Olá pessoal, tudo bem? No post de hoje, venho comentar sobre a minha experiência de leitura com o livro "Uma chance para recomeçar", escrito pela baiana Diana Scarpine e publicado pela Editora Pandorga em 2016.
"Não há tormenta capaz de ocultar para sempre o Sol." (página 425)
"Uma chance para recomeçar" é um romance ambientado na cidade baiana de Jequié, com narração intercalada entre os dois protagonistas: um capítulo narrado por Carina, outro por Aurélio. Carina só vivia para trabalhar, e justo quando resolveu tirar uns dias de férias, teve uma estranha paralisia facial e precisou procurar atendimento médico. Na clínica onde foi atendida, lhe sugeriram que massagens poderiam ajudá-la, e como seu problema tinha sido causado pelo estresse, ela decidiu tentar as massagens para ver se conseguia se sentir melhor.
Aurélio foi o massagista que a atendeu. Há alguns anos, ele perdeu a sua esposa e a filha de forma trágica, e essa tragédia deixou muitas marcas em Aurélio, além de uma deficiência (que não vou contar qual é). Desde então, Aurélio apenas sobrevivia, trabalhava para não ser um peso para a mãe, com quem voltou a morar depois do acidente, mas não tinha amigos. Por sua deficiência e aparência, poucos clientes o procuravam, e ele não se esforçava muito para permitir a aproximação das outras pessoas.
Carina, cansada de ser vista como uma máquina de trabalhar, talvez pelo medo de estar morrendo que sentiu quando teve a paralisia e pela vontade de viver que nasceu aí, decidiu tentar se aproximar de Aurélio, nem que fosse para uma amizade, embora ela desejasse muito mais. Mas ele não soube lidar bem com a aproximação de Carina. Depois de anos sendo discriminado e achando que merecia sofrer por não ter conseguido manter sua família em segurança, ele se sentia ainda mais culpado por nutrir um interesse especial por aquela mulher que o tratava tão diferente de todas as outras pessoas. E Carina interpretaria as atitudes de Aurélio como mais uma rejeição, como as tantas que ela sofreu ao longo da vida.
"A perspectiva de nunca mais me encontrar com Carina despertava-me diferentes sensações. Por um lado, tal perspectiva deixava-me aliviado, pois não teria mais de lidar com a confusão de sentimentos e atitudes que ela me provocava. Por outro lado, tal perspectiva fazia-me sentir culpado e ainda mais vazio. Eu sentia falta de seu tom de voz meigo e tranquilo, de seu carinho, de seu perfume suave e único, e até de seus conselhos, embora não os seguisse. Concluí que era eu, e não ela, que precisava de nossa amizade, e que seria ainda mais difícil conviver com a dor, a solidão e o vazio que habitavam a minha alma, se não tivesse mais o bálsamo de sua companhia por alguns momentos durante a semana. Provavelmente, ela se afastara por minha culpa. Eu a afugentara com minha covardia." (página 103)
O que temos em "Uma chance para recomeçar" são dois personagens solitários, cada um carregando seus dilemas, e tudo o que eles precisam é aceitar uma chance para recomeçar suas vidas, para viver algo diferente do que viveram até então. Será um longo caminho até o final feliz, pois os dois são bem cabeças duras. Cada um acha que sabe os motivos de o outro estar agindo como age.
Temos muitos desencontros que poderiam ter sido resolvidos se os personagens fossem sinceros um com o outro? Sim! Dá vontade de entrar no livro e dar umas sacudidas nos protagonistas para ver se eles se acertam de uma vez? Dá! Irrita ver o Aurélio toda hora repetindo "ninguém pode gostar de mim porque eu sou um monstro"? Irrita! E mesmo assim "Uma chance para recomeçar" foi uma leitura que me ganhou já nas primeiras páginas, pela ótima escrita da autora, e que se mostrou agradável até o último capítulo. O livro ficou alguns meses na minha estante, e quando eu peguei ele pra ler, só imaginava que devia ter começado a lê-lo assim que chegou, porque foi uma leitura muito, muito boa!
Considero que a personalidade de Aurélio foi convincente, mas creio que a autora poderia ter procurado outras formas de fazer o leitor entender como os personagens estavam se sentindo nos diálogos, sem usar sempre a expressão "tom de voz". Muitas vezes, só o que é falado já serve para compreendermos a entonação e a intenção com que aquilo foi dito, e é bom deixar um pouco por conta da imaginação do leitor. Eu gostaria de ter conhecido mais da vida da Carina antes da paralisia facial, para entender como exatamente ela se tornou uma pessoa solitária, acho que algumas cenas de dificuldade de interação com outras pessoas ou até mesmo no seu ambiente de trabalho ajudariam a torná-la mais real.
