Olá pessoal, tudo bem? Na resenha de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Eles não usam black-tie", escrito pelo Gianfrancesco Guarnieri, lido na trigésima segunda edição publicada pela Civilização Brasileira em 2017.
O livro traz o roteiro da peça teatral que foi encenada pela primeira vez em 1958, adaptada para o cinema, e é uma das histórias de maior sucesso do teatro nacional. Conhecemos Tião, que, como o pai, Otávio, é um operário. Só que, enquanto o pai apoia às greves por salários melhores, Tião, que está noivo de Maria, acha que as manifestações de nada adiantam. Romana é a matriarca da família que mora no morro, e tem como outro membro o garoto Chiquinho, de quem Terezinha não desgruda. Acompanhamos basicamente as incertezas de Tião de participar ou não da próxima greve, onde a não participação o faria ser mal visto no morro, morro que ele não ama como outros que ali vivem, talvez por ter passado parte da vida como uma espécie de empregado infantil na casa dos padrinhos.
Lendo o texto, pude perceber os motivos de a peça ter marcado época. Apesar de as descrições dos cenários serem mínimas, através dos diálogos é possível visualizar muito bem os personagens, seus jeitos de ser e sentimentos, eles foram muito bem construídos, vívidos. A trama fala sobre assuntos muito pertinentes até os dias de hoje, como as greves, as relações entre patrões e empregados, a vida dura na favela.
São comoventes as dificuldades financeiras pelas quais Romana e Otávio passavam, dificuldades que Tião não queria ter que obrigar Maria a enfrentar também. Mas se temos essa parte mais dura, Chiquinho e Terezinha, trazem certo alívio cômico para a obra, Chiquinho até foi meu personagem favorito.
A edição da Civilização Brasileira tem uma capa condizente com a obra, páginas amareladas, diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho, e boa revisão.
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Fica a minha recomendação de leitura para quem procura bons roteiros que não deixam a desejar se comparados com romances, com personagens bem construídos e temas importantes que certamente trarão alguma reflexão ao leitor. Vale a pena ler "Eles não usam black-tie"! Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha? Me contem: já conheciam o livro, a peça, o filme ou o autor?
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O livro traz o roteiro da peça teatral que foi encenada pela primeira vez em 1958, adaptada para o cinema, e é uma das histórias de maior sucesso do teatro nacional. Conhecemos Tião, que, como o pai, Otávio, é um operário. Só que, enquanto o pai apoia às greves por salários melhores, Tião, que está noivo de Maria, acha que as manifestações de nada adiantam. Romana é a matriarca da família que mora no morro, e tem como outro membro o garoto Chiquinho, de quem Terezinha não desgruda. Acompanhamos basicamente as incertezas de Tião de participar ou não da próxima greve, onde a não participação o faria ser mal visto no morro, morro que ele não ama como outros que ali vivem, talvez por ter passado parte da vida como uma espécie de empregado infantil na casa dos padrinhos.
"TIÃO - Perto tá o barraco da Zéfa. Foi em cana, hoje. Carmelo matô o Bodinho...
MARIA - Não fala em tristeza.
TIÃO - São tristeza do morro.
MARIA - Na cidade é pió... Só que ninguém se conhece..." (página 72)
Lendo o texto, pude perceber os motivos de a peça ter marcado época. Apesar de as descrições dos cenários serem mínimas, através dos diálogos é possível visualizar muito bem os personagens, seus jeitos de ser e sentimentos, eles foram muito bem construídos, vívidos. A trama fala sobre assuntos muito pertinentes até os dias de hoje, como as greves, as relações entre patrões e empregados, a vida dura na favela.
"ROMANA (entra esbaforida) - Mais um pra sofrê! A Cândida do 36 vai dá à luz!...
OTÁVIO - O morro tá em festa, hoje...
ROMANA - Qual festa! A mulhé tá berrando que nem uma bezerra. Pra mim é mais que um. Aquilo é gêmeo no mínimo!
OTÁVIO - Então isso não é motivo pra festa, D. Romana?
ROMANA - Pra tu pode sê, que não vai tê que sustentá... Eu sou que nem japonês: morreu faz festa, nasceu desata a chorá!" (página 43)
São comoventes as dificuldades financeiras pelas quais Romana e Otávio passavam, dificuldades que Tião não queria ter que obrigar Maria a enfrentar também. Mas se temos essa parte mais dura, Chiquinho e Terezinha, trazem certo alívio cômico para a obra, Chiquinho até foi meu personagem favorito.
