Resenha: livro "Cisne", Eleonor Hertzog

   Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "Cisne", escrito pela Eleonor Hertzog e publicado pela Editora Dracaena em 2012.
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   "Cisne" é o nome do barco (um veleiro solar) onde moram e trabalham os cientistas (biólogos marinhos) Doris e Henry Melbourne. Lá também moram os 8 filhos do casal: os gêmeos Teo e Ted (16 anos), os gêmeos Tim e Tom (15 anos), as meninas Pam (14 anos) e Lis (13 anos), o caçula Bobby (8 anos) e Peggy (14 anos, adotada há dois por Henry e Doris, seu passado é cheio de mistérios). Uma família grande, encantadoramente divertida e barulhenta.
   A história se passa em uma época diferente da nossa, onde as coisas mudaram bastante na Terra: ser cientista é a profissão mais cobiçada e de maior destaque; foi descoberto um outro planeta habitado do outro lado do Sol, muito parecido com a Terra, seu nome é Tarilian. 
   "- Jean, qualquer terráqueo quer que a Terra alcance Tarilian, só não quer pagar por isso, o que é muito diferente! Querem um alacazam e uma cartola, e a Terra passa a ter a ultratecnologia de Tarilian! Só que mágica não funciona. Precisa tempo, gente talentosa e esforçada, equipamento e muitos recursos!
   O rapaz não achou nem o que dizer, e Peggy prosseguiu:
   - Ainda não alcançamos Tarilian, mas, graças a tudo que se investe em Ciência, não há ninguém passando fome na Terra, as doenças mais sérias estão sob controle, as pessoas têm facilidades em suas casas que nem sonhariam, dez anos atrás! A poluição é coisa do passado, desertos viraram fazendas, até se fala em emigração pra Lua e bases do espaço. A Terra nunca progrediu tanto quanto agora, Jean! Mexer nisso? Pra quê, afinal?!" (página 136)

   Os filhos de Doris e Henry (exceto Bobby, que ainda não tinha idade suficiente) fizeram provas para entrar na Escola Avançada de Champ-Bleux, a mais disputada entre os que querem ser cientistas e a mesma onde seus pais se formaram. O livro começa mostrando a ansiedade dos jovens em saber se foram aprovados ou não. 
   Essa é só a primeira situação tensa pela qual essa turma vai passar: o medo de se separem dos pais e dos irmãos, de irem para uma vida totalmente diferente da que eles tiveram até então (e que era bem feliz por sinal).
   As relações entre a Terra e Tarilian nunca foram totalmente boas; apesar de parecidos, as histórias e o modo de pensar desses dois mundos tem suas diferenças. Essas diferenças volta e meia causam atritos. Uma dessas confusões diplomáticas entre terráqueos e tarilianos acaba sobrando para a família de Henry.
   Repórteres e cientistas não se dão bem nesse cenário. Cientistas são vistos como pessoas inacessíveis, esnobes. E repórteres adoram criticá-los. Henry acaba tento que aceitar em seu barco um jovem repórter terráqueo (Jean), dois estudantes e um terrível repórter tariliano, que causa muitas confusões, chamado Giles.

   Mesmo sendo ficção, a história pode nos trazer várias lições; por exemplo, o impacto que nossas palavras podem trazer quando trabalhamos com elas e não as usamos de forma responsável. Foi o caso de Giles, um repórter que manipulou os fatos mostrando apenas o lado tariliano das coisas e quase causou uma guerra.
   Sorte que Henry é um dos personagens mais incríveis que já conheci. De uma coragem e inteligência admirável. Meio cabeça dura, mas extremamente capaz de resolver qualquer problema.
   " - Indômito Henry...
   - Como, doutor?
   - Indômito, Fabrian. Sabe o que é indômito?
   - Indomado.
   - É um sentido. De um modo mais amplo - invencível.
   - Como, senhor?
   - Sim, é isto que ele é: invencível. Sabe por quê? Não porque vença sempre, já perdeu diversas batalhas, este moço. É invencível porque nunca desiste de lutar. Não se pode vencer alguém assim.
   Carl Janson abanara a cabeça, ainda sorrindo.
   - Ainda vão dar o que falar, esses dois!" (página 393)
   Os Melbourne são a família mais divertida que já conheci nos livros. "Cisne" tem mais de oitocentas páginas, e já nas trinta primeiras eu já comemorava o fato de o livro ser tão grande e eu ainda ter muitas páginas para ler e acompanhar as aventuras dos irmãos. Impossível não gostar do fofo Bobby, o caçula; ou de Tim, o terrível, o mais bagunceiro e engraçado de todos.
   (Lis) "- Hm, mas que bem falante que você está aqui fora! Lá dentro nem se ouvia sua voz!"
   (Tim) "- Sou doido, mas não tanto! Bem capaz que vou chamar atenção para mim com aquela Dora por perto! Imagine só se ela gosta!" (página 246)

