Resenha: livro "Vamos juntas?", Babi Souza

 Olá pessoal, tudo bem com vocês? No post de hoje venho comentar sobre minha experiência de leitura com o livro "Vamos Juntas?", escrito pela Babi Souza e publicado em 2016 pela Galera Record.

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 Vocês já ouviram falar no movimento "Vamos Juntas?"? Ele foi criado em 2015, pela jornalista Babi Souza. Todos os dias a Babi tinha que fazer um percurso de casa até o trabalho, e não se sentia totalmente segura de percorrer esse caminho sozinha. Num certo dia, ela percebeu que, fazendo o mesmo percurso que ela, no ponto de ônibus e atravessando uma praça escura, costumavam estar sempre as mesmas mulheres, e essas mulheres também demonstravam insegurança pela forma como andavam. Aí a Babi pensou: se todas fossem juntas, se sentiriam mais seguras!

 Daí nasceu uma ideia que foi espalhada pelas redes sociais através de uma página no Facebook, foi o início do #MovimentoVamosJuntas. No livro, a Babi conta em detalhes como a ideia surgiu e foi posta em prática, ela fala sobre as pessoas que contribuíram e sobre a proporção gigante e inesperada que o movimento tomou.

 Rapidamente, diversos relatos de mulheres que começaram a olhar para o lado e ajudar outras mulheres foram sendo mandados para a página, assim como depoimentos de mulheres que sentiram que se tivessem conhecido o movimento antes, talvez tivessem encontrado apoio para lidar com violências das quais foram vítimas apenas pelo fato de serem mulheres.

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 O caso que mais me tocou (foto acima), foi o de uma mulher que estava sendo seguida por um homem na rua, e uma moradora de rua que viu a cena foi até ela ajudando-a fingindo que a conhecia, o homem desistiu de segui-la. A moradora de rua viu sobre o "Vamos juntas?" na TV de uma loja e decidiu que ajudaria na causa.

 Durante a leitura, é possível ver como a página do "Vamos Juntas?" foi encontrando seu espaço, como a Babi (e a equipe do projeto) passou a trabalhar no sentido de empoderar as mulheres e de promover a sororidade.

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"Sororidade" seria o feminino de "fraternidade", mas ainda é uma palavra pouco conhecida.

 Durante séculos, as mulheres foram desempoderadas e tiveram seus direitos reprimidos, em parte através do uso da tática de "dividir para se apoderar" pelas sociedades patriarcais, onde era estimulado que as mulheres não fossem amigas uma das outras, com a ideia errônea de que uma mulher precisava de um homem que lhe guiasse e que outra mulher por perto poderia roubá-lo. Sempre rotuladas como o sexo frágil, a ideia de mudar essa regra da desunião e encontrar umas nas outras a proteção e a segurança, é revolucionária para as mulheres e a sociedade, e é o que o "Vamos Juntas?" prega.

 "Não adianta, quando o assunto é violência nas ruas, se uma sofre, é como se todas nós fôssemos violentadas. E, além disso, esse sentimento é algo que só nós entendemos. Afinal, o nosso medo é diferente do medo dos homens: não tememos apenas que levem nossos bens materiais, tememos que levem a nós mesmas. E tendo isso como uma verdade para tantas mulheres, enxergar uma nas outras uma segurança em cada rua escura foi perceber uma centelha de esperança de que podemos mudar o mundo." (página 27)

 É uma leitura rápida, mas muito valiosa e proveitosa! É um daqueles livros que se eu tivesse dinheiro, compraria milhões de exemplares e sairia distribuindo por aí. Eu, que me considero feminista e estou sempre lendo sobre o assunto, aprendi muita coisa nova durante a leitura. É revoltante, é nojento, é inquietador ver relatos de situações pelas quais mulheres passam apenas por serem mulheres, situações em que somos desumanizadas, tratadas como lixo, como um objeto descartável, e o pior é o sentimento de impotência que surge nessas horas, mas aí o livro traz uma esperança, mostra que a gente não tá sozinha, que temos força sim, que se rompermos as barreiras inventadas pelo machismo e passarmos a nos ajudar enquanto mulheres, podemos ir muito longe! Não, não somos seres humanos perfeitos e que nunca erram só por sermos mulheres, a questão não é essa, a questão é pensar na forma como vemos os seres humanos do gênero feminino: são vistos como pessoas ou como seres inferiores?

