Olá pessoal, tudo bem? O livro da resenha de hoje é "O quinto evangelho", escrito pelo Ian Caldwell e publicado no Brasil em 2016 pela Editora Record.
"Ele crê de coração que está fazendo isso pelo bem de outra pessoa. Não sei de quem. Não sei por quê.
Mas sei que preciso detê-lo." (página 211)
Eu não me lembro exatamente o que me fez querer ler "O quinto evangelho", pois nem é do meu gênero literário favorito. O fato é que vi que tinha escolhido bem a minha leitura já nas primeiras páginas e, ao final, me senti grata por cada momento que passei lendo as palavras de Ian Caldwell. Obrigada, Ian, pela minha melhor leitura dos últimos tempos!
"O quinto evangelho" se passa no ano de 2004, durante o papado de João Paulo II, e é narrado por Alex, um padre, mas não um padre comum. Provavelmente vocês estudaram (ou vão estudar) na escola sobre a divisão dos cristãos há maios ou menos mil anos, em dois grupos principais: a Igreja Católica Apostólica Romana (cuja maior autoridade é o Papa e tem como sede o Vaticano) e a Igreja Ortodoxa (no Oriente, cujos líderes são os patriarcas). "Entre as duas existe um pequeno grupo, os chamados católicos orientais, que segue as tradições orientais e, ao mesmo tempo, obedece ao papa" (página 7). Alex é um padre católico oriental, e, por isso, pôde se casar antes de se tornar padre; do casamento ele teve um filho, o pequeno Peter, porém, sua esposa foi embora pouco depois do nascimento do garoto.
Alex tinha um irmão, Simon, que também era padre, mas da Igreja Católica Apostólica Romana. Os dois perderam os pais na adolescência, eles eram filhos de um padre católico oriental e sobrinhos de um padre católico apostólico romano. Na verdade, Alex e Simon eram da oitava geração de uma família de padres do Vaticano.
Em 2004, haveria uma exposição nos Museus do Vaticano, mas uma semana antes da abertura, Ugo Nogara, o responsável pela exposição, foi morto. Por quem e por quê? Isso é o que Alex precisava descobrir!
Alex conheceu Nogara através de Simon, e estava ajudando-o nas pesquisas para a exposição, que teria o sudário e um livro muito antigo, denominado quinto evangelho, como peças principais. Ugo procurava alguma coisa nos evangelhos para comprovar sua teoria, e Alex estava ajudando-o em suas interpretações dos escritos, até que, em determinado momento, Ugo cortou relações com ele. Porém, dias antes de morrer, Nogara enviou uma mensagem para Alex, onde afirmava ter feito uma enorme descoberta, mas o padre acabou não falando novamente com Ugo, e agora ele estava morto. Seria por causa da descoberta que poderia abalar a Igreja? E o que realmente ele descobriu?
"Meu coração bate forte. Meu primeiro instinto estava correto. A invasão e o assassinato de Ugo devem estar relacionados. É claro que tudo isso tem a ver com a exposição de Ugo." (página 88)
O fato é que Alex passou a ter motivos a mais para encontrar respostas para essas questões, pois sua família foi posta em risco. A partir daí, temos uma espécie de romance policial, de thriller investigativo que me fez ficar grudada em cada página, tentando montar o quebra-cabeças da morte de Ugo, pois não importava só descobrir quem era o culpado (a lista de suspeitos era bem interessante), mas também a motivação para o crime.
O autor acertou logo de cara ao criar Alex como uma padre católico oriental, o que lhe permitiu ter um filho e, como pai, ele se tornou mais humano; sua preocupação com aquela fofura que é o Peter e a falta que sentia da esposa fazem com que o leitor sinta empatia por ele logo de cara. E isso torna mais fácil ver a pessoa que existe além da profissão, é possível imaginar a vida daquele garoto que nunca ultrapassou as paredes do Vaticano, e sendo de uma família de padres, seguiu a vida que se esperava dele, tendo no irmão mais velho o seu alicerce. Simon é um personagem intenso, incompreensível algumas vezes. A mãe deles pediu em seu leito de morte, que Alex cuidasse de Simon; o irmão mais velho pode até ter tomado para si o papel de pai do mais novo, mas foi Alex que se tornou disposto a tudo pelo irmão.
"Depois da morte de papai, ela me disse que era estranho continuar tendo mãos quando não havia mais ninguém para segurá-las." (página 11)
Conhecer melhor o Vaticano durante a leitura foi muito bom. Imaginar como é a vida nesse país tão pequeno, uma cidade-estado dentro da cidade de Roma, onde os moradores também precisam comer, se vestir, estudar... E onde parece natural que os meninos tenham como opção de futuro a carreira religiosa, mesmo que não sintam dentro de si um chamado divino.
