Entrevista com Sara Gruen, autora de "Água para elefantes" e "À margem do lago"


 Olá pessoal, tudo bem? Mês passado, eu resenhei aqui no blog o livro "À margem do lago", da norte-americana Sara Gruen (a mesma autora de "Água para elefantes", livro que inspirou o filme com Reese Witherspoon e Robert Pattinson no elenco).

 "À margem do lago" foi lançado recentemente pela editora Bertrand Brasil, e eu gostei tanto dele, que precisava saber mais sobre como a história foi escrita, sobre as intenções da autora ao criar os personagens e sobre a pesquisa feita por ela, afinal, a obra tem como cenário os Estados Unidos e a Escócia na Segunda Gerra Mundial. Então, fui pesquisando entrevistas com a autora, como não achei nenhuma em português, fui em busca delas em sites estrangeiros. Com a ajuda do Google Tradutor, li várias e resolvi traduzir uma que mais me agradou aqui para o blog, ressalto que é uma tradução livre, e que não encontrei uma boa tradução para algumas expressões, mas creio que vocês poderão compreender bem e saber um pouco mais sobre "À margem do lago" e espero que possam se sentir motivados a lê-lo, pois é um livro que certamente vai marcá-los.


 Sinopse de "À margem do lago": Após uma festa de ano-novo da alta sociedade na Filadélfia em 1944, Madeline Hyde e seu marido Ellis são expulsos de casa pelo pai dele, um rico ex-Coronel das forças armadas, já bastante envergonhado pela incapacidade do filho em ir para a guerra. Com a ajuda do melhor amigo, Hank, Ellis chega à conclusão que a única maneira de reconquistar os favores do pai é ser bem-sucedido em algo que o Coronel falhou no passado: caçar o famoso monstro do Lago Ness. Maddie, relutantemente, cruza o oceano Atlântico com eles, deixando para trás seu aconchegante e protegido mundo. O trio chega a um vilarejo distante nas Terras Altas da Escócia, onde são desprezados pelos moradores locais. Maddie fica sozinha numa isolada hospedaria, onde a comida é racionada, o combustível é escasso e o carteiro bater à porta pode significar notícias trágicas. Apesar disso, ela começa a se apaixonar pela beleza deslumbrante e a magia sutil do interior escocês, e a amizade com duas jovens mulheres abre seus olhos para um mundo maior do que ela imaginava existir. Maddie começa a perceber que nada é o que parece: os valores que ela mais prezava se mostram insustentáveis, e monstros surgem onde menos se espera.

* A entrevista original foi feita por Claire Kirch e publicada em 11 de fevereiro de 2015 no site Publishers Weekly e pode ser conferida clicando aqui.


Entrevista


Sara Gruen(Créditos da Foto: Tasha Thomas)

Pergunta 1: Você disse que uma fotografia antiga no The Chicago Tribune te inspirou para escrever "Água para elefantes". Será que um evento semelhante inspirou "À margem do lago"?

Resposta: Embora as sementes tenham sido semeadas décadas antes (na primeira vez que visitei o Castelo de Urquhart, quando eu tinha doze anos), o catalisador que a transformou de uma boa recordação ao livro foi um artigo on-line em que tropecei em cima há quatro anos. Era sobre sigilo governamental, mas o que realmente me chamou a atenção foi uma carta desclassificados 70-year-old da Scotland Yard afirmando inequivocamente que o governo acreditava que o monstro existia. Antes que eu percebesse, eu tinha caído em um buraco de coelho Nessie. Em algum ponto ao longo da tarde, me dei conta de que eu estava montando minha próxima história.

Pergunta 2: "À margem do lago" tem como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial. Que tipo de pesquisa você fez antes de escrever?

