Olá pessoal, tudo bem? Hoje venho trazer meus comentários sobre a minha experiência de leitura com o livro “Sou Dessas”, escrito pela cantora de funk Valesca, lançado em 2016 pelo selo Best Seller da Editora Record.
“Já estava cansada de ouvir músicas em que os homens rebaixavam as mulheres de uma forma que me ofendia muito mais do que o funk que dizia que a pussy tem o poder.” (página 172)
“Existem várias formas de rotularem minhas músicas como polêmicas, e eu sempre questiono se estão julgando pelo fato de ser funk ou pelo fato de eu ser uma mulher libertária cantando funk.
Será que, se fosse um homem cantando letras desse tipo, daria tanta discussão assim? Claro que não. Tá aí o meu grande amigo Mr. Catra, que tem legiões de fãs, desde o gueto até a alta sociedade, por ser considerado pelos machos um exemplar valiosíssimo de homo erectus.” (página 184)
Quem der uma rápida observada nas resenhas do blog ou assistir os meus vídeos de leituras do mês, vai observar que leio de tudo: ficção, não ficção, nacional ou estrangeiro, clássico ou lançamento, romances de todos os tipos, fantasia, terror, infanto-juvenil, New adult, Young adult e o que mais aparecer! Não há preconceito no Pétalas de Liberdade, inclusive já recebi comentários de leitores que dizem achar interessante essa diversidade que encontram no blog. Sendo assim, quando surgiu a oportunidade de ler o livro da Valesca, fui correndo aproveitar, já que passei a me interessar mais pela carreira da cantora nos últimos anos, especialmente ao vê-la se autodeclarando feminista. Primeiramente, quero lembrar que, em todo gênero musical, há músicas com conteúdo e sem conteúdo, com letras legais e não legais; e que cultura é diferente de gosto pessoal, mesmo que não gostemos de algo, aquilo ainda não pode ser considerado lixo apenas por esse gosto, que sofre influência de diversos fatores.
“Sou Dessas: pronta pro combate” é um livro relativamente curto (tem menos de 200 páginas) e que pode ser lido rapidamente, em um ou dois dias. Como a própria autora esclarece, não é uma biografia, mas sim uma obra dedicada aos fãs, para que eles e o público em geral possam conhecer suas ideias além do palco e das músicas.
Com uma escrita fluida e sem muitas palavras rebuscadas, Valesca fala sobre diversos assuntos que, de alguma forma, tem relevância na sua vida e na vida de seus fãs. Ela conta sobre a infância difícil, sobre a admiração pela mãe, que sempre fez o que pôde por ela e pelos irmãos mais novos, mesmo que isso significasse não se alimentar para que eles tivessem o que comer; sobre a decisão de deixar o sonho de ser atriz para continuar no emprego num posto de gasolina, que lhe garantiria uma situação financeira mais estável quando ficou grávida; sobre o início da carreira e a escolha, motivada pelo interesse do público, pelas letras com forte teor sexual; sobre a passagem por um reality show; a partida para a carreira solo, a mudança na vida após o sucesso estrondoso de uma de suas músicas e opção por se manter como uma artista independente, sem uma gravadora; sobre a forma como ela, por ter um alcance tão grande, pode influenciar a vida de outras pessoas: seja com uma conversa com um jovem homossexual que queria se suicidar por não ter o apoio da família e que, após esse bate-papo, conseguiu ver outras alternativas; seja conversando com uma mulher que vivia num relacionamento abusivo em que corria risco de morrer, e que encontrou na cantora uma ouvinte e um apoio para conseguir sair de casa e denunciar seu agressor.
Por esses e outros motivos, “Sou dessas” foi uma leitura que valeu a pena e que eu recomendo. Não tenho críticas para fazer ao que foi escrito por Valesca, acredito que ela acertou na escolha dos temas para comentar em seu livro e espero que os leitores, fãs ou curiosos, que lerem o que ela escreveu, possam refletir verdadeiramente sobre os temas tratados. Temos opiniões divergentes sobre dois assuntos: aborto e prostituição, sobre os demais, pensamos de forma semelhante.
