidade enfrenta e, por fim, gostar de descobrir quem é o narrador que resolveu registrar tudo o que vivenciou. Leiam, é um bom livro, daqueles que terminamos e ficamos com a sensação de que valeu a pena ler.
“Parece-me que a história me deu razão: hoje cada qual mata o mais que pode. Estão todos no furor do crime e não podem proceder de outra maneira.” (página 234)
“Parece-me que a história me deu razão: hoje cada qual mata o mais que pode. Estão todos no furor do crime e não podem proceder de outra maneira.” (página 234)
“Quem podia afirmar que a eternidade de uma alegria podia compensar um instante de dor humana? Não seria um cristão, certamente, cujo Mestre conheceu a dor nos membros e na alma.” (página 210)
Eu gosto das cores e fontes utilizadas na cada dessa edição nova. As páginas são amareladas, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho, se eu encontrei foram um ou dois erros de revisão.
“Não há paz sem esperança”. (página 270)
E por hoje é só, espero que tenham gostado da recomendação de leitura de hoje. Me contem: já conheciam o livro ou o autor? Encerro o post com uma das citações mais marcantes da obra:
“Quando estoura uma guerra, as pessoas dizem: ‘Não vai durar muito, seria estúpido’. Sem dúvida, uma guerra é uma tolice, o que não a impede de durar. A tolice insiste sempre, e nós a compreenderíamos se não pensássemos sempre em nós. Nossos concidadãos, a esse respeito, eram como todo mundo: pensavam em si próprios. Em outras palavras, eram humanistas: não acreditavam nos flagelos. O flagelo não está à altura do homem; diz-se então que o flagelo é irreal, que é um sonho mau que vai passar. Mas nem sempre ele passa e, de sonho mal em sonho mau, são os homens que passam e os humanistas em primeiro lugar, pois não tomaram as suas precauções.” (página 40)
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Até o próximo post!
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Oi Maria!
ResponderExcluirAdorei seu post!
Este livro está na minha lista e quero muito ler, ainda mais depois da sua resenha
A capa é muito bacana. Gostei das suas citações
Bjs, querida
Oii Maria, tudo bem? Acabei de conhecer o blog ao acaso e estou apaixonada, ele é lindo, parabéns, já estou seguindo para acompanhar as postagens. Menina, não conhecia o livro e nem o autor, mas fiquei curiosa para ler, ainda mais por ser um clássico, quero ver como a cidade e a população vai lidar com a peste, não sei porque mas me lembrou muito "ensaio sobre a cegueira" (se não leu eu super recomendo). A resenha ficou ótima.
ResponderExcluir-Beijos,Carol!
http://entrehistoriasblog.blogspot.com.br/
Oi Mari.
ResponderExcluirNão conhecia o autor, nem o livro, mas achei a premissa bem interessante.
Fiquei curiosa para saber mais sobre a história e é bom saber que a escrita é envolvente, sem ter uma escrita muito rebuscada.
Adorei essa edição! a capa é lindíssima.
Beijos
Olá!
ResponderExcluirEu já tinha visto o livro mas não li nd sobre ele, primeira resenha que leio e que me fez ficar curiosa pra conhecer o enredo, parece uma leitura agradável, gostei da capa tbm.
Bjs!
Ok vou admitir tambem que assim como tu não seria o tipo de leitura que eu passaria ela na frente de outros da fila. Mas claro que teu comentário estimulando deu certo. É o tipo de livro pesado de que parece se tirar pouco de inicio, mas como a leitura flui e cativa como tu comentou certamente a curiosidade chega em saber como a historia se desenrola.
ResponderExcluirGostei bastante dessa edição.
ResponderExcluirFiquei bem tentada a ler.
Me interessei mais ainda por se passar na África.
Tenha uma ótima semana.