Resposta: Passei cinco semanas nas Highlands (Terras Altas da Escócia), vasculhando os arquivos no Inverness Courier, entrevistando pessoas que viviam na área durante a guerra, pesquisando a 1ª Brigada de Serviço Especial, mesmo tentando persuadir o equivalente da Guarda Costeira dos Estados Unidos para me jogar na Loch. Eu rondava em torno do castelo, me perdi na tampa, e encontrei-me no lado errado da lei, enquanto explorava ruínas da Segunda Guerra Mundial, que eu descobri mais tarde, estavam em um campo RAF que ainda continham bombas não-detonados.

Pergunta 3: Há muito aqui na obra sobre diferenças de classe, tanto em os EUA e, especialmente, no Reino Unido houve alguma coisa sobre classe durante essa época em que os EUA ou no Reino Unido que te surpreendeu?

Resposta: Eu queria justapor como a guerra afetou pessoas comuns, para quem era inevitável, com a forma como isso afetou os privilegiados, que poderia optar por assistir a uma certa distância. Enquanto as divisões de classe superior e inferior nos EUA e Escócia parecem aparentemente similar, contextualmente eles são muito diferentes: nos EUA, status social pode ser herdado, ganho ou comprado. Para a maioria dos escoceses, o sistema de classes é profundamente pessoal e um lembrete de insulto da derrota final dos jacobitas na Batalha de Culloden e o fim forçado do sistema de clãs que se seguiu. Fiquei surpreendido com o nível de dor que permanece até hoje por um evento que ocorreu cerca de 269 anos atrás.
Distinções de classe também são importantes para compreender as motivações dos personagens. A abertura da mente de Maddie leva a reavaliações fundamentais de princípios que ela tinha anteriormente aceito. Sua amizade com Anna e Meg permiti que ela reconheça distinções de classe pelo o que elas são: barreiras artificiais para que uma parte da sociedade tenha justificativa para se sentir superior.

Pergunta 4: "À margem do lago" e "Água para Elefantes" tem triângulos amorosos. O que há sobre esta dinâmica que te fascina?

Resposta: Triângulos amorosos são um pilar de contar histórias em todas as suas formas: novelas, filmes, contos de fadas, lendas, folclore, até mesmo textos religiosos, porque paixões conflitantes são onipresentes à natureza humana. Saber se há desculpas agindo sobre tais impulsos é uma velha questão e frequentemente revisitado, como é se existem circunstâncias em que é aceitável para quebrar com o que é um princípio básico da maioria das sociedades humanas. Esta é certamente uma das razões de explorá-lo tantas vezes na ficção, juntamente com as consequências e se elas são merecidas.

Pergunta 5: Maddie tem muito mais afinidade com as mulheres escocesas que ela conhece do que com seu próprio marido. Você sente que o gênero supera tudo quando se trata de verdadeira amizade?

Resposta: Em uma palavra, não. Maddie nunca teve amigos antes, ela nunca teve realmente qualquer pessoa, sua amizade com Anna e Meg é um ponto de virada na sua vida. Maddie passou a infância sob o controle de seus pais: uma mãe narcisista, cuja missão na vida era para provocar a atenção e simpatia dos outros, e um pai desinteressado. Quando Maddie vai para a escola, os rumores a seguem, arruinando qualquer chance que ela tem de fazer amigos. Ellis e Hank fazem amizade com ela porque ela é uma novidade; a associação deles com ela é um ato de rebeldia.
Só quando ela é arrancada de tudo o que ela conhece, é que ela começa a ver as coisas claramente. Até este ponto, ela tinha visto a si mesma através do prisma das percepções de outras pessoas. Quando ela percebe que sua vida anterior "não passava de uma fraude muito, muito", ela começa a examinar quem e o que ela realmente é. Na Escócia, pela primeira vez, Maddie encontra pessoas que vão julgá-la por seus próprios méritos e não por aquilo que ela pode fazer por eles.

Pergunta 6: Você acha que o Monstro do Lago Ness realmente existe? Por que ou por que não?