   Um dos meus trecho preferidos e que sintetiza bem os Melbourne:
   "Sacudiu a cabeça, tornando a olhar as velas espelhadas do Cisne, que refletiam o luar e as nuvens. Tinha algo de sonho, aquele veleiro... Talvez fosse a Lua, ou o marulhar leve das ondas, ou o balanço do barco... Ou talvez fosse aquela estranha família, deixando a bordo uma parte de sua magia. Magia? Sorrisos, alegria, um tapa nas costas, uma palavra amiga... Amizade da melhor qualidade.
   Olhou o céu. Estrelas. Eles tinham algo de estrelas." (página 149)

   Além dos Melbourne e o pessoal do barco, muito outros personagens aparecem no livro, é até difícil lembrar o nome de todos, mas cada um tem seu brilho e sua importância na história. Jean e Giles entraram para minha lista de personagens favoritos de "Cisne", mesmo tendo jeitos tão opostos.
   Também são contadas as histórias de outros personagens que não moravam no barco, mas tinham alguma ligação com a família Melbourne. Dessas, a de Michele (filha de um conhecido de Henry e Doris) e Anton (um mutante muito fechado), que também se inscreveram para Champ-Bleux, foi a minha preferida.

   Mais trechos que gostei:
   "- Ok. Enquanto não fala com eles, vá vestindo seu traje de festa! disse Augusto, e atirou certeiramente o colar de flores na cabeça de Paul.
   - Ei, eu não...! começou Paul, e parou, olhando espantado para as flores.
   - Trouxe de plástico para você, chefia não gosta de flores mortas penduradas no pescoço! riu-se Augusto. - Daí, assim pode? E o tradicional beijo de Ano Bom, também pode?!
   Paul escapou por pouco do beijo, protestando:
   - Por que não vai beijar sua mulher?!
   - Eu vou, se você ficar com o colar esse ano!
   - Ok, ok, com este de plástico, eu até fico!
   - O que é o gosto da criatura! retrucou Augusto, rindo." (página 704)

   " - Se quer uma pessoa que passe despercebida, não sei se Ali é o mais indicado... Ou você vai tirar o turbante daquele varapau de dois metros de altura?
   - O varapau vai de turbante e tudo, mais a cara de bacalhau e a túnica fechada até o pescoço.
   - De repente, Ali acaba chamando mais atenção do que Arthur chamaria.
   - É outro tipo de atenção. Ali é um excêntrico esquisitão, Arthur equivale a uma atração permanente. As pessoas acostumam com esquisitões, mas não cansam de olhar um príncipe herdeiro. Não é, Ahmad?" (página 91)

   "Cisne" não é um livro pequeno nem no número de páginas (832), nem no tamanho físico: ele é maior na altura e na largura do que os outros livros que tenho, o que faz com que ele não caiba direito na minha estante. Como vocês podem comprovar na imagem abaixo, não precisava ser assim: o tamanho das letras, das margens e do espaço entre uma linha é outra é bom, mas podia ser um pouquinho menor; o que consequentemente faria com que o livro tivesse menos páginas, fosse mais leve, mais barato, gastasse menos papel, fosse mais fácil de carregar, enfim, com que o livro fosse melhor (além de poder atrair novos leitores que não leem "Cisne" por achá-lo grande demais, eu mesma demorei meses para começar a lê-lo por achar que seria uma leitura demorada, o que não se confirmou).
   Sou super a favor de uma edição econômica de Cisne, trocaria a edição que tenho por ela sem pensar duas vezes.
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   A capa do livro é muito bonita, as cores, a ilustração, tudo; mas ela não tem orelhas e o material usado é muito frágil para um livro desse tamanho. Ah, as folhas são amareladas.
   "Cisne" é o primeiro livro da série "Uma geração. Todas as decisões.", por isso muita coisa fica sem ser totalmente esclarecida; ano passado saiu o segundo, se chama "Linhagens". Recentemente foi lançado o ebook "Breterech, Steve" que era para ser um conto, mas acabou se tornando um pequeno livro independente sobre um dos personagens que aparece em "Cisne".
   Desde que terminei a leitura de "Cisne", estou me segurando para não comprar "Linhagens", a vontade de acompanhar mais um pouco os Melbourne é muito grande. Mas o fato de "Linhagens" aparentemente ser tão grande fisicamente quanto "Cisne" me desanima um pouco, eu não teria espaço para guardá-lo. Tanto o primeiro quanto o segundo livro da série estão disponíveis em ebook na Amazon, mas não gosto muito de ler no computador.