"ROMANA - E se eu soubé que tu anda metido com aquela gente, tu vai apanhá como nunca apanhou!
CHIQUINHO - Puxa, mãe! É por isso que a senhora tá sempre cansada, vive me prometendo pancada!
ROMANA (rindo) - Também tu vive se metendo onde não deve. Toma o café anda. (Pega um pedaço de pão da gaveta.) E come esse pão!
CHIQUINHO - Tá duro, mãe!
ROMANA - Deixa de luxo e dá graças a Deus! Pão melhor só no almoço e se a greve der certo, porque se não. . ." (página 82)
A edição da Civilização Brasileira tem uma capa condizente com a obra, páginas amareladas, diagramação com letras, margens e espaçamento de bom tamanho, e boa revisão.
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Fica a minha recomendação de leitura para quem procura bons roteiros que não deixam a desejar se comparados com romances, com personagens bem construídos e temas importantes que certamente trarão alguma reflexão ao leitor. Vale a pena ler "Eles não usam black-tie"! Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha? Me contem: já conheciam o livro, a peça, o filme ou o autor?
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Até o próximo post!
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Oiee
ResponderExcluirEu estava mesmo achando o título conhecido... com certeza é pelo fato de ter um filme, na verdade eu nem sabia que era um livro.
A trama retrata uma época muito complicada para o trabalhador brasileiro, não que hoje não seja complicado também, mas digamos que nos dias de hoje o povo está mais acomodado.
Parece ser uma ótima trama.
Bjs, Vanvan.
Oi Mari.
ResponderExcluirNão gosto muito ler livros desse tipo de escrita, de roteiro de peça de teatral.
Mas, a premissa em sim é muito interessante. O trabalhador brasileiro sofre e já sofreu muito por causa das condições de trabalhos, na esperança de conseguir uma melhor qualidade de vida. Esse livro trata de temas importantes até o dia de hoje.
Beijos
Olá!
ResponderExcluirO livro parece ser bacana, mas não curto mto o gênero, pra quem gosta do tema a leitura deve ser boa.
Bjs!
Oi Maria!
ResponderExcluirApesar de já conhece o título, não sabia que se tratava de uma peça teatral, acho que é porque foge bem do que costumo ler/assistir. O livro parece mesmo bem construído, e não me lembro de ler nada que mostrasse a realidade dos morros... Gostei, vou colocar na lista de leituras.
Beijos
Essa resenha teve gostinho de nostalgia. Eu li esse livro pela primeira vez quando tinha uns 16 anos e relembrei muita coisa aqui na postagem, mas não sabia que era uma peça ou mesmo que teve um filme, fiquei curiosa vou anotar estas dicas.
ResponderExcluirBeijos
https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/
Acho que mesmo livro tendo poucas páginas eu não vou me arriscar muito na leitura eu não gostei muito do contexto do livro e acha que se eu começar a ler eu vou acabar abandonando ele assim que começar
ResponderExcluirGente, um livro tão famoso e eu nunca ouvi falar?
ResponderExcluirPor ser peça teatral realmente quase não dá descrição do lugar, mas dependendo de como é escrito a gente nem precisa.
Parece super interessante e bem diferente das leituras que estou acostumada a fazer.
Beijooos
www.casosacasoselivros.com
Mari!
ResponderExcluirJá tive oportunidade de assistir a peça teatral há tanto tempo atrás que já nem lembro mais.
Gostaria de poder fazer a leitura do livro, afinal, sou admiradora do finado Gianfrancesco Guarnieri, bem como de seus filhos também.
É um clássico.
Uma semana abençoada!
“Acredite na justiça, mas não a que emana dos demais e sim na tua própria.” (Código Samurai)
cheirinhos
Rudy
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Olá, tudo bom?
ResponderExcluirEu já conhecia essa obra, apesar de nunca ter lido. Percebo, agora, a importância que ele teve para época e como ele ainda é atual. A premissa é ótima e só nos dá um tapa na cara e nos mostra como que, em 60 anos, pouca coisa mudou - é só ir nas zonas mais pobres e encontraremos várias Maria, Tião, Otávio e Romana por ali.
Por outro lado, apesar de eu não ter o costume de ler peças, esta pode ser uma ótima para sair da minha zona de conforto. É uma grande oportunidade, também, de assistir ao filme (que eu ainda não vi).
Enfim, adorei a postagem e agradeço a indicação :)
Abraços.
