Resenha: livro "Mãos Livres", Francine S. C. Camargo

 Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "Mãos livres", escrito pela Francine S. C. Camargo e publicado em 2016 pela Chiado Editora.

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 A Francine entrou em contato comigo perguntando se eu gostaria de resenhar seu livro de crônicas, e como eu gosto de crônicas e o livro era pequeno, aceitei. Quando o livro chegou, super bem embrulhado, já me encantei com a dedicatória escrita numa letra tão bonita que nem parece ter sido feita a mão (minha irmã também achou isso, tem foto no Instagram).

 Como precisei viajar para fazer minhas provas semestrais na faculdade e queria levar um livro que não fosse muito pesado para ler nos intervalos entre uma prova e outra, escolhi "Mãos livres" para ser meu companheiro de viagem, e acho que não poderia ter feito escolha melhor! São 26 crônicas e contos deliciosos de se ler, e a maioria me tocou de alguma forma.

 Já no primeiro texto, "Chega de fadas", a autora mostrou seu talento ao contar a inusitada história de um pai que é surpreendido quando o filho pede que ele lhe conte outras histórias além dos clássicos contos de fadas antes de dormir, e as surpresas continuam quando o filho mostra uma capacidade de interpretação que o pai não imaginava que sua pequena criança poderia ter.

 Logo em seguida vem "Balanço", mostrando os altos e baixos de uma semana (quem nunca reclamou de uma segunda-feira e ficou feliz com a chegada da sexta?).

 "Mas ele reconhece que a ausência de algo não é contornada pelo tanto que lhe excede. O que sobra é poeira, o que falta, oceano." (página 16)

 "É provável que um sol incandescente tenha enchido de calor esse novo dia. Mas, por enquanto, ele preferia acreditar que o brilho era seu." (página 17)

 E tem "Eu te amo", com a história de uma mulher que não conseguia dizer essas três palavrinhas tão usadas, nos levando a refletir sobre quando dizê-las, antes que seja tarde demais.

 "O atraso cansa e tanto a alma quanto o corpo precisam de abrigo." (página 40)

 "Três anos ou os ensinamentos de uma alma antiga" é um dos meus textos favoritos, e mostra como é fantástico conviver com uma criança, vê-la descobrindo a vida.

 "Lamenta, de vez em quando pelo irmão não saber falar direito, mas tem certeza de que ensinará tudo tudo para ele. Aliás, esse irmão precisa ser doutrinado, principalmente quando me dá uma mordidinha: 'Rafael, a mamãe não é comida e você não é mosquito'." (página 41)

 "- Dudu, quanto tempo você dormiu na escola?
- Um.
- Um o quê?
- Um tempo." (página 42)

 Me identifiquei bastante com "Mãos livres", texto que dá nome à obra. Ouve uma época em que também podia levar tudo de que necessitava nos bolsos... saudades desse tempo.

 E eu nunca vi ninguém descrever o que é a amizade melhor do que a Francine em "Todos temos aquele amigo"! Minha vontade era compartilhar a crônica toda aqui, pois só li verdades! Só por ela já valeria a pena adquirir o livro. Um trechinho:

 "E quando manda aquela clássica mensagem 'preciso falar com você urgente'? Dá tremedeira, taquicardia, a gente se pergunta 'o que foi que eu fiz?' ou 'será que terei que ajudar a ocultar um cadáver?'. Porque em amizade tudo vira emergência, amigo perde a noção do amanhã, semana que vem, tudo é para ontem." (página 47)

 "Mulher, mulher" me lembrou as inúmeras músicas conhecidas com personagens femininas como tema, aquelas mulheres que a gente não sabe se realmente existiram, mas que se parecem com a gente e cantamos a letra como se a música tivesse sido feita para nós mesmas.

 "Por isso, ando de mãos estendidas, quem quiser que me toque, que me escolha, quem quiser, que se junte ao meu caminho." (página 65)

 E o último texto que quero comentar é o que finaliza a obra: "A revolução dos livros" fala sobre livros que "Reclamavam ser lidos, mas, em vão, subsistiam como adornos" (página 69); acaba trazendo um certo peso para a consciência de quem, assim como eu, tem muitos livros ainda não lidos parados na estante.