Aurélio foi o massagista que a atendeu. Há alguns anos, ele perdeu a sua esposa e a filha de forma trágica, e essa tragédia deixou muitas marcas em Aurélio, além de uma deficiência (que não vou contar qual é). Desde então, Aurélio apenas sobrevivia, trabalhava para não ser um peso para a mãe, com quem voltou a morar depois do acidente, mas não tinha amigos. Por sua deficiência e aparência, poucos clientes o procuravam, e ele não se esforçava muito para permitir a aproximação das outras pessoas.
Carina, cansada de ser vista como uma máquina de trabalhar, talvez pelo medo de estar morrendo que sentiu quando teve a paralisia e pela vontade de viver que nasceu aí, decidiu tentar se aproximar de Aurélio, nem que fosse para uma amizade, embora ela desejasse muito mais. Mas ele não soube lidar bem com a aproximação de Carina. Depois de anos sendo discriminado e achando que merecia sofrer por não ter conseguido manter sua família em segurança, ele se sentia ainda mais culpado por nutrir um interesse especial por aquela mulher que o tratava tão diferente de todas as outras pessoas. E Carina interpretaria as atitudes de Aurélio como mais uma rejeição, como as tantas que ela sofreu ao longo da vida.
"A perspectiva de nunca mais me encontrar com Carina despertava-me diferentes sensações. Por um lado, tal perspectiva deixava-me aliviado, pois não teria mais de lidar com a confusão de sentimentos e atitudes que ela me provocava. Por outro lado, tal perspectiva fazia-me sentir culpado e ainda mais vazio. Eu sentia falta de seu tom de voz meigo e tranquilo, de seu carinho, de seu perfume suave e único, e até de seus conselhos, embora não os seguisse. Concluí que era eu, e não ela, que precisava de nossa amizade, e que seria ainda mais difícil conviver com a dor, a solidão e o vazio que habitavam a minha alma, se não tivesse mais o bálsamo de sua companhia por alguns momentos durante a semana. Provavelmente, ela se afastara por minha culpa. Eu a afugentara com minha covardia." (página 103)
O que temos em "Uma chance para recomeçar" são dois personagens solitários, cada um carregando seus dilemas, e tudo o que eles precisam é aceitar uma chance para recomeçar suas vidas, para viver algo diferente do que viveram até então. Será um longo caminho até o final feliz, pois os dois são bem cabeças duras. Cada um acha que sabe os motivos de o outro estar agindo como age.
Temos muitos desencontros que poderiam ter sido resolvidos se os personagens fossem sinceros um com o outro? Sim! Dá vontade de entrar no livro e dar umas sacudidas nos protagonistas para ver se eles se acertam de uma vez? Dá! Irrita ver o Aurélio toda hora repetindo "ninguém pode gostar de mim porque eu sou um monstro"? Irrita! E mesmo assim "Uma chance para recomeçar" foi uma leitura que me ganhou já nas primeiras páginas, pela ótima escrita da autora, e que se mostrou agradável até o último capítulo. O livro ficou alguns meses na minha estante, e quando eu peguei ele pra ler, só imaginava que devia ter começado a lê-lo assim que chegou, porque foi uma leitura muito, muito boa!
Considero que a personalidade de Aurélio foi convincente, mas creio que a autora poderia ter procurado outras formas de fazer o leitor entender como os personagens estavam se sentindo nos diálogos, sem usar sempre a expressão "tom de voz". Muitas vezes, só o que é falado já serve para compreendermos a entonação e a intenção com que aquilo foi dito, e é bom deixar um pouco por conta da imaginação do leitor. Eu gostaria de ter conhecido mais da vida da Carina antes da paralisia facial, para entender como exatamente ela se tornou uma pessoa solitária, acho que algumas cenas de dificuldade de interação com outras pessoas ou até mesmo no seu ambiente de trabalho ajudariam a torná-la mais real.
A capa do livro é muito bonita! As páginas são amareladas e porosas. Há um detalhe lindinho no início de cada capítulo. As margens, letras e o espaçamento são de bom tamanho. E a edição está muito bem revisada. Um ótimo trabalho da editora Pandorga!