Resposta: Eu defendo o quinto. (Refere-se à quinta emenda da Constituição dos EUA, que afirma que nenhum cidadão "deve ser obrigado em qualquer processo criminal a ser testemunha contra si mesmo ...")




 "Era uma vida cheia de armadilhas luxuosas e bolhas cintilantes que me cegara para o fato de que nada daquilo era real" (página 170). Para saber mais sobre o livro, acesse: Resenha: livro "À margem do lago".


 Gostaria de abrir um parênteses aqui sobre a pergunta 4, quem não gosta de triângulos amorosos pode ler sem receio, pois vai perceber que em momento algum o coração da Maddie fica dividido, amando verdadeiramente duas pessoas. Não é um romance romântico, é a história de uma mulher que atravessa o oceano no meio de uma guerra para poder viver de verdade.

 Me contem: gostaram da entrevista? Vocês gostam de ler entrevistas com autores?

Até o próximo post!

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10 comentários

  1. Olá
    Gostei muito da entrevista, eu sou do tipo que não gosta de triângulos, mas vou confiar em você que as coisas são suaves, porque eu sou fascinada por histórias sobre o lago Ness e fiquei bem curiosa com esse livro quando vi o lançamento.
    Beijos

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  2. Olá,
    Achei bem interessante conhecer um pouco mais sobre a autora.
    Já li Água para elefantes e gostei bastante, principalmente na riqueza de detalhes sobre como é domar tamanho animal e acredito que ela deve ter pesquisado muito antes de escrever. A adaptação aos cinemas já não gostei tanto.

    https://leitoradescontrolada.blogspot.com.br

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  3. Oiee ^^
    Que demais essa entrevista! Eu ainda não li nada da autora, mas tenho curiosidade de conhecer a escrita dela, e estou de olho em "Água para elefantes" já faz um tempão. Como eu sou apaixonadíssima pela Escócia, estou querendo ler "À margem do lago" também...hehe' Eu não sou muito fã de triângulos amorosos, mas acho que vale a pena aqui, né?
    MilkMilks ♥

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  4. Adoro água para elefantes e nem sabia que a autora tinha escrito outros livros. Obrigado. E adorei a temática e a entrevista. Mas, realmente, algumas partes ficaram ruins por ter usada o google tradutor. Mas, ótima resenha.
    Www.sonhosemtinta.com.br

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  5. Oie!
    Acredita que nunca li um livro da autora? Já me indicaram o livro Água para Elefantes, mas não cheguei a conferir. Gostei da entrevista, pois conheci um pouco mais da autora, e fiquei intrigada com a sinopse do novo livro.
    bjks!
    Histórias sem Fim

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  6. Oiee

    Eu adoro entrevistas com autores. Bom para conhecer e também saber um pouquinho mais deles.
    Eu gostei da sinopse do livro, com certeza iria gostar de ler.
    Parabéns pela entrevista.

    bjs
    Fernanda
    http://pacoteliterario.blogspot.com.br/

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  7. Oie
    que legal, ainda não conhecia o livro da autora, muito boa a entrevista, já li Agua para elefantes e é ótimo, assim como o filme que ficou muito bom

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  8. Oi,
    Não conhecia a autora e nem os seus livros.
    Muito bom ter entrevista com a autora, assim podemos conhecer um pouco mais. Ótimo para os fãs.
    beijoss

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  9. Oii Mari, gostei muito da entrevista, já li Águas para elefantes e amei, mas não conhecia Á margem do lago, foi bom saber um pouco sobre a criação da hstória e eu amo entrevistas, são muito enriquecedoras!

    bjs

    Compulsão Literária

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  10. Nunca li nada da autora, embora já tenha ouvido falar bastante em Água para elefantes. Amei a entrevista e a forma como ela respondeu a cada pergunta. Apelar para a quinta emenda na parte do monstro do Lago me fez rir, de verdade.rs. Parece ser uma autora muito simpática.

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