 Só citei alguns textos, mas cada um dos 26 que compõem a obra tem algo de especial. Alguns talvez sejam mais difíceis de interpretar, por trazerem uma motivação que só a autora conhece, mas tenho certeza absoluta que qualquer leitor vai se identificar com pelo menos uma das crônicas da Francine. Gostei especialmente dos textos que falam sobre a maternidade/família (não sou mãe, mas tenho uma sobrinha em casa e a minha relação com os meus irmãos é muito marcante para mim) e dos textos onde a área de atuação da Francine é mencionada (ela é pediatra).

 No início de algumas crônicas, há citações de Clarice Lispector, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, entre outros autores conhecidos. E creio que haja na escrita da Francine algo em comum com a poesia dos autores citados. A Francine sabe como jogar com as palavras, arranjá-las da melhor forma para que encantem o leitor, e creio que esse encantamento pode ir muito longe se a autora decidir nos agraciar com mais de seus escritos.

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 Sobre a edição: a capa não é muito atraente para mim, as páginas são amareladas e a diagramação traz margens, letras e espaçamento de bom tamanho.

 Enfim, "Mãos Livres" é uma leitura que eu gostei e recomendo para todo leitor. É um livro que pode ser lido rapidamente por causa de seu pequeno número de páginas, ou que pode ser lido aos poucos e relido quando der vontade de revisitá-lo. Tem textos divertidos, outros mais emocionantes, e certamente algum (ou a maioria) deles vai tocar o leitor, seja pela identificação com a história, seja pela beleza e delicadeza com que a Francine usa as palavras. Reforço a recomendação: leiam "Mãos livres"!

 Detalhes: 70 páginas, ISBN-13: 9789895164912, Skoob. Onde comprar online: loja da editora ou direto com a autora. Recomendo que visitem o blog da autora: Papo de Fran, tem umas coisas bem interessantes lá; acompanhem a Francine também pelas redes sociais: Twitter e Facebook.

 Por hoje é só, espero que tenham gostado da resenha. Me contem: já conheciam a obra ou a autora? Se interessaram por alguma das crônicas que citei?

Até o próximo post!

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7 comentários

  1. Obrigada, obrigada, obrigada! Feliz de ver sua opinião e a forma como descreveu as crônicas. Honra demais estar aqui no seu blog.

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  2. Olá lindona,
    eu gosto demais do seu blog.
    Amei essa resenha, você se expressa muito bem.
    beijos.

    meumundosecreto

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  3. Oi, Maria! Fiquei encantada com "Três anos ou os ensinamentos de uma alma antiga". Me identifiquei com o quote que você selecionou. Eu também gostou muito de crônicas, mas ando lendo bem poucas ultimamente. Adorei conhecer o livro.

    Beijos!

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  4. Olá! Não gosto muito de ler contos e crônicas por serem curtinhos demais, gosto de histórias mais longas. rs Mas achei o livro bem interessante e fiquei curiosa para ler "Todos temos aquele amigo", parece ser bem realista e divertido. rsrs
    Beijos!

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  5. Oi, tudo bem?

    Puxa, esse, com certeza, seria um livro de crônicas que eu gostaria MUITO de ler! O último que li foi uma coletânea da Cecília Meireles e acabei percebendo que gosto mais dela como poetisa haha. Sinto falta de crônicas mais despretensiosas, que falam mesmo para e por nós. Gostei de diversos quotes, achei a maioria de uma simplicidade incrível. A capa até me atrai, mas não é nada muito imediato. Adorei conhecer o livro e a autora! Nunca li nada dessa editora, fico com vontade :)

    Love, Nina.
    http://ninaeuma.blogspot.com/

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  6. Oi Mari.
    Tenho visto bastante esse livro pelo blogs e igs literários, mas não sou muito fã de crônicas então não sei se leria. Mas gostei da sua resenha.

    Beijos
    http://aventurandosenoslivros.blogspot.com.br/

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  7. Oi!!
    Eu não costumo de ler cronicas, mas é sempre bom sair da zona de conforto né. Amei o quote sobre a amizade e é bem assim mesmo.
    Eu adoraria ler esse livro, seria uma boa pedida para ler contos, algo que não leio muito seguido.
    Dica anotada, vou ver se consigo esse livro para ler nas férias.
    Beijão!

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