Enfim, "Uma chance para recomeçar" é um livro que eu gostei e que recomendo, para quem gosta de romances e de boas leituras, daquelas que vão te prender, te fazer rir e suspirar, sentir raiva dos vilões e empatia pelos protagonistas. É um livro recomendado também por trazer personagens com deficiências físicas, sabemos que são poucas as obras em que eles tem espaço, ainda mais se tratando de romances românticos; e representatividade importa sim, e muito, para que na vida real, pessoas como o Aurélio não se sintam menos merecedores de amor. Fica meu agradecimento à Diana Scarpine por me permitir conhecer a história de Carina e Aurélio e a minha recomendação de leitura.
Detalhes: 432 páginas, ISBN-13: 9788584421350, Skoob, blog da autora, Twitter, fan page. Onde comprar online: Saraiva, Cia dos Livros, Livraria Cultura, Livraria da Folha, Livraria da Travessa, Eba livros, Amazon.
Ps.: acho que quem gostou de "Amor de Cordel", da Andrea Marques, da mesma editora, também vai gostar de "Uma chance para recomeçar".
Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha. Me contem: já conheciam o livro ou a autora? Tá rolando SORTEIO de um exemplar desse livro e brindes, participem pois vale super a pena, é só clicar aqui.
Até o próximo post!
Oi!
ResponderExcluirEsse livro parece ótimo! Já quero demais.
Indiquei o blog para responder a TAG ”Com que filme eu vou”…. Se quiserem fazer, o link é esse:
http://livrosperfeitosmsoffiati.blogspot.com.br/2016/12/tag-com-que-filme-vou.html
Beijos!
Linda resenha, Maria! Muito obrigada!
ResponderExcluirAbraço,
Diana Scarpine.
Eu amei esse livro, apesar de ter tido os meus próprios contras, realmente gostei muito, foi muito envolvente e bonita a história deles.
ResponderExcluirQuanto a Carina, não senti falta nenhuma do passado dela, durante a leitura a autora foi nos mostrando que ela tinha problemas com a família desde muito nova, principalmente problemas com o pai que sempre deixou claro que queria ter um filho homem em vez de uma filha mulher. Enfim, para mim foi mais do que o suficiente para entender a necessidade da personagem ser tão entregue ao trabalho, ela queria ser aceitar pelo pai, mostrar que era capaz e competente - querendo ou não, sempre queremos agradar nossos pais, às vezes isso é nocivo para nós, nos destrói e só vamos notar o quão mal estava nos fazendo quando já é tarde demais - foi o que aconteceu com ela.
Bem, eu gostei muito do livro, amei me emocionar com a história dos personagens - é o tipo do livro que gosto de ler, aquele que mexe com todos os meus sentimentos.
Raíssa Nantes
Olá
ResponderExcluirQue bom que mesmo com as ressalvas o livro te conquistou logo nas primeiras páginas, gostei da autora usar um mocinho bem diferente do padrão em sua históra. Mas não sei se leria, não gosto muito de livros românticos.
Olá,
ResponderExcluirÉ a primeira resenha que leio sobre a obra e fiquei feliz em saber um pouco mais sobre Carina e Aurélio. Estou intrigada para saber o que aconteceu com cada um deles para que se tornassem solitários dessa forma e como tudo irá acontecer após se conhecerem.
http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/
Oie, tudo bom? Eu já li algumas resenhas sobre o livro e adorei saber também sua opinião sobre a obra. Eu gosto de dramas e romances, então acho que seria uma leitura bem proveitosa para mim. Super anotei a dica :)
ResponderExcluirBeijos!!
http://umaleitoravoraz.blogspot.com.br/
Pelo seu texto, tanto a premissa e quanto o desenvolvimento da história parecem bem interessantes. Vou colocar na minha lista para 2017! Boas leituras para você!
ResponderExcluirOi
ResponderExcluirNão conhecia o livro e estou me arrependendo disso muito! Parece o tipo de história que eu adoro, gosto de romances, com essas idas e vindas e o alto teor de "quero matar os protagonistas mas também quero abraçar" ou seja, estou colocando o livro na minha lista de leitura e vou procurar adquirir ele em breve.
Talita - Viciados em Leitura
Oi Marijleite, sua linda, tudo bem?
ResponderExcluirÉ engraçado como nós interpretamos erroneamente a reação da pessoas e com isso perdemos oportunidades na vida ou até criamos mágoa desnecessária. Realmente, são poucos os livros que falam de deficiência. Parece ser uma história muito bonita. Não vejo a hora de ler.
beijinhos.
cila.
http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/
Olá, tudo bem?
ResponderExcluirAchei a capa muito bonita e gostei da premissa do livro. E gostei mais ainda de você citar que tem deficientes físicos na trama. Amo romances envolventes e com personagens que fogem do "comum". Amei a dica.
Abraços.