Eu moro numa cidade onde o catolicismo é bem forte (temos um santuário onde há uma antiga imagem de Jesus, cuja autoria acredita-se não ser de mãos humanas), além de me interessar por História, o que me faz saber um pouco sobre as questões referentes à Igreja, mas creio que mesmo quem não tenha muito conhecimento sobre esses assuntos, vai entender com facilidade tudo o que é apresentado por Ian e vai ficar tão curioso quanto eu por cada tema abordado. A escrita do autor é muito boa, prende o leitor, tem um certo tom de ironia e de bom humor em alguns pontos, e mais uma vez elogio o fato de não se focar só na descoberta do assassino, mas também na motivação e nos conflitos pessoais dos demais personagens, o que torna a leitura ainda mais interessante.
"O princípio cristão do amor. Respeito pela Sé de São Pedro." (Não posso contar a que fato o trecho se refere, mas foi onde eu me emocionei, na página 470. Retomando o que já disse sobre a minha cidade, em algumas ocasiões é possível sentir uma certa comoção, uma presença divina, e no trecho que coloquei, essa presença se fez sentir.)
Sobre a edição: capa bonita (título em alto-relevo), boa revisão, diagramação com margens, espaçamento e fonte de bom tamanho.
"Isso significa que os evangelhos remontam, sim, à vida de Jesus, mas não diretamente e não sem adições ou subtrações. A compreensão desse processo de edição é crucial para quem deseja pesquisar os fatos históricos concretos da vida de Jesus. Isso porque as alterações eram, muitas vezes, teológicas ou espirituais: refletiam a crença dos cristãos a respeito do Messias, e não o que realmente sabiam sobre Jesus, o homem." (Sobre esse trecho da página 162, não sei até onde o que Ian escreveu é verdade e o que é ficção [católicos orientais e o Diatessarão realmente existem], mas suas considerações sobre os quatro evangelhos [Mateus, Marcos, Lucas e João] reforçam a importância da interpretação de qualquer texto [especialmente os religiosos], que muitas vezes, infelizmente, é usada de forma errada e como uma verdade absoluta [estamos vendo bem como a interpretação errônea do Alcorão tem causado mortes]; é como a minha resenha, que traz o que eu quero falar sobre o livro, o que não significa que não haja mais nada de importante sobre ele ou que a minha versão é a verdade absoluta.)
O que quero dizer com a resenha é que "O quinto evangelho" é um livro muito bom, que eu super recomendo e que vale a pena ler! Eu garanto que vocês vão gostar, e se não gostarem, podem reclamar comigo! Nunca imaginei que uma história de padres pudesse ser tão boa! A narrativa tem um ritmo ótimo, daqueles que nos deixam ávidos pelo próximo capítulo, pelo próximo parágrafo. E só no capítulo final é que me pareceu que o foco se ampliou um pouco, saindo tanto do Alex (meu personagem favorito) e ficando mais subjetivo, embora eu ainda não estivesse preparada para me despedir dos personagens, querendo que talvez houvesse mais um capítulo antes da separação. Quanto a resolução do assassinato, dezenas de hipóteses passaram pela minha cabeça, inclusive a certa, mas eu não cheguei nem perto da motivação.
Ian Caldwell, os dez anos de dedicação ao livro valeram a pena. Mais uma vez, obrigada! E agradeço também a Editora Record por permitir que os leitores brasileiros possam ler essa maravilha que é "O quinto evangelho". Caro leitor, se você procura um livro bom de verdade, leia "O quinto evangelho"!
Detalhes: 560 páginas, ISBN-13: 9788501106919, leia um trecho, Skoob. Onde comprar online: Submarino, Americanas, Saraiva.
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha. Me contem se já conheciam o livro ou o autor, e se alguém arrisca um palpite sobre quem matou Ugo Nogara e por qual motivo?
Detalhes: 560 páginas, ISBN-13: 9788501106919, leia um trecho, Skoob. Onde comprar online: Submarino, Americanas, Saraiva.
Por hoje é só, espero que vocês tenham gostado da resenha. Me contem se já conheciam o livro ou o autor, e se alguém arrisca um palpite sobre quem matou Ugo Nogara e por qual motivo?
Até o próximo post!
Oii,
ResponderExcluirO livro é bem grande, me deu uma leve assustada kkkk, mas a historia me pegou completamente! Sou católico, mas desconheço o catolicismo ortodoxo e adoraria saber mais e sobre o Vaticano.
Adorei sua resenha e já to com a dica 100% anotada.
Beijos!
http://lendocomobiel.blogspot.com.br/
Que tema diferente, nunca tinha ouvido falar de algum livro narrando a história de um padre. Fui surpreendida ainda mais pelos seus comentários positivos. O livro é bem grande e fiquei com um pé atrás por causa disso, leituras muito longas se tornam densas demais pra mim, e acabo demorando muito tempo pra terminar. Aliás, saber um pocuo mais sobre a história e o cenário citado é acrescentar algo na nossa cultura, não é? Seria uma leitura realmente ótima.