 "E o fato é que no momento em que desempoderamos a mulher ao lado, sem perceber, desempoderamos a nós mesmas. Além dos fatores autoboicote e desempoderamento, a ideia de que as mulheres são rivais nos coloca como segundo sexo, como definiu Simone de Beauvoir, por carregar o pensamento de que no fim das contas 'estamos no mundo para competir por homens', como aconteceu com muitas das clássicas princesas da Disney." (página 54)

 O livro traz um perfil de alguns princesas mais antigas da Disney que é assustador, e no qual eu nunca tinha pensado antes, praticamente todas essas princesas não tem amigas e são odiadas por sua aparência. É um exemplo muito triste para as nossas crianças.

 Uma pequisa (foto abaixo) onde as entrevistadas deveriam responder "Qual o principal motivo da sua insegurança em uma situação de risco?" trouxe como resposta não a imaginável "fragilidade diante do criminoso", mas sim as desculpas machistas para tentar justificar as injustificáveis violências sofridas por mulheres.

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 Ah, e tem ainda o prefácio, assinado por Marcia Tiburi (também presente na nova edição do recomendando "O papel de parede amarelo"), que faz a obra já começar muito bem! Confira um trecho:

 "Ora, as mulheres desenvolveram habilidades relativas ao cuidado, porque foram trancadas dentro de lares e neles aprenderam a proteger maridos e filhos e, sobretudo, a servi-los. Contos de fadas, romances e filmes, narrativas sobre mulheres feitas pelos homens, nos mostram como é fácil criar lendas e fortalecer mistificações sobre o caráter subalterno e submisso das mulheres. Inventou-se por
esse caminho a ideologia da mulher sensível e maternal, mas também da megera, da ressentida, da mal-amada.
 Esses termos usados ao longo da história para menosprezar e humilhar mulheres serviram sempre para o mesmo objetivo que era separar as mulheres delas mesmas, evitar que estivessem juntas, que se unissem e assim ajudassem umas às outras a entender os jogos de poder nos quais estavam envolvidas. Quando puderam se unir, acabaram fazendo o que deviam e queriam fazer: reivindicar direitos. Brigaram por espaço, por tempo, por si mesmas.
 Quem usa o poder e a dominação sabe muito bem que a união é um perigo político." (Marcia Tiburi, página 9)

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#vamosjuntas
Movimento Vamos Juntas? - card

 A edição da Galera está maravilhosa! É um formato menor, tipo de bolso. O projeto gráfico, o visual, é muito bonito, na escolha e combinação de cores e nas ilustrações. As páginas são brancas, a revisão está bem feita, a diagramação tem letras, margens e espaçamento de bom tamanho.

 Finalizo essa resenha recomendado fortemente a leitura do livro, independente da sua idade ou gênero, o mundo vai ser um lugar bem melhor com a propagação das ideias presentes em "Vamos juntas?"! Como bônus, sugiro a leitura da lista de "Dez formas de colocar a sororidade em prática", postada lá na fan page do movimento. 

 "Existem diversos movimentos sociais que discutem os perigos da violência de gênero a que somos expostas, mas nenhum tinha como essência estimular as mulheres a olharem para as companheiras nas ruas a fim de mostrar que não estamos sozinhas." (página 65)

 Detalhes: 144 páginas, ISBN-13: 9788501107510, leia um trecho, site, fan page, Skoob. Onde comprar online: loja do movimento, Submarino, PontoFrio.

 Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha. Me contem: já conheciam o livro, o movimento ou a autora? Que tal colocar a ideia do "Vamos juntas?" em prática?

Até o próximo post!

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21 comentários

  1. parece bem legal o livro. adorei sua resenha
    seguindo o blog
    http://dose-of-poetry.blogspot.com.br/

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  2. Oie! Tudo bem? Eu vi esse livro no Instagram de uma amiga minha, pedi até emprestado mas ela esqueceu de me dar ele kkk Mas nunca tinha lida nenhum resenha sobre ele e amei conhecer um pouco mais da trama, mas não sabia exatamente do que ele se tratava mas agora que sei quero ler mais ainda ele!
    Bjss

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  3. Olá
    Eu tenho a maior vontade de ler esse livro pois as resenhas que li sobre a obra enfatizam o quanto é bom a sua leitura. Eu acho bem legal quando os livros tem essa diagramação bem caprichada que é essa obra. Adorei ver que você indica independente do e gênero e idade também. Pretendo ler esse livro esse ano. Até mais ver
    Bjks

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  4. Acho que este livro é extremamente relevante para falarmos sobre feminismo e sororidade, de uma forma leve, mas séria. Gostei demais da forma como você o descreveu e a arte gráfica dele, etá um show a parte. Lindas fotos!!!
    Meu Amor Pelos Livros
    Beijos

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  5. Oi, Mari!
    Achei super bacana a iniciativa da moradora de rua de ajudar a moça. Fico feliz que o projeto ganhou um alcance enorme e possa unir as mulheres contra o tipo de tratamento que a sociedade acha que é o 'correto'. Esse é um livro que vou colocar na minha lista.
    Beijão!
    http://www.lagarota.com.br/
    http://www.asmeninasqueleemlivros.com/

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  6. Olá! Já ouvi desse movimento, e até acompanho a página no facebook. Nossa esse caso que você conto realmente é de chamar atenção. Eu já tinha vontade de ser o livro, agora com essa resenha apenas aumentou essa minha vontade. Beijos'

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  7. Oie, desde que esse livro foi lançado eu fiquei super interessada, é uma obra importante e muito relevante, e eu acho esse movimento do Vamos juntas uma iniciativa maravilhosa. Gostei do fato de que apesar de que é uma obra pequena, tem também essas pesquisas sobre dados relevantes.

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  8. Oie, tudo bem?

    Já tinha visto a "cara" deste livro por aí, que por sinal é uma graça, mas não tinha parado para saber mais dele. Achei incrível o movimento, a iniciativa da Babi é fabulosa. Suas fotos ficaram lindas, e já dei até uma babada pela linda diagramação da obra. Fiquei curiosa para conhecer melhor esse livro. Adorei a recomendação! Linda resenha, parabéns!

    Beijos,
    Dai | Virando a Página

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  9. Olá ♥
    Sou louca para ler esse livro, vejo muitos comentários positivos referentes a obra. Seus comentarios me lembrar muito os da Rapha doo Equalize da Leitura, pois ela amou e assim como você ela falou que teve vontade de sair espalhando o livro pela cidade. Parece ser uma leitura super valiosa, que instiga o leitor. Quero em breve fazer a leitura desse livro, pois com toda certeza vai me acrescentar muita coisa. Fora que a diagramação desse livro está maravilhosa desde o dia que eu vi pela primeira vez fiquei babando♥
    Beijos

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  10. Li esse livro e amei, e confesso que ele fez toda a diferença na minha vida. Eu não conhecia o movimento e tinha uma ideia totalmente errada do que era o feminismo. Isso de ser rival de outras mulheres nunca existiu para mim, sempre tive ótimas amigas, mas acho legal tocar nesse assunto também porque sei que não é com todo mundo que isso acontece. Nunca tinha ouvido falar na palavra sororidade antes de ler ela é linda não? Já dei um exemplar de presente e pretendo dar outros.