Por fim, queria destacar dois pontos que a Valesca mencionou, primeiro: será que ela é tão criticada por cantar músicas que falem sobre mulheres que gostam de sexo por vivermos numa sociedade onde a liberdade sexual feminina é reprimida e a masculina é exaltada? E segundo: quantas pessoas confundem o que ela canta com o que ela vive de fato, já que, desde antes do início de sua carreira, Valesca era casada com seu atual empresário, que inclusive a ajudava na escolha do repertório musical?
A edição da Best Seller está caprichada, bem revisada, colorida e com muitas fotos, algumas páginas são brancas e outras são pretas, as letras, margens e espaçamento tem um bom tamanho.
Enfim, fica a minha recomendação de leitura, especialmente para quem é fã da cantora ou para quem gosta de livros que falem sobre empoderamento feminino. Fica também o convite para uma reflexão sobre se devemos ou não classificar um livro como bom ou ruim antes de lê-lo, e se devemos julgar as pessoas e o trabalho delas segundo os padrões da sociedade machista em que vivemos, ou se devemos ouvir e ler o que ela tem a dizer antes de fazer esse julgamento e de colocar rótulos.
Com uma escrita fluida e sem muitas palavras rebuscadas, Valesca fala sobre diversos assuntos que, de alguma forma, tem relevância na sua vida e na vida de seus fãs. Ela conta sobre a infância difícil, sobre a admiração pela mãe, que sempre fez o que pôde por ela e pelos irmãos mais novos, mesmo que isso significasse não se alimentar para que eles tivessem o que comer; sobre a decisão de deixar o sonho de ser atriz para continuar no emprego num posto de gasolina, que lhe garantiria uma situação financeira mais estável quando ficou grávida; sobre o início da carreira e a escolha, motivada pelo interesse do público, pelas letras com forte teor sexual; sobre a passagem por um reality show; a partida para a carreira solo, a mudança na vida após o sucesso estrondoso de uma de suas músicas e opção por se manter como uma artista independente, sem uma gravadora; sobre a forma como ela, por ter um alcance tão grande, pode influenciar a vida de outras pessoas: seja com uma conversa com um jovem homossexual que queria se suicidar por não ter o apoio da família e que, após esse bate-papo, conseguiu ver outras alternativas; seja conversando com uma mulher que vivia num relacionamento abusivo em que corria risco de morrer, e que encontrou na cantora uma ouvinte e um apoio para conseguir sair de casa e denunciar seu agressor.
“Quantas meninas têm vídeos ou fotos íntimas vazadas na internet e são massacradas, enquanto as fotos dos meninos são esquecidas rapidamente?
Por falta de informação, muitas meninas se matam pela pressão que sofrem da sociedade e pela culpa por terem registrado uma coisa íntima e pessoal. Parece que ninguém nunca fez sexo, né? Elas deixam de ser vítimas e passam a ser culpadas pela nossa falta de liberdade sexual. A culpa é da mãe delas? Não! A culpa é dessa sociedade machista em que nós vivemos.” (página 51)
“Tenho visto nas redes sociais muitos vídeos bacanas falando sobre esse assunto. Os mais legais são os vídeos em que os homens trocam de lugar conosco e passam a ser alvo de assédio e cantadas (de homens para outros homens). São engraçadas as reações. De todos que eu vi, nenhum gostou, mas ninguém nunca parou para pensar se nós, mulheres, gostamos, né?” (página 86)
“Tenho visto nas redes sociais muitos vídeos bacanas falando sobre esse assunto. Os mais legais são os vídeos em que os homens trocam de lugar conosco e passam a ser alvo de assédio e cantadas (de homens para outros homens). São engraçadas as reações. De todos que eu vi, nenhum gostou, mas ninguém nunca parou para pensar se nós, mulheres, gostamos, né?” (página 86)
Por esses e outros motivos, “Sou dessas” foi uma leitura que valeu a pena e que eu recomendo. Não tenho críticas para fazer ao que foi escrito por Valesca, acredito que ela acertou na escolha dos temas para comentar em seu livro e espero que os leitores, fãs ou curiosos, que lerem o que ela escreveu, possam refletir verdadeiramente sobre os temas tratados. Temos opiniões divergentes sobre dois assuntos: aborto e prostituição, sobre os demais, pensamos de forma semelhante.