NOssa eu assisti esse filme a milenios e não me lembrada de ser uma historia interessante assim, muito menos que se ambientava aqui. Bom mas ler peça pra mim seria novo não se iria gostar. Conforme a historia vai sendo contada deve dar uma nostalgia pelos fatos narrados ou situações vividas por pessoas daquela epoca.
ResponderExcluirEstranho ler uma história desta forma mas concordo que a questão de ser encenada apesar de não mostrar cenário dá um jeito lindo nos diálogos principalmente na forma como eles são descritos.
ResponderExcluirJá havia ouvido falar dessa peça, mas livros de peças eu não gosto muito de ler. Pode ser implicância minha mas, não consigo.
ResponderExcluirLer Rei Lear foi um suplicio... Talvez eu tenha começado com o pé esquerdo... rs
Entretanto adorei sua resenha! Muito bem escrita! Parabéns!
Beijinhos!
#Ana Souza
https://literakaos.wordpress.com
Eu li esse livro a tanto tempo pra faculdade que acabei esquecendo completamente da história, lembro que foi uma leitura bastante válida e que me marcou bastante, essa edição tá linda, adorei a resenha!
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirParece ser uma história bem rica de detalhes e feita com extrema sensibilidade.
Fiquei com vontade de conhecer mais dessa obra.
Beijos!
Camila de Moraes
Olá!
ResponderExcluirJá assisti ao filme! Faz bastante tempo, mas lembro bem. Só não sabia que foi o Gianfrancesco Guarnieri quem escreveu. Gostava muito desse ator/autor.
Bjos!
Lucy - Por essas páginas
Olá,
ResponderExcluirEm algum momento de minha vida ouvi falar nesse livro, só não consigo me lembrar de quando. Enfim, gostei das considerações e fiquei curiosa para conhecer essa história que para você foi tão bem construída.
Beijos,
oculoselivrosblog.blogspot.com.br/
Olá!
ResponderExcluirQue resenha interessante... confesso que gostei das suas impressões, mas infelizmente, apesar das poucas páginas, não é um livro que eu me arriscaria a ler por não fazer em nada o meu estilo de leitura :/ mas valeu pela dica!
beijos
http://www.livrosetalgroup.blogspot.com.br
Essa peça é um clássico. Li muitas peças teatrais na época da faculdade. Entre as mais atuais, as que mais gostei foram "Gota d'água" e "Vestido de noiva". "Eles não usam black-tie" ainda não li, mas confesso que tenho muito interesse, pretendo ler algum dia. Adorei a dica.
ResponderExcluirTatiana
Oii tudo bem??
ResponderExcluirEntão adoro livros escritos como roteiro para teatro, a leitura flui, gosto bastante.
Apesar de conhecer o titulo não conhecia a história e fiquei bem curiosa.
Adorei a resenha.
Bjus Rafa
Olá
ResponderExcluirNossa ele é pequeninho, mas não gosto muito de livros tipo teatro sabe, acho cansativo. Não conheço o filme, mas vou procurar.
Beijuh
Não conhecia o livro e nem a adaptação para o cinema, mas fiquei curiosa, principalmente por descrever as dificuldades do trabalhador, coisa bem comum a qualquer época, não é mesmo. Espero poder ler em breve.
ResponderExcluirMeu Amor Pelos Livros
Beijos
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirEu já assisti a adaptação para o cinema e, por isso, não fiquei curiosa para ler o livro. Na verdade, eu nem sabia que tinha o livro, mas achei o filme tão monótono que não tenho ânimo para ler a obra.
De qualquer forma, apesar de ser uma leitura que não me atrai, gostei da resenha e concordo que os temas abordados são relevantes até mesmo atualmente.
Beijos!
Olá, tudo bom?
ResponderExcluirEm épocas de reforma trabalhista que está acabando com o respaldo jurídico ao trabalhador, livros como esse são super necessários. Fiquei bem curiosa para conferir, ainda que não tenha muitas descrições e ambientações. Ótima resenha e indicação!
Beijos!
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirJá li algumas peças, mas não amo de paixão e nem tenho vontade de ler outras, sabe? Fico contente que esse livro seja interessante para fãs do gênero, mas, vou passar a dica, pois não faz muito meu estilo de leitura.
Eu gostei muito dos trechos que você citou, mas vou passar a dica.
Beijos
Oi.
ResponderExcluirEu não conhecia a obra, nem a peça, o filme ou o roteiro.
Mas realmente parece ser uma obra que traz reflexões muito importantes e atuais e gostei muito da forma que ela trata esses assuntos.
Adorei a dica e pretendo conferir.
Beijos.