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  11. Oi Maria.
    Esse movimento é muito importante para nós mulheres. Foi ótimo ideia essa que a Babi teve. As meninas aqui da faculdade também se juntam para irem embora de noite.
    Eu ainda não li esse livro, mas achei muito tocante essa parte em que uma moradora de rua ajuda uma moça.
    Abraços.

    Blog Minhas Impressões

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  12. Olá!
    Eu adoro esse movimento, porque ele é comovente; infelizmente não consegui ler o livro ainda mas espero ler o mais breve o possível, pois ele é perfeito para falar sobre o feminismo e suas diretrizes, e mostra o que passamos ao sairmos de casa sozinha, por isso acho que todos devem ler esse livro e aprender a diferença entre machismo e feminismo, porque isso é o primeiro passo a ser discutido para um mundo; essa edição do livro está de babar.
    Beijos,Lari.
    Segredosdeumacerejeira.blogspot.com

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  13. Olá!
    Que legal a iniciativa dessa jornalista. Não conhecia ainda. Mais legal foi descobrir que existe um livro sobre isso. Irei dar uma conferida.

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  14. Oi Maria, tudo bem?
    Já conhecia o livro, mas infelizmente ainda não tive a oportunidade de lê-lo. E com certeza é uma valiosa e enriquecedora leitura porque todas nós sempre precisamos do feminismo porque assim construiremos um mundo onde o gênero não defina o que as pessoas podem e devem fazer. Porque a nossa liberdade de escolha é o que nos faz encontrar a felicidade!
    Abraços e beijos da Lady Trotsky...
    http://rillismo.blogspot.com

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  15. Olá!
    Faz um tempinho que quero ler o livro, mas ainda nem cheguei a comprar. A iniciativa é maravilhosa e essa temática me atrai bastante.
    Sua resenha ficou maravilhosa, amei as partes citadas e isso me deu ainda mais vontade de correr para comprar a obra.
    Embora a iniciativa da jornalista seja linda, me dói saber que precisamos de algo assim para nos sentir protegidas. Respeito e empatia deveria ser algo natural das pessoas. E a liberdade de escolha é um direito, não um fardo.
    Beijos!

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  16. Olá,
    Já vi algumas resenhas sobre a obra, mas antes disso desconhecia totalmente o movimento que achei incrível nos unirmos para um bem maior e ajudarmos umas as outras em momentos complicados como andar sozinha por uma rua menos movimentada.
    Dica de leitura anotada!!

    LEITURA DESCONTROLADA

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  17. Oi, tudo bem?
    Eu também li esse livro e simplesmente adorei, antes dele não me considerava feminista,simplesmente porque não entendia muito sobre o assunto e apesar de ainda não entender muita coisa sobre, eu afirmo que sou uma e acho essa leitura extremamente importante, pois assim como foi comigo, vai desconstruir muitas outras garotas e além disso esse projeto é maravilhoso, é simples, mas evita tanta coisa, não é? Enfim, uma leitura realmente maravilhosa que todos deveriam fazer.

    Beijos :*

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  18. Gosto muito dessa página e quero o livro desde o lançamento, mas ainda não tive a chance de lê-lo.

    Utilizo muito da página em alguns grupos de mulheres que medio, acho a sororidade extremante importante e necessária.

    A edição é muito bonita, o livro em si é maravilhoso. Quero demais e distribuir para todas as mulheres usuárias do meu trabalho

    Abraços!
    www.asmeninasqueleemlivros.com

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  19. Oi tudo bem? Gostei da ideia é do livro, e infelizmente ainda há muita insegurança, acho que o respeito deve estar sempre acima de tudo, independente da cor, do sexo, pena que ainda temos muito há evoluir né

    Bjos, Dri

    http://deixeclarear.blogspot.com.br

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  20. Oie
    Tudo bom?
    Nossa achei bem interessante, nós mulheres temos que nos juntar pra ficarmos realmente seguras, o que acho um absurdo, pois as autoridades tinham que fazer seu serviço.
    Beijos

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