Por fim, queria destacar dois pontos que a Valesca mencionou, primeiro: será que ela é tão criticada por cantar músicas que falem sobre mulheres que gostam de sexo por vivermos numa sociedade onde a liberdade sexual feminina é reprimida e a masculina é exaltada? E segundo: quantas pessoas confundem o que ela canta com o que ela vive de fato, já que, desde antes do início de sua carreira, Valesca era casada com seu atual empresário, que inclusive a ajudava na escolha do repertório musical?
A edição da Best Seller está caprichada, bem revisada, colorida e com muitas fotos, algumas páginas são brancas e outras são pretas, as letras, margens e espaçamento tem um bom tamanho.
“Algumas pessoas pensam que por eu ter uma vida pública, por ter assuntos pessoais expostos aos holofotes, deixo de ser uma mulher, com um coração, uma alma e muitos sentimentos.” (página 75)
“Eu enfrento um preconceito muito grande, primeiro por ter vindo da favela, depois por ser mulher. Para fechar com chave de ouro, eu ainda sou funkeira assumida. Imagina como eu sou vista pelos homens?
Quando vou a uma reunião de negócios, procuro debater, conversar e expor minhas ideias, e muitas vezes percebo que, quando estou com o meu empresário, a conversa é sempre dirigida a ele. Eles se esquecem de que estou ali, esquecem que sou uma pessoa que opina e que tem interesses. Nós também temos voz, também temos ideias, mas não é difícil sermos tratadas com indiferença pelos simples fato de sermos mulheres.” (página 98)
Enfim, fica a minha recomendação de leitura, especialmente para quem é fã da cantora ou para quem gosta de livros que falem sobre empoderamento feminino. Fica também o convite para uma reflexão sobre se devemos ou não classificar um livro como bom ou ruim antes de lê-lo, e se devemos julgar as pessoas e o trabalho delas segundo os padrões da sociedade machista em que vivemos, ou se devemos ouvir e ler o que ela tem a dizer antes de fazer esse julgamento e de colocar rótulos.
Detalhes: 191 páginas, ISBN-13: 9788576849971, Skoob. Onde comprar online: Submarino, Americanas
Por hoje é só, me contem o que acharam do livro pela resenha e se acompanham a carreira da Valesca. Ah, quem quiser ver mais coisas escritas pela Valesca, é só acessar a coluna que ela escreve no Extra desde 2014, clique aqui.
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Até o próximo post!
Ultimamente venho percebendo uma crescente publicação de livros escritos por artistas, apenas visando o dinheiro e não a transmissão de uma mensagem, e foi o que eu percebi nessa sua resenha do livro de Valesca, nesse momento em que o país vive, no qual as mulheres estão se posicionando cada vez mais em busca dos seus ideais!!!
ResponderExcluirUltimamente venho percebendo uma crescente publicação de livros escritos por artistas, apenas visando o dinheiro e não a transmissão de uma mensagem, e foi o que eu percebi nessa sua resenha do livro de Valesca, nesse momento em que o país vive, no qual as mulheres estão se posicionando cada vez mais em busca dos seus ideais!!!
ResponderExcluirEssa parte de julgamento nos livros dos youtubers e outros artistas está ficando cada vez mais forte né?Sei lá.Temos que ler primeiro e ver o que eles tem a nos dizer.Acho que a mensagem dela, nesse momento, é muito pertinente.
ResponderExcluirGostei da sua resenha :)
beeijão
http://www.carolhermanas.com.br/
Um livro de polêmicas e tabus, certo?
ResponderExcluirAcho que vale a pena se posicionar sim, discutir sobre diversos assuntos é muito importante. Não se leria, mas é válido mostrar que a Valeska é mais que a artista do funk.
Beijos
http://estante-da-ale.blogspot.com.br/
Olá, Maria.
ResponderExcluirSou da seguinte opinião de que todo mundo tem seu espaço no mundo. E cada um tem que ler o que gosta e o que quer, sem se importar com o que os outros fiquem falando. Ler é prazer não status. Não tenho preconceito com nenhum gênero e nenhum autor, mas tenho a preferencia de ler ficção, por isso não compraria esse livro. Mas se conseguisse emprestado ou ganhasse leria sem problemas.
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