ResponderExcluirUm abraço!
https://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/
Nossa, eu não conhecia o livro mas ele logo me despertou curiosidade e interesse. Acho obras complexas assim muito atraentes para mim e com certeza é um livro que eu quero ler. Ele é bem volumoso e acredito que as páginas voem diante da qualidade da obra. Gostei muito da sua resenha e obrigada por apresentar esse livro, espero que eu leia em breve.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirAdoro obras que abordam temas como religião e que nos possibilita conhecer melhor determinado lugar. Achei muito legal a construção dessa obra e parece que é possível conhecer muito bem o Vaticano e isso me agradou bastante. A obra parece ter uma qualidade incrível e super animei para ler. Se eu não gostar, vou reclamar pra ti, como disse.
Beijos,
Um Oceano de Histórias
Oi Maria!
ResponderExcluirNão conhecia o livro e devo admitir que o título e a capa não havia me chamado a atenção. Mas após ler a sua resenha fiquei bem curiosa, não sabia que era um livro de suspense. Mas mesmo com todas considerações ficou um pouco forçado pra mim, o fato do padre ter que descobrir o motivo da morte do personagem. Talvez seja só a impressão e a leitura me pareça outra coisa. Espero ter oportunidade de ler esse livro, adoro tentar descobrir tudo nesses romances polícias, mas adoro mesmo é ser surpreendida. E pelo visto, esse é o tipo de livro que faz isso acontecer. rs
Beijos
Parabéns por ter saído da sua zona de conforto ao ler esse livro! Achei muito especial que você tenha gostado tanto dele, pois espero que mais boas experiências inesperadas venham a acontecer na sua vida. Eu não me interessei pelo enredo, mas achei instigantes as informações sobre o catolicismo. Nunca li nada a respeito de "padres orientais". Uau. Muito interessante, o suficiente para desejar conhecer esse livro. Por isso, vou anotar a dica.
ResponderExcluirBeijos!
www.myqueenside.com.br
Adorei a sugestão, não sou muito envolvida nesse tema mas gostei da premissa da história e é muito bom ter o ponto de vista parecido com o meu <3
ResponderExcluirBeijos, Lari
segredosdeumacerejeira.blogspot.com
Ameeeeeeeeeei a sua resenha! Este livro já está na minha lista, com toda a certeza. Sou apaixonada por esse tipo de história, e pela sua resenha, parece ser realmente muito maravilhosa. Outra coisa que amo é o Vaticano, já me fez associar a 'Anjos e demônios' do Dan Brown <3 Preciso muito ler 'O quinto evangelho', e já disse que amei a sua resenha ? rs! Está perfeita, muito bem explicada e rica em detalhes.
ResponderExcluirBeijos,
Késsia Oliveira
http://umavidaliteraria1.blogspot.com.br/
Olá, Maria! Este também não seria o meu gênero preferido, mas pela sua resenha a leitura parece muito interessante! Adorei as fotos e os quotes que destacou, seguido das suas observações. É tão bom quando um autor consegue prender nossa atenção, não é?
ResponderExcluirParabéns pela resenha!
Bjs,
Yohana Sanfer
http://www.papelpalavracoracao.com.br/
Olá!! :)
ResponderExcluirEu não conhecia este livro mas ainda bem que o amaste dessa maneira!! :) ahahah
Realmente essa historia não parece fazer muito o meu género mas se tu o dizes... Espero ler, então! Quanto mais que tem um ritmo assim e nos deixa loucos para continuar!! :)
Boas leituras!! ;)
no-conforto-dos-livros.webnode.com
Eu não conhecia o livro, mas amei tanto sua resenha que já estou com uma imensa vontade de ler, fiquei fascinada com a ideia de conhecer mais sobre o Vaticano através do livro, já que sou perdidamente apaixonada por essa cidade-estado. Amei as fotos e os quotes que destacou ao longo da sua resenha, já quero pra ontem hahaha
ResponderExcluirOi guria,
ResponderExcluirNossa esse livro pareceu ser bem legal mesmo. Gosto desses mistérios que envolvem história e essas teorias da conspiração. Adorei a resenha e seu blig é muito lindo!
Esse livro certamente vai para a lista de desejados.
beijos
Lendo o título do livro eu pensei em diversos assuntos, mas não imaginava que se tratava de uma história de padres, bem diferente. Eu gosto de estudar bastante religião, e acho que vou curtir a leitura desse livro. Anotei sua dica, e pode deixar que se não gostar voltarei aqui haha brinks, beijos Maria!
ResponderExcluirNossa... Sua resenha me deixou sem palavras.
ResponderExcluirÉ que eu meio que descartei o livro da lista de leituras só por ler um pouquinho da sinopse. Agora, ao ler sua resenha fico com aquela sensação de que fiz a maior besteira ao não solicitar o livro quando tive a chance porque fiquei com a maior vontade de conhecer melhor essa história.
Acredito que o livro deve ser muito mais do que apenas interessante - e o fato dessa diferença entre a religião católica e o dia a dia no Vaticano - unidos a narrativa que você diz ser completamente envolvente e fascinante me deixaram na maior expectativa para realizar a leitura e eu espero curtir e gostar tanto quanto você.
Com certeza está na lista de próximas compras e leitura!
Beijinhos,
Lica
Amores e Livros