Abraços,
Natalia
http://www.revelandosentimentos.com.br
Interessante esses livros que abordam epidemias fictícias tipo as crônicas lunares que no primeiro livro eles abordam a questão da leptomosa eu conheço Editora Óbvio mas nunca vi falar no livro e nem notou mas eu vou chegar em casa depois porque ele realmente chamou minha atenção
ResponderExcluirOii
ResponderExcluirUm dia, quando eu crescer,quero fazer leituras fortes assim também, hehe. Tô tão presa à mesmice ultimamente que até eu já cansei... Confesso que eu também imaginava ser uma leitura lenta e com a narrativa rebuscada, nunca me passou pela cabeça que fosse uma trama de fácil entendimento. Parece ser INCRÍVEL!!!
Bjs, Vanvan.
Oi Maria!
ResponderExcluirQuando comecei a ler a resenha também fiquei imaginando que não iria gostar porque seria uma leitura mais poética, grande engano. A curiosidade parece rondar a história o tempo todo, sobre o que é de fato essa peste, ou quem é o narrador, e isso me anima a ler! Confesso que não conhecia o livro, mais vendo que até um prêmio Nobel a obra ganhou, imagino que os elogios a ele serão enormes...
Pretendo ler!
Beijos
Oi Mari, tudo bem? Eu não conhecia o livro e nem o autor, mas achei bem interessante! Eu realmente pensei na linguagem mais rebuscada, mas é bom saber que é de fácil leitura e compreensão. Sem contar a ambientação que parece ser ótima!! Gostei da dica!
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Adorei a escrita do autor, a citação sobre os ratos e os homens e o jornal não se preocupando é uma questão bem tradicional já que hoje há mortes o tempo todo mas o que sai é o que dá ibope. Apesar de ser de 1913, a escrita parece atual.
ResponderExcluirO livro é de 1947, foi o autor que nasceu em 1913 :).
ExcluirOlá!
ResponderExcluirNão conhecia o livro e nem o autor. A capa é bem diferente né. Pela resenha se nota que além do tema peste, o autor também descreve bem sobre os personagens. Como o médico que tenta ajudar as pessoas e um homem que tenta suicídio. Bem interessante esse livro.
Oi Mari! Não conhecia o livro ou autor, e achei uma obra muito interessante. O fato da doença ser o pano de fundo para as interações e os personagens que vamos descobrindo no decorrer da leitura. Você escolheu muito bem as citações, a última, sobretudo. Achei a capa muito bonita também.
ResponderExcluirObrigada pela dica!
Bjox
Oi, Mari!
ResponderExcluirEu nunca li nada do Albert Camus, e confesso que pouco conheço de suas obras, somente O estrangeiro, que já me recomendaram muito. Bom saber de seus demais livros, é um autor que pretendo ler ainda e, espero que em breve. Adorei as citações, acho que é um tipo de leitura desafiadora.
Bjs
Lucy - Por essas páginas
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirEu nunca li os livros do Camus, mas tenho uma vontade imensa de conhecer a escrita dele, parece que os livros dele nos tira da zona de conforto e são altamente reflexivos!
Abraço!
Olá, como vai?
ResponderExcluirVou te confessar, eu não conhecia esse livro (#vergonha rs). No entanto, sua resenha está tão empolgante, que fiquei curiosíssima para conhecer melhor a história e a escrita do autor, que segundo você, é muito cativante.
Beijos!
Que ótimo que você conseguiu quebrar as crenças de que era algo mais filosófico, também sempre tive essa impressão, mas confesso que com a sua resenha fiquei com vontade de ler. Amo narrativas fluídas, então esse é um ponto bem a favor.
ResponderExcluirOlá! Tudo bom?
ResponderExcluirAinda não tinha ouvido falar do autor, confesso, mas achei essa capa mega interessante! Esse assunto é algo que ainda não tive o prazer de ler, eu queria muito saber o desfecho do livro. Tipo o que aconteceu com a cidade, como que ficou a situação da população etc. enfim, adorei a dica ❤️
Um beijo