Resenha: livro “Marshmallow”, Dorothy Koomson

 Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é “Marshmallow”, escrito pela inglesa Dorothy Koomson e publicado no Brasil pela Primavera Editorial em 2015.

Resenha: livro “Marshmallow”, Dorothy Koomson, Primavera Editorial

 “(...) Não é fácil falar, mas sabe o que mais? É uma das coisas mais importantes. Para nós próprias. O silêncio ajuda as pessoas que nos prejudicam.” (página 383)

 Kendra Tamale era uma mulher na faixa dos trinta anos, ela passou algum tempo na Austrália e estava voltando para a Inglaterra. Kendra alugou a casa dos fundos da família Gadsborough, mas não esperava que sua relação com aquela família fosse tomar as proporções que tomou. Kile, o dono da casa, era pai de um casal de gêmeos: a barulhenta Summer e o calado Jaxon. Ele estava se separando da esposa (num processo difícil) e precisava aprender a cuidar dos filhos sem a presença de uma figura materna. Com o passar dos dias, as crianças acabaram se aproximando de Kendra, se tornando amigos dela, de forma que a presença da inquilina era cada vez mais essencial para a rotina da família. O problema é que Kendra tinha questões do passado para resolver, questões que a fizeram ir para a Austrália e, posteriormente, retornar à Inglaterra. Kendra conseguiria resolver essas questões? E sua presença seria benéfica para as crianças da família Gadsborough (e vice-versa)? Como o casamento de Kile chegou ao fim?

 Talvez, olhando essa capa bonitinha, o título, a sinopse ou o que eu já disse sobre a trama (homem separado com dois filhos pequenos, mulher se muda para perto dele, ambos solteiros, acabam se aproximando por causa das crianças), vocês imaginem qual o rumo que a história vai tomar, mas eu lhes digo que estão enganados, completamente enganados! “Marshmallow” é totalmente diferente do que se pode imaginar num primeiro momento. Eu peguei o livro esperando um romance leve e divertido, porém, nos primeiros parágrafos já percebi que a história traria temas muito mais pesados do que eu imaginava. Eu não consegui dar uma nota para “Marshmallow” no Skoob; por mais que alguns personagens sigam caminhos que não me agradem como leitora que lê em busca de entretenimento, é um livro que precisa ser lido justamente pelos temas que ele aborda.

 Imaginem juntar os personagens mais ferrados emocionalmente num único livro, é o que temos aqui! Kendra (assim como a autora) é negra, e menciono isso apenas pela escassez que temos de protagonistas negros, é uma personagem bem complexa pela sua história de vida, mas admirável por algumas de suas convicções. Kyle é um personagem apaixonante em alguns momentos, ele é meio calado mas acaba se soltando com Kendra, se abrindo com ela, e também se atrapalha um pouco quando está perto dela, resultando em cenas super engraçadas. Apesar de gostar dele, acho que ele mereceu passar por algumas coisas, pois era aquele tipo de pai que achava que só colocar dinheiro em casa já era o suficiente, mas quando precisou cuidar sozinho dos filhos, percebeu que não era bem assim; a obra traz a temática da maternidade não romantizada, fala sobre a solidão e o isolamento pela qual uma mãe pode passar, mesmo não tendo um minuto mais só para si mesma, tendo que estar disponível para, no caso, duas crianças o tempo inteiro. Summer e Jaxon são fofos, mas irritantes as vezes, o que é compreensível se formos analisar tudo o que eles já passaram.

 “Kile, que tinha passado a vida a guardar quase tudo para si próprio, a conter quase todas as suas emoções, contava, muitas vezes, tudo a Kendra.” (página 319)

 E outro ponto que quero destacar, é o fato de a obra falar sobre abuso sexual, sobre quanto sofrimento essa violência pode causar para a vida da vítima, mais um dos motivos pelos quais eu recomendo a leitura de “Marshmallow”; creio que seja melhor ter a oportunidade de refletir sobre algumas coisas e entender sobre elas através de livros, para poder estar preparado para auxiliar uma vítima ou, Deus nos livre, compreender que se é a vítima e não se culpar caso passe por uma situação assim.

 “- Eu acreditaria nisso, se você não fosse o modelo do cartaz alusivo ao Distúrbio de Estresse Pós-Traumático (...). Desde que a conheço, você revela todos os sintomas característicos: nervosismo, isolamento, capacidade de falar sobre o que aconteceu como se tivesse acontecido a outra pessoa, não deixando, porém, de reagir como se tivesse acontecido contigo. A forma como você se veste sempre de modo informal ou usa várias camadas de roupa. E tem lampejos de memória, não tem? Sente-se como se estivesse revivendo o acontecimento vezes sem conta? É tudo normal. E se tornaria mais fácil lidar com isso se falasse sobre o assunto.” (página 311)

 Eu não entendi três coisas: o motivo de a tradução estar mais num Português de Portugal do que no do Brasil, tornando a leitura menos fluida do que poderia ser e apresentando expressões não usadas em nosso país; o fato de partes do texto estarem em itálico sem haver um padrão para isso, não era para mostrar o passado dos personagens nem um pensamento específico deles, ficou algo bem aleatório; e a relação entre a história e as ilustrações de comidas no início de cada parte da obra. Se alguém já tiver lido e souber me explicar, agradeço.