   Finalizando: "Cisne" foi uma boa surpresa, gostei muito mais do que esperava e é um livro que recomendo. Uma leitura cheia de trechos divertidos que me trouxeram incontáveis risos e sorrisos. Mais do que a parte científica, a existência de outro planeta ou os mistérios que envolvem Peggy; o que me encantou foi a parte humana do livro: a relação entre os irmãos e as outras pessoas, a vida dos jovens; "Cisne" tem um frescor, uma vitalidade que não sei bem definir; talvez possa ser comparado a algo como uma visão de um dia de sol, uma brisa agradável, mar e céu azul.

   Detalhes: ISBN: 9788582180372, página no Skoob, página da série no Facebook. Onde comprar online: impresso: Cia dos livros, no site da autora; ebook: Amazon (com capa nova).
   Dá pra ler os três primeiros capítulos (e já se apaixonar pela história) clicando aqui.
   Antes de postar a resenha, compartilhei algumas imagens com trechos do livro na fanpage do blog, cliquem aqui para ver. E sempre que tiver novidades sobre a série, vou estar divulgando lá na fanpage também.

   Espero que vocês tenham gostado da resenha. Quem já leu o livro?

   Ps.: quem for comprar livros na Saraiva até o final do mês, pode aproveitar um cupom de 10% de desconto acessando o site da loja pelo link: http://oferta.vc/1IJ0 (o desconto aparece no carrinho e não vale  para livros didáticos ou digitais) . 

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18 comentários

  1. Boa tarde Mari!!!
    Este livro me encantou...amo mar...e que família numerosa rsrsrs.
    Sempre gosto de livros com a fonte um pouco maior, esse por ter uma história que parece linda, também fica mais fácil de ler, gostei.
    Feliz e Abençoada Tarde!!!
    Bjokas...da Bia!!!

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  2. Oiie ^^
    Li esse livro ano passado e amei ♥ os personagens são maravilhosos (principalmente os gêmeos...rsrs')
    Estou doida para ler Linhagens e conhecer mais dessa história maravilhosa que a Eleonor criou.
    MilkMilks
    DM
    http://shakedepalavras.blogspot.com.br

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  3. 800 páginas?! Olha acho difícil atrair novos leitores assim. Mas não é impossível (Olha, As Crônicas de Gelo e Fogo aí). Também quero uma versão econômica. Li uma resenha sobre esse livro totalmente insossa, faz um tempo. Essa sua está ótima. Deu até vontade de ler.

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    1. Oi Suzi, são 800 páginas que valem a pena :) , obrigada pela visita e comentário.

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  4. Oi, Maria!

    Leio muito sobre Cisne em grupos do Facebook, de modo que já conhecia um pouco da história. Com a sua resenha, fiquei com ainda mais vontade de lê-lo! Parabéns, muito bem escrita e detalhada!

    Beijos,
    Gabe
    http://sixdoe.blogspot.com.br

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  5. Caramba!! Eu adorei a resenha! Olha, só de imaginar um mundo onde ser biólogo é valorizado, já quero ler pra ontem! Gostei muito dessa proposta!
    Vou procurar pra ler :D Livros com tantas páginas tem que ter um quê a mais mesmo, se não a gente acaba abandonando, né?

    Um beijo
    www.naotenhopressa.com

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    1. Oi Karla, "Cisne" mostra um universo bem interessante; muito obrigada pela visita e comentário.

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  6. Já ouvi falar desse livro, ao mesmo tempo que eu acho q ele parece legal eu fico em dúvida haha Mas é normal pra mim ser contraditória :P

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  7. Já tinha visto várias resenhas sobre cisne, mas nenhuma que desse tantos detalhes como a sua, pra você ter noção eu não fazia a menor ideia de que o livro era tão grande assim! (832 páginas? Uau), acredito que eu também ficaria com uma preguicinha de ler esse livro pelo fato de ser tão grande, mesmo vendo que parece ser uma boa história...

    Beijo:*
    http://justonemomentt.blogspot.com.br/

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    1. Oi Maiah; quando a gente começa a ler, até fica feliz por o livro ser grande e termos muita história pela frente. Obrigada pela visita e comentário.

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  8. Não conhecia o livro, mas fiquei curiosa, deve trazer ensinamentos bem interessantes e valiosos né? Só que eu fiquei com uma preguiça viu, o livro é enorme e eu nem imaginava!

    Beijinhos!
    www.meianoiteequinze.com.br

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    1. Oi Fernanda; a leitura flui bem, sabe? Nem dá pra sentir preguiça depois de começá-lo. Obrigada pela visita e comentário.

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  9. Este é o famoso livrão.
    Em Porto Alegre, minha cidade natal, tem um barco que faz passeios pelo Rio Guaíba e também é espaço para eventos. Se chama Cisne Branco.
    Ninguém mora nele, não que eu saiba.
    Bjs

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    1. Que interessante, Claudio. Obrigada pela visita e comentário.

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