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 Sobre a edição da Primavera: capa linda; páginas amareladas; as letras, o espaçamento entre as linhas e as margens tem um tamanho grande, de forma que as quase quinhentas páginas da obra possam ser lidas num menor tempo do que o esperado; e a revisão poderia ser melhor.

 “- Não podemos induzir um homem ao erro... – declarou Janene, um pouco aborrecida por aquela conversa não estar correndo como ele desejava.
 - Espera aí, menina, 'induzir um homem ao erro'? – interrompeu Gabrielle. – Que diabo isso quer dizer? Vivemos na Idade Média? Ele tem de assumir a responsabilidade pelos seus atos. Ninguém é  induzido ao erro. E digamos apenas que, mesmo que essa ideia ridícula seja verdade e ele seja 'induzido ao erro', isso continua a significar que deve parar quando tal lhe é pedido.” (página 200)

 Enfim, “Marshmallow” é um livro que destaca a importância do diálogo, de falar o que se sente, de desabafar e ser sincero. Tem muitas partes engraçadas e provavelmente vai trazer boas risadas em alguns momentos. Tem personagens cheios de problemas, mas que tem um lado bom e encantador, tornando impossível não torcer por Kendra, Kyle e as crianças, além de nos fazer desejar ter uma amiga como a Gabrielle e odiar a Janene com todas as forças. E também fala sobre assuntos sérios como a responsabilidade sobre a criação dos filhos, o alcoolismo, a violência sexual, além de destacar o quanto a amizade pode ser a coisa mais importante da vida de alguém, motivos pelos quais eu recomendo a leitura.

 * Preciso fazer um comentário final mas não consegui encaixá-lo até agora na resenha: eu não sou do tipo de leitora que julga os personagens, afinal, eu não sou eles para poder compreender totalmente suas escolhas, ainda assim preciso mencionar sobre a decisão final da Kendra, algo que eu não esperava e que, se fosse comigo, talvez não agisse da mesma forma, questão de prioridades. E preciso agradecer a Dorothy, pois, por um momento, me preocupei achando que um vilão poderia ter um desfecho que danificaria a mensagem que estava sendo passada até então para os leitores, felizmente isso não aconteceu. E, por fim, reforço o quanto o Kile é apaixonante e o quanto desejaria que ele fosse feliz!

 Detalhes: 456 páginas, ISBN-13: 9788561977375, Skoob. Onde comprar online: loja da editoraSubmarinoSaraiva.

 Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado do post. Me contem: pela capa, o que vocês imaginavam da história? Já conheciam o livro ou a autora?

Até o próximo post!

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8 comentários

  1. Olá, só consegui ficar imaginando a relação os trechos em itálico com as imagens de alimentos kkkkkkkkkkk. Mas além disso, gostei da sua resenha, e a história parece boa, profunda que nos remete a uma reflexão, pois parece tratar de vários temas que envolve a família e tal. Se tiver oportunidade com certeza vou ler. Bjs

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  2. Apesar do enredo parecer bom, e acredito mesmo que seja, não e um livro que eu vá querer ler agora. Achei ótimo a mistura de assuntos sérios como o alcoolismo com um tom mais ameno em outras partes. Que bom que gostou dele
    Bjs!

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  3. Gostei da premissa da obra, creio que teria muito gosto em ler. A capa é uma fofura mesmo, mas acho uma pena que a revisão não seja muito boa, isso me incomoda bastante.

    Tatiana

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  4. bem, confesso que fiquei curiosa com as peculiaridades que vc citou no livro, pela capa e não dava nada pela história e fiquei curiosa com os temas trabalhados no enredo... anotei a sugestão, quem sabe surja a oportunidade de ler?

    bjs ^^

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  5. Oii,
    Eu adorei sua resenha. Pelo o que eu li eu já quero ler o livro, mas não por agora. Achei a capa linda e adorei os pontos que você destacou da historia e eu acharia meio estranho por ser o português de Portugal no começo da historia, mas acabaria me acostumando.

    Abraços!
    http://lendocomobiel.blogspot.com.br/

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  6. Maria, adorei a capa e o título do livro.
    Fiquei bem curiosa com a história e acho que iria adorar a leitura.
    Talvez eu dê uma chance mais pra frente.

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  7. Olá flor, tenho que falar que adoro o seu blog...
    Sempre tem ótimas dicas de leituras, livros os quais desconheço e isso é o que mais me empolga, pois a grande maioria dos blogs que eu acompanho sempre mostram resenhas de livros "modinha", o seu é totalmente diversificado...parabéns!

    Abraços

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  8. Oiee
    Olha eu já havia visto a capa do livro e achado linda, mas realmente não esperava que o tema fosse pesado. Adorei saber que a protagonista do livro é negra, isso é algo realmente raro em obras literárias. Sua resenha me fez querer fazer essa leitura. Espero ter oportunidade.
    Beijos

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